Fucking Deads

Correndo por suas vidas


Annie e Jake se desencostaram, ela foi checar as torradas que havia preparado para John na cozinha. Jonathan estava encostado na parede, ao lado de Jorge, Jake não havia notado ele, seu rosto estava roxo e inchado.

John parou de observar o ruivo, e retirou o nó do tecido rasgado que havia amarrado no braço.

–Sabe Jake, eu saí sem ao menos falar com ela, sem a garantia de sobrevivência, e a única lembrança que eu tenho é a camisa rasgada dela, suja de sangue devido aquele dia que perdi minha mão. – Disse John sentindo as lágrimas escorrem no rosto sujo.

Jake hesitou, não sabia o que dizer. O garoto mais popular da escola estava chorando em sua frente.

–Sinto falta dela, e em ver que o Jorge que estava ao meu lado morreu quem dirá ela que pode está a quilômetros de distância daqui.

Annie chegou com a bandeja de torradas e duas xícaras de café, e John logo limpou suas lágrimas discretamente, amarrando o tecido branco novamente em seu braço.

–Comam, talvez seja só o que temos durante o dia todo. – Disse a loira séria.

–Annie, ontem você saiu do quarto daquele cara como? – Disse John mordendo a torrada.

A garota parou de se mover, pareceu entrar em transe, Jake olhou ela e estalou os dedos no seu rosto.

–F-flecha no olho. – Ela disse rápido.

Ninguém mais comentou nada, os únicos barulhos eram o barulho era de John mastigando a torrada como se ela fosse à última no mundo inteiro e o barulho de passos fortes vindo do lado de fora do hotel. Os três se entreolharam rápido e correram pra abrir a porta.

Não gostaram do que viram. Annie correu para pegar a aljava e o arco, Jake pegou a faca próxima ao sofá e John correu em direção a quem ele mais queria salvar naquele momento.

Seus amigos Karine, Alice, Kátia, Emily e Caio corriam em direção ao hotel, a cerca de 5 metros atrás deles, um conjunto de zumbis de mais ou menos 50 corriam desesperadamente buscando por carne fresca.

Todos que estavam correndo pareciam ter passado dos limites á muito tempo, Caio sorriu para Karine, ela tentou retribuir o sorriso, mas cambaleou e caiu no asfalto quente. O sorriso de caio se desmanchou, e seus óculos escorregaram agora o jovem não conseguia ver absolutamente nada.

Jake e John logo se juntaram ao grupo. Annie saiu do hotel com uma mochila e seu arco deixando a porta do hotel fechar.

–O que está fazendo?! Vamos para o hotel! – Disse Kátia nervosa.

–Portas de vidro nunca vão aguentar! – Annie armou suas flechas no arco mantendo uma distância dos amigos para não machuca-los.

Um dos zumbis alcançou Kátia e a segurou em seus braços. John gelou, seu coração parou de bater por um estante, ele estava longe demais para alcança-la.

A criatura abriu a boca e se aproximou do ombro da jovem. Ela apenas olhou John, feliz por vê-lo vivo. Sorriu, afinal, era o fim para ela.

Sangue foi espirrado na rua, sujando Kátia por todo o corpo. Quando o zumbi que tentava morde-la foi perfurado no pescoço pela faca de Jake.

John voltou a respirar e se juntou a ela.

Alice pegou os óculos de Caio, em questão de segundos o jovem colocou o óculos e com o bastão de baseball virou a cara de um dos zumbis que se aproximava de Karine para trás.

A jovem bailarina levantou, sua perna e seu braço sangravam. E ela mancou até os outros do jeito mais rápido que conseguia. Todos corriam, no mesmo ritmo em direção á qualquer lugar que parecesse ser a salvação deles, logo avistaram a parte de trás de um prédio, havia uma escada de ferro redonda usada para emergências, ela levava ao topo do prédio.

John soltou gargalhadas xingando o nada, quando chegaram, subir as escadas foi uma situação complicada devido aos errantes que os tentava cerca-los. Emily, Annie e Jonathan foram primeiro para dar cobertura aos outros, já que os três tinham armas de longa distância. Foi difícil para a pequena bailarina subir as escadas, sua perna esquerda ardia com a mistura de sujeira e sangue. Logo todos subiram.

Quando todos chegaram ao topo, alguns errantes corriam em direção a eles, Annie mordeu os lábios e atirou flechas em alguns que se aproximavam, depois acertou os que estavam mais distantes sem se mover, um por um todos foram caindo, até não sobrar nenhum deles. Os errantes que tentavam subir as escadas caiam com frequência tornando a tentativa quase impossível.

A loira suspirou e abraçou sua irmã. Caio estava com uma mochila desde que se encontraram, o objeto foi à única coisa que eles conseguiram de bom depois de terem se separado, Caio a abriu e retirou uma maleta de primeiros socorros e junto a Alice cuidaram das feridas de Karine.

Todos se sentaram para descansar, terraço mais uma vez, exaustos da pequena maratona contra alguns de seus adversários.

O terraço tinha um tamanho extenso, fechado por grades e em céu aberto, possuía um cômodo fechado por paredes, ele era a passagem de saída e entrada do prédio, com uma escada e um elevador.

Os zumbis pararam de fazer barulhos escandalosos, e às vezes era possível ouvir o rugido, ou o gemido das criaturas lá em baixo.

–Vou buscar por comida, vamos passar a noite aqui. – Disse Jake quebrando o silêncio.

–Vamos dar uma olhada no prédio, nele com certeza deve ter alguma coisa. – Annie disse pegando o arco.

–Acho melhor você descansar. – Disse Jake secamente, forçando a arqueira perceber que estava cansada.

John e Caio se levantaram sacudindo a poeira das calças, e os garotos andaram e direção a porta. Caio se aproximou para abri-la, mas ela foi aberta antes acertando seu rosto.

–Vocês os mataram. – Sussurrou a garota observando os mortos caídos no chão. Seus cabelos ruivos cacheados que iam até as costas tapavam seus olhos, suas sardas estavam manchadas de sangue e sujeira. A jovem aparentava ter 15 anos de idade, possuía uma forma física um tanto definida, por suas lindas curvas.

–Devia agradecer com mais entusiasmo, eles quebraram duas flechas minhas.

–Você fez isso? – A ruiva disse levantando a cabeça e mostrando seus olhos castanho-escuros. – Por que fez isso? – Comentou a ruiva secamente retirando uma arma de fogo do cinto. – Eu não tenho mais motivo para viver – Gritou ela fazendo Annie recuar para trás. A ruiva colocou a arma embaixo do queixo. Karine soltou um grito de medo, Alice e Kátia a gritavam para ela parar. Annie estava sem se mover apenas observando a ação assustada. Até que a ruiva apertou o gatilho.

Todos pararam de se mover e ficaram calados, não havia balas na arma. A garota frustrada jogou a arma no chão e caiu de joelhos, colocou as mãos no rosto e começou a chorar.

Annie se aproximou dela, e fez o mesmo que tinha feito a cada morte que havia visto, deu-lhe um abraço.

–Me solta vadia! – Gritou a ruiva recuando e dando um tapa no rosto de Annie. Logo Annie ficou sem se mover, com o rosto ardendo apenas encarou a garota. Ela arregalou os olhos. – Me desculpe, eu não costumo fazer isso, eu só, não tenho mais ninguém entende. – Ela sussurrou o suficiente para apenas Annie ouvir. – Eram meus amigos, nós fugimos da escola, eu perdi minha família inteira, e quando chego aqui, o horário combinado para todos se encontrarem, eles estão mortos. – Por que os matou?

–Eles não eram mais seus amigos, eram errantes. – Disse Annie acariciando o próprio rosto.

Todos observaram as duas sem dizer nada, estavam todos chocados com o que acabaram de presenciar.

A ruiva encarou um dos corpos mortos e andou em direção a ele, retirou a flecha e fitou a mordida no pescoço, ela segurou sua mão e gritou alto o nome dele. Alice olhava a cena sem piscar, lágrimas escorreram em seu rosto, enquanto os outros viravam a cara dando um espaço a ruiva.

John, Jake e Caio saíram da sala sem fazer barulho, e fecharam a porta.

As garotas ficaram ali apenas como estavam.