Final Fantasy X-3 - Os Hinos

Capítulo 11 - Desvendado parte 2


Isaaru esperava que o Guado estivesse enganado mas, quando Tidus saiu da pousada e viu a cara do Guado, já não haviam suspeitas. Teria de o enviar...e depois teria de dizer a Yuna. Não sabia qual seria a parte mais difícil.

– É ele? - murmurou Isaaru para o Guado.

O Guado reconheceu-o como o amigo que Yuna tinha perdido e que a tinha ajudado a lutar contra o Sin e ficou conflituoso.

– Eu...eu...não tenho a certeza. - gaguejou o guado, dando a resposta a Isaaru - Afinal, eu não sou muito bom com caras.

– Sim. Obrigada. - agradeceu Isaaru, cumprimentando-o como já ninguém cumprimentava há muito tempo.

– Isaaru, eu não sei mesmo se é ele. - insistiu o Guado, apesar de conseguir ver claramente que ele era o "não-enviado".

– Pode ir agora. - disse Isaaru - Eu vou falar com ele.

O Guado foi embora, olhando com pena para Tidus e sentindo remorsos, deixando os dois sozinhos.

– Então, Isaaru? - começou Tidus, aproximando-se de Isaaru - Onde vai o Guado? Pensei que querias que eu falasse com ele.

– Eu já falei com ele. - informou Isaaru - Já sei tudo o que queria saber.

Quando Isaaru pegou no seu bastão, Tidus inclinou a cabeça e ergueu uma sobrancelha. - O que é que estás a fazer?

Isaaru não disse nada. Começou a fazer a dança mas não aconteceu literalmente nada. Não viu fyreflies à volta dele nem começou a desaparecer.

– Porque é que fizeste isso? - perguntou Tidus depois de Isaaru ter acabado e estar confuso - Querias que eu visse a tua dança? Era isso a coisa importante? É diferente da da Yuna, mas continua a achar que a dança da Yuna é mais bonita.

Isaaru deu um passo atrás.

– Eu...parece que confundi uma coisa. - gaguejou Isaaru sem saber o que fazer ou dizer - Bem, boa noite.

– Boa noite...?

...

Isaaru continuava a caminhar enquanto pensava no que tinha feito mal quando ouviu a segurança de uma pistola, virou-se para trás e viu Yuna com a pistola apontada a ele e o bastão preso atrás das costas.

– Então foste tu? - perguntou Isaaru, assustado - Foi por isso que não consegui enviá-lo. Tu bloqueaste-me com o teu bastão.

– Isaaru, tu não tens nada a ver com esta situação. - disse Yuna - O que eu fiz ou não fiz não te diz respeito.

– Yuna, tens de "enviar" os "não-enviados". - disse Isaaru, sempre a olhar para a pistola de Yuna - É o teu dever como Invocadora.

Yuna soltou uma gargalhada, rodopiou a pistola com o indicador e guardou-a na coxa.

– Eu não sou uma Invocadora e tu não fazes ideia se o Tidus é um "não-enviado" ou não. - Yuna virou costas e começou a andar de volta para a pousada - Estás à vontade para apareceres no nosso casamento e trazeres os teus irmãos.

– Sabes, Yuna, podes dizer a ti mesma que já não és uma Invocadora, mas porque é que trouxeste o teu kimono e o teu bastão, então? - perguntou Isaaru - E porque é que vais-te casar em Bevelle, com a ajuda da Nova Ordem de Yu Yevon?

Yuna continuou a andar mas os seus olhos estavam agora virados para o chão.

Ele tinha razão.

Se ela dizia que não era uma Invocadora, porque é que estava ali?

...

– Ir embora. - Tidus olhou para Yuna, com uma sobrancelha erguida, depois de ela ter dito aquilo - O nosso casamento é hoje à tarde e tu queres voltar para Besaid?

– Bem, já fizemos a viajem, como tu querias. - explicou Yuna - Não vejo razão para ficarmos aqui mais tempo.

– E que tal...o nosso casamento é hoje à tarde! - repetiu Tidus.

– Sim, Yuna. - concordou Wakka - E tu concordaste em te casares aqui. Até disseste ao Baralai que querias a ajudem da Nova Ordem.

– Mas podemos fazer uma cerimónia mais casual em Besaid. - insistiu Yuna - Afinal, foi lá que eu cresci e me tornei numa....Invocadora.

– Mas foi aqui que nasceste e viveste nos teus primeiros anos de vida. - lembrou Tidus, como se Yuna não soubesse - Foi aqui que os teus pais casaram.

– Sim, mas...

– Vá lá, Yuna! - exclamou Rikku, farta daquela discussão - Depois do casamento podemos ir directamente para Besaid. Até telefono ao Brother para nos dar uma boleia. Mas agora precisas de te ir arranjar.

Rikku avançou e começou a arrastar a prima para o quarto improvisado da noiva. Paine seguiu-as.

– Então foi isso que aconteceu. - disse Rikku, depois de a prima lhe ter contado tudo - Agora tens medo que ele envie o Tidus durante a cerimónia porque não vais ter o teu bastão contigo. E ainda por cima foste tu que o convidaste. Espera...o Tidus é um "não-enviado"!? Desde quando!

– Agora não dá tempo para explicar. Posso contar-vos tudo quando estivermos na segurança da nossa casa em Besaid. - disse Yuna, depois de vestir o vestido branco com cauda e apertá-lo com um corpete cor-de-rosa leve - Alguém tem de levar o bastão por mim.

– Para quê? - perguntou Paine, enquanto Yuna calçava os sapatos, também brancos.

– Para mo entregarem se eu vir que o Isaaru está prestes a fazer alguma coisa. - Yuna suspirou, endireitou-se, arranjou o vestido, pegou na tiara de cristal que tinha colocado em cima da mesa e prendeu-a ao cabelo, já arranjado - Não vou deixar que este casamento corra mal. É o meu primeiro casamento oficial aonde não tenho de ir escoltada por guardas para não fugir.

Rikku pegou no véu que Yuna tinha usado no casamento com Seymour e entregou-lho.

– Algo velho, huh? - disse Yuna, enquanto o colocava.

– Vais precisar de bastante sorte hoje. - referiu Rikku, arranjando o véu.

– Eu levo o bastão. - disse Paine, recebendo imediatamente olhares desconfiados - O que é?

– Não quero ser rude, mas prefiro que a Rikku o leve. - disse Yuna - Vocês ainda não sabem a história toda por detrás do Tidus ser um "não-enviado". Não sei se vais fazer o que é "certo" e guardar o bastão se o Isaaru tentar "enviá-lo".

Paine suspirou e entregou o bastão a Rikku.

– Vamos lá a isto. - disse Yuna, suspirando outra vez.

...

Wakka sorria abertamente enquanto arranjava o casaco de tons azuis que a Nova Ordem lhe dissera para usar.

– Aposto que não dizem à Yuna o que vestir. - disse Tidus, amuando.

– Bem, ela já fez isto uma vez. - disse Wakka, arrependendo-se imediatamente de dizê-lo - Quer dizer...despacha-te! Tens de entrar ao mesmo tempo do que a Yuna e ela tem duas ajudantes.

Ia ser o Baralai que ia oficiar a cerimónia, pensou Tidus. Isso deixava-o nervoso por alguma razão. Sabia que as pessoas tinham pensado que ele e Yuna estavam noivos antes de ele voltar e, mesmo sendo mentira, Tidus parecia ser do tipo ciumento.

Também não sabia quem mais tinha sido convidado pela Ordem...

– Estás a hesitar agora? - perguntou Wakka, um bocado chateado - Estamos a falar da Yuna! Não a amas?

– Não estou a ter dúvidas em relação em casar com a Yuna. - corrigiu Tidus - Estou com dúvidas em casar com em Bevelle. Talvez a Yuna tivesse razão e...

– É uma cerimónia de meia-hora. - interrompeu Wakka - Agora põe um sorriso na cara e anda.

Tidus endireitou-se, pôs-se à entrada da porta e imaginou Yuna do outro lado.

– Vamos lá. - murmurou Tidus, vendo Baralai no altar, à espera deles e os convidados dos lados, à espera deles.

Estava na hora.