Gasoline

I'm trying not to lose my faith


It's 5 AM, I'm nihilist
I know therе's nothing after this

Ouviu o suspirar pesaroso da ruiva contra si, consciente dela inteiramente ali. Fazia tanto, tanto, tempo. Pacientemente, a ouviu deixar cair no chão a bolsa que tinha nos ombros para que as mãos deixassem a camiseta de malha e subissem pelos ombros, encontrando um caminho fácil em sua nuca.

Era como um sinal para ele, compreendeu; sempre haviam funcionado daquela maneira instintiva, de forma que não conseguia se imaginar sendo com qualquer outra pessoa. Lentamente, ante a carícia suave dos dedos compridos entrelaçados aos seus fios, deixou a maciez da pele do pescoço comprido, os dedos afrouxando até não conseguir sentir mais o sangue bombeando com tranquilidade àquela altura para rodear a cintura fina sob o casaco pesado.

Sentia mais falta dela e daquele tipo de contato - com ela - do que se permitia admitir em noites comuns, por isso apenas voltou a afundar o rosto no pescoço perfumado logo atrás do ouvido, aproveitando a suavidade finita dos fios ruivos tão acessíveis.

— Não há ninguém que eu conheça tão presente em si mesmo quanto você. - A voz dela vibrou em sua pele, arrepiando-o e Wanda se afastou um pouco para olhá-lo, a mão envolta em escarlate deslizando por seu peito até parar na altura do coração. O olhar dela era sério, mas não implacável, como presenciara um dia; agora, havia ternura e segurança na forma como o fazia tão consciente do próprio ritmo de sua respiração e das batidas rítmicas de seu coração. - Eu o sinto. E sei que é você, não Ele. É só mais uma noite ruim, James.

— Eu sei, eu sei, eu só…

Engoliu em seco, repentinamente sentindo a necessidade de umedecer os lábios ante a tragédia anunciada que estavam destinados a ser: só queria que ela estivesse ali, especialmente em noites como aquela. Precisava de Wanda, mais do que ela demonstrava precisar dele.

— Você está aqui também, Ele não vai voltar. - Ela murmurou, subindo a mão em concha até a lateral de seu rosto, se referindo à sua mente, os olhos calmos acompanhando os dedos percorrerem um caminho invisível e imediatamente relaxante em sua têmpora. A energia escarlate sempre fora bem vinda, mas tinha a impressão de que tudo que partia de Wanda Maximoff era imediata e simplesmente anuído por seu corpo, como se precisasse daquela suavidade. Fechou os olhos, notando quando ela secou a gota de suor que escorria por ali, angústia e ansiedade o percorrendo pela madrugada inteira até sucumbir e chamá-la. - Há quanto tempo não dorme?

Apenas a olhou em resposta, sem precisar entrar em maiores detalhes e Wanda se afastou, firmemente entrelaçando seus dedos para puxá-lo na direção do quarto. Com apenas um olhar pelo apartamento, poderia perceber como vinha tentando se acomodar em qualquer lugar, pois as lembranças o atormentavam na mesma medida que as insônias num paradoxo cruel e interminável.

Estava se esforçando, tentando não se perder em si mesmo naquelas noites vazias demais, mas, às vezes, a escuridão que o rodeava oprimia a ponto de deixar clara a sua pequenez, bem como o pouco controle que ainda tinha sobre a própria sanidade. Cada vez mais, sentia como se não o restasse nada depois de tudo que vivera.

I'm trying not to lose my faith