Achar o covil fora fácil. O difícil seria entrar lá, conseguir ficar o tempo suficiente para achar o Cavaleiro e o dragão, convencê-lo, e sair. Tirando o fato de ainda terem Letrblakas por ali não ajudava. Não poderiam sozinhos invadir o covil, deveria estar muito bem protegido. Os Ra’zacs tinham uma visão ruim, mas uma audição e olfato apurados. Murtagh, talvez conseguisse entrar ficando invisível, mas não saberia de localizar nos túneis, e também seria um problema retirar o garoto e o dragão sem serem vistos.

Talvez eu tenha encontrado um meio. Glaedr disse. Poderíamos criar uma ilusão tua Murtagh para estar na sela de Thorn, e os dois atacariam um lugar do covil para que eu e Murtagh entrássemos.

–É uma ótima ideia Ebrithil. – disse Murtagh. – Mas o problema seria sair.

Devem existir vários túneis alternativos para a saída.

Talvez tenha mesmo. Thorn concordou com o outro dragão.

Então foram. Thorn veio voando com a ilusão de seu Cavaleiro na sela e atacou o covil dando tempo suficiente de Murtagh se esgueirar e entrar. Os túneis eram iluminados, mas mesmo assim continuou invisível. Precisava ir para o lugar mais fundo que achasse, se perdeu um pouco mas logo Glaedr achou Galkün e o dragão, então guiou o Cavaleiro até eles. Era uma grande caverna, aparentemente fechada em todos os lados, com tochas iluminando todo o lugar. Era alto também, mas não parecia que teria uma saída por cima. Era bem parecido com um quarto e poderia servir de lugar para treinamento. Logo viram um grande dragão negro, enroscado como se dormisse. Havia também um elfo – que seria o filho de Galbatorix – em uma cama. Primeiro, ele e Glaedr colocaram proteções no lugar para que ninguém pudesse sentir nada, para que pudessem conversar em paz, então murmurou o encantamento e os dois despertaram. Primeiro ficaram confusos, então Galkün notou o outro.

–Kvetha Fricai (saudações, amigo). Sou Murtagh. Trago comigo apenas minha espada e o Eldunarí de Glaedr. – disse calmamente.

–O que... – o elfo parecia muito confuso.

–Sei que está confuso, mas preciso que mantenha a calma – o Cavaleiro teria que ser muito cauteloso. – Preciso que me conte tudo o que sabe.

–Porque eu confiaria em um inimigo? – o dragão rosnou.

–Eu não sou seu inimigo.

–Você ajudou a matar meu pai. – falou rancoroso.

–É... mas escute, as coisas são diferentes... você e sua irmã estavam sob influencia de Shruikan. Ele era mau, e pode não acreditar mas seu pai também era.

–Minha irmã, onde ela... o que aconteceu? Eu deveria estar tomando Alagaësia.

–Precisamos conversar, mas prometa que não fará nada até que eu termine.

–Eu juro na língua antiga.

Murtagh se sentou meio afastado do garoto, mas foi lhe contando tudo – Glaedr também ajudou a contar coisas que não sabiam – e Galkün não fez nada, nem seu dragão. Quando o Cavaleiro se calou o elfo encarou o chão pensativo.

–Eragon matou meu pai e minha irmã e ainda quer que eu seja amigo dele? – falou com muita raiva. – Eu não sou idiota.

O dragão rugiu e jogou fogo nos dois, mas Murtagh criou proteções em si e tentou parecer calmo, assim como Glaedr pedira para ele.

–Seu pai... ele fez coisas horríveis. Sua irmã se sacrificou para que você tivesse futuro.

–Não fale nela! – as tochas explodiram.

–Ela lhe deu uma chance de poder ter uma vida de Cavaleiro verdadeira. Se ela tivesse se voltado contra Eragon, teriam te procurado e te matado!

Os dois lutaram por um tempo. Galkün era realmente forte. O dragão tentava matar Murtagh, mas Glaedr o protegia, assim como atacava com sua mente o dragão negro. Depois de um longo tempo Murtagh conseguiu ganhar do outro.

–Vai me matar?

–Claro que não irei. Eu tentei pacificamente lhe levar até Eragon, mas talvez demore um pouco mais de tempo para isso. Não o forçarei a nada, nem Glaedr. Mas talvez eu possa convencê-lo se pudermos ficar em um lugar. Sou amigo da Rainha, ela disse que gostaria de te conhecer.

–Não irei para Ilirea.

–Irá sim.

Antes que qualquer um deles fosse fazer algo, na entrada do túnel apareceu uma elfa. Ela se parecia muito com Galväne.

–Mãe?! – o elfo perguntou.

–Sim... eu fiquei sabendo que aquele monstro matou sua irmã. Galbatorix me disse que se isso acontecesse eu deveria treinar você para matar aquele monstro. Ah Murtagh... pensa que vai levar meu filho assim tão fácil?

–Escute, ele pode ter um futuro na Nova Ordem dos Cavaleiros. Quer que seu filho se torne um vingador e seja inimigo de todos? Ele pode ter uma chance...

–Ele vingará Galbatorix e minha filha! Venha filho!

Galkün ficou receoso. Ele encarava Murtagh de um jeito intrigado.

–Galbatorix era mau mãe?

–Não! Ele era bom!

–Então porque matou todos os Cavaleiros?

–Eram velhos corruptos. Eles quem eram maus... seu pai nos salvou da desgraça deles!

Galkün deu um passo para trás. A elfa lhe lançou um olhar penetrante.

–Então morra filho.

Ela deu a vida e lançou um encantamento. Tudo começou a ruir e desmoronar. Glaedr lançou um encantamento ao redor deles, mas não foi muito eficaz, era como se toda a montanha desmoronasse em cima deles. O dragão negro se rendeu e deu sua força para o encantamento e usou o corpo para proteger os dois Cavaleiros. Foi horrível.

–Ela... ela tentou... – Galkün balbuciou e então começou a chorar.

–Ei, está tudo bem. – Murtagh falou em vão.

–Meu pai, minha irmã se foram... minha mãe se foi tentando me matar... – ele disse com sofrimento.

Murtagh entendia um pouco, afinal, tinha uma cicatriz nas costas por causa do pai. Ele só pode abraçar o elfo enquanto ele chorava. Galkün iria precisar de algum apoio. Talvez fosse ele, talvez Eragon...

Precisamos sair daqui. Não sei quanto tempo posso aguentar, e o ar pode se exaurir.

–Como vamos fazer isso? Estamos muito abaixo da terra.

Ela vai ajudar, mas tente fazer contato com Thorn para ajudar.

–Ela? – ele se virou para o dragão. – É uma fêmea?

–Sim. Seu nome é Seraphine.

–Bonito nome. Escute, precisamos tentar sair daqui, pode ajudar?

–Vamos tentar. – Galkün disse limpando as lágrimas.

Foi muito mais difícil do que eles previram. Trabalharam tirando pedras e terra por várias horas, sem comer e usando o máximo de energia possível. Murtagh conseguiram contatar Thorn com dificuldade, mas o dragão vermelho tentava ajudar do seu modo. Depois de longos três dias eles conseguiram ouvir Thorn logo acima. Ele lhes enviou força para sair do túnel que haviam criado enquanto subiam. Murtagh tirou Galkün e Thorn ajudou Seraphine a sair. Os três praticamente se jogaram no chão cansados, mas ainda havia Ra’zacs ali que logo os veriam, então mesmo cansados eles voaram para longe. Pararam meio perto de uma cidade, e então dormiram por quase um dia inteiro. Seraphine não tinha cela ainda, embora já fosse jovem e forte o suficiente para isso. Galkün viajaria com Murtagh.

–Vamos mesmo para Ilirea conhecer a Rainha? – o elfo perguntou.

–Sim, tenho certeza que vai gostar.

–Como conheceu a Rainha?

–Bem, eu a conheci a muito tempo, antes de se tornar Rainha. – Murtagh foi a viagem toda contando sobre isso.

–Você gosta dela, não é? – o elfo perguntou sorrindo um pouco.

–Eu a amo, essa é a verdade, mas sabe, ela é a Rainha... não sei se quero ser o Rei para poder ficar com ela.

–Bem, tenho certeza de que vai mudar logo de opinião. – ele falou quando Thorn começou a descer em direção á cidade.

Ele rugiu e não muito depois um dragão branco veio do castelo. Eally cumprimentou os novos visitantes, incluindo Glaedr e começou a conversar feliz com Thorn. Eles pousaram na parte norte do castelo. Eles desceram do dragão e Nasuada veio até eles.