Good Morning Call 2

Voltando Para Casa! Beijo Inesperado?


POV Rachel

Enfim, sábado. Depois que saí do hospital, finalmente caiu a ficha de que poderia passar o fim de semana em casa. Arrumei tudo o que precisava levar e rumei para casa, debaixo de um sol gostoso e agradável.

Não parava de pensar no que tinha acontecido quando visitei o Garfield. Toda aquela troca de olhares, sorrisos e nervosismo. Até mesmo minhas pernas ficaram bambas. Fazia tempo que aquela sensação não me visitava. Aquela sensação que é ruim, porém boa ao mesmo tempo.

Em meu quarto, só faltava eu arrumar minhas coisas. Tara e Karen já não estavam mais ali. O que era um alívio de certa parte, podia falar comigo mesma em voz alta e desabafar.

— Eu ainda gosto dele? - Eu me perguntava e depois balançava a cabeça. - Não pode ser. Eu me fechei para o amor por um tempo. E... Como que isso foi acontecer?

Tentei para de falar comigo mesma, mas estava fora de controle. Fechei minha mala e a coloquei no chão. Estava pronta para ir embora.

No corredor, alguém me abordou. Era o Vincent. Ah, mas que ótimo.

— Oi, Rachel.

— Ah, oi.

— Como você está depois de... você sabe. - Ele disse.

— Eu tô de boa, já passou. - Tentei me manter firme, mas não precisava dar satisfação pra aquele cara.

— Que bom... Achei que ficaria mais tristinha, sei lá... Mas você é realmente forte. - Ele tentou acariciar meu rosto, mas eu não deixei. Sério, que cara mais inconveniente.

— Olha só, eu não preciso de consolo. Não sou uma menininha frágil que precisa ficar se abraçando com alguém. - Depois que falei aquilo, lembrei que no dia do acontecido, eu abracei Tara e Karen, mas ele não precisava saber.

— Wow wow! Tá legal! - Ele fez sinal de rendimento. - Não precisa ser tão durona comigo, Rachel.

— Tô só sendo eu mesma.

— E é por isso que eu te admiro tanto... - Ele tentou o lance da mãozinha de novo, mas eu fui mais rápida e bati na mão dele.

Ele ficou me olhando com cara de quem não entendeu nada.

— Escuta só, Vincent. Eu não quero me aproximar de homens por um tempo. Não é porque estou solteira que precisa ficar se jogando pra cima de mim, falou? - Falei em alto e bom tom.

Ele ficou de boca aberta enquanto eu falava.

— F-Falou. - Ele ficou sem jeito. - Então... Até mais.

— Até. - Respondi e saí quase correndo dali.

Sério, o que os homens acham que nós somos? Acha que precisamos ter coração de pedra e não nos apegarmos a um só? Faça-me o favor... Eu disse que iria me afastar dos homens, mas dentro do meu coração, eu sei o que ele diz... Ele quer apenas o Garfield. Eu apenas quero aquele cara do cabelo verde, pelo menos por enquanto.

E esse Vincent é mó convencido. Bom, ele é o Gar do passado. Só sei que não confio nada dele. Minhas visões ficam perturbadas com ele por perto. E afinal, por que eu preciso de homem para ser feliz? Eles são uns egoístas!

Chegando em casa, era perto do meio-dia. Senti o cheiro de uma comida maravilhosa que a mamãe estava fazendo. Abri a porta com minha chave e meu pai e minha mãe me olharam.

— Rae!! - Dona Angela me abraçou, quase me sufocando. - Como foi com o nosso garoto?

— Normal, nada de mais. - Respondi, tentando não parecer nervosa.

— Tem certeza? - Insistiu ela, mexendo as sobrancelhas.

Comecei a corar, mas virei o rosto bem na hora.

— Tenho, mãe! Que implicância!

— Tá bom, tá bom... Ele está se recuperando bem? - Indagou ela, terminando de preparar a macarronada.

— Pelo jeito está. Ele tem comido mal esses dias, mas acho que no hospital vai comer igual a um búfalo voraz.

Meu pai deu risada e tirou os olhos do jornal.

— E como foi a faculdade, meu docinho de coco? Se adaptou? Como são os colegas? Gostou da faculdade? - Questionou meu pai, fixando seus olhos em mim.

— Ah, é mesmo! Conta! Conta! - Minha mãe completou.

Eita. Eu chego em casa depois de uma semana no campus e a primeira coisa que minha mãe pergunta é: "Como foi com nosso garoto?" Sério, isso é tão irritante! Parece até que o filho é ele e não eu!

— Ah, foi bem legal. Gostei dos colegas. E uma delas é minha colega de quarto e amiga também. Ela se chama Karen. É aquele de quem eu lhe falei, mãe.

— Ah, a famosa "Abelhinha"?

Assenti com a cabeça, preparando um chá de ervas, como costumava fazer na casa em que morava com Garfield.

— Filha, sei que não pretende namorar por enquanto, mas...

Ih, lá vem...

— Mas o que? - Estimulei para continuar.

— Mas vocês são um casal tão lindo e fofo! - Ela disse, com um sorriso bobo nos lábios.

Resultado: Fiquei igual a um tomate. Por que as mães sempre fazem isso?

— Mãe! Eu disse que não! - Revidei, para esconder a vergonha. - Nós não vamos voltar a namorar por enquanto!

— Mas ainda tem alguma chance algum dia? - Perguntava ela, insistindo naquilo.

— Não sei, mãe. Vamos, estou com fome. Já é meio-dia.

— Deixa a menina, Angela. - Mas meu pai estava rindo também. Essas provocações quase me matam de vergonha.

Comi em silêncio, evitando contato visual.

—----

POV Garfield

Almocei bastante até. Eu estava fraco mesmo. O doutor me disse que eu seria liberado amanhã. Não deveria fazer movimentos bruscos também. Mas nem tem como. Mal posso levantar. Preciso fazer as necessidades em um penico. Sabem como isso é constrangedor? Banho eu tomo se alguma enfermeira me levar para o banheiro (MAS EU TOMO SOZINHO, TÁ? QUE FIQUE BEM CLARO!)

Tô pasmo ainda com a visita repentina da Rae e com todas aquelas sensações conhecidas. Quem diria que eu ainda gosto dela. Bom, eu já sabia que ainda gostava dela, mas não conseguia admitir facilmente...

Após acabar meu almoço e escovar os dentes com dificuldades, sento na cama mais uma vez. Não vejo a hora de sair daqui. Quando eu tava quase pegando no sono, senti um perfume familiar. Um perfume que me fez entrar em transe e quase me fazer flutuar. Lavanda. Eu conhecia aquele cheirinho...

A porta abriu bem devagar e eis que surge a garota mais bonita que eu conheço.

— Oi. - Disse ela, timidamente, com alguma coisa na mão. - Trouxe lanche pra você.

— Opa, valeu. - Eu disse, sinceramente feliz. Não queria contar que já tinha almoçado. - O que tem tanto aí?

— Sanduíches, salgadinhos, bolo, bolacha, frutas... - Ela foi dizendo e senti o estômago roncar, suplicando para comer mais.

— Eu posso provar? - Perguntei, meio tímido.

— É claro! Eu trouxe pra você! - Ela riu e abriu o potinho de marmitas.

Nossa, ela se deu o trabalho de preparar tudo aquilo por mim. Me sinto muito especial e sei que isso vai ajudar na minha recuperação.

Fui tentar pegar um sanduíche, mas uma dor aguda invadiu meu braço e gritei de agonia.

— Ai! Meu braço!

— Tá tudo bem?

— Tudo certo, mas meu braço tá doendo pra caramba... - Reclamei, sentindo água nos olhos.

— Espere. - Pediu ela, aproximando o sanduíche da minha boca. - Abra a boca.

Meu coração deu um pulo. Ela... Ia me dar comida na boca? Será que eu aceito ou não? Quem eu quero enganar, aceitei de boa! Comi de me babar tudo.

— Que delícia! - Eu disse e arrotei logo em seguida. - Desculpe, hehe.

— Ui, continua porco! - Ela revirou os olhos. - Bom, quer mais?

— Se você me der na boca, eu quero sim. - Era para ter dito só em pensamento, mas senti minha boca mexer e o rosto dela ficar vermelho.

— E-Eu não sou sua empregada, sabia?

— Bom, deixa aí que depois eu como. Obrigado. Estava muito gostoso.

Ela abriu um sorriso.

— E aí? Está melhor? Dor de cabeça? - Ela tocou minha testa e me arrepiei pela mão dela estar tão gelada. - Dor de estômago? - Tocou meu abdome. Faz cócegas. - Dor no braço? - Apertou no braço.

Eu segurei a mão dela, fazendo-a parar abruptamente.

— Eu acho... Que estou com dor na boca. Está formigando.

— Hein? Na boca? Mas o que você fez na... - Ela se aproximou um pouco e eu levantei, ainda segurando a mão dela e a beijei. Sem forçar nada, começou com um selinho.

Ela arregalou os olhos e depois que me desvencilhei, assustado e envergonhado, disse:

— M-Me desculpa, foi sem que...

Nem tive tempo de terminar, pois ela me puxou e me deu um legítimo beijo agora. Meu coração está fora do compasso e acho que isso é errado. Mas cara, como pode ser errado se é tão bom?