Gasoline

And you can see that I'm in pain


It's 5 AM, I'm high again
And you can see that I'm in pain

Soltou o pescoço dela imediatamente, não entendo o que Wanda queria dizer com aquilo, não entendendo porque não fizera nada para se defender da forma como a atacara. Encarou a própria mão suja de sangue, imaginando se houvesse apertado por mais tempo e com mais força, se perguntando se ela própria não imaginara o que poderia acontecer.

— Saia daqui.

Levou as mãos em punho aos olhos, dando as costas para o lugar onde ela se encontrava, ainda firmemente presa à parede para onde a empurrara com violência. Tinha medo de quem se tornava em momentos como aquele; medo de aquilo tudo voltar a ser permanente e nunca mais conseguir viver em paz, mesmo depois de tanto tempo ultrapassando os anos de uma luta a outra, sem folga. Bucky merecia algum descanso de toda aquela realidade opressora na qual o Soldado o colocava, bem como de ser um soldado eternamente tentando consertar o que de ruim seu outro lado fizera.

— Eu sei que está… - Ouviu Wanda começar, fazendo menção de se aproximar novamente e imediatamente voltou a encará-la seriamente, vendo-a estacar.

— Saia.

Decretou lhe dando às costas, tentando afastá-la do melhor jeito que conseguia. Observou com resignação os dedos trêmulos abrir a torneira da pia e colocou a mão ferida sob a água corrente, esperando que limpasse qualquer resquício de sangue, vidro e do repentino nojo que sentia de si mesmo. Os mesmos dedos que acabaram com quase todo o espelho também estavam marcados na pele de Wanda agora, não precisara de muito encarando o local para notar.

— Não. - Evitou um suspiro ante o tom determinado dela. - Estou sentindo sua dor. Há uma semana, sinto todo o desespero e medo, que guarda em si mesmo e é… Insuportável!

A voz se quebrou no instante em que terminou e Bucky não conseguiu se voltar à garota para enxergar a angústia de suas feições. Seria apenas um reflexo do que estava dentro dele, que, sim, era insuportável e, sim - principalmente -, também detestava que outra pessoa tivesse acesso a isso, àquele lado seu que buscava esconder a qualquer custo, pois aquela versão dele no fim das contas, talvez, já fosse mais quem ele era do que o contrário.

— O que você quer? - Murmurou, rouco e exausto.

— Sei que posso ajudar você. Só precisa me deixar descobrir como.

Wanda terminou em tom baixo e ele se sentiu abrindo um sorriso amargo para si mesmo. Há muito tempo, havia se desacostumado a qualquer tipo de sensibilidade, mesmo essa que ela oferecia, mais recheada de pena do que qualquer outra coisa.

— Não preciso da sua pena, Wanda. - Ela o encarou entre resignada e incrédula, provavelmente sem prever o completo rechaço à ajuda que oferecia. Então, decidiu deixar o banheiro da arena de lutas antes que continuasse a bombardeá-lo com argumentos e insistência e aquele toque de pena, de quem sabia o que ele sentia, embora não compreendesse como os poderes dela funcionavam nesse sentido. Antes que pudesse atravessar a porta, no entanto, se virou fitando diretamente o pescoço marcado que ela. - É melhor esconder isso ou vão fazer perguntas.

A viu somente apertar os lábios e menear a cabeça, inconformada, antes de deixar o cômodo batendo a porta num estrondo sem realmente enxergar à frente, forjando um equilíbrio muito distante do que realmente possuía.

The only thing I understand
Is zero sum of tenderness