Fúria dos Deuses

Eu sou atacada por um raio e um réptil


- Eu vou ligar o rádio. - Falei enquanto sintonizava em alguma rádio aleatória que tocava uma música agitada, que eu reconheci. - Girls just wanna have fun, Miley Cyrus. - Eu mordi o lábio inferior contendo um largo sorriso enquanto Serena dançava animadamente no banco de trás. Estávamos no carro há uns 30 minutos, quase chegando a cidade de Nova York. Meus olhos brilharam.

- Girls, they just wanna have fun... - Ela cantava e eu e Chuck apenas riamos. Por fim, acho que comecei a me empolgar.

- Some boys take a beautiful girl and hide her away from the rest of the world. I want to be the one to walk in the sun! - Parei quando Serena começou a cantar novamente. Logo, a música terminou e me afoguei no tédio como anteriormente. Haviam vários motivos para todos do carro estarem pensativos. Afinal, tinhamos fugido do acampamento, o que pelo que eu sei já é um grande risco para a vida de qualquer Meio-Sangue. Segundo, monstros deveriam estar farejando nosso rastro, e logo estariamos cercados deles. E terceiro, porém não menos importante: estamos indo para o único lugar que todas as pessoas desejavam nunca visitar. O Mundo Inferior.

- Algum plano? - Chuck pediu. Franzi o cenho sem entender. - O que pretende fazer? Chegar no Mundo Inferior e gritar \"Hey Hades! Qual a boa? O que está acontecendo e por que querem me matar?\", é isso? - Serena gargalhou, e nesse pouco tempo percebi que ela fazia isso quando ficava nervosa. Não havia pensado em um plano, para ser sincera, é claro que nunca diria isso ao Chuck.

- Não tenho certeza. Eu só não podia ficar no acampamento torcendo para que alguém falasse sobre a minha morte. - Falei a última parte com a voz quase falhando. O carro se afundou em silêncio novamente.

- Hades é argiloso. Teremos que saber negociar muito bem. Ainda tem a profecia... - Serena se interrompeu, como se pensasse em algo.

- Temos que tentar entrar no Mundo Inferior com a benção de Zeus. Ele não fará nada contra a gente se tivermos a benção do irmão. Ainda mais agora que eles estão de bem... - Parecia uma boa ideia. Mas ele não precisava saber disso.

O carro fez uma curva violenta, indo ao... Empire State Building?

- Acho que se perdeu. Esse é o Empire State. - Eu falei e Chuck me olhou descrente.

- O Olimpo fica aqui. 600 andar, para ser exato. - Quase protestei, mas a entrada para o Inferno ficava em Los Angeles, tinha como ficar mais estranho? Chuck saiu do carro e tentou forçar a porta. Trancada, como era de se esperar, afinal, o movimento todos poderia causar alguma depredação do monumento. Ele voltou para o carro, bufando.

- Teremos que esperar até amanhã. - Ele falou, irritado.

- Mas Zeus é seu pai, não pode pedir para ela abrir a porta? - Depois que falei nisso, me arrependi por duas coisas: imaginem um Deus descendo o elevador para abrir a porta para três adolescentes, mesmo um sendo filho dele. E segundo... Chuck fechou a cara.

- Ele não me atenderia. - Concluiu sério. - Vamos encontrar um hotel para dormir e voltamos pela manhã. - Eu gritei enquanto ele fazia mais uma curva fechada e me espremia contra a porta.

Luzes. Eu adorava elas. Senti tanta falta do clima de Nova York, das luzes de Manhattan... dos...

- Monstros. - Serena interrompeu minha linha de raciocinio.

- Ótimo. - Chuck bufou, enquanto parava o carro na frente de um clue que eu costumava frequentar. The Boom Boom Room, e aparentemente, hoje era dia de Boom Boom Night, pois o lugar estava fervendo.

- Vamos entrar, o cheiro dos outros vai confundir o que quer que esteja atrás da gente. - Eu o olhei, incredula.

- Você realmente pretende tentar entrar sem convite? - Chuck sorriu de uma maneira prepotente e irritante.

- Eu sou um Bass. Acho que qualquer um em qualquer lugar do mundo sabe o que é isso. - Bufei enquanto ele andava em direção aos seguranças.

- Boa sorte. - Ele vai precisar. Murmurei em um tom baixo. Dois minutos depois, ele apareceu com três crachás.

- Passagens VIP. Embora você não esteja merecendo. - Ele entregou um para mim e um para Serena.

Ah, como era bom estar lá novamente. Aquele monte de gente com classe (ou sem ela) com quem eu costumava andar antes de ir para LA.

- Eu vou para o bar. - Minha garganta estava seca. Eu precisava tomar algo. Nada de alcool, sou péssima com bebidas fortes. Parei no bar e me sentei. - Uma agua tônica, por favor. - O barman me olhou de uma maneira estranha.

- Por que não bebe algo de verdade? - Chuck pediu enquanto se sentava ao meu lado e pedia uma dose de whisky.

- Porque diferentemente de você eu não sou uma alcoólatra sem futuro. - Bufei.

- Sabe, o seu pai entrou para a história. - Ele falou, ignorando meu comentário irônico.

- Eu sei, S. me falou que ele salvou o mundo do tal de Cronos. - Eu disse enquanto revirava os olhos. Não que não tivesse orgulho do meu pai mas... era irritante ser filha do cara que salvou o Olimpo.

- Não só por isso. Ele foi o único que falou com o pai mais de duas vezes. - O tom dele era indiferente, mas eu percebia que ele estava encomodado.

- Quantas vezes você falou com Ze... - Estamos numa boate B. - Com o seu pai? - Ele soltou uma pequena risada.

- Uma vez. - Ele deu de ombros. - Por uns... 30 segundos. - Ele gargalhou melancolicamente.

- Você tem sentimentos. Nossa, isso é uma grande novidade. - Tentei parecer surpresa, embora já imaginasse isso. Ele parecia ter ficado triste, de repente.

- Não é questão de ter sentimentos, mas ele poderia dar as caras de vez enquando. - Eu gargalhei levemente.

- Hey, estamos com esse papo deprimente no meio de uma festa. Haja naturalmente. - Eu disse, dando um tapa no ombro dele. Ele me olhou, logo depois se levantou e passou os braços envolta da minha cintura. - O que você está fazendo?

- Agindo naturalmente. - Ele afirmou, enquanto entravamos na pista de dança.

http://www.youtube.com/watch?v=_iQFqRzw0cw || Naturally - Selena Gomez

How you choose to express yourself? It\'s all your own and I can tell: it comes naturally, it comes naturally.

Como você escolhe se expressar? É do seu jeito próprio, e dá para dizer: que vem naturalmente, vem naturalmente

Percebi que não conseguiria sair, então entrei no seu jogo. Ele já dançava, com as mãos no meu quadril quando eu passei meus braços entorno do seu pescoço e comecei a me mover, no ritmo da música que tocava, e me concentrei na letra, controlando um sorriso. Olhei para ele e seus olhos estavam pesando sobre mim. Sorri, enquanto continuava a dançar.

You are the thunder and I am the lightning and I love the way you know who you are.

Você é o trovão e eu sou o relâmpago e eu amo a maneira que você é.

Ele colou nossos corpos um pouco mais, roçando nossas testas e eu desviei um pouco o rosto, ainda dançando.

- Você está provocando. - Ele falou contra meu ouvido e eu sorri. Talvez eu realmente estivesse provocando um pouquinho. Continuei a dançar, rindo. Isso era divertido.

You have a way of moving me. A force of nature, your energy, it comes naturally...

Você tem uma maneira de me mexer. Uma força da natureza, a sua energia, vem naturalmente...

Ele ainda sorria quando eu olhei para ele novamente. Um sorriso hora malicioso, hora normal. A maneira que ele dançava... céus. Mantenha o auto controle, B., mantenha o auto controle.

- Acho que entendi porque você gosta tanto de Nova York. - Ele falou no meu ouvido novamente. - Esse lugar é incrível. - Uma corrente elétrica passou pelo meu corpo.

- Será que dá pra parar com isso? - Perguntei, ainda um pouco atordoada.

- Isso o que? - Eu não sei se continuei dançando. Apenas sei que olhei nos olhos dele e o tempo congelou. Eles estavam meio azuis, meio negros. Como o céu em um dia de tempestade.

- Perfeitamente errado o tempo todo. - Quase sussurrei, mas ele pareceu escutar.

- Veja quem fala. A Srta. Eu Sou Perfeita e Boa Demais pra Você. - Eu gargalhei sem vontade, enquanto olhava para o chão, e logo voltei meu olhar para ele. Magnético. Aqueles olhos me deixavam confusa e completamente atordoada. Droga, certo, admito, ele mexe comigo. E a pior parte? Ele sabe disso. Ele acabou com a distância entre nós. E me beijou. Eu tentei me separar mas... era um beijo tão.... diferente.

When we collide, sparks fly. When you look in my eyes, it takes my breath away...!

Quando nós colidimos, faíscas voam. Quando você olha nos meus olhos, me tira o fôlego...!

O ar me faltou e nos afastamos aos poucos, ambos respirando com dificuldade. Ele tinha um sorriso pervertido no rosto e eu lhe dei um tapa.

- Quem lhe autorizou a me beijar? - Ele soltou uma gargalhada irônica.

- Eu te beijei? Você praticamente me agarrou! - Abri a boca em espanto.

- Está brincando né. - Ele se aproximou um pouco mais.

- E você bem que gostou. - Tentei protestar. Ele estava errado, completamente errado. - Admita, vamos. - Gritos histéricos interromperam nossa discussão quando uma coisa cruzou a sala. Demorei para perceber o que era. Uma cobra gigante, se esgueirando entre as pessoas.

- Por que todos os monstros tem que ser gigante? - Murmurei, desgostosa, enquanto puxava Contracorrente e ia em direção da cobra.

- É a Píton. - Serena falou, entre uma crise de gargalhadas nervosas.

- Prefiro a Píton da exposição de serpentes da escola. - Choraminguei ao ver a coisa escamosa destruindo o lugar. - Ah não, ah não. Essa coisa está destruindo um dos meus bares favoritos. Isso não vai ficar assim!