Jii-chan e Enma

(Jii-chan e Enma)

O dragão espiava de escanteio a garota que estava deitada encolhida num canto dormindo calmamente. Conseguia ouvir perfeitamente os leves roncos que a sua barriga lhe proporcionava vez ou outra durante o seu sono.

Ela poderia até não perceber, mas já estava ali por quase dois dias e as vezes que a garota desmaiava com o corpo cansado por não receber nenhum tipo de proteína ou carboidrato não eram poucas.

Poderia lhe soar impossível caso se permitisse por aceitar o fato, mas estava preocupado com a condição da loira que lhe fazia uma estranha companhia. Poderia até lhe entregar um pouco de sua comida ou água, mas dragões eram bem mais resistentes do que os humanos, sabendo disso o tempo entre uma refeição e outra não era poupados ficando por semanas sem comer e beber, as vezes até messes.

Uma corpo da humana não iria conseguir aquentar tanto tempo e logo passaria a buscar fontes na bolsa de energia mágica, um recurso extremo e suicida do corpo humano.

Bom, um humano com pouca magia poderia até sobreviver a esse recurso, mas para uma maga dependente de sua magia como Lucy era fatal.

– Hun... Ohayo... - Balbucia a loira coçando os olhos e se levantando lentamente.

– Você deve descer - Manda sem algum tipo de explicação o que faz a Heartfilia se irritar.

– Não! - Teimou tentando parecer convicta e firme, só que a fome e a sede lhe era muito grande a voz saiu arrastada e pesada.

– isso não é um pedido - Com a sua longa cauda enrolou o corpo fraco da jovem - Procure o Sucker - A levou até as escadas lhe poupando quase um andar inteiro.

– Tsk... - Tinha consciência que não tinha muitas forças para ficar subindo ou descendo qualquer degrau, então foi obrigada a obedecer o dragão e vagou os olhos cansados e desacostumados com a claridade pelo garoto ou qualquer um que poderia servir de ajuda.

Por sorte, o corpo pálido e desnutrido atraiu a atenção de um dos escravos que por sorte saía do quarto de um dos magos e elevou seus olhos prestes a fazer uma prece.

O homem, um senhor de idade responsável pela limpeza por ser resistente apesar de já ter certa idade, foi apresado em direção a jovem senhorita a socorrê-la.

– Hey! O que aconteceu com você?! - Perguntou preocupado, sua voz era mansa e grave.

A voz desconhecida vez a garota mirar para o senhor que estava a sua frente preocupado.

– ... - Abriu a boca para falar, entretanto a garganta seca não produziu nada audível. Demorou um certo momento para ela desistir de tentar realmente falar algo e apenas e apenas mexer a boca na esperança que o senhor entendesse o pedido mudo.

– Oh sim! Claro, claro - O senhor pegou a jovem no colo a levando nas costas e desceu os degraus apressado em direção ao balcão onde sua neta, também capturada, trabalhava.

– Enma, querida, preciso de uma jarra com água! A mais limpa que puder! - Pediu o senhor colocando a loira deitada no pequeno espaço entre o balcão, cozinha e a área avista.

– Claro Jii-chan - A moça de cabelos medianos negros pressos de qualquer jeito, pele bronzeada igual o avô e vestia roupas semelhantes a palha e uma imitação de pele de onça.

Ela obedeceu o avô igualmente apresada ao ver a mulher que ele trazia nas costas.

– Beba devagar - Avisa a mulher inclinando a jarra deixando o liquido escorrer pela boca da jovem loira que tentou tomar apresadamente, entretanto a mulher retirou o jarro de perto repedindo a frase sempre que a maga celestial tentava.

Até que então resolveu obedecer a bebeu calma o liquido aliviada.

– Nossa... Ficou quando tempo sem beber nada? Sei que é um lugar horrível, mas não pode dar o luxo para esses magos idiotas de se descuidar! - A mulher fala sorrindo amigavelmente deixando a loira beber por si só rindo um pouco.

– A minha neta está certa. Deixar fosse na desgraça é o que mais da prazer para eles! - O senhor concorda levantando para pegar um pedaço de pão para a jovem.

Lucy finalmente se deu o luxo de analisar os dois, por sua pele eram claramente ou do litoral ou de fora de Fiore, o velho parecia ter ficado mais tempo sem tomar sol do que a jovem que ainda tinha a sua pele fortemente bronzeada.

Tal fato fazia Lucy se perguntar se a Heart Dragon tinha escravos de outros países além Fiore.

Quando o senhor lhe entregou o pão a loira comeu com avidez, realmente estava com bastante fome. Quando tempo tinha feito companhia para o dragão?

– Mas e então loira, qual o motivo de ter ficado tantos tempo sem beber ou comer nada? - Indagou a neta num tom indiferente, mas apesar da indiferença Lucy pode jurar certa preocupação na pergunta.

"Ah, é que eu estava no ultimo andar junto com um dragão! Alias, sabiam que lá em cima tem um dragão presso?" Lucy respondeu sarcasticamente em sua mente, nunca poderia dizer a verdade, era muito ridícula e totalmente absurda!

– Eu...

– Enma! Perdoe minha neta ela é meio inconveniente... Tudo bem se não quiser contar - Lucy segurou um sorriso aliviado com o corte do senhor, então fingiu um certo terror nos olhos e sorriu amarelo para o senhor agradecida, o senhor retribuiu gentilmente.

– O papo está bom, mas tenho que voltar gente - Enma se despediu pegando um pano na prateleira e retornando para em frente ao balcão atendendo os magos em desgosto.

– Ah... Enma tem razão, as pessoas logo vão entrar e eu também tenho trabalho para fazer... - Falou o senhor se levantando e estralando as costas - Sugiro que faça o mesmo, e tome mais cuidado com a sua saúde! - Alertou saindo do balcão.

A loira ficou mais um tempo ali terminando o pão, também tinha uns pedaços desfiados de carne seca em um prato a sua frente e uma meia colher de sopa de batatas oferecidos por Enma.

Lucy pensou ser o almoço da morena e se sentiu mal ao pensar nisso. Por ter sido teimosa e não ter decido daquela sala agora retirou o pouco almoço de alguém em que realmente trabalhava duro ali.

Ela nunca tinha reparado, mas a maneira que era tratada ali era muito melhor do que os outros servos e escravos sem que ela faça absolutamente nada!

Ao terminar a refeição se levantou e determinada também pegou um pano no armário e foi em direção a Enma.

– Vou de ajudar - Falou simplesmente passando a limpar os copos e pratos sujos deixando o atendimento daquela área sendo o único trabalho da morena.

A garota não respondeu, mas Lucy pode perceber um olhar curioso da outra em cima de si e um sorriso agradecido de canto.

A loira ficou ali o resto do dia inteiro ajudando a mais velha notando o quão asqueroso era tal trabalho, não que o trabalho em si fosse nojento, o ruim mesmo eram os homens e até mesmo algumas mulheres que faziam questão de infernizar sua vida com comentários inapropriados, fazendo questão de deixar o mais sujo possível e cuspir dentro dos pratos limpos escorrendo ou até mesmo nela e na Enma. A mais velha aquentava tudo aquilo calada e paciente deixando o rosto indiferente predominar, já Lucy fazia o possível para continuar sem se expressar ou socar a cara dos homens a cada cantada ou assédio.

– Está liberada Enma e... Quem é ela? - Uma outra mulher que fazia o turno da noite e manhã aparece olhando curiosa para a Heartfilia.

– Ah ela é uma menina que o meu avô achou a beira da morte lá em cima, eu e ele cuidamos dela e ela resolveu trabalhar comigo - Explica para a outra mulher terminando de secar as mãos.

– Sério?! O que aconteceu? - Indaga a jovem curiosa já arrumando as coisas para o começar realmente a trabalhar.

– Também perguntei, mas o meu avô achou melhor ela não falar - Explicou suspirando pesadamente e novamente Lucy segurou a vontade de suspirar aliviada.

– Bom, melhor irmos, ainda tenho mais coisas para fazer - Enma se despediu da colega de trabalho indo para outra parte da guilda.

Lucy a acompanhou curiosa, sabia que os mais resistentes chegavam a trabalhar em mais de um lugar e estava curiosa para ver em qual posto a morena iria agora e se surpreendeu ao ver que ela ia em direção ao quarto do mestre.

– Sabe... Eu esse horário trabalho para o mestre, acho melhor você não entrar sem autorização - Avisa algumas portas antes.

Lucy assentiu pensativa e quando a morena já não se encontrava em vista se deu o luxo de olhar para o alto e sua mente se focou no dragão que se encontrava ali em cima.

Não tinha sentido. Por que ele não fugia? Por que ele não falava com ninguém? E por que ele... Se preocupou com ela?

Ah! Pensar naquilo só iria desgastar sua mente! Seria melhor se fosse descansar, tinha algo mais importante a fazer do que ganhar respostas. O dragão e a sua curiosidade teriam que esperar.

Já tinha passado da hora de ter uma conversinha com o "mestre"...

O sorriso mais bonito é aquele que luta contra as lágrimas derramadas.