1.1 Meridian - 07.10.2002 06:20

Era estranho acordar naquele quarto agora. Saber que aquele ali não seria mais o meu quarto dentro de alguns dias me deixava um pouco deprimida. Abri meus olhos e olhei para o teto.

- Hayley querida, acorda... – minha mãe gritou do outro lado da porta – você vai acabar se atrasando para o seu ultimo dia de aula!

Minha mãe era do tipo de mãe que mais se parecia a filha e eu acho que isso irritava meu pai, e varias vezes eu os via discutir por causa disso. Eu não á culpava por causa disso, era o jeito dela ser e eu já tinha me acostumado em ser a “mãe” da minha própria mãe.

- Ok mãe, eu já vou... – eu disse me levantando preguiçosamente da cama.

Peguei minha toalha e me arrastei para o banheiro, meus banhos eram sempre rapidos mas hoje eu me deixei distrair com a agua caindo nas minhas costas. Quando me dei conta meu pai esmurrava a porta preocupado com meu silencio dentro do banheiro.

Meu pai era o cara mais babão que eu já conheci em meu pequeno tempo de vida. Segundo minha mãe, quando ele soube que eu estava a caminho, ele quase explodiu a casa de tanta felicidade, era o primeiro filho deles, e ao que parece eles queriam muito que esse ser pequeno viesse.

E aqui estou eu. Nos meus lindos 13 anos tendo a difícil missão de ter que deixar o lugar onde vivi a vida toda para morar com meus pais em um lugar desconhecido chamado Franklin. Meus pais iriam mudar para Franklin pois estavam cansados de Meridian, e por que eu não era muito bem aceita nos lugares aonde eu ia. Principalmente no colégio. Era uma boa oportunidade de começar tudo de novo. Em um novo lugar.

Me arrumei rapidamente sem me preocupar com a minha aparencia, eu não gostava muito de me arrumar, apenas me vestia como eu gostava, com minhas roupas largas e “punks” o que fazia minha mãe querer subir pelas paredes quando via (risos)

-Bom dia filha! – minha mãe disse sorrindo, quando me sentei na mesa, - pronta para o seu ultimo dia de aula?

- É né? – eu disse em tom desanimado. Por mais que eu não fosse aceita por causa do meu jeito, eu gostava de Meridian. Aquele lugar havia sido meu lar desde que eu tinha nascido, e agora eu me via obrigada á deixa-lo

- Hayley? Que desanimo é esse?

- Você sabe que... – ela me olhou com um olhar de desaprovação

- Hayley, não vamos ter essa conversa de novo, ir para Franklin é uma coisa que já está decidido! Tente ficar pelo menos um pouquinho animada? Por favor? – eu respirei fundo e mordi a panqueca sem vontade nenhuma

- posso tentar ao menos? – ela me olhou com um sorriso forçado

- eu sei que você consegue... afinal, mudar não é tão ruim assim! – eu olhei pra ela e voltei a comer minha panqueca em silencio.

O ultimo dia de aula não foi em nada diferente dos outros. Passei meu dia quieta no meu canto, escutando as piadinhas sobre o meu jeito de ser calada como sempre. Minha mãe tinha razão, mudar talvez não fosse tão ruim assim, pelo menos em Franklin eu não veria aquelas pessoas, isso seria uma vantagem.

Tentava não levar aquelas piadinhas de sempre a sério, afinal elas já não tinham “graça” mais, tentava colocar na minha cabeça que Taylor e companhia não tinham mais criatividade, então às ignorava como sempre(risos)

Cheguei em casa e como a minha rotina de sempre me tranquei no quarto e fiquei mexndo nas minhas coisas mas hoje era um pouco diferente, eu estava era guardando elas...

Olhava cada uma delas e me lembrava de muita coisa, aliás da minha vida toda, cada objeto ali tinha o seu valor pra mim...

Eu ria de tudo de “bizarro” que achava, meus objetos de quando eu era apenas um bebê, minhas roupas malucas, fotos que eu tirava as vezes...

- Eu não podia ter usado isso...- eu resmunguei sozinha e rindo olhando pra um macacãozinho meu de quando eu era bebê

- Mas usou...e ficava linda nele....-minha mãe disse rindo parada na porta, eu me assustei mas depois ri tambem – Posso entrar aqui hoje??

- Éh... pode...- eu falei rindo sem graça dobrando a roupinha e jogando dentro da caixa

- Não queria que fosse assim...

- Assim como??

- Eu queria que você fosse por vontade própria... mas..

- Mãe não se preocupe... você não está me obrigando a nada...

- Eu sei que estou, melhor, eu sinto que estou.... mas eu pensei que isso seria o melhor pra você...

- Mãe, você não fez nada de errado... não se preocupe... você só quer proteger a sua filha e buscar “novos ares” pra esfriar a cabeça um pouco por causa do momento desagradavel que estamos passando...

Ela riu sem graça e de cabeça baixa

- Seu pai sempre teve razão..

- No quê??

- Você é tão madura... eu quem deveria está aí te aconselhando, cuidando de você...

- Mãe, para... sem essa agora...

- É sério filha.. eu me sinto mal por isso...

- Você quer que eu seja sincera com a senhora?? Que eu fale o que eu realmente sinto??

- Sim... claro filha...

- Você é a melhor mãe do mundo, da maneira que você é... – ela riu sem graça – E eu não estou falando isso só pra te tranquilizara não... é sério...

- Obrigada filha...

- Você não tem que me agradecer nada dona Cristie...- eu respirei fundo e dei um abraço nela - Agora.. Vamos terminar de arrumar essa bagunça?? – eu falei rindo pegando na mão dela e puxando pra perto das caixas

- Aaah claro... – ela riu e foi me acompanhando

Acho que foi uma das primeiras vezes que eu me divertia e conversava com a minha mãe, acho que na minha vida toda tinha sido raros momentos como aqueles só eu e a minha mãe, conversando, brincando... Enfim acho que bem no estilo “mãe e filha” mesmo, acho que do jeito que ela sempre quis que fosse, mas que não conseguia por não ser o estilo dela.

1.2 Meridian 14.10.2002 18:30

Os dias tinham passado rápido de mais e parecia que o tempo estava do lado da minha mãe.

Estava tentando me acostumar com a ideia já que tinha prometido pra minha mãe que ia tentar, eu sabia que aquilo era importante pra eles (minha mãe e o meu pai) sei lá, eu não criava esperança de que eles poderiam voltar como era antes, mas quem sabe? Talvez se eles pensassem melhor, era idiotice pensar ou ao menos imaginar em acreditar nisso mas era inevitável, quando se você se vê em uma situação em que sua família está se desfazendo, você se agarra á todas as possibilidades e esperanças que aparecem na sua frente. Eu não gostava de pensar em meus pais separados. Não agora.

Eles confiavam que essa mudança para uma outra cidade talvez ajudasse então eu dei esse voto de confiança á Franklin.

Uma nova pagina da minha vida iria começar. E o primeiro capitulo teria nome : Franklin Tennessee.