-Aqui Jenny. – Disse Jack animado. – Até quando essa loirinha vai dormir?

-Não importa, ela trouxe a garota, merece um descanso.

Jenny se sentiu uma cirurgiã, rasgando o pulso de Emily sem dó, de modo horizontal, para não causar uma morte rápida.

-Eu já sabia que aquela ruiva covarde estava com vocês. Agora, a próxima vez que você mentir, vou aprofundar o corte. – Disse a garota lambendo os lábios.

Emily soava, prometeu para si mesma que não ia chorar, mas suas lágrimas escorriam no seu rosto contra sua vontade. A arqueira queria gritar, se soltar e correr.

Jenny soltou a fita isolante que estava prendendo a boca de Emily. Por um segundo ou dois, a jovem teve a esperança de que Jenny havia se arrependido. Mas, essa esperança não durou mais que isso, ela desapareceu no momento que sentiu a faca rasgar sua bochecha, um leve corte, uma leve dor.

-Quer gritar?

Emily mordeu os lábios, olhou para o garoto assustador atrás dela, que sorria secamente.

-Ele é seu cachorrinho?

Jack levantou uma das sobrancelhas. Jenny fechou o sorriso, soltou a faca, e com uma das mãos segurou o pescoço dela. Uma das mãos era o suficiente para enforcar a arqueira.

-Você prometeu não machuca-la!

Emily levantou a cabeça e arregalou os olhos quando viu a jovem loira atrás de Jenny.

-Solte-a! Você prometeu que não faria mal a ninguém mais! Só a Maya! Essa não é a Maya que você descreveu! – A garota chorava desesperada puxando Jenny para longe.

-Preciso saber onde eles estão! – Disse a morena, com um tom de voz totalmente diferente do que usava para machucar Emily.

-Eu vou cuidar dela. Depois disso, vou embora. – Disse a garota pegando a sua capa. Embaixo da capa, havia uma besta – uma arma que semelhante ao arco e flecha, porém ele era bem mais prático de usar, e tinha um formato diferente.

Emily não conseguia falar espantada. Jack queria defender Jenny, e ficou procurando argumentos.

-Fique! Você prometeu lealdade! – Gritou o garoto, fechando as mãos.

-Ela também prometeu muitas coisas!

-Não nos traia como ela, Tammy, por favor. – Disse Jenny olhando para baixo.

Tammy olhou para a figura decepcionante na sua frente. Os olhos de Tammy eram castanho claro, e seu rosto era liso e delicado. A jovem garota assentiu, pegou um lápis e prendeu seus cabelos, deixando a mostra suas mechas azuis.

-Vou ficar, mas deixe a garota em paz, ela não tem nada a ver com isso.

Jenny assentiu, pela primeira vez, Emily viu a garota de olhos azuis aterrorizantes se tornar no mínimo fofa.

Jack sorriu expondo seus dentes.

A loira desamarrou Emily, a arqueira sabia que se tentasse escapar só traria mais dor.

Tammy a levantou, e colocou-a em cima da mesa, como uma criança numa consulta com o médico favorito. Logo começou a limpar seus ferimentos.

A garota se lembrou da tia, que cuidava dela como uma mãe.

-Obrigada. – Disse Emily com a voz fraca.

-Descanse, vamos te levar de volta de tarde.

Jenny sentou no sofá com a mão no rosto. Jack sentou ao lado dela e eles conversaram em voz baixa.

-Você é médica? – Disse Emily timidamente.

-Não, não consegui terminar a faculdade. Afinal, não da pra estudar com seu professor tentando te morder. – Brincou Tammy.

A pequena riu baixinho.

Tammy terminou os curativos e se agachou dando o arco para Emily.

-Sei que tem grande valor pra você. – Sussurrou.

Emily assentiu agradecida.

-Descanse.

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Rua próxima ao prédio.

-Ouviram isso? – Disse Annie apertando o arco em suas mãos.

-Será que é ela? – Indagou Jake.

-Pareceu uma discussão. – Palpitou Alice.

Os outros assentiram juntos. E o grupo começou a correr juntos mais uma vez em direção a uma mansão próxima a rua.

Alice parou de correr. Caio parou junto confuso.

-O que foi? – Perguntou ele ajeitando os óculos.

- Eu, ouvi alguma coisa. – Disse a garota.

Os outros pararam de correr. E começaram a correr em direção aos dois. Eles estavam espantados, correndo como malucos.

-Rápido! Cachorros! – Disse Kátia.

Alguns grandes, outros pequenos, todos eles corriam juntos. Seus pelos tinham manchas vermelhas, sangue seco. Os cachorros uivavam, agitando os pescoços. Eles corriam bem mais rápidos que errantes.

Maya corria atrapalhada, dando leves tropeços. Um dos cachorros a alcançou, e quando pulou em direção a ela sentiu o gosto do gancho de John.

Faltava pouco para alcança-los, então eles viram uma das casas com a porta aberta.

-Ali! Direita!

Todos assentiram, e se viraram ainda correndo, inclinando o corpo para o lado.

Quando entraram um dos cachorros impediu Jake de fechar a porta, e por alguns segundos, o garoto quase foi mordido. Sem dó, Annie acertou sua cabeça e ele parou de se mexer. O garoto chutou o cachorro e fechou a porta.

As feras ainda uivavam do lado de fora por algumas horas, mas desistiram e voltaram para seu lugar de origem.

Annie ansiosa observava na janela de vidro com vista para a varanda.

-Eles já foram, vamos logo sair daqui. – Comentou a arqueira. Ela olhou para seus amigos e todos estavam sentados no chão e sofás como se a casa fosse deles, estavam exaustos.

-Vamos dar um tempo. – Respondeu Kátia.

Annie olhou para Jake e o garoto balançou a cabeça negativamente.

-Ok. – Disse a garota triste.

A garota subiu as escadas da casa, uma casa simples, porém bem arrumada. Jake foi atrás dela deixando seus amigos na sala.

Maya foi para a cozinha junto a Caio e Alice.

Kátia sentou entre as pernas de John e exausto ele encostou a cabeça nas costas dela soltando um suspiro de cansaço.

-Ei, me prometa. – Sussurrou a garota para John. – Não importa a situação, não me deixe só de novo.

-Prometo. – Disse John sem pensar duas vezes.

O loiro segurou na cintura de Kátia, ela deu um tapa na mão. John deu uma risada e segurou a mão dela. Kátia sorriu, e eles se beijaram.

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-Todos os lugares que vamos tem um terraço. – Comentou Jake vendo Annie apoiada na pequena parede de vidro do lugar, admirando o céu azul claro. Eles estavam no terceiro andar da casa. O calor havia diminuído e o tempo estava fresco.

Annie se virou sorrindo.

Jake foi guiado por seus sentimentos, e quando notou, já estava abraçando a loira.

Annie corou, ela percebeu que era mais alta que Jake. O garoto afastou a cabeça do pescoço dela, e a olhou. O vento soprou entre os dois, agitando os cabelos de Annie. O garoto passou a mão em seu rosto e limpou as lágrimas recentes da arqueira.

No momento em que Jake levantou um pouco os pés, ele sentiu os lábios de Annie, fechando os olhos.

Eles ficaram ali, por um tempo juntos e quando pararam de se beijar, Jake afastou o rosto.

-Francamente, teve que acontecer um apocalipse zumbi para você fazer isso? – Disse a jovem se virando.

Jake sorriu e a abraçou por trás e Annie segurou as mãos do garoto delicadamente.