Gemeas em guerra.

Dor de cabeça em dose dupla.


Em torno de uma grande mesa de Mogno, estavam reunidos o Rei Maxon e outros reis e representantes de vários países, todos pareciam estar muito cansados. Já passava da meia noite e ainda não haviam conseguido chegar a um acordo que beneficiasse a todos os presentes.

—Vamos terminar isso amanhã Maxon. – Disse Giovanni II rei da Nova Itália.

Giovanni II também trouxera consigo seu filho, o Príncipe Nataniel ou Nate para os íntimos, viera com o intuito de aprender um pouco mais sobre política, porém fazia horas que havia saído de "fininho" da reunião.

De repente a grande porta se abre bruscamente dando passagem a uma América furiosa com o assistente real correndo atrás dela desesperado tentando pará-la.

—Maxon estamos com um grande problema! – Bradou a ruiva, sem ao menos cumprimentar os que estavam presentes.

—Senhor, eu juro que tentei avisá-la que não era uma boa hora para invadir a sala de reuniões. – Tentou se explicar o assistente.

—Anne está presa! – Soltou América e só depois se deu conta de que a sala estava completamente cheia de outros monarcas.

Nervosa fez uma reverencia desajeitada, enquanto cumprimentava um a um tentando amenizar a situação que criara. Maxon mal havia terminado de receber a notícia que a esposa trouxe quando ouviu um grande estrondo nos corredores. Todos viraram a cabeça para a porta sobressaltados.

—Com licença senhores. – Pediu Maxon puxando a esposa consigo pela mão e saindo da sala antes que mais alguém entrasse com outra notícia bombástica.

—O que está havendo? – Perguntou preocupado.

—O oficial de transito acabou de ligar, Anne e William estão detidos e só vão liberá-la se um de nós for até lá.

William era o filho mais velho de Lucy e Aspen, era daqueles garotos cuja presença sempre atraía grandes problemas, normalmente envolvendo a filha Anne que vivia junto com o garoto.

—Pensei que ela estivesse dormindo na casa da Sophie.

—Pelo jeito seu coração mole foi enganado de novo! Eu disse que não deveríamos tirá-la do castigo. – Acusou a rainha. -Ela e William foram pegos dirigindo muito acima da velocidade enquanto iam para algum lugar, que como sempre se recusam a contar. O oficial acha que é aquela boate clandestina que você deu ordens para localizarem e fecharem.

—Minha Annezinha jamais iria a um lugar desses! - Maxon defendeu a filha indignado.

—VOCÊ acha que Anne jamais iria a um lugar desses.

Antes que ele pudesse argumentar, ouviram-se novamente o estrondo dessa vez seguido por gritos:

—Me solte seu guarda insolente!

Maxon e Meri correram para ver o que estava havendo já sentindo “cheiro” de nova confusão. Ao virarem o corredor, se depararam com dois guardas que fazia a ronda do castelo a noite, arrastando Nate apenas de cueca, o garoto se esperneava enquanto era praticamente carregado pelos fortes homens.

—Senhor, pegamos ele pulando da janela do quarto da princesa Clare.

—Podem soltá-lo. – Disse a rainha massageando as têmporas e respirando fundo para não surtar.

Assim que se viu livre, o rapaz com a pouca dignidade que lhe restava, se é que ainda havia alguma, colocou-se atrás de um grande vaso de flores.

—Pode me explicar o que fazia nesses trajes e ainda por cima pulando a janela do quarto de minha filha? –Perguntou Maxon com o rosto vermelho e uma veia pulsando na testa.

—Por favor, não conte ao meu pai. Eu sei que ele está na sala de reuniões, eu estava apenas participando de uma brincadeira com Clare e suas amigas. A idéia foi delas eu juro! - Ele estava quase chorando com medo do escândalo.

—Nem mais uma palavra! - Disse o rei nervoso, não consigo falar com você agora ainda mais de cueca e recém-saído da varanda do quarto de minha filha!

Virando-para Meri:

—Eu vou tirar Anne da delegacia.

Começou a passar orientações a seu assistente:

— Marcus, dispense todos da reunião e peça para que durmam no palácio, amanhã pela manhã concluímos a reunião. E você – disse virando-se para o rapaz que tentava sair de fininho. – Se vista e depois um guarda acompanhará você e seu pai ao quarto de hóspedes. Amanhã quero você bem cedo no meu escritório para conversarmos de perto. E se tentar outra gracinha eu chamo seu pai para uma conversa, e sei que ele não ficará nada satisfeito quando souber que seu filho, ao invés de aprender sobre política anda dando passeios de cueca pelos corredores do castelo.

—Não vai se repetir alteza, com licença! - Saiu fazendo uma reverencia desajeitada, o que deixou a cena mais patética ainda.

Maxon soltou um suspiro cansado, enquanto sua rainha colocou a mão carinhosamente em seu ombro lhe transmitindo apoio.

—Meu amor, eu sei que você não quer se tornar um carrasco como seu pai foi com você, mas acho que demos liberdade demais as meninas. Um pouco de disciplina seria bom para elas.

—Bom, agora é tarde! Vamos buscar Anne e depois pensamos em como lidar com ela. Se eu bem conheço deve estar tendo um ataque agora e deixando o delegado louco.

Enquanto isso na delegacia com as duas mãos segurando a grade dramaticamente Anne tentava reverter a situação em que se encontrava.

—Você tem noção de com quem está lidando? - Gritava furiosa

—Sim Princesa Anne, eu reconheço seu belo rosto dos jornais de Illéa. – Disse o rechonchudo guarda entediado.

—Então você sabe que está cometendo um erro nos mantendo presos nessa cela imunda.

—Seus pais já foram avisados pelo oficial, logo eles virão libertá-la respondeu entediado.

—Eu tenho 21 anos, já atingi a maioridade e não preciso dos meus pais aqui.

—Sem eles quem pagará a fiança? -Questionou levantando as sobrancelhas.

—Ora seu...

—Anne! Se acalma. – Disse William puxando-a e fazendo a garota sentar no banco que havia na cela. – É melhor que chamem seus pais do que façam uma ficha sua. Imagina se todos souberem que a futura rainha de Illéa foi presa por dirigir acima da velocidade? – Disse ele abaixando o tom de voz.

—Provavelmente a futura rainha, esqueceu que eu tenho uma gêmea com quem tenho que dividir tudo? – Perguntou revirando os olhos.

—Nem tudo – disse ele sorrindo sugestivamente.

—Cala a boca. – Disse a garota já sorrindo e dando-lhe um soquinho no ombro.

—Muito bom ver os dois estão rindo como se nada estivesse acontecendo!

Os dois literalmente pularam do banco.

—Pai! – Disse William enquanto Aspen entrava acompanhado de Maxon.

—Vamos tirar vocês daqui, consegui que liberassem vocês sem serem fichados.

—Ai papai ainda bem! Você não sabe como fui horrivelmente tratada nesse lugar. – Disse Anne fazendo beicinho.

—E você não sabe como estou terrivelmente desapontado com você mocinha! – Disse Maxon utilizando um tom de voz que a filha não estava acostumada a ouvir. –Vamos sua mãe está esperando.

Do lado de fora da delegacia, garota se despediu do amigo.

—Tchau Will e obrigada por tudo. – Falou baixinho abraçando o rapaz.

—A gente se fala. – Respondeu ele apertando-a contra si.

—Acho que não vão se falar tão cedo! – Disse Aspen muito sério. -Maxon e eu conversamos e achamos que é melhor vocês dois pararem de sair juntos por um tempo.

—Pai isso não é justo! – A ruiva olhou para o pai suplicante.

—Anne, toda vez que vocês dois saem juntos algo acontece!

—Papai, por favor...

—Em casa conversamos, entre logo nesse carro, não quero que nenhum paparazzo nos veja.

A garota entrou no carro emburrada, de braços cruzados como se fosse uma menina de sete anos cuja mãe não havia deixado tomar sorvete antes do jantar. Enquanto isso Aspen se dirigia ao pátio da delegacia para retirar o carro de William que estava apreendido.

Ao chegar em casa, Anne se trancou em seu quarto, não abrindo nem para que suas criadas pudessem prepará-la para dormir. Deitada na cama ainda ficou um longo tempo pensando em William e nos acontecimentos daquela noite:

Flash back on:

"–Anne não corra tanto, se você bater o meu bebe eu te mato! – Disse ele gritando para ser ouvido por cima do som alto.

Anne apenas sorria extasiada aproveitando a sensação que sentia enquanto aumentava a velocidade.

De repente uma viatura começou a segui-los.

—Will vou parar o carro. – Falou assustada.

—Não vai não, seu pai te mata se souberem que você foi pega dirigindo em alta velocidade! Tente despistá-los.

E assim percorreram várias ruas sempre com a viatura na cola deles.

—Entre naquela rua sem saída, quando a gente parar você troca de banco comigo.

—Não vou deixar você levar a culpa.

—Anne eu aguento, antes eu do você. Anda, faz o que eu estou pedindo.

A garota freou bruscamente em um beco escuro, passou por cima do rapaz para o banco do passageiro, enquanto ele com dificuldade mudava para o banco do motorista e assim que ele se sentou um policial bateu no vidro do carro:

—Os dois para fora do veículo agora! Vocês serão levados a delegacia por infração grave e muito acima da velocidade permitida.

—220 Km/h é muito acima? – Disse Will rindo, enquanto ambos eram algemados.

Flash Back Of.

Com o coração apertado a garota pegou no sono. Nunca entendeu o porquê de Will sempre assumir a maior parte da culpa em todas as irresponsabilidades dela, também se arrependeu de ter deixado que ele fizesse aquilo, agora estava proibida pelos pais de vê-lo porque eles achavam que o menino atraía problemas, quando na realidade ele só a livrava deles.