Olhei para o céu nublado sentindo o vento gelado bater em meu rosto. Meus olhos pesavam e minha face provavelmente estava inchada. Eu estava naquele lugar novamente. Aquela mesma praça que um garoto que acabara de se tornar um homem tirou meu coração.

Haviam se passado sete anos, mas em minha mente ainda estava viva a imagem de JaeJoong morto em meu colo. É algo difícil de se falar mas foi isso. Eu desisti de tudo por ele e não me arrependo, a pequena fortuna que consegui ganhar que era apenas 1% da real herança eu construí uma boa casa de dois andares, era bastante espaçosa e cheia de quartos para as crianças. Sua frente era um amarelo calmo com as janelas e portas brancas, tinha um grande jardim florido e até uma pequena piscina.

Voltei aquela casa e sorri antes de adentra-la, sabia que alguém em especial estaria me esperando com seu sorriso largo.

- YunHo Appa! – Uma criança de sete anos logo pulou em me braço e eu o levantei no colo sem dificuldades.

- Pequeno Jae. Estava me esperando para lanchar? – Eu apertei suas bochechas rosadas, como ele era fofo... E incrivelmente lembrava a ele.

- Claro! – Ele desceu de meu colo e correu pelas escadas até nosso quarto. – Eu fiz nosso lanche.

Meu quarto era exatamente como JaeJoong sonhara, era grande e cheio de ursos de pelúcias e estantes com livros de diversos gêneros, tinha um tom azul bem claro quase cinza, entrava uma brisa agradável pela janela. Nós dois dormíamos em uma cama grande de casal á que este pequeno era muito medroso. Na cama estava à bandeja com o café da manhã que o pequeno havia feito.

- Parece delicioso. – Afaguei seus cabelos. Ele pegou um dos sanduiches e deu uma grande mordida mau mastigando antes de engolir.

- YunHo Appa, amanhã é o dia de vermos JaeJoong Appa, não é? – Sim, ele sabia da existência de meu JaeJoong, eu havia falado o porque do nome e contado parte da história amenizando a parte da morte falando: “Ele foi para um lugar melhor, lá no céu encontrar sua família. Mas que sempre iria visitar a gente.” O meu pequeno filho nunca questionou sobre JaeJoong, ele apenas sorria e apertava minha mão quando via que eu estava triste. Criança incrível.

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Olhei para janela e vi flocos de neve caírem do céu, sorri triste. Finalmente tinha chegado o dia. Peguei o buquê de flores brancas e me vesti devidamente para o frio, me olhei no espelho e suspirei pesado. Abri a gaveta e peguei uma caixinha branca com um laço lilás. Dentro havia uma coleção de fotos de purikura nossas, uma lágrima desceu. O sorriso de JaeJoong fazia meu coração se apertar, esse dia tiramos inúmeras fotos quando fomos no parque de diversões que passara pela cidade. Havia as luvas e o vidro com bilhetes que eu tinha dado a ele e finalmente achei o que queria, um bilhete amaçado que eu achei no meu bolso depois dele morrer.

“Eu sempre estarei com você. Eu te amo. JaeJoong”

Uma frase simples que fazia meu coração arder em esperanças. Ele estará mesmo sempre ao meu lado, certo? Eu fui tirado de meus devaneios quando o pequeno JaeJoong entrou correndo pelo quarto vestido com roupas de frio, o casaco grosso era branco, não era uma visão de luto, até porque a morte de JaeJoong não quis dizer que ele nos deixou.

- Appa! – Pulou em meu colo e eu o peguei. – Vamos? Estou com saudades dele. – Eu sorri como resposta e o levei no colo até meu carro.

A neve começara a cobrir toda a paisagem. Segurei a mão do meu pequeno e andei pelo lugar aberto, andamos por alguns túmulos até chegar a um meio reservado com uma pequena estatua de anjo em cima da lapide. O nome ali gravado me dava calafrios, me ajoelhei e passei meu dedo indicador pelas letras. Lágrimas arderam em meus olhos e meu pequeno me abraçou sorrindo, eu tive que sorrir de volta beijando sua bochecha.

- JaeJoong Appa. – Ele olhou para o nada e eu tive que levantar a sobrancelha. – Você está sempre olhando não é? – Ele riu baixo. – YunHo Appa precisa de você. – Então formou um bico nos pequenos lábios. Esperou um tempo e sorriu largo. – Você sempre estará aqui certo?

- Por que está falando sozinho? – E tentei olhar para o lugar que ele encarava.

- Tem coisas que só crianças podem ver. – O menino riu baixo. – Não é, JaeJoong Appa? – Eu engoli em seco.

Meu coração parou por um instante. JaeJoong cumprira sua promessa não é? Estar sempre ao nosso lado... Só crianças conseguem ver espíritos, por que elas são as únicas com pureza e humildade para tal ato. Sorri afagando os cabelos do menor. Olhei para o nada que esse pequeno olhava.

- Eu te amo. – Sussurrei ao vento. Senti uma brisa gelada em meu rosto, mas que ainda assim aqueceu meu coração. Era ele certo? Ele estaria ao meu lado para sempre, não é? Lágrimas marcaram meu rosto.

- Ele também te ama. – O pequeno JaeJoong olhou para mim sorrindo doce.

Rezamos para ele assim como fazíamos todo ano, e eu o visitara praticamente toda semana para contar como andava minha vida, expressar minhas dores e esperar alguma resposta que nunca vinha.

Eu ainda estava esperando os cinco minutos do sono de JaeJoong acabarem.

OWARI.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.