O dia seguinte chegou bem rápido. Brendon acordou bem antes de mim e começou a preparar o almoço especial para Dallon. Ele tentou não fazer barulho no começo, mas depois se distraiu e começou a batucar e cantar enquanto cozinhava. Admito que gostaria de ser acordado mais vezes com o som de sua voz.

''Ah, te acordei? Desculpa.''

''Tudo bem. Precisa de ajuda?''

''Não, estou bem. Pensando bem, pode ajudar com a louça?'' disse com a carinha de cachorro sem dono mais linda do mundo. Ri e fui ajudar.

Começou a cantarolar Penny Lane, dos Beatles, acho que por vergonha de continuar cantando na minha frente. Para encorajá-lo cantei e o cutuquei e logo estávamos cantando alto e batucando com as colheres nas panelas.

''Penny Lane is in my ears and in my eyes there beneath the blue suburban skies I sit, and meanwhile back''

Ele só sabia o refrão, então continuava repetindo e repetindo, até que eu enjoei dessa música.

''Okay, agora uma que eu sei que você sabe. Eleanor Rigby picks up the rice in the church where a wedding has been...''

Ele sorriu e continuou. ''Lives in a dream!''

Terminamos logo de fazer o almoço e Brendon foi se arrumar. Fui tomar banho logo depois dele.

Dallon chegou pouco tempo depois.

A campainha tocou e Brendon saiu correndo pelo apartamento. Quando chegou na porta, hesitou um pouco, respirou fundo e abriu a porta com o maior sorriso que tinha. Saber que aquele sorriso não era pra mim era como ser espancado.

''Dallon!'' deram um beijo, profundo e intenso. Ser espancado doeria menos.

Depois que se soltaram, Brendon convidou-o a entrar. Ele me viu e veio me cumprimentar.

''Ryan, certo?'' disse, estendendo a mão.

''E você é o Dallon.'' correspondi o aperto de mão, apenas por educação.

''Sou. Prazer em conhece-lo, Ryan. Brendon gosta muito de você.'' não sei quem corou mais, eu ou Brendon.

''Senta, Dallon. Pode se servir, ou então... ahn...'' dava pra perceber como o garoto ficou sem graça e agora estava tímido. ''Vou pegar o vinho.''

Sentamos e começamos a nos servir. Eles conversavam sobre algum assunto qualquer que eu não estava interessado. Pensava em Brendon e Dallon. O garoto parecia ser legal mas não era o tipo de caras que Brendon namorava, então por que ele ainda não tinha dado o fora nele? Talvez Brendon realmente gostasse dele. Talvez tivesse dó dele. Não sei, só sei que...

''Não é, Ryan?'' Brendon conversava animadamente com Dallon e nem tinha percebido que eu estava alheio a conversa.

''É, aham.'' sorri amarelo.

Eles conversaram mais um pouco, até o celular de Brendon tocar.

''Vou ter que atender. Licença.'' disse e foi para o seu quarto, se trancando lá dentro.

''Então, Dallon... com o que você trabalha? Quer saber, esquece. Só vou te falar uma coisa.'' disse e me arrumei no banco, enquanto ele me olhava curiosamente. ''Eu conheço aquele idiota lá dentro desde que a gente era desse tamanho e ia pra escola com uma lancheira na mão, ele é meu melhor amigo, ele significa mais pra mim que minha própria família. Ele deve gostar muito de você pra te aguentar ainda, então cuida bem dele porque se você chegar perto de machucar ele, eu juro por tudo que é mais sagrado nesse mundo que eu te persigo até o inferno.'' levantei e saí de casa.

Dirigi até o parque. Deixei o carro em um lugar qualquer, não me importava. Fui até o lago e deitei na grama. Coloquei o fone de ouvido e fiquei ali, sem fazer nada. Não tentei segurar as lágrimas. Elas caíram devagar e logo meu cabelo estava molhado. Foda-se.

Deveriam ter se passado horas quando alguém sentou do meu lado em silêncio. Ficou olhando pro lago um bom tempo antes de falar.

''Por que você fugiu?'' perguntou, sem se virar pra mim.

''Não fugi.''

''Tá, vou fingir que acredito. E por que você falou tudo aquilo pro Dallon? É verdade?''

''Aham. É verdade sim.''

Brendon se deitou do meu lado. Depois de um tempo, olhou pra mim e percebeu meu rosto molhado.

''Você tava chorando.''

Não disse nada. Mais uma vez, não tinha nada pra falar mesmo.

''Ryan, o que tá acontecendo?''

''Nada.''

''Nada? Você bebe, se droga, foge, chora e não tem nada acontecendo?''

''É.'' suspirei e tentei mudar de assunto. ''Como você me achou?''

''É bem sua cara, vir pro parque, deitar na grama. Eu sei que você gosta de fazer isso pra aliviar a cabeça.''

A lua já aparecia de leve no céu, juntamente com as estrelas.

''Tá na hora, a gente tem que ir.'' o garoto disse, se levantando e batendo a mão na calça pra se limpar. Estendeu a mão para me ajudar.

''Me leva no colo?'' brinquei.

''Nah, você sabe andar, Ryan Ross.'' disse, mantendo sua mão estendida. Estendi a minha e ele fez força pra me puxar porque eu estava sendo preguiçoso, de propósito.

Mas o que a gente menos esperava aconteceu.

Quando ele me puxou, fez força demais e eu já estava levantando sozinho também. Resultado: eu acabei beijando ele. Foi sem querer e nada mais que um selinho, mas ainda sim.

Ficamos os dois sem graça e corados. Fomos pro meu carro de mãos dadas.

No club, eu estava do lado de Brendon e ambos estávamos atendendo algumas pessoas. Ele conversava com Dallon e não parecia a melhor das conversas. Depois de alguns minutos Dallon saiu com um copo de vodka na mão, que largou no chão no meio do caminho e desapareceu entre a multidão.

Depois que todos foram embora e o expediente estava acabando, Z e Spencer foram limpar melhor os cacos de vidro do chão. Brendon se manteu distante por todo o caminho de volta pra casa.

''O que aconteceu hoje?'' perguntei assim que ele fechou a porta do apartamento. Ele demorou um pouco antes de responder.

''Terminei com Dallon''.

Paralisei.

''Por que?''.

Ele deu de ombros. E depois de alguns segundos fez o que eu nem imaginava.

Virando-se rapidamente, chocou seus lábios nos meus e me beijou. Foi descendo devagar para o meu pescoço e desabotoando minha camisa. Fui pego totalmente de surpresa mas nem passou pela minha cabeça rejeitar. Tirei sua camisa também, nunca desgrudando meus lábios dos seus.

Tirei meu cinto e Brendon se apressou em abaixar minha calça, juntamente com a cueca. Fez o mesmo consigo e me empurrou com força pro sofá. Nesse momento senti falta dos seus lábios. Abri os olhos e ele já estava em cima de mim. Voltei a beijá-lo, com mais intensidade. Ele foi descendo para o pescoço novamente, depois para meu peito e antes que me desse conta ele chupava meu membro. Tentei não gritar mas devo ter gemido alto uma ou duas vezes.

Depois que ele terminou foi minha vez, mas ao contrário dele fui descendo devagar. Eu conseguia perceber que ele queria que eu fosse logo mas eu gostava de torturar ele. Antes, masturbei ele um pouco e depois o chupei.

Quando voltei a beijar sua boca ele foi se encaixando devagar. Fiz ele se apressar e ambos gememos. Acho que gritei um pouco, mas tentei me controlar. Depois de gozarmos, respirei fundo e olhei pra Brendon. Ele parecia exausto, o suor escorria por entre os cabelos. Sorri. Ele se ajeitou em meu peito e logo adormeceu. Demorei um pouco pra perceber o que tínhamos acabado de fazer. Sorri mais ainda, se isso era possível. Depois de um tempo, adormeci também.