Foi uma noite quente, com muitos mosquitos, gritos vindos da rua, e roncos do Caio enquanto sussurrava coisas como ‘’estamos indo te salvar Oda’’ – Oda, é o autor do anime favorito de Caio, One Piece.

Logo era três da manhã. Emily, Caio e Jake ficaram com o turno.

A arqueira de cabelos castanhos olhava para os cantos escuros do terraço, suspeitando de qualquer ruído. Os gritos vindos da rua se transformaram em algo frequente, mas, todos decidiram ignorar, sair do local seguro onde estavam, para salvar pessoas que não conhecem, em um local que não enxergam direito, é tolice.

-Está com medo? – Perguntou Jake tentando puxar assunto com Emily.

Caio observava a corrente dourada de Jenny – uma das amigas antigas de Maya – Forçando a visão para poder visualizar o objeto valioso.

-Não, eu só estou, ah, eu estou um pouco apertada – Disse Emily, baixinho para apenas Jake ouvir.

-Quer que eu a leve? – Disse Jake procurando ajudar a garota.

Emily negou rapidamente, deixando claro que estava com vergonha. Por um momento, ela pensou em acordar outra garota, mas só atrapalharia o sonho valioso delas.

-Bom, está bem, qualquer coisa grite. – Disse Jake sorrindo gentilmente.

Emily fez que sim com a cabeça, e com passos rápidos, pegou seu arco e aljava, saindo do terraço.

Os corredores estavam totalmente escuros, não isso que isso assustasse a pequena e corajosa Emily, o que á assustava, eram as coisas que podiam estar no escuro. Com a única lanterna do grupo, abriu a porta mais próxima á escada do terraço– que por sinal estava destrancada – apertada, ela nem notou como era o lugar, correndo para o banheiro. Quando terminou de usar, lavou suas mãos e se olhou no espelho.

Ouve um estalo, Emily se virou atordoada e andou até a sala, depois disso, Emily não se lembrou de mais nada, apenas da pancada que levou capaz de amassar a cabeça.

Quando a pobre arqueira acordou, tentou gritar, havia uma fita isolante na boca, tentou se levantar, mas caiu com a tentativa, notando que todo o seu corpo estava bem amarrado. Olhou envolta, era uma sala, de um apartamento. Aquele não era o prédio onde estava, havia luz! Um gerador?

Terraço.

-Annie acorde! – Dizia Jake perturbado. – Anda logo!

Annie abriu os olhos e sorriu, mas, fechou seu sorriso quando notou que estava babando.

-O-o que foi?! – Respondeu Annie envergonhada.

-Emily foi ao banheiro, ela ainda não voltou.

-A quanto tempo?!

-Uns vinte minutos, Caio foi procura-la.

-Vamos também!

Os dois jovens correram, descendo as escadas apressados, Annie estava descabelada, e pelo visto, a jovem arqueira estava destinada a esbarrar em alguém toda vez que descia correndo aqueles malditos degraus.

Caio ajeitou os óculos e se levantou desajeitado.

-Más notícias – Ele parou de falar, esperando que Annie se levantasse também e completou. – Não a encontrei, mas, encontrei isso. – Caio mostrou a lanterna nas mãos.

-Nossa lanterna. – Sussurrou Annie.

A loira lacrimejou, e correu para o terraço. Jake e Caio a acompanharam. Eles acordaram todos.

-Vou sair do prédio. – Disse Annie pegando o arco.

-Vamos com você! – Disse Kátia bocejando.

Revistar o prédio foi à primeira coisa que tentaram, embora tenha sido em vão. Maya evitou se aproximar da porta que levava ao cômodo que ficou presa com seus amigos. A ruiva estava diferente, estava mais confiante no que fazia.

-Não é possível, não encontramos um errante vivo! – Disse John desanimado.

-Vai ter muitos pra você lá fora. – Respondeu Kátia irritada.

A noite estava chegando ao fim, o grupo de adolescentes resolveram não chamar Emily, nem fazer barulhos altos.

-Francamente Jake, está com medo de alguns errantes virem? – Disse Annie apertando seu arco com força.

-Não, e se ela for levada por alguém? O que faz o desaparecimento dela ter mais sentido. Pense um pouco, se gritarmos, eles vão saber onde estamos e poderiam fugir com ela.

Annie colocou suas mãos na testa, a garota estava cansada de perder as pessoas. Ver todos morrendo e não poder fazer nada. Não suportaria perder sua irmã também.

-Vamos encontra-la – Comentou Kátia, amarrando seu cabelo.

Eles haviam acabado de revistar o prédio, estavam no saguão, se preparando para sair.

Caio pegou o bastão, limpando o sangue seco na fonte de aguá limpa que estava desligada. Jake parecia treinar com seu machado, mas, sua maleabilidade com a arma ainda era horrível. Alice ajudava John a tirar as madeiras que estavam trancando a porta. Maya se ofereceu para arrumar a trança no cabelo de Annie, se esforçando para animar a arqueira que estava sentada triste no sofá.

-Conseguimos, essa foi à última. – Contou Alice sorrindo para John.

-Então vamos! – Jonathan chamou soltando gargalhadas de animação, como um garotinho na fila do seu brinquedo favorito no parque de diversões.

No momento em que saiu, John pigarreou sobre o sol, e o clima tão quente.

Cinco errantes entortaram suas cabeças em direção ao grupo, e em questão de segundos reconheceram que aquele grupo significava café da manhã.

John cortou um deles com seu gancho, Caio chutou a barriga de um, o derrubando e amassou a cabeça com o bastão de baseball. Annie atirou em dois deles, acertando como sempre, no olho.

O errante que havia sobrado se aproximou em direção a Maya, e Alice enfiou a faca no olho direito da criatura.

Eles estavam todos confiantes, sem hesitar matando qualquer coisa que significasse perigo. Queriam sua amiga de volta. Estavam assim por Emily.

Prédio desconhecido.

Emily tentou não olhar para aqueles olhos azuis penetrantes, da garota de cabelos pretos que estava em pé na sua frente.

Outra garota aparentando ser dois anos mais velha que a de cabelos azuis dormia no canto do cômodo, com uma capa usada como cobertor. A garota dorminhoca tinha os cabelos loiros extremamente claros, com duas mechas azuis na parte de trás do cabelo.

Outro deles brincava com uma faca de caça, um garoto de musculatura semelhante á de John e pele bronzeada. Com olhos e cabelos castanhos.

Emily tentava gritar incansavelmente, procurou o arco no cômodo e o viu perto da garota que dormia. Ela tentou se levantar, mas a garota assustadora lhe deu um soco. Emily caiu no chão, machucando os cotovelos.

-Por enquanto, fique quieta. – Disse a garota. – Vou te fazer algumas perguntas, mexa a cabeça como resposta.

Emily a encarou com a bochecha ardendo, se tinha aprendido algo com Annie, era o orgulho. A jovem arqueira contava os segundos para poder se soltar de algum jeito, e retribuir o carinho.

-Maya está no seu grupo?

Emily arregalou os olhos, voltou a sua expressão normal, e balançou a cabeça negativamente.

-Me dê à faca Jack! – Disse a garota secamente.