POV da Kira

–Estamos sob ataque! -Ouvimos a policial Lilly falar nos comunicadores. No momento, todos estávamos sentados, esperando ansiosamente alguma notícia sobre o Darren.

Não sei o que está acontecendo, e duvido que os outros saibam também. É um enigma. Como, repentinamente, um garoto que é seu amigo é acusado de assassinato e outras pervesidades?

–O que está havendo? -Stiles perguntou, deslizando os dedos sobre alguns fios de cabelo emaranhados.

–Não sabemos. Parece ser alguma invasão. -Scott explicou -Temos que ajudar seu pai e os outros, Stiles.

–Então vamos logo? O que estamos fazendo aqui?

Fomos para o escritório de John Stilinski, checar se estava tudo bem com ele. Antes mesmo de chegarmos lá, Scott farejou o ar. Disse que sentiu um cheiro muito semelhante ao de Darren e Crepsley. Supuz ser outro vampiro. Ignoramos o fato por alguns instantes, mas decidimos agir.

–Stiles, olhe a cela de Crepsley. -Scott ordenou -Lydia e Kira, olhem a do Darren. Talvez tenha sido um alarme falso dentro da delegacia, mas não sabemos o que está acontecendo lá fora.

Obedecemos suas ordens e nos dirigimos às respectivas celas. Ficamos chocadas ao chegar no lugar onde o meio-vampiro fora interrogado: ele não estava lá. E o pior de tudo: a parede, antes ligada à janela exterior, fora derrubada. Até mesmo para somente um vampiro, acredito que a tarefa fosse difícil. Talvez existisse mesmo mais um por aqui, além de Larten e Darren.

–Vamos embora. -Sussurrei para Scott, depois de ter chegado junto com a Allison -Não tem nada aqui. Nem ninguém.

***

POV do Darren

Corríamos feito loucos pela densa floresta de Beacon Hills, ou o "Lugar Assombrado", como costumam chamar. Fiquei seguindo algumas das ordens dadas por Vancha March, o vampiro que me salvara da prisão. Ele me explicou que Larten tinha se comunicado telepaticamente com ele, pedindo ajuda.

–Vancha. Temos que voltar. -Implorei pela 4° vez -Por favor! Preciso salvar o Sr. Crepsley. -O príncipe jogou uma mecha do seu cabelo verde para trás. Estava atrapalhando seu campo de visão. Deu um breve suspiro e falou.

–Pelas tripas de Charna! Será que não consegue entender, Darren? -Perguntou, se aproximando -Para que consigamos sucesso, algumas coisas devem ser sacrificadas. Vamos resgatar aquele morcego rabugento! -Falou, usando o antigo apelido do meu mentor. Apesar de os vampiros não se transformarem em morcegos, eles gostavam de manter entre si algumas beincadeiras.

–Quando? Como pode ter tanta certeza que vamos ter sucesso?

–Quando vai parar de pensar negativo, hein, garoto? -March parou. Olhou bem para o meu rosto e encontrou uma ferida recém formada no canto do meu olho. Pegou um pouco de sua saliva e passou na área afetada, curando quase que instantaneamente o ferimento. Essa era uma das habilidades dos vampiros. Gosto de chamar de "Super Cuspe".

–Obrigado. -Fizemos silêncio por alguns segundos. Me sentia exausto, então paramos e sentamos em uma pedra.

–Então?

–Então o quê? -Questionei, confuso.

–Não vai perguntar como estão as coisas na Montanha dos Vampiros? -Já tinha me esquecido. Minha semana tinha sido tão turbulenta que quase me fez esquecer do meu lar: a montanha com os outros príncipes e as centenas de vampiros que por lá viviam.

–Oh, sim. E então? -Dei uma risada abafada.

–Hm... Paris sente sua falta, assim como Harkat. Ele disse que não pôde vir. -Paris era o vampiro mais velho de todos. Tinha 800 anos de idade e todos o tratavam com muito respeito. Me sentia honrado por receber essa notícia -Mika, por outro lado, disse que nem se importaria se seu trono fosse consumido por cupins!

–Aquele príncipe idiota. -Rimos juntos.

–Por outro lado, todos estão preocupados. -Continuou, desta vez, olhando para baixo -Não sabemos a verdadeira localização de Steve. Ele pode estar em qualquer lugar do mundo, formando seu exército de carnificina.

Engoli em seco. Isso era outra coisa que fazia meu estômago revirar todas as noites. A ideia de um assassino com sede de sangue -do meu sangue- e ainda querendo acabar com os vampiros me arrasava.

–Ah, quase ia me esquecendo! -Vancha bateu em sua testa -Trouxe alguém que queria muito te ver. -Fiquei curioso. Quem seria essa pessoa?

–Quem?

–Tente adivinhar. Ele está perto de nós. -Pediu para que eu me concentrasse -Cheire o ar. Não consegue sentir o aroma de sangue novo? -Estranhei a pergunta, mas fiz o que pediu.

Senti um cheiro parecido com o seu. Tinha uma mistura estranha e harmônica entre sangue de vampiro e de vampixiita. Como se fosse uma quimera.

De repente, duas pequenas imagens se formaram próximas a uma árvore. Não consegui ver muito bem, já que ambos estavam no escuro, mas mesmo assim, não tive vontade de recuar. Uma delas se pronunciou.

–Olá, Darren. -Reconheci a suave e inocente voz de uma criança. Era meu sobrinho: Darrius Shan.

–Darrius! -Ele correu para os meus braços. Eu o envolvi nos meus, como se fosse o último gesto de carinho que teria feito nele -Senti sua falta.

–Também senti a sua, tio Shan.

Eu e Darrius inicialmente não tivemos uma boa história: ele era filho da minha irmã Annie com o meu pior inimigo: Steve Leonard. Foi muito difícil de aceitar isso, mas foi necessário.

O garoto já estava condenado a ser um meio-vampixiita, assim como o pai, o que significaria que iria se alimentar das pessoas e depois matá-las. Annie não queria isso para seu filho, muito menos eu, então tive que transferir um pouco do meu sangue para ele. Dessa forma, ele seria um meio-vampixiita e meio-vampiro, sendo capaz de controlar sua fome.

–Ei, quem é esse seu amigo aí? -Apontei para a segunda figura parada no escuro. Se tratava de um lobo de pelagem negra, como o carvão e olhos azuis-gelo. Vampiros e lobos se davam muito bem, então cheguei perto dele.

–Esse aqui é o Blue. -Meu sobrinho respondeu, chamando o animal para perto dele -Eu o encontrei no meio do caminho. Vancha disse que poderíamos vir com ele.

Blue, como passou a ser chamado, era meio tímido. Só depois de muitos minutos teve coragem de cheirar meus dedos. Começou a lambê-los, como se fossem doces. Eriçou seu pelo, quando acidentalmente pisei num galho.

–Desculpe! -Murmurei baixinho -Não queria assustá-lo.

–Tudo bem. -March falou, como se fosse o bicho -Esse vira-lata aqui não vai morder nenhum de nós. -Completou, fazendo uma carícia no seu estômago.

–Ei! Onde ficaremos agora? -Darrius perguntou, puxando minha jaqueta.

–Poderíamos ir para o hotel perto da casa daquela família "Hale" que o Stilinski falou. -O lobo estremeceu, dando dois latidos seguidos.

–Shh! Quieto! -March murmurou -Quem são eles?

–Ah, não sei. É a família da Malia. Só que ela é única Hale de Beacon Hills. É tudo o que sei.

–Então vamos para lá!

–Vem, Blue! -O lobo ficou sentado com a língua para fora, como se tivesse cansado de andar.

–Deixe ele aqui, Darrius. -Falei -Acho que ele quer ficar na floresta. Já percorreu uma longa trilha com vocês dois. Hora de se despedirem.

Darrius segurou gentilmente a cabeça do animal e sussurrou umas palavras inaudíveis até mesmo para mim. Fomos embora e deixamos o lugar sombrio e solitário, se não fosse pela presença do lobo negro.

***

As folhas balançavam sem parar e o pelo do lobo eriçava, a cada vez que o vento lambia suas patas.

Seus olhos azuis da cor do gelo acompanhavam a imagem das três pessoas que acabara de conhecer se esvair da sua frente.

De repente, o animal não se sentia mais confortável. Essa não era sua verdadeira forma. Além do mais, queria saber como aquelas pessoas conheciam a residência dos Hale. Precisava se transformar em humano novamente e ir para Beacon Hills.

Com poucos segundos, a figura negra ganhara um par de pernas e de braços e se esticou, tentando se adaptar à "metamorfose".

–Estou em casa. -Derek Hale sussurrou, caminhando lentamente em direção ao centro de Beacon Hills.