Gemeas em guerra.

Que vença a melhor rainha!


No dia seguinte um novo escândalo rondava os corredores do castelo. América achava que nada superaria as confusões da noite anterior, mas estava enganada: logo pela manhã ouviu-se o grito estridente de uma das empregadas. Sem se importar com protocolos ela correu pelo castelo afim de ver o que era, a confusão vinha do quarto de Clare!

Adentrou o cômodo esbaforida e se deparou com a filha vestindo apenas uma camisola curta e com um olhar de culpa no rosto, próximo da janela um rapaz desconhecido se encontrava paralisado com uma perna no peitoril como se tivesse sido flagrado tentando pular. Tinha a camisa aberta e os sapatos nas mãos, claramente havia passado a noite ali.

—Senhora me desculpe! Eu devia ter aguardado a senhorita abrir a porta, mas como estava muito quieto usei a chave mestra para entrar, fiquei preocupada, a senhora conhece a saúde frágil de sua filha. – A empregada torcia as mãos nervosamente tentando explicar-se.

—Tudo bem Ruth, não se preocupe você fez bem. Pode se retirar e por favor mostre ao cavalheiro a saída. – Disse enquanto fulminava a filha com o olhar.

O rapaz ao passar por América fez uma reverencia desajeitada para sua rainha e saiu rapidamente do quarto, quase correndo com o rosto vermelho de vergonha.

—Clare eu já estou cansada desse comportamento de vocês! Já não bastou o incidente com o príncipe da Nova Itália correndo de cueca pelos corredores?

A menina começou a rir quando a mãe se referiu a brincadeira que ela e as amigas fizeram na noite anterior.

—Não ria. – América cortou-a fitando-a séria nos olhos. – Você e sua irmã não tem nenhum senso de responsabilidade!

—Você quem me disse esses dias que eu tinha que me conectar mais com o povo. – Respondeu a garota calmamente, sem um pingo de vergonha ou arrependimento.

—Não dessa forma! Sinceramente não sei mais o que fazer com vocês.

—Estou de castigo? – Perguntou ela cinicamente.

—Como vou colocar uma garota de vinte e um anos de castigo? Você já é adulta e sabe o que faz. Mas não pense que isso ficará impune, eu e seu pai vamos pensar em algo. Vista-se e desça para o café da manhã vamos conversar em família.

Dizendo isso, saiu fechando a porta e deixando a menina sozinha no quarto. Alguns minutos depois ela desceu encontrando a família nos jardins, o pai aguardava em pé ao lado da mesa.

—Sente-se. – Disse ele ríspido, ele nunca se referia a elas com aquele tom, logo ela sentiu que algo estava errado.

Do outro lado da mesa sua irmã Anne estava sentada, vestia um moletom largo com o capuz puxado sobre a cabeça, e tinha uma cara de quem estava sofrendo a maior ressaca do mundo.

—O que aconteceu com ela? – Perguntou para a mãe como se a outra não estivesse ali.

—Foi proibida de ver o Will por um tempo.

—Não acredito que separaram você de seu namoradinho. – Disse provocando a outra e rindo enquanto pegava uma torrada.

— Ele não é meu namorado. – Vociferou a gêmea. – E mesmo se fosse, é melhor do que dormir com metade do reino igual você faz. Ou acha que não ouvi a gritaria agora a pouco quando encontraram mais um garoto no seu quarto?

—Mais um garoto, isso já aconteceu outras vezes? -Questionou Maxon horrorizado olhando as filhas.

—Cale a boca Anne! – Clare se irritou com a irmã fofoqueira.

—Fiquem quietas as duas. – América foi firme e logo as duas se calaram. - O pai de vocês não tem muito tempo antes de ir tomar café com os membros da reunião de ontem, mas precisa falar com vocês antes, por isso estamos aqui nos jardins e longe de todos.

As duas miraram o pai com curiosidade, nunca haviam sido punidas e não sabiam o que esperar de um pai que sempre as mimou e deixou que fizessem de tudo e saindo sempre ilesas.

-Eu sei que vocês duas tem o desejo de reinar, e eu não vou ser um pai a moda antiga colocando quem nasceu primeiro para governar. Tampouco acho que alguma das duas tem o que é preciso para ser rainha. Talvez a culpa seja minha e agora preciso reverter essa situação, eu não queria chegar a esse ponto. Quando fizemos a última seleção onde conheci a mãe de vocês, aprendi muito com a experiência e isso fez de mim um rei melhor. – Dizendo isso apertou a mão da esposa e sorriu para ela carinhosamente. – Não vou encher esse castelo de pretendentes para vocês escolherem, porém vou lhes dar uma forma de decidir sobre quem governará e talvez durante a experiência aprendam a ter maturidade e consciência para tomar grandes decisões.

—Não estou entendendo papai. – Clare parecia confusa.

—Vocês duas vão escolher seus próprios pretendentes, pode demorar dias ou anos, mas aquela que for a primeira a se casar será a rainha.

—Moleza! – Clare já comemorava.

—Espere! Tem mais uma coisa: nós temos que aprovar o casamento, e só vai valer se percebemos que é amor verdadeiro. Não vou permitir que façam a loucura de se casar com qualquer um só para ficar com o trono. Entenderam?

—Sim papai. – Anne resmungou.

Assim que Maxon e América se retiraram para seu compromisso com os monarcas que os aguardavam para o desjejum, Anne não perdeu a chance de provocar a irmã:

—Que pena que papai e mamãe não gostam do Will, você não vai poder colocá-lo como pretendente.

A outra mostrou-lhe o dedo do meio irritada.

—Já disse que o Will não é meu namorado. Tenho pena é de você que vai precisar de muito mais do que um par de peitos para atrair um amor de verdade, e você não tem nada mais que isso para oferecer.

—Acha que não sou capaz?

—Não acho, tenho certeza! – Respondeu a outra rindo.

—Pois então vamos deixar isso mais interessante entre nós: aquela que no período de um ano encontrar alguém que papai e mamãe aprove fica livre para reinar sem precisar se casar, pois a perdedora vai renunciar ao trono.

—Seria trapaça com nossos pais! Você poderia fingir que está apaixonada, encontrar um homem que eles aprovem e depois que eu renunciar desmanchar o compromisso e reinar sem casamento.

—Essa é a idéia, assim vamos nos livrar dessa história antiquada de poder reinar só após o casamento e tudo volta como deveria ser.

—Tudo bem eu aceito a aposta. – Disse apertando firmemente a mão da irmã.

—Que vença a melhor rainha! – Respondeu Clare sorrindo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.