Quatro

POV do Liam

Desde o momento em que aquele tal de Darren derrubou o Jeff, assim como outros caras, fiquei desconfiado. O valentão e o garoto haviam saído do campo há pouco tempo.

–Vocês acham que eles estão bem? -O alfa perguntou -Quer dizer... o Jeff deveria estar querendo estrangular o garoto novo agora.

–Não custa nada checar. -Stiles complementou -Fomos para o vestiário, onde provavelmente estariam os dois. Enquanto isso, o resto do time voltou ao treino.

Ao chegar perto, Scott nos alertou. Precisávamos chegar lentamente no lugar. O humano (Stiles) ficou sem entender, mas então senti o fraco cheiro. Era sangue, com certeza.

–Temos que entrar com cautela. -McCall sussurrou.

–Tudo bem, eu tenho meu taco aqui. -Encaramos ele.

–Você trouxe seu taco pra cá?! Mas como...

–Nem pergunte. Apenas andem tá?

Chegamos. Nossas espectativas se concretizaram. Alguém tinha sido atacado, e só ao ver o corpo do Peters no chão, estremeci. Ele não tinha sido machucado somente no nariz. No seu pescoço foi encontrada uma marca diferente. Parecia ser um corte, e ainda havia um pouco de sangue no local.

–Essa não! -Murmuramos.

–Ele tá... -Procurei não finalizar a sentença, enquanto Stiles tocava em seu pulso.

–Não. Ele tem pulsação, mas está fraca. Precisamos levá-lo ao hospital! -Stiles afirmou, digitando o número da ambulância em seu aparelho telefônico.

–Quem teria feito isso? Algum inimigo seu? Lobisomem, quimera...?-Perguntei, olhando para a bagunça do local.

–Não! -Scott respondeu com convicção -Lobisomens não atacam ou matam desse jeito.

–Espera, a única pessoa que estava aqui era o...

–Darren! -Falamos em uníssono

***

POV do Evra

–Ficou louco, Shan?! -Crepsley gritava em seu ouvido, depois de sabermos o que aconteceu.

–Eu não consegui me controlar! Não tenho culpa, se...

–Eu deveria quebrar seu pescoço, cortar seus dedos e dá-los para os lobos comerem! -O vampiro mais velho continuou, extremamente furioso. O pior é que algumas de suas ameaças se realizam -Como pôde fazer isso? Acabou de ameaçar nossa espécie!

–Ei! -Me intrometi, com um pouco de medo -Vamos ter calma! O que aconteceu não pode ser mudado. Não adianta ficar aqui reclamando.

–Verdade... -Larten ficou pensativo e arrependido -Desculpe, garoto. Me perdoe por não ter te falado muito sobre a lua gigante.

–Tudo bem. Aceito suas desculpas. Mas tenho uma pergunta -Darren se aproximou dele -Como você consegue se controlar agora? Nenhum de nós é humano. Você também deveria ser afetado!

–Já enfrentei essa lua muitas vezes, garoto. Pode tomar como exemplo a minha idade. -silêncio -Tive que esperar décadas para finalmente me dominar. Na primeira vez que fui afetado pela lua, há mais de um século, fracassei. Meu mentor, o vampiro que havia me transformado, tinha viajado e me deixou preso em um lugar, até a lua sair do topo.

–E o que aconteceu depois? -Perguntei, interessado.

–Eu o desobedeci. Saí do lugar onde fiquei e... -Falou, meio embaraçado -matei 5 pessoas.

–O quê?! -Darren quase chamou a atenção de dois pedestres que vagavam lá fora, na rua -E como eu vou parar isso?

–Não tem como. Ainda não é experiente como eu. -Crepsley gabou-se -Mas vai precisar de um lugar para ficar. Vocês dois, na verdade.

–Como assim? Por que eu? -Perguntei. Acho que falei mais alto do que o garoto.

–Você também é uma aberração. E tenho certeza que nunca encarou uma lua gigante na sua vida. -Ele estava certo. Só sabia daquelas informações por causa do dono do circo. O Sr. Altão costumava contar lendas do Circo dos Horrores e de seus monstros. Era apavorante!

–Tem razão... -Suspirei -Mas por que não ficaremos aqui? -Darren também quis saber.

–Os humanos estão ao nosso redor. Esse hotel é um lugar perfeito para fazer vítimas. -Larten explicou.

–Credo! Não fala assim...

–A escola! -Darren exclamou rapidamente. Ficamos sem compreender.

–O quê?

–A escola é um bom lugar! Descobri um porão por lá. Um lugar totalmente vazio, se não fosse pelas aranhas e equipamentos esportivos. -Continuou.

–Talvez sim, talvez não. E se tiver alguém? Se Ofídio se transformar em uma serpente? -O vampiro mais velho perguntou, meio pensativo.

–Mas eu não me transformo em uma...

–Calado! -Sem olhar para mim, ele pôs dois dedos nos meus lábios, fazendo-me parar de falar. Mas era verdade. Não posso me transformar numa serpente, só tenho suas características -Nunca se sabe o que pode acontecer em uma lua gigante, Evra. Já presenciei um velho amigo meu se tornando uma besta fera por causa da lua. E ele nunca fora mordido por bicho nenhum.

–Ele poderia ser um lobisomem original. -Shan sugeriu.

–Acredite, ele não era...

Ficamos nos encarando por uma sessão de minutos, até que finalmente, o meio vampiro se pronunciou.

–Eu topo. É arriscado, mas sinto que devemos fazer isso.

–Hmm... tudo bem. Não tenho uma ideia melhor mesmo...

–E você, Ofídio? -Perguntou -Vai encarar?-Pensei um pouco e analisei a situação. Como Larten falara, não tínhamos melhores sugestões, então sussurrei um "sim".

***

POV da Allison

–E então encontramos o corpo do Jeff no vestiário. Bem... não exatamente um "corpo". Ele estava vivo. -Scott comentou, terminando seu discurso.

Estava atordoada. Há aproximadamente 5 minutos, Scott, Liam e Stiles vieram nos encontrar - o que se resume a Lydia, Isaac, Kira, Malia, Mason, eu e meu pai - na minha casa.

–E quem você disse que estava nesse lugar, antes desse garoto chegar? -Meu pai perguntou. Seu olhar parecia querer engolir o Scott. Achava que tinha sido ele no príncipio, por causa da lua, mas logo depois, aceitou os fatos.

–Darren Horston, o garoto novo. -Liam complementou -Vocês acreditam que ele machucou o Jeff?

–Temos muitos motivos para suspeitar dele. Começando pelo fato que ele e o Peters, assim que se encontraram pela primeira vez, quase se enfrentaram. -Stiles falou, girando o taco de um lado para o outro. Quase bateu em um jarro francês antigo da minha bisavó, por isso meu pai o adverteu, fazendo-o parar imediatamente -Jeff chamou o irmão dele de "esquisito", mas sem muitos motivos.

–A única coisa que achamos diferente nele foram os seus olhos.

–Muito bem. -Reunimos os fatos. Chris parecia tentar anotar tudo em sua cabeça. Sua memória nunca falha -Teremos que pôr os olhos nesse menino. Talvez nos dois. Quanto mais informações conseguirmos deles, melhor.

–Agora só precisamos preparar o porão da escola para os lobos, amanhã. -Kira sussurrou. Meu pai não tinha entendido, mas logo explicaram.

–Vamos ficar no porão da escola, amanhã à noite. -Isaac começou -É um bom lugar para nos transformarmos.

–Entramos em um consenso. Levaremos umas correntes e outros suprimentos pra lá. Não podemos nos soltar. -Scott acalmou Chris. Ele estava prestes a discordar, mas uma bomba de argumentos foram mais fortes e o repeliram.

–Tem espaço suficiente. Somos só eu, Scott, Isaac e Liam -Disse Malia.

–Mason e eu vamos ficar para ajudar a Kira. Allison ficará de guarda.-Lydia lembrou, segurando uma das mãos de Mason.

–E nos cobriremos com trajes emborrachados. -Mason sorriu.

–Bem, parece que vocês têm tudo no comando. -O Argent murmurou.

–Nem tudo. -Falei pela primeira vez -Precisamos de mais um caçador. -Fitei Chris. Ele não pretendia fazer parte do plano, mas iria se sentir culpado, se não ajudasse a carregar esse fardo.

–Vou preparar as bestas e os revólveres. -Meu pai sorriu depois de muito tempo. Retribui o gesto.

–Valeu, pai.

–De nada, amor. -Beijou suavemente minha testa.

Depois de uma noite cheia de conversas e hipóteses infinitas, fui para cama, fiquei olhando para o meu celular, como uma imbecil e adormeci, pronta para um novo dia.