Friendzone é uma droga

Friendzone 1 - Jerza


POVs Jellal

Ah eu me odeio, odeio o jeito dela ser e odeio essa vida, talvez se eu não tivesse me apaixonado por ela seria melhor, mas não me arrependo de a ter conhecido, não me arrependo de ter virado amigo dela e fico feliz por ela estar feliz comigo só na amizade, é melhor deixar um amor passar do que perder uma amizade preciosa. Bom, mas não entenderão nada assim, começarei do início.

Eu tinha 14 anos e já era final de ano, ou seja, Ensino Médio, nunca temi ir para o ensino médio, o que realmente me assustava era minhas notas caírem, sempre fui um aluno exemplar, mas não aquele tipo que só se preocupa com as notas e não têm amigos, não eu tinha muitos amigos e minhas notas eram ótimas, mas meus amigos eram do tipo que também se preocupavam com as notas, então podíamos ser considerados nerds. Eu estava saindo da escola e passava pelo pátio quando ouço uma voz chorosa, resolvo ir ver o que aconteceu. Chego em uma parte escondida e vejo uma garota de cabelo vermelho vivo, ela estava agachada chorando, se não me engano ela era do 9° ano B, eu já havia visto ela sempre está rodeada de pessoas e sempre está sorrindo.

-O que aconteceu? – Pergunto me agachando e ela me olha rapidamente e logo segura minha mão com um olhar de desespero.

-Ne, você também não quer ir para o ensino médio? – Ela me pergunta desesperada com o rosto molhado.

-Hã? É claro que quero e logo ir para faculdade e me formar em advocacia. – Falo dando um sorriso e ela chora mais, me sinto confuso. – É... Por que está chorando? E por que a pergunta? – Me sento ao lado dela e estendo um lenço para ela secar as lágrimas, ela me olha confusa e logo intrigada.

-Bom, eu não quero ir para o Ensino Médio, me dá medo. Pensar que vou me separar de todos meus amigos, eu odeio isso, por mim eu ficaria criança para sempre, eu apenas queria continuar brincando de esconde-esconde aqui com meus amigos, e não ir para uma nova escola com pessoas estranhas e professores estranhos. Eu não quero que meus amigos vão. – Ela bate os pés no chão, incrível, ela deveria ter 14 anos também e se comporta como uma criança de cinco, ela queria ficar aqui com os amigos para ficar brincando? Eu realmente não entendo.

-Mas não acha que seria bom fazer mais amigos? Sem falar que você pode manter contato com seus amigos antigos, e pode encontra-los. Sabe nada é para sempre. – Eu realmente tentava ser gentil, mas ela parecia uma criancinha que perdeu um doce.

-Mas a escola que eu vou é muito longe e mandar mensagens não vai matar a saudade, na verdade vou ficar com mais saudade, eu não quero conhecer pessoas novas, eu sou estranha, é muito difícil as pessoas aceitarem meu ser. – Ainda bem que sabe, mas realmente ela é um tipo de garota difícil, bom não sou expert, mas uma garota da idade dela era para se preocupar com a maquiagem que vai usar no primeiro dia de aula invés de brincadeiras. – Em que escola você vai estudar?

-Escola particular Fujioka. – A ruiva arregalou os olhos, sim isso causa surpresa, bom não sou bolsista se querem saber, mas eu poderia ser e me aceitariam numa boa.

-Eu também. – Ela pula de felicidade. – Bom, eu não sou bolsista, mas vou para lá porque meus pais se mudaram para aquela região e minha irmã estudou nessa escola também e antes meus pais, é tipo um ciclo da família, mas se você vai para lá significa que você vai me ver e eu conhecerei pelo menos um amigo. – Opa pera, ela já está com planos de futuro para nós, e como assim amigo?

-Você me chamou de amigo sendo que ainda nem sabe meu nome. – Eu suspiro e ela dá uma risada.

-Bom, um amigo seria alguém que fica ao seu lado e ouve os seus problemas, estende sua mão para te ajudar e não te ignora. Você fez tudo isso por mim, certo? – Ela sorri alegremente e eu coro, realmente ela é estranha. – Você também pode me chamar de amiga. Se tiver algum problema me conte, ok Jellal-kun?

-Como... – Eu suspiro e sorrio, ela estende o dedo mindinho.

-Prometa que vai me achar naquele colégio. – Ela diz autoritária e eu estendo meu mindinho também.

-Eu prometo. Fique com o lenço, para eu ir buscar. – Ela sorri e se levanta. Vamos caminhando indo para casa, cada um falando sobre sua vida. Nos despedimos com a promessa de nos vermos de novo.

Passei as noites em claro, ansioso para começar logo o ensino médio, não só agora pelos estudos, mas também porque eu tinha uma amiga que me compreendia mesmo tendo acabado de nos conhecer. Como prometido nos encontramos no primeiro dia de aula e paramos na mesma sala, ela ficou tão feliz, fizemos uma comemoração no final, fomos em uma confeitaria e comemos bolo de morango e depois encontramos um parquinho e ficamos brincando lá, não sei porque, mas quando estou com a Erza me sinto leve como se eu tivesse voltado aos meus cinco anos. Nossos anos se passaram e nossa amizade cresceu agora estávamos no segundo ano. Ela preparava para a festa surpresa de sua melhor amiga Juvia.

-O bolo deve ser com o tema da praia, para ela ter um pedacinho de casa. O que acha Jellal? – Ela sempre perguntava para mim, realmente confiávamos nossos maiores segredos um no outro.

-Você é especialista em doces, eu me comprometi com os convidados e com encher os duzentos balões, isso é absurdo, para que duzentos? – Em questão de festas a Erza exagerava.

-Porque eu quero fazer um guarda-chuva gigante e tem que sobrar balão para levarem para casa. – Ela fala como se fosse óbvio.

-Erza isso é uma festa de uma garota de 16 anos e não uma de 2. – Ela bufa e volta os preparativos do bolo, Gray ri e vem me sacanear.

-Você e ela se dão realmente bem né? Só te digo que se você não agir logo, ou ela vai arrumar outro, ou será friendzone. – Estremeci ao pensar naquilo, sim eu era afim daquela ruiva, por mais infantil que ela fosse, isso que era o charme dela, sua fofura e doçura, mas eu nunca deixei de estar ao lado dela e pretendia me confessar o mais rápido possível.

Quando a festa de aniversário passou já era fim de ano e combinamos de ir ao templo, quando foi a hora dos fogos nós estávamos na cobertura de um prédio privado, eu, Erza, Gray, Juvia, Meredy e Ul. Curtimos o visual e no final eu disse a Erza:

-Você é incrível, obrigado por ter nos trazido aqui. – Eu pretendia me confessar, mas...

-Eu que agradeço, por você estar sempre ao meu lado. Você é mesmo um bom amigo. – E aquelas últimas palavras me assombraram o resto da semana.

No fim, sempre estivemos juntos até brincávamos com os votos de casados, na saúde e na doença, isso foi quando eu adoeci e a Erza teve de ficar cuidando de mim, na riqueza e na pobreza, ganhamos na loto, mas uma semana depois estávamos tão duros quanto um escritor que na verdade tem talento para pintor. E sempre estivemos juntos na felicidade e na tristeza. Me lembro quando foi a nossa formatura no ensino médio, eu e Erza brigamos, uma coisa infantil, ela não queria se separar de mim, nem eu dela, daí o jeito que fizemos as pazes foi tão infantil quanto quando brigamos, Erza disse “se não fizer as pazes comigo irei contar para todo mundo que você tem uma espinha na bunda desde os cinco anos e que seus cabelos das outras regiões são azuis” sim ela sabia até disso, agora entendem nosso grau de amizade? Como foi a base da chantagem eu também fui nessa e disse “pois então irei contar que a pedra dos seus seios é preto e que os seus cabelos das outras regiões são laranjas” eu também sabia coisa barbaras sobre ela, mas fazer o que? Quando contamos isso ainda tínhamos 14 anos. E ficamos a base da chantagem, e sim tínhamos 18 anos e continuávamos infantis. Teve então um momento que ficamos em silencio e começamos a rir logo em seguida, vimos como realmente nos conhecemos e que não era uma faculdade diferente que nos distanciaria. E realmente não era, paramos na mesma faculdade e eu descobri que ela também queria se formar em advocacia, minha paixão por ela ainda não tinha cessado, até meu aniversário de 23 anos, discutimos mais uma vez, outra coisa infantil. Daí na festa surpresa que fizeram para mim eu não a encontrei, eu queria pedir desculpas para ela. Quando chegou a hora de cortar o bolo, de cinco andares, teve uma explosão e uma Erza com roupa de gato, meu animal favorito, e cheia de glace apareceu, era uma cena erótica demais, sorte que todos amigos que estavam lá já tinham uma ficante, uma namorada ou noiva. Erza estava toda suje e muito fofa então eu suspirei.

-Só você para fazer uma coisa dessas. – Eu dou um sorriso. – Olha foi mal pela briga ok?

-Eu também me desculpo. – Ela sorriu aquele sorriso de criança que eu adorava. – Sabe eu odeio quando brigamos, até porque você é meu melhor melhor amigo. – E bastou essas palavras para eu descobrir a realidade, eu sempre seria para ela um amigo, nada mais nada menos, depois dessas palavras meus amigos caíram na gargalhada e a noite passou todos bebemos e comemoramos, eu exagerei na cachaça, cereveja e caipirinha, porque um homem de coração partido é pior que uma mulher.

Os anos se passaram e eu e Erza nunca mudamos, sempre juntos, sempre amigos, eu realmente havia me apaixonado pela pessoa mais estranha que já conheci. Mas é melhor assim, desse jeito eu não preciso me distanciar dela caso ela negue meus sentimentos. Mas tenho que dizer que friendzone é uma merda.