For You

We'll be together forever.


De repente era tão triste olhar os flocos de neve pelo vidro embaçado, essa era minha época favorita do ano, mas dessa vez era meu último ano, minha única felicidade era estar ao lado de YunHo. Sorri fraco deixando que as lágrimas marcassem meu rosto pálido. Desenhei o nome dele na janela e fiz um coração. Fui surpreendido com outra mão escrevendo meu nome ao lado do coração. Ri baixo sabendo quem era, meu amado logo me abraçou e me senti quente, meu coração batia fraco em meu peito.

- Amanhã vamos sair? – O olhei e ele negou com a cabeça.

- Não... Você está fraco de mais. – Suspirei olhando para janela. As palavras desaparecendo e deixando apenas uma marca quase invisível.

- Vamos sair amanhã. – Dessa vez não perguntei e sim afirmei sério.

- Não... – Bufei e me retirei de seu abraço.

- YunHo... Não discuta, por favor... – Formei um bico e segurei suas mãos. – Por favor... Sabe que eu não consigo mais... – Meus olhos arderam e ele segurou minha face entre suas mãos. O ouvi suspirar.

- Tudo bem. – Sorriu fraco para mim. Nós estávamos a uma distância perigosa o que fez meu coração palpitar e meu peito arder em dor e desejo. Aproximei-me e ele se assustou, agarrei sua camisa e selei nossos lábios.

Foi a melhor sensação do mundo... Os lábios de YunHo eram tão quentes. Mas também, era a pior dor, meu peito se contraiu forte e senti o ar faltar, me separei rapidamente ofegando em seu ombro, ele afagou meu rosto e suspirou.

- Você é idiota? - Tentei parar minhas mãos trêmulas, arfei inúmeras vezes procurando me recuperar. Sorri fraco apoiando minha testa em seu ombro.

- Eu queria fazer isso antes... De... – Não consegui terminar a frase antes de soluçar e lágrimas caírem.

- Não fale mais nisso... Por favor. – Ele me apertou no abraço. – Só de pensar que... Eu vou te perder... – Senti suas lágrimas em meu ombro o que fez meu coração doer mais.

- Amanhã teremos um dia especial, certo? – Afastei-me de seu ombro o olhando sorridente e limpando suas lágrimas com meus dedos gélidos. Ele apenas assentiu e me puxou para cama e me deitou, afagou meu rosto e deitou-se de frente para mim.

- Eu te amo. – Apertei-me ao seu corpo quando o ouvir dizer. Eu poderia morrer ali mesmo, não me importaria. Mas o que eu rezava todos os dias era para eu sobreviver e ficar ao lado de YunHo para sempre... É uma pena não é? Eu ser tão inútil e não poder proporcionar felicidade ao homem que mais amo na vida.

Ele parou o carinho em minha face e abri os olhos, ele estava dormindo. Sorri e segurei a mão grande que estava parada em minha face e a entrelacei na minha, com a outra passei o indicador sobre sua face, cada contorno de seu rosto era perfeito, eu sempre sorria vendo o quanto dormia tranquilamente como se fosse o mais lindo anjo, mas dessa vez era diferente. Seu cenho franziu e sua boca se retorceu em uma expressão de dor como se estivesse tendo um pesadelo.

- JaeJoong... – Por um momento achei que ele tinha acordado, mas seus olhos continuavam cerrados, ele me apertou em seu abraço e vi lágrimas mancharem seu rosto. Eu arfei naquele momento. Ele estava tendo um pesadelo? Comigo? – Não me deixe... – Ele sussurrou com a voz fraca. Não aguentei minhas próprias lágrimas.

- Eu sempre estarei com você, YunHo. – Sussurrei em seu ouvido, ele se acalmou e afrouxou o aperto. Respirei pesado olhando a face marcada do meu amado.

Afastei seus braços e me sentei na cama pegando uma folha e uma caneta preta no cômodo que ficava ao lado. Liguei o abajur e escrevi uma mensagem a YunHo. Dobrei o papel branco e o beijei ,me levantei e fui até onde seu casaco estava jogado colocando o papelzinho em seu bolso. Voltei meu olhar a janela e a toquei reforçando as palavras que antes estavam escritas.

Voltei à cama quando YunHo começou a balbuciar reclamando a falta de algo. Ri baixo e me deitei novamente ao seu lado o abraçando com força, ele passou o braço por minha cintura e apertou minha blusa para eu não sair dali. Me aqueci com calor que emanava de seu corpo e por fim adormeci.

Ainda estava escuro. Eu continuaria dormindo se não fosse a voz de YunHo cantarolando em meu ouvido para eu acordar, meu corpo pesava terrivelmente e eu respirava com dificuldades. Queria continuar dormindo, fiz manha e ele riu baixo. Cerrei os olhos com muita força antes de abri-los, não houve problemas com a claridade. Meus olhos piscaram e minha boca se abriu.

YunHo era um Deus.

As roupas de frio que ele vestia o deixavam ainda mais sexy. Por mais que eu babasse quando o via com uma simples regata colada aquelas roupas quentes eram estranhamente tentadoras. Nunca o vi tão perfeito, quando ele sorriu largo para mim quase senti meu coração explodir.

- Trouxe o café-da-manhã. – E ele me veio com uma bandeja com o meu favorito. Ele ainda se lembrava? Desde pequeno eu amava comer torradas com geleia de morango, leite puro gelado e maçã com banana picada. Podia ser simples, mas eu ficava de muito bom humor quando tomava um café-da-manha desses.

- Obrigado. – Dei-lhe um beijo na bochecha quando se sentou ao meu lado. Comecei a praticamente engolir as torradas tomando um bom gole do leite.

- Vamos com calma. – Novamente riu. – Termine devagar e se arrume para sairmos, okay? Vou acordar as crianças. Espero você lá embaixo. – Ele afagou minha bochecha e sumiu de vista.

Por mais que risse e sorrisse, por mais que seu sorriso fosse sincero... Ainda assim seus olhos estavam cheio de tristeza.

Depois de finalmente me arrumar tentado ao máximo ficar ao menos as pés de YunHo eu desci, me olhei rapidamente no espelho sem querer me focar na minha imagem doentia e pálida. Meu YunHo estava com um bebê que não me era familiar. Foi até ele e afaguei os poucos fios de cabelo da cabeça do pequeno.

- Eu não sei. Quando eu abri a porta ele estava chorando. Vou entregar a criança para nosso “pai” – Ele sorriu para o bebê e acariciou sua bochecha rosada e marcada pelas lágrimas dando um beijo no topo de sua cabeça. – Está tudo bem, bebê. Aqui você encontrara um lugar para sorrir. – YunHo me olhou brevemente e desapareceu pela porta novamente, dessa vez eu sorri sinceramente para o nada. YunHo seria um ótimo pai.

Seria tão bom se ele me esquecesse.

Quando voltou ele segurou meus ombros e me olhou de cima a baixo.

- Você é perfeito, sabia? – Eu corei violentamente, arfei e desviei o olhar do dele. Ele riu baixo e segurou minha mão com força. Infelizmente nem as luvas felpudas e nem a mão de YunHo conseguiam me aquecer, eu sentia um frio anormal. Mas havia um calor diferente, meu coração mesmo que dolorido estava aquecido... Aquecido com o amor e atenção que esse homem me dava. Eu o amava de todas as formas possíveis.

Nós andamos com certa dificuldade já que meu corpo parecia estar pesando uma tonelada. Chegamos até a praça pouco movimentada devido a grande quantidade de neve espalhada no chão, alguns flocos caiam sobre nós. Eu levantei a mão que não estava ocupada para pegar os flocos de neve que se dissolviam quando entravam em contato com a luva felpuda.

Senti minha mão ser puxada para um banco branco. Sentamos e ele passou o braço pelos meus ombros me apertando em seu corpo. Eu nunca quis tanto sentir o calor de seu corpo como agora. Parecia que cada célula do meu corpo estava congelando me trazendo uma dor horrível. Ficamos minutos em silêncio só olhando para os flocos que caiam.

- Eu o adotei. – De repente ele cortou o silêncio.

- Adotou? – Perguntei confuso. Não seria...

- Aquele bebê. – Eu arregalei meus olhos e fiquei perplexo. Ele tinha adotado uma criança? Uma criança!?

- Como assim, YunHo? Uma criança é... Uma enorme responsabilidade! – O mirei indignado e ele riu da minha reação.

- Eu sei. E eu estou pronto. – Eu suspirei pesado. Como ele conseguia ser tão idiota? – E será JaeJoong.

- Eu o que? – Levantei a sobrancelha novamente confuso.

- O nome dele. – Soltei outro suspirou e balancei a cabeça negativamente.

- YunHo... – Tentei me acalmar e segurei suas mãos. - ...Me esqueça, não quero você lembrando que eu existi... Não quero nada que te faça lembrar, quero que siga em frente. – Aquelas palavras pareciam facas atravessando meu coração. As lágrimas arderam em meus olhos, mas eu me neguei a deixa-las caírem.

- Jae. Sabe por que eu voltei? – De repente ele mudou de assunto

- Pela promessa. – Afirmei.

- Aquela promessa... Foi como se tivéssemos amarrado um fio invisível em nossos corações nos conectando... JaeJoong, eu seguirei em frente sim. Mas você sempre estará aqui. – YunHo pegou minha mão levando ao seu peito, pude escutar as batidas levemente aceleradas do maior. Elas me confortavam, as lágrimas que eu tentava segurar caíram marcando minha pele.

- Eu te amo. – Ele sorriu limpando delicadamente minhas lágrimas.

- Eu também te amo, Jae. – Voltamos a encarar os flocos de neve que caiam.

- JaeJoong... Me prometa uma coisa? – Novamente quebrou o silêncio.

- O que? – Acariciei sua mão com meus dedos mesmo na luva felpuda que eu ganhara de presente.

- Que você estará sempre ao lado desse bebê zelando por ele. – Minhas lágrimas voltaram fortes e solucei apenas assentindo com a cabeça.

Como aquele dia estava frio. Eu não conseguia sentir boa parte de meu corpo e minha respiração pesava. Toda vez que o olhava de canto YunHo estava me observando... A face com um sorriso sincero e o olhar triste. Eu não queria deixa-lo. Apertei-me em seu corpo e ele me puxou para seu colo para ficarmos mais próximos.

Ficamos imóveis por várias horas, nenhuma palavra saia de nossas bocas, meus olhos pesavam como pedras. Eu queria descansar, mas não podia. Dessa vez seria pra sempre não seria? YunHo pegou minhas mãos delicadamente e as acariciou.

- Você conseguiu. – Ele olhou as luvas que me dera de presente.

- Consegui não foi? – Eu sorri orgulhoso de minha fé. Eu lutei todos os dias para ver esse céu tão branco.

- Você é um herói. Meu herói. – Ele afagou minhas bochechas e eu apoiei minha cabeça em seu ombro, eu estava cansado.

- YunHo... Posso dormir por cinco minutos? – Perguntei com a voz fraca, não conseguia sentir nem o palpitar de me coração direito. Ele apertou meu corpo com muita força me acolhendo de uma forma tão carinhosa.

- Serão apenas cinco minutos, certo? – Senti a sua testa em meu ombro e as lágrimas de YunHo que começaram a cair.

- Sim, YunHo... – Meus olhos arderam novamente e lágrimas grossas caíram de meus olhos pesados. – Eu te amo.

- Eu também te amo. – Ele afagou meus cabelos enquanto soluçava em meu ombro.

Levantei meu rosto para fita-lo, eu precisava ver essa face perfeita até meu último segundo. Cada detalhe, o último sorriso, tudo... Fiquei o olhando por muito tempo se for julgar pelo sino da igreja que indicava que eram dezoito horas, o que para mim não era nada, que não passavam de segundos. Limpei suas lágrimas que insistiam em cair e voltei a deitar minha cabeça em seu ombro. Fechei meus olhos devagar ouvindo apenas minha respiração fraca.

Meu coração dava pontadas fortes como se estivesse lutando para me deixar vivo, mas eu sabia que dessa vez não seria o bastante. Era como se eu tivesse levado uma grande dose de anestesia e todas minhas dores focassem apenas em meu coração.

Eu cheguei onde queria, certo? Deus me deu essa oportunidade e me agarrei a ela encontrando meu final feliz. Agora eu precisava ir para onde eu estava destinado a ir. Meu último pedido foi que YunHo fosse feliz. Meu corpo estava fraco de mais até para meus próprios pensamentos. Meu coração não batia mais, certo? Eu não sentia mais nada, de repente minha mente vagou para um lugar distante e branco.

Esse puro amor infantil, ele avançou todos os obstáculos, mas aqui é o limite. Ainda assim estou agradecido, YunHo. Obrigado por me amar, obrigado por cuidar de mim todo esse tempo, obrigado por aquecer meu coração. Você sorrirá todos os dias, não é?

Eu te amo, YunHo.