A noite chegou e com isso a hora de Brendon ir trabalhar.

Ele tinha cochilado, então precisei sacudí-lo um pouco até ele acordar.

''Hey Bden.''

''Oi?'' abrindo os olhos lentamente, bocejou sonolento.

''Tá na hora. Você precisa trabalhar.'' ainda que fosse uma tortura ter que deixar ele sair daquele abraço, era isso ou não ter mais onde morar. Maldito aluguel.

''Não quero ir hoje.'' fez bico, deixando seu rosto ainda mais adorável.

''Para de ser preguiçoso.''

''Falou o cara sem emprego.'' rimos.

''Isso é golpe baixo, já falei que vou tentar arrumar um trabalho.''

''Espero que seja logo, então.'' sorriu, olhando em meus olhos. Paralisei por um momento, sem conseguir quebrar esse contato. Suas bochechas coraram e seu sorriso se tornou envergonhado. Levantou apressado e foi em direção a seu quarto.

Aquela não era a hora perfeita, mas eu não podia esperar até ele arrumar um outro namorado/namorada. Mesmo se ele não correspondesse um peso seria tirado das minhas costas; eu tinha tentado de qualquer jeito.

''Brendon.'' ele voltou e olhou pra mim. ''Espera, eu preciso conversar com você.''

''Tudo bem.'' levantou uma sombrancelha, estranhando o clima tenso que eu deixei no ar. ''O que foi?'' sentou-se no sofá, virado pra mim.

''Ok, eu não sei como eu vou falar isso. Não tenho a mínima ideia de como começar, então me desculpa se eu me atrapalhar e me atropelar com as palavras, eu nunca fiz isso antes.''

''O que...''

''Shiu, me deixa fazer isso direito, por favor. Brendon, lembra de quando a gente era pequeno e o Spencer nos apresentou, quando tínhamos, sei lá, 5 anos? Você tinha acabado de tomar iogurte e tinha sujado um pouco a camiseta, e eu te ajudei a limpar pra sua mãe não descobrir e ficar brava com você. Então, desde aquele dia eu não consigo parar de pensar em você. Eu tentei tirar isso da cabeça, mas eu não consegui, e não sei se um dia vou conseguir. Todas as vezes que você trazia um namorado pra cá era torturante, eu me esforçava pra não reparar em todos os beijos e carícias que vocês trocavam. E quando a gente transou e você falou pra eu esquecer, eu tentei, e foi por isso que eu tentei me matar, porque eu não conseguia esquecer e lembrar era pior. Você é, e sempre foi meu primeiro vício, Brendon Urie. Eu entendo se você recusar e não entender tudo o que eu tô falando, porque você é meu melhor amigo e eu sou só um...''

Ele me interrompeu, do melhor jeito possível: jogou seus braços em meu pescoço e me beijou, profunda e necessitadamente. Minha mente era uma bagunça nesse momento, mas eu não poderia pensar em uma bagunça melhor.

Não sei por quanto tempo ficamos ali; eu sinceramente não me importava com mais nada agora.

''Eu te amo, Ryan Ross.'' disse quando se afastou do beijo, encostando sua testa na minha. O sorriso mais bobo e gigante do mundo não saía do meu rosto, e nem do dele. Rimos e voltamos a nos beijar.

Ele não foi trabalhar aquela noite; não seríamos capazes de nos separar por mais de alguns centímetros.