Ela vestia um vestido azul, de corte reto e alças finas. Ficou sentada na cama esperando Chuck terminar de tomar banho. Geralmente ela não se incomodava em esperar para se maquiar, mas ela preferia quando não tinha toda essa situação e tensão sobre tudo. Quando ela queria, poderia simplesmente entrar no banheiro e usar o espelho, sem se incomodar com ele usando o box, mas eram nessas pequenas coisas que mudavam tudo.

Na primeira noite, na casa deles, por exemplo, enquanto ele tomava banho ela abriu a porta para escovar os dentes, mas fechou antes que ele percebesse e decidiu esperar. Claro que ela lembrava que ele sempre foi envergonhado e tímido, principalmente quando o assunto era seu corpo, mas depois de alguns anos foi ficando um pouco mais confiante, ver toda essa situação se repetindo era quase um dej­avú para ela.

Quando Chuck finalmente saiu, enrolado em uma toalha, ela tentou ao máximo não olhar, mas sente os próprios olhos desobedecendo e demorando por mais alguns segundos no tórax e braços com pequenas gotículas de agua, e o pescoço... e já fazia um bom tempo em que não se beijavam intensamente nem... vendo o pescoço e o rosto de Chuck torna-se vermelho, Sarah se recompôs e entrou no banheiro.

Ele sentia o rosto queimando e procurava freneticamente uma roupa em sua mala. “Ela estava olhando para mim?”. Bem, já que ele estava sozinho com ela no quarto, presumiu que sim.

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Voltando para as instalações da CIA, Sarah permanecia calada. Enquanto dirigia ela só sinalizava os locais em que ele deveria entrar ou a curva que teria que fazer. Quando ele estacionou o carro e desligou o motor, estendeu a mão e repousou na dela.

— Ei. - ele começou. – A gente pode conversar agora. Me diga o que está te incomodando. – ela suspirou – Se você quiser. – acrescentou rapidamente.

— Você não entende Chuck – ela riu de leve, tristemente.

— Você pode me tentar fazer entender, ou só me contar. Talvez eu entenda depois...

A mão dele fazia círculos no dorso de sua mão, o ar estava mais quente e úmido. Os lábios dele, levemente abertos, ainda com a última palavra no ar. Sarah se debruçou e beijou ele. Por um ou dois segundos ele permaneceu imóvel, sem saber como reagir, mas logo em seguida retribuiu o beijo, abrindo a boca e permitindo que a língua dela tocasse o céu de sua boca. As mãos dela estavam agora tocando suas orelhas e acariciando, Sarah se sentia flutuando como se sua cabeça estivesse cheia de ar quente. Chuck ficou paralisado quando ela tocou em um ponto extremamente sensível, abaixo de suas orelhas. Ela sabia que era jogo sujo, estar fazendo isso com ele, e Chuck também sabia. Ele separou os lábios suspirando. O ar quente saindo da boca dele, estava tão adorável que ela quase o prendeu em um segundo beijo.

— Você entende agora Chuck? – ela olhou de soslaio para ele. – Você entendeu?- ela repetiu quando ele não respondeu na primeira vez.

— Sarah... eu só... – Ele começou.

— Desculpe, eu não queria que fosse dessa forma, mas me irrita bastante ver Carina provocando você a noite inteira, e Ethan... Oh céus! Me desculpe, isso foi muito. – Chuck abriu a boca para falar, mas ela o conteve.- Tudo bem, eu sei que foi rápido demais...

Chuck abriu um meio sorriso, envergonhado. – Eu só não estou muito acostumado com isso e..., bem, aquilo que você fez com a mão... e a última pessoa que lembro de ter beijado foi a Jill, e isso foi a muito tempo atrás, estou enferrujado e...

— Chuck, pare. – ele obedeceu, parando de divagar com as palavras. – Você é um ótimo beijador.- Chuck pareceu surpreso.- De verdade. Venha, vamos subir.

Eles saíram do carro, entrando nos alojamentos da CIA, quando as portas do elevador fecharam ela comentou casualmente:

— E é ótimo em outras coisas também. – Ela nem precisava olhar para o lado direito para saber que ele estava completamente vermelho. “Fofo” ela pensou.

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— Aceito, general. – Chuck respondeu para Diane, que estava bastante satisfeita com a resposta dele.

— Maravilhoso agente Bartowski! – Beckman exclamou. – cuidaremos de toda a parte burocrática e administrativa, a base e Los Angeles está bastante apropriada para o treinamento de agentes e tenho certeza que Ethan irá se adaptar muito bem ao local. Enviarei o arquivo do Intersect para você analisar, Chuck. Iremos revisar, juntamente com o pessoal especializado em neurologia para verificar onde está o defeito, para que possamos corrigir o mais rápido possível.

— E quando começa a missão?

— Amanhã mesmo, senhor Bartowski! Todos acreditamos que a missão Frazier seja um sucesso! Parabéns! – ela estendeu a mão e segurou em seu braço.- Você tem certeza de que está tudo bem Chuck? – ela perguntou suavemente. – Sei que é um momento bastante delicado em sua vida, mas quero que saiba que realmente me importo com a sua saúde, se precisar de qualquer coisa, pode falar.

— Obrigado General! Boa noite!

Eles se despediram e Chuck voltou ao quarto. As malas já estavam arrumadas então dirigiram-se para a pista de aterrissagem para os jatos particulares do governo. Sarah sentou ao seu lado e rapidamente fechou os olhos, talvez até já estivesse dormindo. Chuck decidiu fazer o mesmo.