Verdades

– SOLUÇO! – Astrid gritava, segurando um machado e correndo pelos gramados da propriedade. – Volte aqui, seu cachorro comedor de ratos!!

Rapunzel e Jack acharam melhor esperar a garota se acalmar protegidos pelas arvores.

Soluço por sua vez corria como se sua vida dependesse disso. Os cabelos castanhos estavam encharcados de suor, assim como seu rosto.

Logo a frente ele viu a casa e suspirou aliviado. Quase lá.

Entrou tempestuosamente na cozinha, assustando Merida que estava comendo uvas sentada na bancada. Ela desceu com um pulo e começou a questionar o garoto sobre o por que de toda aquela afobação quando o grito de Astrid penetrou seus ouvidos.

Imediatamente, os pelos de seu braço se eriçaram com medo.

– Resumindo. Eu disse a ela que queria terminar. Que estava confuso no momento e ela, bem, ela não gostou nada.

A ruiva mal conseguiu controlar a explosão de felicidade que aconteceu em seu coração. Agarrou o garoto pela camisa e o empurrou dentro da despensa.

– Esconda-se ai ate que ela vá embora. – Ela começou a falar, mas ele a interrompeu:

– Não, ela vai querer te matar também. – Dizendo isso, ela a puxou para dentro e trancou a porta.

Atraídos pelo barulho, ambos, Elsa e Flynn desceram, expressões preocupados em suas faces.

– O que esta acontecendo? – O rapaz perguntou para a cozinha vazia. Mas não por muito tempo.

Astrid entrou pisando duramente nos ladrilhos, rosto vermelho e suado e machado em riste ao lado do corpo.

– Onde ele esta? – Ela exigiu, se esquecendo das boas maneiras. Elsa franziu as sobrancelhas, considerando se deveria trata-la com educação ou não. – SOLUÇO!

Raiva se traduzia em cada silaba que deixava seus lábios e, não podendo mais conter a curiosidade, Flynn pediu a ela que se explicasse.

Enquanto Elsa preparava um copo com açúcar, a loira sentou-se, menos agressiva, em uma das cadeiras.

Soluço e Merida, que estavam com as orelhas grudadas na porta, ouviam as palavras da garota atentamente.

Astrid então começou a contar que Soluço aparecera á sua porta e, nas palavras dela, se embolara completamente com desculpas e bobagens ate que ela o forçou a ir direto ao ponto.

E foi ai que ele deixou tudo sair. Falou que estava confuso e que queria terminar. Na cabeça dele, a frase deveria ter saído educada, continuava a loira, mas para ela foi como um tapa na cara.

– E eu disse que não aceitaria o termino a não ser que ele me desse uma boa razão.

– E o que ele disse? – Elsa perguntou, ajoelhando-se á frente da garota e olhando em seus olhos molhados de lagrimas.

Astrid tomou um longo suspiro indignado antes de responder, despejando veneno e desprezo e magoa em suas palavras:

– Ele disse que... Disse que, ah! – Ela jogou as mãos para o alto. - Disse que descobrira sentimentos a muito esquecidos pela ruivinha.

Houve um silencio constrangedor no qual ninguém parecia capaz de pensar em algo para consolar a garota, que agarrava o cabo do machado violentamente.

Enquanto isso, Merida tinha parado petrificada ao lado da porta, sentindo o coração martelar e os pelos de seu braço se arrepiarem toda vez que roçavam com os de Soluço.

Ele por sua vez tinha a boca seca. Sem conseguir olha-la nos olhos, ele fixava os olhos verdes em um ponto qualquer da despensa, como se o pacote de farinha de repente tivesse se tornado a coisa mais interessante do cômodo.

Merida não podia acreditar.

Soluço sentia algo por ela. Realmente sentia, não era apenas impressão sua.

Mas então, por que ela se sentia tão mal e ao mesmo tempo tão bem?

Os cachos ruivos deslizaram de suas costas para pender ao lado de seu rosto.

O moreno desviou seus olhos da farinha e a observou, encantado. Como não tinha notado antes o que sentia?

A pausa silenciosa foi rompida por Elsa, que estava, um tanto irritada, dando conselhos para a adolescente.

– Escute Astrid, você tem que seguir em frente. É uma garota esperta e aposto que já tinha notado o comportamento estranho de seu namorado á muito tempo, certo?

A loira concordou, olhando para o chão. Flynn, seguindo o raciocínio da namorada, disse:

– Olha, ameaça-lo com um machado certamente não é a melhor maneira de reatar.

Os três do lado de fora riram, quebrando um pouco a tensão.

– Mas, - Flynn continuou, rindo e secando uma lagrima de um dos olhos. – Você realmente quer reatar?

Soluço pressionou a orelha ainda mais contra a madeira, sua respiração curta e rápida.

Silencio. Por tanto tempo que o garoto achou que eles tinham se levantado e ido para outro lugar quando a voz baixa e insegura de Astrid disse:

– Bem... Eu, olha, não é que eu deixei de gostar do Soluço, mas, eu tenho notado, mesmo antes de vir para as férias, que ele não é exatamente meu tipo.

– Espera, o que? – Elsa falou e Merida podia quase ver a expressão confusa em seu rosto.

– Eu achei que um tempo relaxante com ele ia resolver, mas... Não resolveu. Ele é fofo e um namorado incrível, eu só...

– Não o ama. – Flynn e Elsa completaram por ela, fazendo com que mais uma vez um silêncio constrangedor caísse sobre a sala.

Soluço estava zangado. Sabia que era a mais completa maluquice e que ele não tinha o direito de estar, mas ele não pode evitar.

Mesmo antes de vir para as férias, as palavras ecoaram na cabeça dele, como um alarme de carro.

Merida tocou o ombro dele suavemente. Ele virou-se e encarou os olhos azuis envolvidos em sombras. Um pouco da raiva desapareceu de dentro de seu peito.

A conversa prosseguira e uma Astrid, parecendo muito mais calma saiu da casa, o som de seu machado causando arrepios nos dois dentro do armário.

Flynn parecia alarmado.

– Isso foi, uau! – E acrescentou, veloz. – E por favor Elsa, nunca me ameace desse jeito.

A jovem respondeu que o jeito dela seria muito pior se algum dia isso acontecesse entre eles.

Soluço e Merida finalmente abriram a porta, notando que o sol já afundava no horizonte.

– Então... – O garoto começou, incomodado que a escuridão da despensa não estivesse acobertando seu rosto vermelho.

Merida abriu a boca para dizer algo, mas nesse momento, Jack e Rapunzel entraram na cozinha. Ambos estavam ligeiramente rosados no rosto, mas estranhamente sorridentes.

– O que aconteceu com vocês? – Elsa perguntou, não especificando exatamente a qual dos casais esta se referindo.

– Nós, ahn, é... – Você estava esperando respostas coerentes? Bem, nenhum dos quatro tinham. Talvez a historia de Jack e Rapunzel fosse menos constrangedora que a da ruiva e do moreno, mas eles tampouco explicaram.

– Ok, chega. Rapunzel, Picolé, subam. Eu quero ter uma conversa seria com Soluço. E você também Merida. – A jovem mais velha acrescentou, vendo que a garota tentava escorregar para longe da cena.

Flynn observou a namorada no momento assustadoramente autoritário e um tanto maternal. Seu coração se aqueceu um pouco ao pensar em Elsa como mãe. Mas então as palavras severas dela chegaram a seus ouvidos e ele afastou os pensamentos para longe.

– Pode começar. O que é que aconteceu entre vocês?

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