Já tinha passado uma semana desde o aniversário de Joly, tinha esquecido dos livros de Éponine, então peguei o caderno onde os anotei e fui até o escritório de meu pai...

– Pai? Pode me fazer um favor? – Entrei e ele me olhou desconfiado

– Depende, o que foi? – Meu pai perguntou

– Pode me ver esses livros? – Entreguei o caderno. Ele examinou os livros e depois me encarou

– Te entrego todos hoje a noite... – Ele respondeu. Sorri pra ele e saí.

Vi o relógio e era 15h40min. Droga. Estava atrasado, tinha combinado com os meninos de nos encontrarmos em frente ao shopping, saí correndo de casa, peguei o carro e fui o mais rápido possível para o shopping, chegando lá, fui na frente do shopping, e lá estavam eles, todos impacientes...

–Enjolras! Você nunca se atrasa, por que hoje você decidiu atrasar? – Joly disse

– Acha que hoje é um dia tão importante que eu não posso chegar 20 minutos atrasado? – Perguntei encarando Joly

– Mas quando nós chegamos atrasados, você fica doido né? Meu Deus... – Joly disse quase gritando

– Sério que vocês vão brigar agora? – Marius perguntou perdendo a paciência e nós ficamos quietos

– Vocês querem tomar um sorvete? – Grantaire perguntou quebrando o silêncio, todos concordaram.

Depois que tomamos sorvete, ficamos passeando pelo shopping, conversávamos sobre qualquer coisa, e ás vezes Joly dava algumas informações sobre medicina...

– Qual é a pior dor que existe? – Jehan perguntou

–Cólica renal... Ou dor de parto... Eu não sei, e espero nunca saber... – Joly disse

– Por que nós estamos falando sobre isso? – Perguntei

– Eu também gostaria de saber. – Grantaire disse revirando os olhos. Continuamos andando e conversando, evitando ao máximo as conversas de Joly e Jehan.

Já era 19h14min, voltei pra casa e vi meu pai sentado na mesa com uma pilha de livros enquanto lia algum, quando me viu fechou o livro e colocou-o na pilha e me entregou...

–Aqui estão... – Ele disse e saiu.

Peguei todos aqueles livros e comecei a analisa-los. O Peregrino, Dom Quixote, A Tale Of Two Cities, O Nome da Rosa, Guerra e Paz, O Sol é Para Todos e O Vento Levou... Peguei o primeiro livro que vi e comecei a ler, quando de repende, adormeci...

[...]

Acordei e vi todos aqueles livros jogados na minha cama, troquei de roupa, peguei os livros e fui pra casa de Éponine, tinha memorizado o caminho, como? Também não sei, a portaria estava vazia, então enfiei a mão em um botão que estava o que eu imagino que era o botão que abre a porta, apertei e a porta se abriu, fui em direção ao elevador, fui ao 16° andar, bati na porta de Éponine e ela abriu a porta do mesmo jeito que tinha atendido da última vez, com cabelo todo bagunçado e com cara de sono, só que dessa vez ela estava de pijama...

–Oi, Enjolras! O que faz aqui? Tá tudo bem? – Éponine perguntou

–Oi... Hum... Tá tudo bem... Eu queria te entregar esses livros... – Eu disse e ela sorriu

– Obrigada, entre... – Ela disse me dando passagem, entrei e fiquei parado na frente na porta – Sente-se – Ela disse indo em direção a cozinha e trouxe algumas bolachas.

Entreguei os livros pra ela e ela analisou todos com muita atenção, via todos e sempre sorria,cada vez que via um novo, depois que viu todos ela sorriu de orelha a orelha...

­–Nossa... Eu... Eu... Eu nem sei o que dizer... – Éponine disse – Muito, muito, muito obrigada. Já terminou de ler Mein Kampf ?

–Não, ainda não, eu ainda estou no começo, estou lendo outros livros... – Respondi rindo

–Sabia que o primeiro amor dele foi uma judia? – Ela perguntou e eu comecei a rir

–Jura? Eu acho que ela machucou muito o coração dele... – Respondi rindo e ela riu concordando

–Quer ver minha coleção de livros? – Éponine perguntou e eu assenti.

Ela me conduziu até um quarto, tinha algumas estantes, todas com vários livros, diria que metade antiga e outra metade nova, fiquei olhando os livros, meus olhos pararam em um livro bege, não havia nada escrito na vertical, peguei o livro...

Marcovaldo ou As Estações Na Cidade... – Ela disse antes que eu lesse o titulo – Eu adoro esse livro... Se quiser pode pegar alguns livros emprestados... Já que me deu tantos livros...

Merci... – Disse sorrindo, e fui olhando os livros, peguei Marcovaldo, O Livro Vermelho, As Brasas, Cem Anos de Solidão e O Código da Vinci...

– Ótimas escolhas monsieur... – Éponine disse sorrindo – O Livro Vermelho não é o livro que estava vendo da primeira vez que veio aqui? Ficou curioso para ler? – Éponine perguntou rindo e eu assenti – Está tão calado monsieur, está tudo bem?

Pardon... Acho que estou viajando... – Disse rindo

– Tem algum autor que você goste? – Éponine perguntou

– Gosto de William Peter Blatty... – Respondi e olhei para Éponine que estava perplexa.

– Eu tenho muito medo dele... – Ela respondeu rindo e comecei a rir.

– Mas e você? Gosta de algum? – Perguntei e ela pareceu pensativa por alguns segundos

– Gosto muito de Stephen King... – Éponine respondeu

– Como se Stephen King fosse muito melhor que William Peter Blatty... – Disse e ela gargalhou

– Quer alguns livros de Stephen King para provar a sua teoria? – Ela perguntou rindo

– É, eu adoraria... – Respondi rindo e ela me entregou A Dança da Morte, Sombras da Noite, A coisa, e O Cemitério Maldito. Agradeci ela e depois me despedi, fui pra casa com uma sacola cheia de livros.

Abri a porta e minha mãe estava na cozinha conversando com meu pai, eles olharam para mim e sorriram...

–O que tem na sacola? – Minha mãe perguntou

–Hum... Livros... – Respondi indo na direção deles

– E quanto aqueles livros que você me pediu? Pra que são? – Meu pai perguntou

– Dei de presente para uma garota... – Respondi e meus pais se entreolharam e começaram a rir

– Uma garota... Tá bom, e... Você estava na casa dessa garota? – Minha mãe perguntou rindo, bufei e fui pro meu quarto...

Peguei os livros e joguei na cama, comecei a ler As Brasas, depois de uma hora comecei a dormir...

[...]

Acordei com alguém me sacudindo, abr meus olhos lentamente e vi minha mãe sorrindo, atrás dela estava meu pai...

– O que foi? – Perguntei olhando pro meu relógio eram 15h03min

– Vamos sair para almoçar, quer ir conosco? – Minha mãe perguntou e eu sorri

– Claro... – Saí da cama e segui eles

Fomos para um restaurante muito chique, era enorme, incrivelmente enorme, um garçom bem vestido nos atendeu e nos levou para o andar de cima e nos deu uma mesa, logo depois nos entregou os cardápios, meus pais pediram Coq au Vin e eu pedi um Ratatouille.

Se passou mais ou menos 7 minutos e uma garçonete veio e nos deu os pratos com o Coq au Vin e o meu Ratatouille.

– Gostariam de experimentar o Petit Gâteau daqui? C’est genial! – A voz conhecida disse, me virei para ver quem era...

Éponine? – Perguntei assustado