Filho Da Guerra: Um caso De Andrey Z.

Capítulo 6 : O que me diz doutor?


As 11h30min saíram da mansão. Enquanto o Doutor Donaldson se encaminhou ao necrotério, Andrey, Petrovisk e o Soldado almoçaram num restaurante do centro. Logo após Andrey tomou um táxi até a clinica do Doutor Lidway, onde foi recebido por um homem que aparentava usar peruca, com um metro e meio, grandes olheiras e que trajava um jaleco branco.

-- Boa tarde Doutor sou Andrey Zyrmytrov e estou trabalhando no caso de seu finado cliente,Conde Sunderland.

-- Boa tarde? Só se for para você. Pelo que vejo você é Russo e desde já te aviso que não gosto do seu país e muito menos de seu povo, por mim Hitler poderia aniquilar todo o seu maldito território que eu nem daria falta, e mais só vou contribuir com você porque não quero problemas com a lei, então trate de ser breve, porque meu tempo é curto e já não sou mais tão jovem quanto você e um minuto para mim é vital – Disse o Doutor demonstrando nítida insatisfação com a visita de Andrey.

-- O senhor é bem direto, gosto de pessoas assim. Poderia me dizer se o Conde tinha algum problema de saúde? – Tentou continuar o jovem, após pensar duas vezes e não partir para cima do médico ancião.

-- Problemas era o segundo nome daquele homem. Deixe me ver, ele tinha reumatismo, usava peruca, começo de perda de memória, quase invalido fora as pílulas para dormir, porque tinha insônia crônica.

-- Pelo jeito o senhor tinha muito trabalho.

-- Sem duvida que sim. Nunca vi velho mais chato, pelo menos pagava muito bem.

-- Notou se nesses últimos dias ele se queixou de alguma dor diferente?

-- Para falar a verdade sim, ele se queixou de náuseas, dor de cabeça e sonolência.

-- Muito bem Doutor é só isso, muito obrigado.

-- Não vou falar que foi um prazer porque não foi, mas já que fui requisitado.

-- Só uma ultima pergunta. Tem um palpite sobre o assassino?

-- Posso estar enganado, mas acho aqueles empregados muito estranhos, mas é claro são estrangeiros, não sei se lhe falei, mas não gosto de estrangeiros.

-- Obrigado. Tenha um bom dia – Disse Andrey apertando a mão do médico.

Após isso Andrey fez sinal para um táxi e indicou a casa do Capitão Petrovisk. Ao chegar encontrou a jovem Alice no jardim.

-- Se me permite e não se incomoda poderia fazer-lhe companhia? – Perguntou Andrey com receio.

-- É claro, será um prazer – Respondeu a jovem passando a mão pelos loiros cabelos. – Está gostando de Londres?

-- Pelo pouco que vi é uma cidade maravilhosa, pena que não sobrou muito tempo para conhecer melhor.

-- Quando tiver a oportunidade te levo para dar uma volta – disse Alice com ênfase.

-- Olha que eu cobrarei.

-- Esperarei pela oportunidade.

-- Lamento não poder conversar, mas tenho que falar com seu pai.

-- Tudo bem, te vejo no jantar – Disse Alice vendo Andrey se dirigir rápido para dentro de casa.

-- Capitão, Capitão, onde está o senhor? – Gritou Andrey.

-- Aqui Andrey, na biblioteca – Respondeu uma voz no fim do saguão.

-- Conversei com o médico do Conde – Disse Andrey se acomodando em uma poltrona em frente o Capitão.

-- E o que ele lhe disse?

-- Quase que não falou, o sujeito é extremamente rude e antipático, não sei como não me bateu. Mas me confirmou uma coisa: o Conde Sunderland vivia a base de calmantes e pílulas analgésicas, e agora só me falta uma palavra do Dr. Donaldson.

-- Muito bem, marquei de fazermos o desjejum aqui lá pelas nove, pode aproveitar e falar com ele - Disse Petrovisk fechando um livro.

-- Por mim tudo bem – Disse Andrey se levantando.

-- Só mais uma coisa Andrey, conversei com seu pai hoje. As coisas não vão bem para a 4ª Companhia do Regimento Vermelho Soviético, estão na Polônia enfrentando uma nevasca sobrenatural. Se a nevasca baixar dentro de três dias estarão se encaminhando para o sul da Alemanha.

-- Fico feliz por saber que papai está bem, apesar da neve, confio no potencial dele, sei que dará tudo certo. Se me da licença estou muito cansado, vou me retirar para o meu quarto.

-- Perfeitamente o acordarei as oito para o jantar.

Andrey se retirou para o quarto e em poucos minutos adormeceu, dormiu por horas, até que acordou depois de ouvir um grito que vinha de longe, desceu as escadas correndo e encontrou Petrovisk com uma carta nas mãos e ao lado de Helena abraçada com Alice.

-- Desculpe, mas o que acontece aqui? – Perguntou Andrey espantado.

-- É Andrey, temos problemas. Fui chamado para liderar uma tropa Americana na França, sabia que mais cedo ou mais tarde seria requisitado – Disse Petrovisk com a carta que tremia em suas mãos.

-- Por Deus Capitão e sua família e as investigações?

-- Andrey parto para Paris amanhã de manhã e você terá que tomar as rédeas da situação, pelo menos por enquanto. Deixarei ordens ao soldado para lhe servir no que for preciso, e desde já aviso a você minha filha e a você Helena que respeitem Andrey assim como me respeitam – Disse o Capitão olhando firmemente para Andrey.

-- O senhor deve estar enganado Capitão, não sei se posso.

-- Garoto você é um homem, e como todos nasceu para liderar e apara assumir responsabilidades, me entendeu? Agora essa família é sua família.

-- Sim senhor, pode confiar não o decepcionarei.

-- Assim que é bom. Vamos jantar e esquecer pelo menos por um momento de tudo isso.

Como esperado o jantar foi todo em silêncio, todos mal tocaram na comida e após alguns minutos o Capitão se retirou para arrumar as malas.

-- Andrey o que faremos? Nunca papai foi para uma batalha tão importante. Como sempre a maldita guerra, os malditos Nazistas e os malditos Comunistas... – Mal pode terminar a frase Alice caiu em prantos.

-- Alice, Alice, não adianta acharmos culpados, há esta hora só nos resta assumir essa responsabilidade e esperarmos a volta de seu pai – Disse Andrey abraçando a jovem.

As onze todos já haviam se deitado e às cinco da manhã estavam se despedindo de Petrovisk.

-- Não me decepcione Andrey – Falou o Capitão apertando a mão do jovem Russo.

-- Sem duvida farei o meu melhor senhor.

-- E você Helena, cuide de nossa filha e não hesite em pedir ajuda a Andrey, convenhamos o menino tem talento – Disse o Capitão beijando a esposa.

-- Minha filha, por favor, não chore,eu prometo que logo voltarei,confie em seu pai – Disse abraçando a filha.

Ao terminar de falar um carro com os símbolos do governo parou em frente à mansão e um homem fardado fez sinal a Petrovisk, que se despediu de todos e seguiu em direção ao carro que o esperava do lado de fora.

-- Agora somos somente nós e mais ninguém – Disse Andrey como se estivesse longe.

-- Sei que está bem cedo Andrey, se preferir voltar para a cama não se incomode – Disse Helena pondo a mão no ombro de Andrey.

-- Obrigado Dona Helena, mas tenho umas cartas para escrever e as nove se não me engano Dr. Donaldson vêm para o café e preciso muito falar com ele, além do mais não conseguirei dormir novamente.

-- Se me permitem, voltarei para cama, mas me acordem para o café – Disse Alice enxugando as lágrimas.

-- Eu também voltarei a dormir, pelo menos tentarei – Disse Helena subindo as escadas.

Andrey se encaminhou para a biblioteca e começou a escrever algumas cartas, mas foi vencido pelo sono e adormeceu com o rosto na mesa.

--Sr. Andrey, Sr. Andrey! – Gritava a empregada para o jovem que se encontrava debruçado na mesa.

-- Ah, ah... O que foi, quem é?—Disse Andrey mais dormindo que acordado.

-- Senhor Andrey já são quinze para as nove, logo o café será servido, acorde.

-- Claro, claro, obrigado Rose – Agradeceu Andrey a empregada.

Em minutos Andrey estava na mesa e ali se encontravam Helena, Alice e Dr. Donaldson.

-- Bom dia para os presentes, desculpe o atraso – Disse Andrey tomando o lugar costumeiramente ocupado por Petrovisk na mesa.

-- Imagine, eu sei como é difícil o fuso-horario – Disse Helena sorrindo para Andrey.

--Desde já dou os meus lamentos pela partida de Petrovisk; sei como é difícil ser surpreendido assim – Disse Dr. Donaldson passeando os olhos por todos na mesa.

-- Obrigado doutor, mas sei que ele voltará logo, afinal à guerra não durará para sempre – Respondeu Helena.

-- Doutor depois do café eu gostaria de lhe falar, tudo bem? – Perguntou Andrey a Donaldson.

-- Claro, também tenho novidades para lhe contar.

Tomaram café e deram muita risada até que pouco a pouco foram saindo um a um da mesa até restarem Donaldson e Andrey.

-- Dr. Ontem falei com o médico do finado Conde e ele me relatou que apesar do defunto ter inúmeros problemas de saúde, nos últimos dias de vida ele apresentava ainda mais problemas, tinha sintomas típicos de...

-- Envenenamento? – Disse o Dr. Donaldson completando a frase do jovem Russo – Olha que situação engraçada meu jovem, semana passada chegou uma nova maquina de toxicologia no laboratório e entre outras funções ela rastreia todo composto que se encontra no corpo da vitima, desde água até o mais imperceptível veneno,e ontem os resultados da autópsia do Conde chegaram,adivinhe positivo para miligramas de arsênico, quase imperceptível, mas o suficiente para matar se fosse ingerido quase que diariamente.

-- O Conde ingeria pílulas analgésicas e calmantes diariamente. Então é oficial: “O Conde foi envenenado”. Mas quem?Quem armaria todo aquele teatro dando a impressão de que a morte foi a facadas?—Perguntava Andrey.

-- Com certeza foi uma pessoa muito astuta, envenenou aos poucos e depois disfarçou tentando atrair a atenção de todos com um crime bárbaro e chocante.

-- Algo me diz que voltaremos à mansão Sunderland, ligarei para o soldado para levar-nos até lá.