Os primeiros raios de sol do dia bateram em nossos rostos, nos fazendo acordar. Ambos tínhamos sorrisos gigantes no rosto e roupa nenhuma no corpo.


''Bom dia.'' disse, dando um beijo rápido em seus lábios. Ele abriu os olhos, meio decepcionado, querendo mais. Se aproximou e deu um beijo mais longo. Sorri quando ele se afastou.


''Bom dia.'' procurou minha mão e entrelaçou nossos dedos.


''Estou com fome.'' disse, encostando a cabeça no braço do sofá. Ele encostou a cabeça em meu peito.


''Vamos sair. Ir pra alguma lanchonete, cafeteria, sei lá.''


''Qualquer lugar se você estiver comigo.''


''Então levanta, preguiçoso, você ainda precisa tomar banho.''


''E você vem comigo.'' levantei e puxei ele pela mão.



Uma hora depois estávamos prontos. Fomos de carro até uma starbucks, depois a pé até o parque e ficamos lá a tarde, até umas 15 horas. Almoçamos cachorro quente, de uma barraquinha que tinha lá. Então fomos para o cinema. Depois voltamos pra casa, para Brendon se trocar e ir pro trabalho.


Pete nem entrava em meus pensamentos quando eu estava com Brendon, mas assim que ele se despediu de mim com um beijo e saiu, não conseguia não pensar no que eu teria de fazer essa noite.


Não podia trair Brendon assim, não seria capaz de fazer isso.


Depois de algum tempo pensando, decidi que não iria. Pete poderia fazer o que quisesse comigo, mas não iria me fazer trair Brendon com ele, definitivamente não. Eu pagaria o que ele quisesse, mesmo não tendo uma moeda no bolso. Aguentaria tortura também, se ele me sequestrasse. Qualquer coisa, menos sexo.


A noite passou devagar sem Brendon comigo. Voltei a tocar e compor, mas dessa vez no sofá da sala. Passei a noite sem pregar o olho.


De manhã, quando Brendon chegou, eu tinha feito café e preparado um bolo. Era pequeno e bem simples, porque eu não sabia cozinhar - tinha pego a receita na internet em um desses sites de culinária -, mas ele ficou feliz do mesmo jeito e era isso que importava.


''O que fez a noite inteira?'' perguntou, depois de engolir um pedaço da sua fatia de bolo.


''Compus.''


''Toca pra mim? Você sabe esconder bem suas letras.''


''Mexeu nas minhas coisas pra achar minhas letras?'' perguntei, rindo.


''Talvez...'' encolheu os ombros, corando.


''Tá tudo bem. Claro que toco pra você.'' sorri e beijei-o. Puxei-o pela mão e o fiz me acompanhar até meu quarto.


Peguei meu violão e meu caderno, sentei na cama e fiz ele se sentar também.


''Eu não sei se estão boas, não pedi a opinião de ninguém ainda, então...''



Back to the street where we began feeling as good as lovers can, you know yeah, we're feeling so good


Picking up things we shouldn't read it looks like the end of history as we know it's just the end of the world



Back to the street where we began feeling as good as love, you could, you can

Into a place where thoughts can bloom into a room where it's nine in the afternoon and we know that it could be and we know that it should and you know that you feel it too


Olhei pra Brendon. Ele sorria, e eu fiquei hipnotizado por sua boca e seus olhos.


'Cause it's nine in the afternoon and your eyes are the size of the moon you could, 'cause you can, so you do we're feeling so good, just the way that we do


When it's nine in the afternoon your eyes are the size of the moon you could, 'cause you can, so you do we're feeling so good


Back to the street, down to our feet losing the feeling of feeling unique Do ya know what I mean?


Back to the place where we used to stay; man, it feels good to feel this way back to the street, back to the place back to the room where it all began back to the room where it all began


'Cause it's nine in the afternoon and your eyes are the size of the moon you could, 'cause you can, so you do we're feeling so good, just the way that we do


When it's nine in the afternoon your eyes are the size of the moon you could, 'cause you can, so you do we're feeling so good, just the way that we do


When it's nine in the afternoon your eyes are the size of the moon you could, 'cause you can, so you do we're feeling so good, just the way that we do when it's nine in the afternoon


''Uau, é perfeita! Você compôs ontem?'' concordei com a cabeça. ''É maravilhosa, meu amor. Parabéns.''


''Eu que devo agradecer a minha inspiração. Sem ele essa música não teria saído.''


''E quem é sua inspiração?''


''Meu namorado. Ele se chama Brendon, você deve conhecer ele. Ele é perfeito, tem o sorriso mais lindo do mundo, e eu adoro quando seus olhos brilham quando ele está feliz. A voz dele é sexy, assim como o corpo. Eu não consigo viver sem ele.''


''Você devia conhecer meu namorado Ryan então. Ele é... aah, para com isso, vem aqui.'' Me abraçou forte e começou a me beijar, passando para o meu pescoço e desabotoando minha camisa, quando fomos interrompidos pelo interfone tocando.


Quando atendi, o porteiro falou com a voz meio trêmula.


''Sr. Ross? Tem dois senhores querendo falar com o senhor. Posso mandar subir?''


Franzi o cenho. Não estava esperando ninguém, mas não ia mandar os dois caras lá embaixo embora, afinal não sabia o que queriam.


''Pode.''


Desliguei e tentei me arrumar. Abotoei a camisa de novo e passei os dedos no cabelo esperando que eles se assentassem.



A campainha tocou. Abri a porta; Brendon estava encostado na parede do corredor.


Dois caras grandes, do tamanho de guarda roupas, entraram, sem serem convidados. Me empurraram, fecharam a porta e um deles deu um soco em minha barriga que me fez cair no chão e me encolher de dor. Brendon gritou meu nome e tentou me ajudar, mas o outro empurrou ele pra longe. Ouvi um baque e gritei seu nome, preocupado. Começaram a me chutar descontrolavelmente e em pouco tempo eu perdi a consciência.


Acordei no hospital. Olhei pro lado e Brendon estava sentado na poltrona ao lado, de olhos fechados. Não parecia machucado.


''Psiu.'' sussurrei. Não sabia se ele estava acordado, e se não estivesse eu não queria fazê-lo.


Mas ele estava. Virou o rosto e sorriu. Se levantando, pegou minha mão.


''Ryan, você acordou! Como se sente?''


''Um pouco dolorido, mas bem. E você?''



''Bem. Não levei muito, só um super soco. Fiquei preocupado com você, você apanhou muito e eu não consegui fazer nada, eles me trancaram no banheiro e quando consegui dar um jeito de abrir a porta eles já tinham ido. Eu devia ter dado um jeito de sair mais rápido, eu não...''


''Ei, calma. Tá tudo bem. Eu tô legal.'' sorri, tentando acalmar ele.


''Me desculpa, eu não te protegi, nenhuma das vezes que você precisou de mim, eu não estava lá.'' seus olhos pareciam culpados. Fiz ele se aproximar e me beijar.


''Fica quieto, você não teve culpa de nada. Fui pego de surpresa, só isso.'' sorri e fiz ele sorrir também.


''Quem eram aqueles caras?'' me perguntou, olhando profundamente em meus olhos, como se lesse minha alma.



''Só uns amigos meus.'' disse Pete, entrando no quarto com uma rosa na mão. ''A enfermeira disse que só é permitido uma visita por vez, e você já ficou bastante tempo com seu namorado. É minha vez agora.'' balançou a cabeça indicando a porta para Brendon. Antes de sair, se curvou e deixou um beijo em meus lábios, sussurrou ''eu te amo. Só chamar se precisar de mim, dessa vez eu vou estar com você.'' e saiu, encarando Pete com todo a raiva que tinha em seus olhos.


Quando Brendon saiu, Pete trancou a porta. Virou-se pra mim, e foi andando devagar até a poltrona. Sentou-se.


''Por que não apareceu, Ross? Não foi agradável ter que mandar aqueles caras atrás de você, mas eu fui obrigado a fazer isso.''


''Eu não vou mais fazer isso, Wentz. Eu posso pagar, se você quiser, mas não vou mais transar com você só pra pagar uma dívida; eu não sou tão sujo assim.''


''Mas você já se sujou, meu amor. Você já pagou a primeira parte.'' disse, levantando-se e apertando meu membro por cima dos lençóis.


''Sai, filho da puta. Me arrependo profundamente de ter sido idiota o bastante a ponto de não recusar e fugir da sua casa aquele dia.'' dei um soco em seu braço, mas acabou não sendo muito forte, porque eu estava deitado. Ele riu com a minha reação e afastou sua mão.


''Só covardes fogem, Ross. Eu sei que você não é covarde. Eu sei que não foi tão ruim assim, muito pelo contrário.'' sorriu um sorriso sedutor e malicioso, que me fez sentir ainda mais nojo dele.



''Quanto você quer? 500 dólares? Mil?''


''Você sabe que está superfaturando o preço de uma semana naquele chalé velho, não sabe?''


''Sei, é que eu faço qualquer coisa pra me ver livre de você.''


''Tudo bem, então. Vou calcular meu preço, e quem sabe eu te ligo amanhã?''


''Tanto faz. Agora cai fora daqui, antes que eu chame a maldita enfermeira.''



''Que mau humor, meu amor. Tudo bem, eu te deixo sozinho se é isso que você quer.'' se aproximou do meu rosto e deu um beijo. Deixou a rosa que trouxe na poltrona.


''ENFERMEIRA! ENFERMEIRA, SOCORRO!'' berrei o mais alto que pude, limpando desesperadamente o beijo, chegando a arranhar meu rosto. Uma mulher bateu na porta, pedindo para abrir e deixá-la entrar.


Wentz abriu a porta e sorriu para a moça, que correu para ver se eu estava bem.


''Ele está delirando, acho que seu quadro decaiu...'' disse, fingindo uma cara triste e preocupada. Depois deixou a sala, com o fantasma de uma risada no rosto.


''Chama o Brendon, o cara que estava aqui antes daquele filho da puta entrar. CHAMA ELE AGORA!'' a enfermeira hesitou um pouco, mas saiu logo do quarto. Alguns minutos depois Brendon chegou correndo, uma lata de coca cola e metade de um lanche na mão.


''Tá tudo bem? O que ele fez com você?''


''Tô bem, ele não fez nada. Mas...''


''O que são esses arranhões no seu rosto?'' perguntou histérico quando seu olhar pousou em minha bochecha.


''Ele me deu um beijo. Os arranhões foram eu, tentando limpar tudo o que sua boca nojenta deixou em meu rosto.''


''Ele te deu um beijo? Foi só isso mesmo, Ryan? Por favor, não esconde nada de mim.''


''Ele... ele me tocou também, e me ameaçou.''


''Eu vou matar aquele desgraçado.'' murmurou, jogando tudo o que tinha em mãos na poltrona e saindo da sala.


''NÃO, BRENDON, NÃO! ELE VAI TE MATAR, OU PIOR. BRENDON, VOLTA AQUI!'' eu gritei, o máximo que pude, mais uma vez. Mas ele não apareceu.