Forbidden Love

Capítulo 1 - Uma importante missão


O sol brilhava intensamente sob as cabeças dos mercadores em Prontera. Como sempre, a cidade estava um caos graças ao comércio movimentado. Chegava a ser difícil andar em alguns pontos, como por exemplo no centro. Bom, isso não era exatamente um problema para mim, nada poderia estragar meu dia! Me chamo Mei, sou uma sacerdotisa recém aceita pela igreja. Eu caminhava alegremente pela cidade enquanto pensava em todas as coisas boas que gostaria de fazer agora que me tornei uma sacerdotisa. Apesar de seguir o caminho da fé e devoção ao Senhor, não são todos os sacerdotes que tomam esse rumo por escolha própria ou pelo motivo certo. Desse modo, alguns acabam se mostrando muito arrogantes e mesquinhos. Mas eu posso garantir que sou diferente: Eu me importo verdadeiramente com todos os cidadãos de Rune-Midgard.

- Quero ganhar logo minhas habilidade de sacerdotisa para ajudar todo mundo!!

De repente ouvi um grito seguido de um forte barulho que chamaram minha atenção. Um garoto bem novo derrubou uma montanha de livros no chão, livros enormes, velhos e empoeirados. As pessoas que caminhavam freneticamente no local olhavam a situação e passavam reto, preocupadas apenas com suas próprias vidas. Aquilo me deixava bastante irritada - Custa ajudar esse pobre garotinho?! - Resmungava em minha cabeça enquanto abria caminho na multidão.

- Deixe me te ajudar - Comecei a pegar alguns dos livros largados no chão.

- Obrigado por me ajudar. Estou realmente muito agradecido.

- Esses livros são todos seus?

- Os livros? Ah não, eu só tenho que devolvê-los para um cliente em Juno, entretanto... Eu fico enjoado facilmente, então tenho medo de ter que pegar o aeroplano até Juno. Eu preciso entregar esses livros se não vou perder meu emprego! Será que você poderia entregar esses livros ao senhor Karlomoff para mim?!

Era essa minha primeira chance!! A minha primeira boa ação depois de virar sacerdotisa, óbvio que eu aceitei. Peguei a pilha de livros e me dirigi para Izlude, cidade vizinha de Prontera, para pegar o aeroplano até Juno. Apesar de ser bem mais deserta que a capital de Rune-Midgard Juno com certeza era uma das cidades mais fáceis de se perder, além de ser bem grande. Felizmente antes de sair de Prontera o garotinho me disse que o senhor Karlomoff estaria esperando na biblioteca de Juno.

A viagem não demorou muito, cerca de quarenta minutos de Izlude para Juno. Era a primeira vez que eu saía de Rune Midgard e ia para a República Schwalzvalz. Depois de pedir ajuda para um guia encontrei a tal da biblioteca. Pude ver um homem sentado em um banco próximo à entrada da biblioteca, deveria ser o senhor Karlomoff. Enquanto eu me aproximava ele fechou o livro que estava lendo, olhou para cima e suspirou profundamente em uma vã tentativa de aliviar sua tensão. - GRRR, onde estão meus livros?! - Ele gritou ainda olhando para cima. Nem deve ter notado minha presença lá.

- Você está bem?

- Oh, desculpe por você ter visto isso. É que eu estou extremamente chateado, estou esperando uns livros de pesquisa de Prontera, mas eles ainda não chegaram. Esse atraso na entrega vai acabar com a minha pesquisa...

- Você é o senhor Karlomoff?

- Sim, sou o professor Karlomoff do grupo de pesquisas históricas de Rekenber. Você precisa de alguma coisa?

- O garoto que ia fazer a sua entrega não pode vir, aqui estão seus livros senhor.

- Hm, obrigado por fazer a entrega minha jovem. Já que você veio de tão distante deixe-me te contar um pouco sobre minha pesquisa.

Karlomoff é historiador e estava tentando descobrir mais sobre a história de Rune-Midgard e a República de Schwalzvalt, alegando que suas histórias estavam conectadas. Enquanto ele falava sobre sua pesquisa ele mencionou que o título de governante de Rune-Midgard não é sempre transmitido dentro da mesma família. Na verdade diversas famílias reais realizam uma competição para decidir qual dos príncipes se tornará o novo rei. De fato essa informação era nova para mim, sempre achei que o trono era passado de pai para filho. Parece que existem ao todo 7 famílias reais, cada uma descendente de um dos 7 guerreiros que fundaram o reino de Rune-Midgard. De acordo com registros, Jormungand, a cobra da terra, apareceu e trouxe o caos para todo o continente. Então sete guerreiros apareceram e expulsaram a serpente, salvando o mundo. Com o retorno da paz os guerreiros estabeleceram o reino de Rune-Midgard e escolheram Tritram Gaebolg III como seu primeiro governante. Sabendo que nem sempre seus descendentes iriam merecer governar o reino os guerreiros concordaram realizar uma disputa entre suas famílias, a cada geração. Karlomoff disse que existia uma antiga canção que ilustrava esse mito:

A grande serpente engoliu o mar.

A águia do arco-íris engoliu a serpente

A águia então construiu seu ninho.

Um ninho sob o mar encoberto.

A canção era passada de boca em boca por todo o continente, então ele não tinha certeza da letra ou da origem da música. De qulquer forma a entrega dos livros foi feita, eu não tinha mais nada a fazer em Juno. Depois de ouvir toda a história de Karlomoff me despedi e voltei para Izlude através do aeroplano. No caminho entre Izlude e Prontera eu pude ouvir uma voz bem distante cantando a canção que o historiador acabara que me ensinar.

- Mas o que...? - Resolvi seguir aquela voz para descobrir quem estava cantando. Em um local bem isolado pude ver uma casinha. Próximo à casa estava um garoto e uma mulher com uma aparência bastante cansada.

- Será que você pode parar de cantar essa música?! - Disse a mulher extremamente irritada com o garotinho. Eu me aproximei e perguntei ao menino onde ele ouviu aquela música. A mulher, aparentemente sua mãe, me respondeu.

- É só uma antiga música que eu ensinei para ele. Parece uma canção alegre, mas seu significado mudou para mim desde que o acidente aconteceu... Já faz tanto tempo, mas eu não acho que a dor irá passar algum dia.

- Acidente?!

- Me desculpe mas não posso falar mais sobre isso. Já tenho lutado muito todos os dias para lidar com os pecados que eu cometi. Você é uma sacerdotisa não é? Me desculpe, mas poderia me fazer um favor? Não recebo muitas visitas e não posso voltar para Prontera.. Você poderia entregar essas ervas ao padre Bamph para mim? Desde que o acidente aconteceu o padre Bamph tem me apoiado muito, gostaria de retribuir um pouco sua bondade.

Eu prometi àquela mulher que entregaria as ervas ao padre Bamph, e claro, iria aproveitar para perguntar sobre essa história de acidente, com certeza ele sabe a respeito disso. O padre Bamph já era um conhecido meu, ele foi um dos responsáveis pela minha aprovação no teste para sacerdotisa. Me apressei para chegar logo à Igreja e corri para a sala do padre.

- Padre Bamph, me desculpe incomodá-lo.

- Mei, o que traz você aqui?

- Padre, enquanto eu andava pelos arredores de Prontera encontrei uma mulher que parecia conhecê-lo. Ela me pediu para entregar essas ervas ao senhor.

- Nos arredores de Prontera? Você deve ter conhecido Bonnie Imbullea, como ela está?

- Na verdade ela parecia um pouco atormentada..

- Que bom! Se ela estivesse feliz e relaxada depois do que fez, nem mesmo Deus a perdoaria! Ela merece viver o resto da vida em agonia.- Padre, será que eu poderia saber o que está acontecendo?- Mei, isso é um assunto delicado. Se estiver disposta a nos ajudar posso lhe contar o que aconteceu com Bonnie, mas você não deverá contar para ninguém! Você já ouviu falar sobre Jormungand? Jormungand era uma besta malígna que trouxe grande caos e sofrimento ao mundo todo. Finalmente, o primeiro guerreiro da família Gaebolg derrotou a cobra com o auxilio de outros seis guerreiros. No entando, antes de sua derrota Jormungand lançou sobre Tristram e sua família uma terrível maldição que dura até hoje: A morte do primogênito da família Gaebolg. Esse é o maior segredo da família real. Para tentar reverter essa maldição a igreja convocou os maiores sacerdotes e exorcistas. Bonnie Imbullea foi a sacerdotisa escolhida pra liderar a cerimônia de exorcismo

- Espera.. Então o acidente que Bonnie comentava... Por acaso ela falhou na execução do exorcismo?!

- Sim. No dia da cerimônia três príncipes foram mortos, ao invés de só o primogênito. Bonnie assumiu total responsabilidade por suas mortes e foi exilada do reino. Você deve saber que todos os príncipes que foram mortos naquele dia portavam estranhas marcas em seus corpos. Parecia até que eles estavam desenvolvendo escamas de cobras.

- Escamas de cobra? Será que tem alguma relação com aquela canção e com a história de Rune Midgard...? Padre Bamph, eu quero investigar essa história! Não acho justo que Bonnie tenha sido exonerada da igreja e exilada pela falha no exorcismo, eu quero muito ajudá-la.

- Seu coração é realmente muito bom Mei, e nós realmente precisamos de ajuda nesse caso. Aparentemente depois do exorcismo um fragmento de gema vermelho foi encotrado na sala do cerimonial.

- Isso pode significar que alguém sabotou o exorcismo.

- Por favor venha comigo até a sala do cerimonial.

O padre Bamph me guiou até uma sala que estava escondida atrás da estante de livros da igreja. Na sala estavam os corpos dos três príncipes mortos. O padre Bamph me pediu para olhar o primeiro corpo. Esse era o primogênito da família Gaebolg que morrera devido à maldição. Sob uma de suas mangas era possível ver uma marca escura que se assemelhava muito às escamas de uma serpente. Essa era a maldição de Jomorgand. Quando analisei os corpos dos outros dois prípes pude perceber que as marcas de escama estavam mais esmaecidas e com uma tonalidade levemente diferentes que a marca do primeiro príncipe.

- Isso é muito estranho... Como não pude reparar nisso antes? Será uma conspiração? As mortes do segundo e do terceiro príncipe foram causadas por assassinato, e não pela maldição. Mas como...?

- Veneno. Já mediquei alguns aventureiros que foram envenados enquanto eu era noviça.

- Hunf, poderemos ter certeza se encontrarmos algum especialista no assunto. Mei, você pode entrar em contato com algum mercenário na Guilda dos Mercenários, em Morroc. Já ouvi dizer que esses mercenários são capazes de criar venenos que matam com apenas uma gota. Como sacerdotisa você foi ensinada desde sempre a não se envolver com esses salafrários, no entanto essa é uma ocasião especial. Diga que a igreja de Prontera está disposta a pagar uma boa recompensa para aquele que nos ajudar na investigação de um caso de assassinato. Você não deve revelar mais do que isso na Guilda Mei. As paredes têm ouvidos e a última coisa que queremos é que essa história se espalhe por todo o reino.

Tudo aquilo era realmente muito estranho e eu estava muito intrigada com essa história. Determinada a desvendar esse mistério eu fui até Morroc através do serviço de teletransporte das Kafras. Em Morroc demorou um pouco até eu desobrir onde ficava a Guilda dos Mercenários, todo mundo era muito desconfiado naquela cidade e ninguém quis me ajudar, nem mesmo os comerciantes. Só consegui descobrir porque uma mercenária me pediu uma certa quantia pela informação.

- A informação não será muito útil para uma garotinha frágil como você. A Guilda fica à direita da saída sul da cidade, no meio do deserto. Leva algum tempo para chegar lá a pé.

O deserto era um lugar desconhecido e perigoso, mas eu precisava concluir minha missão. Areia, areia e mais areia. Era só o que eu conseguia ver além dos muros de Morroc. Se eu me perdesse naquele lugar poderia ser o meu fim, mas mesmo assim comecei a caminhar. Logo, já haviam se passado 15 minutos, 20 minutos e até 30 minutos e nada da guilda. Meu corpo já estava ficando fraco e eu não tinha mais condições de usar minhas habilidades para me curar. Enquanto eu me esforçava para continuar caminhando eu vi uma pequena duna de areia se mexendo. Achei que fosse o vento, mas aquela duna começou a ficar cada vez maior até eu perceber que não era apenas areia, mas sim um monstro. Quando percebi isso já era tarde demais. O Arenoso veio em minha direção e só o que eu pude fazer foi fechar os olhos e esperar que ele me matasse, no entanto senti apenas alguns grãos de areia acertando meu rosto.