Eram cinco e cinquenta e dois da tarde. A rua continuava interditada, devido ao acidente. Policiais uniformizados cercaram ambos os lados da rua, bloqueando qualquer movimentação. Sendo assim, o ônibus escolar do Colégio McKinley ficara preso naquele caos, aguardando as autoridades liberarem o caminho, para que pudessem seguir até o aeroporto.

Os alunos receberam ordem de ficar dentro do ônibus; mas não foi isso que fizeram. Havia alunos por toda parte, os olhares curiosos e horrorizados observando atentamente quando tentavam remover o caminhão do local, e resgatavam os corpos de três vítimas: duas garotas e um rapaz.

Jessica estava no meio daquele grupo de estudantes, abraçada por Phil. Ao lado deles, Claire estava pálida, e conversava com o pai pelo telefone. Liu Wong estava filmando tudo discretamente, longe dos olhos dos policiais, e exclamava palavrões a cada cinco segundos. Perto deles ainda estavam Page Johnson – a garota de cabelos castanho-avermelhados e de rosto delicado -, e Brenda Grigori.

A professora Maggie Lars tentava manter todos reunidos, em vão, enquanto Shawn conversava com os policiais, persuadindo-os a liberá-los, já que estavam prestes a perder o voo.

Jessica roía distraidamente a unha do dedo mindinho, enquanto seus olhos marejados fitavam fixamente o processo de remoção da carga do caminhão, para que a rua fosse liberada. Um homem de macacão laranja berrante estava no controle do guindaste, que erguia com cautela o que sobrou da cabine do caminhão. Naquela hora, mais alguma parte da lanchonete desabou, lançando tijolos e concretos no chão destruído.

A mente de Jessica vagava para a noite em que chegara em casa e vira o carro de seu pai atravessado na parede de seu quarto. A sensação era estranhamente familiar. Sensação de morte. O cheiro de morte. Naquela noite, vira o pai morto, encharcado de sangue e com os ossos expostos. Ali, o motorista do veículo estava vivo, pouco machucado, e sendo interrogado por um policial que tomava anotações. Ele não parecia bêbado. Estava sóbrio – e desesperado, por ter tirado a vida de três pessoas.

- Ah, meu Deus – exclamou Brenda Grigori, ao seu lado. A moça negra, de aparência esnobe olhava para algum ponto perto das ambulâncias.

Jessica olhou também.

Havia chegado um carro funerário escuro, onde eles colocavam com cuidado três macas cobertas por uma lona negra. Mas, enquanto tentavam empurrá-las para dentro, o braço de uma das vitimas deslizou para fora, revelando machucados cobertos por sangue e poeira. Jessica engoliu em seco, baixando a cabeça, sentindo as pernas bambearem.

Um homem alto, negro e careca ajeitou o braço novamente sob a lona, de forma casual, e fechou as portas traseiras do carro. Jessica olhou-o por alguns segundos. Parecia tão normal para ele tocar em alguém morto!

Ele olhou-a também. Sua expressão era sinistra, enquanto a fitava de forma profunda, como que a sondando. Por fim, ele esboçou um sorriso simpático, que pareceu à Jessica mais assustador que sua própria aparência.

Ela olhou para Phil, arrepiada.

- Eu quero ir pra casa – sussurrou.

Phil assentiu, tocando os lábios em sua testa.

Naquele momento, o professor Jamie Shawn se aproximou dos alunos, sério.

- Vamos... Voltem para o ônibus! Consegui que nos liberassem...

Claire franziu a testa.

- Mas já são seis horas! Perdemos o voo! Meu pai está vindo me buscar...

Shawn deu de ombros, enquanto alguns estudantes entravam no ônibus.

- Vou ver o que consigo fazer – disse ele, com um ar pesado. – Acho que tem outro voo para Tunner Beach às sete horas. Conseguiremos chegar lá antes das nove.

Claire revirou os olhos, tirando o celular do bolso mais uma vez.

Jessica entrou no ônibus, e sentou-se no mesmo lugar que antes, sem ter certeza de que era ali mesmo que devia estar. Ao contrário de como havia sido antes, os alunos agora estavam anormalmente quietos e perplexos. Sentavam-se em suas poltronas com olhares pasmos e comentários vagos.

Liu sentou-se de frente à Jessica, guardando a filmadora. Ele não sorria, mas parecia ansioso.

- Que horror, cara – disse ele. – O estrago foi feio.

- Você conseguiu ver as vítimas? – perguntou Phil, enquanto o motorista aquecia o motor.

Liu assentiu.

- Consegui. Mas uma das meninas está bem estragadinha... – disse ele. – Querem ver?

Phil estendeu a mão para a câmera que Liu oferecia, mas Jessica segurou-a, exasperada.

- Não – disse ela com firmeza. – Chega de sangue por hoje.

Então, as portas do ônibus se fecharam, e ele começou a costurar por entre o caos que a rua virara: viaturas policiais, carro funerário, o guindaste, o que sobrara do caminhão e um andaime que fora removido para a calçada. Enquanto o ônibus deslizava devagar pelo asfalto, Jessica olhou para a janela, e viu o homem careca e negro, perto do carro funerário. Ele fez um breve aceno, ao perceber que era observado, e virou as costas. A menina conseguiu ler o que estava escrito, em letras brancas, em seu uniforme azul escuro: “Agente Funerário”.

x-x-x-x-x

“... o acidente aconteceu quando o motorista do caminhão de cervejas da marca Hice Pale Ale perdeu o controle – ao tentar desviar-se de um andaime de obras que tombou na rua –, e chocou-se contra a parede da lanchonete Morte por Cafeína, atropelando três jovens que estavam no estabelecimento. Acabam de ser divulgados os nomes das vítimas: Lori Milligan, de vinte e três anos; Nicholas O’Bannon, de vinte e seis anos; e Janet Cunningham, de vinte e quatro anos. O motorista foi liberado, após um interrogatório sobre o estranho acidente”...

- E põe estranho nisso – comentou Patrick Jackson, enquanto assistia ao noticiário, sentado em um dos bancos de espera do Aeroporto de McKinley.

- Hmm? – fez Tyler, olhando-o como se acabasse de vê-lo ali, do seu lado.

Patrick olhou-o um pouco, depois deu de ombros.

- Nada, estava só pensando alto.

Tyler suspirou, enlaçando o amigo com o braço. Fizera de novo. Aquilo não importava, provavelmente, para nenhuma pessoa. Mas com Patrick era diferente. Patrick se importava demais com tudo. Poderia ficar chateado pelo simples fato de não ter sido ouvido. Às vezes parecia uma menininha emburrada... Talvez aquilo fazia parte do comportamento dos CDF’s.

- Ora, Patrick – disse Tyler, erguendo as sobrancelhas. – Eu só não ouvi... Estava...

Patrick bufou, quando Tyler não conseguiu terminar a frase.

- “Viajando legal” – complementou ele. – Eu sei que você andou fumando de novo. Mas eu não digo mais nada. Faça o que quiser...

Tyler ficou em silêncio, fitando o chão liso e limpo à sua frente. Afastou o braço do ombro de Patrick, e suspirou. Patrick conseguia fazê-lo se sentir mal. Conseguia convencê-lo de que estava acabando com sua própria vida, que por sinal, não era tão ruim assim. As outras pessoas só conseguiam implicá-lo. O alertavam sobre isso, mas sempre o olhando torto, e falando mal dele pelas suas costas. Mas Patrick não era assim. Era como um irmão – que ele nunca tivera – preocupado verdadeiramente com sua saúde.

- Foi mal – disse Tyler, por fim.

Patrick assentiu, sem tirar os olhos da tela da televisão que ficava instalada no alto de uma das paredes. A matéria sobre o acidente havia acabado, e passava agora os comerciais.

- Acha que o motorista devia ser preso? – indagou Tyler, tentando compensar a preocupação de Patrick.

O rapaz sacudiu a cabeça, franzindo a testa.

- Não – disse ele. – O motorista não. Mas a empresa que usava aquele andaime de forma negligente devia ser processada.

Tyler acenou com a cabeça, de forma pensativa, e eles ficaram em silêncio mais uma vez. Patrick assistindo à TV e Tyler dando uma sondada à sua volta.

Os professores Shawn e Lars haviam conseguido que embarcassem no próximo voo – o 467 da New Flying. Toda a turma de alunos do terceiro ano estava no aeroporto agora, aguardando a chamada para o embarque. Os bancos de espera estavam lotados, e havia ainda alunos em pé, nos banheiros ou comprando alguma coisa antes que chegasse a hora.

Pessoas caminhavam de um lado para outro, arrastando suas malas ou carrinhos, com suas próprias preocupações e indiferente aos alunos. Vozes femininas vindas do alto falante chamavam os passageiros de diferentes voos. Aviões subiam e desciam as pistas do Aeroporto de McKinley, com ruídos abafados, devido às janelas de vidro grosso e à chuva que desabava mais uma vez.

Tyler passou a mão pelos cabelos louros, e seus olhos seguiram uma garota que passava perto deles. Sorriu com malicia e assobiou, correndo os olhos por seu traseiro.

- Que gata, cara – comentou. – Será que em Tunner Beach tem gatas assim?

Patrick sorriu, com um ar de quem cedia à vontade de alguém.

- Aposto que sim – afirmou ele. – Lá tem praia e o clima é tropical. Sabe o que significa isso?

- Garotas naturalmente bronzeadas fazendo topless? – sugeriu Tyler, ajeitando a cueca deliberadamente.

Patrick assentiu.

- Só não sei se vamos ter a sorte de vê-las...

- Nem que eu fique dois dias em Tunner Beach e um dia em O’Reoy... Eu tenho de ver esse espetáculo.

Patrick deu de ombros.

- Mesmo se ficasse todos os dias em Tunner Beach – replicou ele. – A cidade tá enfrentando tempestades tropicais de grande escala. Apenas por um milagre teríamos a sorte de ver uma garota de biquíni na praia. Mas... a chuva não o impede de sair com elas.

- Ou dormir com elas – acrescentou Tyler, malicioso.

Patrick ficou em silêncio, apenas assentindo de leve. Encrenca a caminho.

Brenda Grigori estava vindo na direção deles. Patrick fitou a moça com um sorriso divertido. Tyler abafou a risada nervosa, enquanto uma praga quase inaudível escapuliu de seus lábios. O que fizera para merecer?

Brenda, que usava um top dourado e muito brilhante e uma calça de couro preta, parou de frente aos dois rapazes, com uma cara de quem não gostava do que via. Liu Wong observava a cena de longe, perto de Jessica, Phil e Claire.

- Oi Patrick – disse ela, sem olhá-lo. Seus olhos negros estavam fixos em Tyler. – Olá, Tyler – sua voz soou um tanto quanto ameaçadora.

- E aí, gata? – disse Tyler, sem qualquer emoção.

- É isso que vai dizer? – ralhou ela, ríspida. – “E aí, gata”?

Tyler encolheu-se, sem entender o que estava acontecendo.

- Que tem de errado? Você nunca reclamou antes!

Brenda ficou visivelmente furiosa ao ouvir aquilo. Sua pele escura corou ainda mais, enquanto sua boca tremia, tentando pronunciar xingamentos. Patrick teve de baixar a cabeça para não rir.

- Você é um cretino – dizia Brenda. – Um cretino!

- Calma, minha filha – retrucou Tyler, ainda sem emoção. – O que foi que eu te fiz, hmm?

A essa altura, Brenda conseguira chamar atenção de todos os passageiros que passavam por perto. Ela grunhiu alto, como uma criança birrenta, agitando os braços.

- O que você fez? Não seja cara de pau! Você sabe muito bem o que fez...

- E você não é mais minha namorada – cortou Tyler, frio e indiferente. – Nunca foi.

Brenda arregalou os olhos, como se tivesse levado um tapa na cara.

- Quer saber? – disse ela. – Quero que você e Britany Gilbert vão para o inferno! – dizendo isso, ela deu-lhe as costas, e saiu com passos pesados, em direção ao grupinho de meninas interesseiras, que olhavam para ela como se fossem seu filhotinho de pássaro que acabara de cair, ao tentar voar pela primeira vez.

Tyler riu, ao vê-la sair assim tão maltratada, sob os olhares de tantas pessoas.

- Essa não é uma má ideia! – exclamou ele, alto o suficiente para que Brenda escutasse. – Iríamos esquentar ainda mais aquele lugar!

Patrick desatou a rir, sem conseguir se conter. Ao seu lado, Tyler sorriu com triunfo, olhando para os lados como se quisesse dizer: “Viram só? Eu sou o cara”.

x-x-x-x-x

Perto de Jessica, Phil e Claire, Liu fuzilava Tyler com os olhos. Como ele podia ser tão babaca? E, pior... Como Brenda poderia gostar de um cara como ele?

Liu era louco por ela há séculos. Ela já estava careca de saber disso, mas não dava a mínima para ele. E Liu era um cara legal. Mais legal que Tyler ou qualquer outro cara do time de futebol. Pelo menos nunca usara drogas.

- Acha que eu devo ir conversar com ela? – indagou Liu, enquanto observava de longe Brenda ser consolada pelas amigas.

Phil e Jessica olharam-no sem saber o que dizer. Já Claire disse, em tom áspero:

- Claro que não! Liu, não perca seu tempo com ela. Ela não é boa o bastante para você...

Liu baixou a cabeça, pensativo. Então, assentiu.

- Você tem razão...

Claire sorriu.

- Sempre tenho.

x-x-x-x-x

Page Johnson e Paul Jackson estavam atracados em um único banco de espera. Ele estava montada sobre ela, e a beijava de modo obsceno, como se estivessem sós. Antes do barraco que Brenda armara, aquele era o casal que mais atraía a atenção de quem passava. Os professores estavam morrendo de vergonha, mas ninguém tinha peito bastante para repreendê-los.

Paul Jackson era o tipo de aluno problemático. Além da rebeldia explosiva, tirava notas péssimas, bebia incontrolavelmente e saía com qualquer uma que desse mole. No caso, Page Johnson era a bola da vez.

Ela era uma menina pequena, de curvas generosas, que entrara na escola há pouco mais de um ano. Tinha os cabelos arruivados e um rosto angelical. Mas Paul sabia mais que ninguém que aquilo era só fachada.

Ela odiava os pais, e achava que eles também a odiavam. Não estava disposta a ir para alguma universidade, como a maioria dos alunos. Tinha uma fantasia meio absurda de fugir com o namorado para a Europa e viver de amor, chocolate e artes plásticas góticas. Nisso ela era boa.

Enquanto Page o beijava no pescoço repetidas vezes, Paul deslizou as mãos pela linha de suas costas encurvadas, sentindo o desejo arder.

- Chega – disse ele, ofegante, sem de fato se afastar. – Chega ou não vou conseguir me conter naquele avião, e vou ter de descarregar sozinho.

Page mordiscou sua orelha, antes de se afastar para olhá-lo.

- Naquela droga de avião tem banheiros com espaço suficiente para nós dois, seu bobo.

- Mas isso acabaria com a sua reputação – disse Paul, com um sorriso travesso.

Page respirou fundo, ainda agarrada em seu pescoço. Olhou para as pessoas que os observavam, e deu de ombros.

- Quem se importa? Acho que minha reputação acaba aqui...

Paul sorriu, sendo beijado mais uma vez pela garota.

x-x-x-x-x

Às sete horas, todos foram embarcados no voo 467 da New Flying. Não chovia mais com tanta intensidade, e todos pareciam seguros quanto a viagem. Os alunos, principalmente.

Enquanto entravam no avião, Jessica não pôde deixar de notar um comportamento estranho nas pessoas que ficaram no aeroporto. Algumas pessoas entraram correndo, acompanhadas por policiais, e exclamavam palavras que a moça não conseguiu ouvir.

No entanto, ela se acomodou em sua poltrona, sem se importar. Estava mais preocupada em observar cada detalhe à sua volta. Mas, lá dentro, tudo estava diferente de como fora em seu sonho. Talvez porque em seu sonho, estava no voo 909, e não naquele. Tentava pensar que nada aconteceria, já que estava em outro avião. Não sabia porque, mas pensar assim parecia certo, além de deixá-la mais aliviada.

Phil tentava transmitir-lhe tranqüilidade. Abraçou-a durante todo o voo, que por sinal, fora bem calmo. A cada pequena turbulência, Jessica sentia o coração palpitar em seu peito. Mas nada que vira em seu pesadelo realmente acontecera. Estava tudo normal.

Foram uma hora e meia de viagem, até que chegaram à Tunner Beach. Lá também chovia muito. Mas agora, Jessica estava despreocupada e sentia-se uma tola por achar que seu pesadelo se concretizaria.

- Viu? – disse Phil, quando chegaram ao aeroporto. – Deu tudo certo.

- Me desculpe...

Antes que Jessica pudesse terminar o que ia dizer, seus professores ordenaram que todos ficassem reunidos em um salão de espera. Ali, os bancos eram mais sofisticados, e a TV era bem maior e exibia o noticiário em alta definição. Mas um número menor de pessoas circulava pelo aeroporto. E estas poucas eram sempre de aparência esnobe, com um olhar de superioridade intimidador.

- Ah – exclamou Claire, irônica. – Uma cidade inteira de “Brendas Grigoris”!

Jessica sorriu.

- Você é muito má.

- Me conta uma novidade – disse ela. – Ah, e a propósito, você percebeu que o avião não caiu?

Jessica sentiu o rosto corar de vergonha, enquanto forçava um sorriso.

- É, deu pra perceber.

Eles sentaram-se com os outros alunos, junto aos bancos. O professor Jamie Shawn explicava que iriam de iate de luxo para O’Reoy, e na noite seguinte, seria realizada a festa de formatura. Muitos alunos gritaram e aplaudiram. Jessica sorriu. E ia fazendo um comentário, quando ouviu o toque de seu celular vindo de dentro de sua bolsa. A menina abriu-a e tirou seu celular.

Era sua mãe.

- Oi, mãe...

- Jessica! Jessica!?

A voz de sua mãe estava histérica.

- Mãe?

- Jessica, você tá bem? – a mulher parecia estar em desespero. Jessica franziu o cenho, enquanto percebia Phil se enrijecer, preocupado, ao seu lado.

- Mãe, o que houve...?

- Minha filha! Ah, meu Deus, Jessica!

- Mãe, calma – disse Jessica, começando a se assustar. – O que está acontecendo?

O que se seguiu foi uma série de grunhidos que Jessica não conseguiu decifrar. Ela olhou para Phil, ao seu lado. Mas ele estava atento ao que passava na TV. Então, ela tentou continuar a conversar com a mãe.

- Mãe, aconteceu alguma coisa?

- Filha... Como você conseguiu? Você tá viva!

Jessica ficou surpresa com aquela observação.

- Estou mãe...

- Como? – ela estava chorando agora. – Jessica, como?!

- Mãe, se acalma e me explica o que está acontecendo.

A mulher continuou aos prantos. Ao seu lado, Claire murmurou alguma coisa. Jessica olhou para ela, e viu que a amiga também estava atenta à TV. Assim como a maioria das pessoas, aliás.

Jessica resolveu correr os olhos pela televisão, enquanto a mãe se acalmava. De início, não percebeu nada muito alarmante. Apenas o noticiário. Mas isso mudou, quando leu o que a legenda branca dizia.

Sentindo o chão desabar sob ela, a moça teve de reler algumas vezes aquela mensagem, para que seu cérebro processasse de forma correta. Não podia ser! A moça fechou os olhos com força, engolindo em seco, e tornou a abri-los. Mas a legenda continuava ali:

Confirmado: voo 909 da New Flying cai minutos após a decolagem, devido à uma forte turbulência”!