POV do Stiles

–Lydia! Lydia! -Gritei como se não houvesse amanhã. Precisava acordar a banshee.

–Calma, Stiles. -Allison sussurrou -Ela só está dormind...

–Eu não posso ter calma, Ally! -Aumentei ainda mais meu tom de voz -A Lydia não tá acordando!

Tudo aconteceu quando eu cheguei na casa da Allison. Estava indo pra lá para chamar as meninas e continuarmos a busca. Quando cheguei, vi as garotas tentando acalmar a Kira. Ela hiperventilava e tentava falar alguma coisa. Pedimos que poupasse sua voz.

Foi aí que eu a vi. A garota com o rosto angelical dormia. Tentei chamá-la, mas Lydia não dava nenhum sinal de vida.

–Lydia! -Depois de mais um tempo, finalmente obtemos uma resposta -Graças a Deus. -Suspirei, ajudando a banshee a se levantar.

–O que... aconteceu? -Perguntou, confusa.

–Isso é o que queremos saber. -Malia retrucou, segurando as mãos das garotas -O que aconteceu com vocês duas?

Kira e Lydia compartilharam um olhar de preocupação. Parecia até que estavam tendo uma conversa telepática, o que tornava o lugar mais silencioso.

–Tivemos um sonho. -Kira ganhou coragem para começar a falar -O mesmo sonho que eu e a Lydia tivemos há uns dias.

–Só que dessa vez foi bem mais detalhado e psicodélico. -A ruiva olhava para um ponto fixo na parede. Era assim que às vezes fazia, quando tentava se concentrar em algo.

–O que tinha nele? -A Argent perguntou, com os olhos arregalados. Nenhum de nós compreendia como as duas puderam ter o mesmo pesadelo.

–Tinham 4 figuras horripilantes e uma delas era o centro de tudo.

De repente, como se estivessem numa estranha sintonia, as duas pegaram um pedaço de papel e duas canetas: uma preta e outra vermelha, para cada uma. Cada uma fazia rápidos rabiscos. Malia sugeriu que "acordássemos" as duas meninas, mas recusamos.

Percebemos na hora que estavam hipnotizadas de alguma forma. Mesmo assim, continuaram o relato.

–Tinha um garoto de camisa verde e cabelos brancos. -Kira falou. Sua voz não se assemelhava a seu timbre original.

–Seu rosto era distorcido e ele acompanhava uma figura volumosa. -Lydia continuou, próximo (acredito eu) de terminar seus rabiscos.

–Havia mais dois vislumbres. Um alto...-Kira falou, ligando pontos distantes no papel.

–... e um baixo. -Dessa vez fora Lydia. Ela fazia o mesmo que a kitsune, mas seus pontos eram mais próximos, o que permitiu que terminasse mais rapidamente sua obra.

As duas haviam acabado. Como prova disso, olhavam com dúvida para suas mãos e para o papel. Kira não sabia desenhar, disso eu tinha certeza -não diria o mesmo da ruiva.

–Meu... Deus! -Kira falou, pondo as mãos sujas na boca.

–O que foi, Kira? -Perguntei, assustado com o resultado do desenho.

–Eu fiz esse mesmo desenho semanas atrás. -Ela falou, quase pausando -Ficou idêntico a ele.

A garota puxou algo do bolso. Era o seu celular. Queria mostrar algo para nós, pensei que fosse a imagem do estranho desenho que afirmara ser igual a esse.

–Olhem aqui. -Ela mostrou o aparelho celular. Tinha uma imagem igual a que tinham acabado de fazer. Vários rabiscos pretos casados com vermelhos, formando traços diferentes. O principal se localizava na frente, como esperado. Era um menino e uma cobra ao seu redor. Seu rosto era negro -lembrei do que disseram sobre não reconhecer sua face.

–Precisamos falar com os outros. -Lydia disse -Agora!

***

POV do Derek

Eu havia acordado. Meus olhos se acostumavam ao novo ambiente. Tudo estava escuro, nenhum sinal de luz. Até que ouvi uma voz que reconhecera na hora. Era Katerina, seguida de outros cochichos.

–Ele está aqui? -Ouvi uma das estranhas vozes.

–Sim, Giuseppe. -Dessa vez era a velha -Não se preocupe. O lobisomem está preso. Derek Hale não poderá fazer nada.

Lobisomem? Como aquela senhora sabia sobre meu maior segredo? E o que eles tinham a ver com isso?

–Maravilha! -Uma voz feminina brotou na escuridão. De repente chutei ser a filha da velha: Elizabeta. Tinha me falado pouco sobre ela. Uma das coisas era que estava viajando na Itália junto ao seu irmão. Como suspeitava, mentia.

–Papai vai ficar muito contente ao descobrir que prendemos um Hale.

–Ei! -Gritei, desconhecendo a força que chegara dentro de mim e que me permitia fazer tal ação.

Esperava uma resposta rápida, mas não veio. Até que alguém falou.

–O que foi, meu lobinho? -A velha debochou. Estava descendo as escadas com seus dois filhos. Assustei-me ao olhar suas feições.

Giuseppe não aparentava ser um homem de negócios -pelo menos não um daqueles homens que lidam com empresas ou comércio. Parecia um caçador com suas vestes, assim como as da sua linda irmã.

–Ah, Derek. -A garota se aproximava, olhando para meus olhos. Seu rosto não era expressivo, mas seus olhos diziam tudo o que ela gostaria esconder: sentia medo -Queria muito te conhecer. Mamãe me disse que você até que era bonitinho, mas não esperava que fosse tanto.

Elizabeta ria e assim como sua mãe, era cínica. Ela pegou uma vara e começou a bater em minha jaula (sim, descobri que estava engaiolado) como se eu fosse um animal e me assustasse com o barulho. Apenas me incomodou, nada demais.

–O que vocês querem de mim? Quem são vocês? -Insisti, tentando extrair alguma informação. Extorsão infelizmente, para mim, não iria funcionar. Como estava preso, não podia ameaçá-los de outra forma a não ser por falas.

–Você vê, Derek, -Giuseppe começou -somos pessoas do bem. O único animal daqui é você. Só estamos protegendo os humanos desses tipos de monstros.

–Não sou um monstro! -Será que eu não era mesmo? Pensei por um breve instante, mas desconsiderei o tenebroso pensamento.

–Corta essa, cachorro! -Tive vontade de pôr minhas mãos sobre o pescoço dele, mas mal alcançava as grades.

–Derek, sei que é um homem inteligente. -A velha falou, deixando-me curioso a descobrir qual era o seu propósito ao dizer isso -Afinal, quem seria capaz de criar uma história como aquela em poucos segundos?

–Ah, mãe. Vamos ser realistas! -A filha retrucou, segurando o riso -Essa historinha de ele ter bebido na noite anterior com os amigos e depois ter sido alvo de uma brincadeira? Foi realmente ridículo.

–Liza, não o deixe chateado. -A velha voltou a falar, com suas falsidades. Acredito que Theo iria amar conhecer essa família de loucos -Não vamos piorar as coisas, sim?

–Seja direta! -Exigi. Com poucos segundos, Giuseppe emitiu um soco forte e surpreendente. Não sei como fizera isso, já que estava entre as grades.

–Tenho certeza que sabe o que somos. Quem realmente somos.

Uni todos os fatos. Os símbolos estranhos ao redor da casa, armamentos que Katerina dissera serem utilizados no período de guerra. As roupas. As mentiras...

Sim. Definitivamente eu estava preso na casa de uma família de caçadores de lobisomens.

***

POV da Kira

Fomos para a escola. Era lá que a alcateia se encontrava. Fiquei imaginando o porquê do Stiles (e logo o Stiles) ter matado aula, mas logo esqueci. Por sorte, estávamos no intervalo, ou seja, todos estariam no refeitório. E realmente estavam.

–Pessoal! -Stiles gritou para Scott e o resto do bando que estava agora sentado -Precisamos falar com vocês, agora!

–Calma, cara! -Mason falou -Você tá meio pálido.

–Escuta, isso não importa agora. A coisa é que... -Comecei a falar, mas meus pensamentos foram atrapalhados por uma estranha pessoa que acabara de chegar.

Olhei para Lydia. Na mesma hora, ela entendeu a razão do meu espanto.

Se tratava de um garoto ao lado de Scott. Ele tinha cabelos brancos, usava uma camisa verde que combinava exatamente com a cor de seus olhos. Usava um pingente que portava na extremidade a imagem de uma serpente. Encarei a banshee, boquiaberta. Ela fez o mesmo.

–Ah, espera um pouco, Kira! -Liam falou educadamente -Gostaríamos de apresentar o novato que chegou hoje na escola.

–Olá. -O garoto dos nossos sonhos (literalmente) sorriu e ergueu sua mão -Me chamo Simon Crespo e vim estudar aqui, em Beacon Hills.