Killian olhou de Emma para Regina esperando que uma delas falasse que aquilo era uma brincadeira, mas isso não aconteceu.

— Amor verdadeiro? O que vocês querem dizer com isso? Emma e eu somos amor verdadeiro, Lottie é fruto desse amor como a maldição não foi quebrada quando reencontrei Emma? – Killian fez a enxurrada de perguntas e Emma e Regina se entreolham antes de Emma responder.

— Por que Charlotte também tem que estar com o seu amor verdadeiro, se nós duas dermos, ao mesmo tempo, um beijo em nossos amores verdadeiros a maldição irá se quebrar…

— Mais? – Killian, mesmo atordoado com o que acabara de escutar, percebeu pelo olhar de Emma que tinha mais.

— Se fizermos isso antes dos quinze anos de Charlotte a maldição se acaba instantaneamente, já se fizermos depois… o risco de perdemos Charlotte é enorme. – Emma continua com receio e temor na voz.

— Perdemos Charlotte? – Killian indaga com a voz falhando em só pensar naquilo.

— A maldição da memória é muito poderosa…, ela faz a pessoa ir definhando até que… – Emma se interrompe não conseguindo continuar.

— Ela vira um vegetal. – Regina finaliza o que ela iria falar.

— Então temos que achar o amor verdadeiro de Charlotte. – Killian conclui, seu corpo cambaleia para trás acabando por cair sentado na cama improvisada de Emma. – Nossa filha viveu a vida inteira dentro da Jolly… ela não encontrou ainda o amor verdadeiro… ao menos que…, Miguel!

Regina solta uma gargalhada alta.

— Não nem pensar. – Regina afirma, ainda rindo.

— Ora, do que está rindo? É totalmente possível, Miguel é o único rapaz que Lottie conhece da idade dela. – Killian replica meio incomodado pelo divertimento de Regina.

— E se o amor verdadeiro dela for mais velho, gênio? – Regina retruca.

— Impossível, todos os marujos do navio tratam Charlotte como se fosse filha deles! – Killian exclama como se Regina tivesse enlouquecido. Ela ia responder algo, mas foi interrompida por Emma.

— Chega vocês dois. – Emma disse, dirigindo seu olhar para Regina em seguida. – Como sabe que Miguel não é o verdadeiro amor de Charlotte?

— Primeiro, por que não iria ser assim tão fácil, nada para a família encantado e agregados é fácil. E segundo, porque eu conheço os dois o suficiente para saber que não existe sentimento romântico nenhum ali. – Regina explica. – Miguel é apenas o melhor amigo de Charlotte.

— Então como vamos saber quem é o verdadeiro amor dela? – Killian disse desolado, não enxergando uma saída.

— Pó de fada. – Regina declarou. – Foi assim que aquela coisinha com asas me fez conhecer Robin.

— Ótimo, e onde conseguimos isso? – Killian

— Você faz perguntas demais, capitão, já pensou em você mesmo ir atrás das respostas? – Regina falou, implicando com ele de propósito.

— Regina… – Killian começa, mas Emma o corta com o olhar.

— Eu tenho um pouco. – Emma disse, fazendo Killian e Regina olharem de imediato para ela. – Foi uma das coisas que conseguir trazer comigo no dia em que fugi para cá.

— Está bem, e agora? O que faremos? – Killian

— Agora precisamos de uma fada. – Regina informou. – Será mais eficaz se uma daquelas coisinhas fazerem por nós.

— Hoje à noite chamarei pela fada azul. – Killian decidiu se deitando na cama de Emma. – E ficarei com vocês até o anoitecer.

Regina abre a boca para dizer algo, porém Emma a corta com o olhar e se aproxima do marido, deitando ao seu lado e o abraçando.

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Enquanto isso na Jolly Roger…

Charlotte ficou a noite toda com os pensamentos vagando entre a maldição que dividia com a mãe e tudo o que aconteceu no baile, esse último sempre se voltando para ele, o estranho. Mesmo assim acordou cedo aquela manhã.

— Onde está meu pai? – Charlotte pergunta ao chegar no deque e ver que seu pai não se encontrava por ali.

— Saiu com Regina, eles foram ver sua mãe. – Smee responde.

— Oh... certo. – Charlotte falou, um pouco desconcertada pela menção da mãe. Ela avistou Miguel e se aproximou dele. – Hey, eu estive pensando…

— Aí, já sei que vou me encrencar por causa disso. – Miguel lamenta.

— Fica quieto e me escuta. – Charlotte pede com um sorriso travesso surgindo em seu rosto. – Eu estava pensando em darmos um passeio pelo reino dos cisnes, sabe? Como fazermos com os outros reinos que visitamos.

— Não acho que seja uma boa ideia, Lottie, você sabe muito bem que esse não é qualquer reino. – Miguel argumentou. – Além disso, seu pai pediu para ficarmos no navio, talvez isso não signifique nada para você, mas dessa vez você disse que iria obedecer ao seu pai.

— É eu disse, mas, o papai não está no navio e vai demorar horas para voltar a Jolly, então temos muito tempo. – Charlotte replicou. – Ele nem vai perceber que saímos.

— Ah é, espertinha? E quanto a Smee e meu pai? Eles são encarregados de ficar de olho na gente.

— Eles vêm com a gente. – Charlotte disse despreocupada. Miguel olha para ela totalmente surpreso, Charlotte o devolve um olhar de serenidade.

— O que? Você pensou que iriamos andar sozinhos por aí? Esse reino é muito perigoso para mim, Miguel. – Charlotte fala, ele olha para ela pasmo.

— Mais você… deixa para lá, como você sabe que eles vão com a gente?

— Fácil, por causa da nossa péssima fama de ir mesmo que eles digam que não. – Charlotte resolve.

— Você tem razão, eles vão concordar. – Miguel finalmente se rende.

— Smee, João, vocês querem ir com a gente dar um passeio pelo reino dos cisnes? – Charlotte os questiona, Smee e João se entreolham derrotados enquanto Charlotte esperava sua resposta com um sorriso.

— Está bem, Lottie, mas voltaremos logo e com uma condição, nada de chamar muita atenção. – Smee a respondeu com seriedade.

— Está tudo bem, colocarei o feitiço de camuflagem na gente. – Charlotte faz um movimento com a mão e o feitiço estava feito. Com mais um outro movimento de mão, ela faz uma capa surgir em seu corpo.

— Vamos, estou ansiosa para conhecer meu reino. – Charlotte os apressa já se dirigindo para fora do navio.

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Estar andando pelas ruas de seu reino pela segunda vez, definitivamente, não era igual a andar pela primeira, Charlotte tinha cada vez mais certeza disso ao sentir a raiva subir ao ver cada lugar e pessoa debilitada por conta de Henry, ela simplesmente não conseguia entender o que tinha acontecido ali. “Como Henry pôde?” A pergunta não parava de surgir em sua mente. Ela lançou um olhar para Smee e o ver abatido pela primeira vez em sua vida, ela conseguia entender o porquê, aquele lugar em outrora fora a casa dele, ele andava à frente deles, com a cabeça um pouco abaixada e falando pouco, João e Miguel tentavam animar os outros dois.

— Vamos, Lottie, você mesmo pediu o passeio. Essa não é a Charlotte que eu conheço. – Miguel dizia quando pararam em uma barraca de guloseimas e esperavam Smee e João voltarem da fila.

Charlotte olhou ao redor, observando aquelas pessoas deprimidas. Seu olhar recai sob um homem com um violão, uma ideia surge em sua mente.

— Você tem razão, Miguel…, eu tenho uma ideia. – Charlotte falou e sem dizer mais nada, ela se dirige para o homem com o violão. Miguel a observa de longe pedindo o objeto para o homem, que a entregou.

— Tome, já sabe o que fazer. – Charlotte o entregou o violão com um sorriso. Ele não estava entendo muito bem o que ela queria fazer, mas sabia o que ela queria que ele fizesse ao lhe entregar aquele violão.

Quando Miguel começou a tocar uma melodia animada, ninguém ao redor prestou atenção de imediato, foi apenas quando Charlotte começou uma dança animada na qual ela batia palmas e os pés ao mesmo tempo em que rodopiava em alguns momentos, que algumas pessoas começaram a formar um círculo ao seu redor, observando-a. E como se a graça de dançar sozinha tivesse acabado, Charlotte começou a puxar as pessoas da plateia para que dançassem também e ela os contagiou de tal maneira que logo o lugar onde estavam se encheu de pessoas dançando ao som, não só de Miguel agora, outros músicos se juntaram a ele, transformando o lugar em uma pequena festa. Charlotte havia conseguido o que queria, animar ao seu povo, feliz ela já não se concentrava em seus problemas e de que não deveria ter chamado atenção, estava apenas feliz.

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Ele andava pelos arredores do reino junto com sua irmã e cunhada, quando as suas atenções foram aguçadas por música e incrivelmente o som de algo que não escutavam a muito tempo… risadas.

Decidiram se aproximar, seguindo o som. Ao chegarem ao local, viram o povo do reino dos cisnes dançando alegremente sendo liderados pelo que parecia por uma garota que era a que mais dançava. Ele franziu o cenho, tentando enxerga-la melhor e abriu um sorriso ao ver o conhecido colar com pingente de cisnes no colar da moça que dançava.

— Me esperem aqui que já volto. – Ele avisa para as outras duas antes de se afastar, elas nem o deram ouvidos pois estavam admiradas demais com o que estava acontecendo.

Ele se misturou com o resto da população até chegar nela e, no meio de um passo de dança, seus corpos se chocaram e agora eles dançavam juntos, Charlotte o olhou atordoada e arregalou os olhos ao reconhecê-lo.

— É você mesmo, não é? A moça do sorriso bonito.

— Como você me descobriu? – Charlotte indagou confusa.

— O colar… vamos para um lugar mais privado. – Ele chamou, levando-a ainda dançando para um canto mais reservado. Ele então analisa o rosto dela e comenta. – Eu preferia você com seu rosto real.

— Como você sabe se aquele era o real? – Charlote sorri.

— Touché… foi você que começou tudo isso? – se referindo à música e a dança.

— Sim. – Ela abriu um sorriso orgulhoso.

— Animou essas pessoas.

— Era essa a intenção.

— Você é maravilhosa – Ele a elogia com os olhos brilhando, Charlotte cora ao ouvi-lo.

— Obrigada… – Ela sussurra.

— O que está fazendo aqui? Não está sozinha está?

Charlotte franze o cenho estranhando a pergunta.

— Estou acompanhada, pode ter certeza disso. – Charlotte o responde com receio, ele nota isso em seu tom de voz.

— Não precisa ter medo de mim, lembra-se? Estamos do mesmo lado. – Ele fala. se aproximando o suficiente dela para que apenas ela escutasse o que ele queria falar.

— Ainda não sei com total certeza se posso confiar em você.

— Entendo, afinal você me chama...

— De bonito estranho, estranho para encurtar. – Charlotte completa a frase dele com um sorriso. – Eu preciso voltar para lá, antes que enlouqueçam se não me acharem.

Ela ia se afastando, mas foi parada por ele sendo segurada pelo pulso.

— Quando irei vê-la novamente? – Ele pergunta com o rosto sério, Charlotte sorri.

— A gente se esbarra por aí. – Charlotte se aproxima e o beija rapidamente na bochecha. – Até mais, estranho.

E sai, sem esperar alguma resposta dele.

— Até mais. – Ele diz para o nada.

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À noite, na floresta do reino dos cisnes, esconderijo de Emma…

Assim que anoiteceu, killian chamou pela fada azul através da estrela mais brilhante, ela não demoraria a chegar.

— Me chamaram? – A fada se fez ouvir, transformando-se para o tamanho deles, seus olhos pousam em Emma. – A quanto tempo, majestade.

— Azul, precisamos de sua ajuda. – Killian quis ir direto ao assunto.

— Em que posso ajudar? – Azul se mostra solicita.

— Descobrimos que a solução para quebrar a maldição de Emma e Charlotte é o amor verdadeiro. – Killian começou a tentar explicar.

— A magia mais poderosa. – Azul comentou.

— Sim, então nós sabemos quem é o amor verdadeiro de Emma… – Killian continuou.

— Queremos saber quem é o de Charlotte. – Regina terminou.

— Oh… está bem… e onde está a garota? – Azul questiona, Regina, Emma e Killian se entreolham.

— Ela não está aqui. – Regina diz.

— Está na Jolly. – Killian

— Eu só posso fazer o feitiço do amor verdadeiro com a presença da menina, sem ela aqui não tem como funcionar. – Azul explica.

— Não podemos aproxima-la de Emma. – Killian replica.

— Me levem até a Jolly e poderei…

— Não tão rápido…, queridinha.

Por um momento todos gelaram ao escutar aquela tão conhecida voz, mas logo reagem. Killian empunhou sua espada e se colocou na frente de Emma, Regina o olhou cheia de raiva e a fada azul continuava observando a situação com ar sério.

— Crocodilo! – Killian disse ríspido. Rumple solta uma de suas risadinhas.

— Olá, capitão, a quanto tempo!

Eu disse que não seria nada fácil…