Estratégias

– Nada! – Ambos disseram, não sabendo como responder a pergunta. Elsa cerrou as sobrancelhas. Estavam dizendo a verdade, mas ainda assim pareciam estar escondendo algo.

– Esta bem. Olhem, eu vou pedir que vocês sejam completamente sinceros agora, para acabarmos com essa confusão de uma vez. Vocês sentem o que eu acho que sentem um pelo outro?

A pergunta fora feita tao rápida, que o cérebro dos dois demorou a reagir. Merida abriu a boca para falar mas Soluço a interrompeu, fazendo com que as palavras dela fossem ecos das dele.

– Sim.

Ao contrario do que eles acreditavam, que Elsa estaria feliz ou no mínimo aliviada com a confissão rápida, ela parecia muito mais zangada.

– Caramba! – Ela bateu com as mãos do lado das pernas e virou-se de costas para os dois.

Flynn acabou por fazer a pergunta muda da namorada.

– Entao por que demoraram tanto para admitir?

Merida entrou em modo defensivo imediatamente.

– Ora, eu achei que ele gostasse da Astrid, e eu não ia me expor ao ridículo correndo atrás de um homem.

Soluço sentiu-se magoado. Culpado consigo mesmo. Se ao menos ele tivesse sido mais corajoso, ele não teria machucado nenhuma das duas. Mas as palavras da ruiva também o fizeram sentir raiva.

– Mas e antes de eu namorar Astrid, por que você nunca falou nada do que sentia?

– Por que você não falou?

Medo? Quem sabe. Orgulho. É, provavelmente.

Merida tinha os olhos cheios de lagrimas, mas não chorou. Não iria chorar. Soluço tinha a expressão mortificada. Tanta complicação que poderia ser evitada.

Deu um passo em direção a ela, incerto, com medo de que ela se afastasse. Mas ela permaneceu parada. Aqueles olhos azuis pareciam desafia-lo, instiga-lo, brilhando como luzes em uma noite sem lua, mostrando o caminho seguro. O caminho para o lar.

Mas dois passos, e seus braços estavam em volta das costas e cintura dela. O casal mais velho tentou sair silencioso do cômodo. Não que isso realmente importasse. Nenhum dos dois estava prestando atenção.

Merida olhou para cima, encarando o rosto bronzeado do garoto e alcançou os lábios dele na ponta dos pés. Ele fechou os olhos ao sentir a pele macia contra a sua, o calor suave que esta emanava.

E finalmente, sem sentimento de culpa no caminho, os dois se entregaram a um beijo cheio de paixão contida durante tanto tempo. As mãos grandes de Soluço pressionaram o corpo da garota contra o seu e ela enlaçou os dedos em seu cabelo e pescoço.

Poetas costumam dizer que um beijo contem mais pensamentos e palavras que alguém poderia algum dia explicar. Bem, se você estivesse assistindo esse beijo, talvez concordasse com eles.

Mas, como é de praxe, tudo o que é bom, dura pouco, de preferencia sendo interrompido por alguém.

A voz alta e maliciosa de Jack soou em seus ouvidos quando eles se separaram.

– Francamente, em publico passarinhos apaixonados?

Ele talvez tivesse se safado dessa, mas o amigo notou sua mão segurando a da loirinha.

Jack ouviu a gargalhada dele antes que o moreno sequer abrisse a boca.Merida saltitou ate Rapunzel, dançando ao redor da amiga muito vermelha.

Apesar ta tensão na casa ter diminuído significativamente, as coisas não estavam nem perto de se acalmar. Na cidade, mais tarde naquela noite, Astrid colocava seus pensamentos em ordem. Desabafar com Elsa e Flynn havia sido ótimo, mas a irritação ainda não a deixara por completo.

Hans, que estivera bebendo silenciosamente do outro lado do bar notou a expressão frustrada da loira. A trança dela estava desfeita e bagunçada, mas a semelhança com o cabelo de Elsa ainda o perturbava.

Já havia algum tempo, desde quando descobrir da presença da ex namorada na cidade, ele vinha trabalhando em uma estratégia. Ele a queria de volta, pra valer. E ele tinha certeza de que ela ainda nutria sentimentos por ele.

Mas como fazê-la largar o idiota do Rider?

Enquanto ponderava, Heather, prima de Astrid adentrou o recinto. E, como uma lâmpada acendendo em cima de uma idéia genial, ele finalmente encontrou a resposta para seus problemas. Levantando-se rápido, ele interceptou o caminho da garota antes que ela chegasse perto da prima.

As sobrancelhas da garota se juntaram em confusão.

– Hans? Qual o problema?

– Oh nada. Mas eu preciso conversar com você sobre algo. Me acompanha?

O modo cavalheiro com que ele se dirigia a ela fez com que a garota o seguisse, um pequeno sorriso em seus lábios.

Assim que se sentaram contudo, ela foi direto ao ponto.

– Então, do que isso se trata? – Ele apenas riu do seu lado da mesa, olhando a fixamente com astutos olhos verdes.

– Se trata minha querida, de acabar com algumas relações por aqui. Sei da sua atração por Flynn Rider. – Ele sorriu de canto quando ela corou.

– E-eu não...Mas ele tem uma namorada e, - Hans se inclinou e colocou uma de suas mãos sobre a dela.

– Heather, - Ele era bom e sabia disso. Com a voz mais parecendo um ronronar macio, ele continuou: - Isso pode ser concertado.

Apesar de não quere admitir, a morena ficara interessada no que ele tinha a dizer.

E, enquanto a noite seguia e mais pessoas iam e vinham, ele explicava para a garota exatamente o que ela teria que fazer. E, ate o final da conversa, ela tinha sido convencida a participar do plano de Hans.

De volta a nossa casa compartilhada, era noite de esconde esconde. Todos eles estavam preparados para correr assim que Merida, que havia perdido no palitinho, começasse a contar.

– 1,2,3... – E eles correram. Soluço saltou os degraus o mais silenciosamente possível para o segundo andar. Jack se encaixou entre algumas caixas dentro da despensa. Rapunzel correu desesperada sem saber onde se esconder ate finalmente decidir que debaixo do sofá ia servir. Flynn e Elsa por outro lado seguiram Soluço escadas acima e se espremeram debaixo de uma cama.

Pelas regras do jogo, isso era uma estratégia terrível, mas para os dois era mais que confortável.

E a ruiva começou sua busca pela casa. A primeira a ser achada foi Rapunzel que espirrou justamente no momento em que a amiga passava perto do sofá. Soluço foi encontrado logo depois, sem muito esforço de Merida, já que ele viera correndo escada abaixo, gritando algo que soava como grande.. aranha... banheiro e então saltara nos braços de Merida. Ela o jogou de lado rindo e foi a procura de Jack. Não foi fácil achar o garoto em meio as caixas, mas o cabelo branco de Jack o entregou.

Agora faltavam dois.

Subindo as escadas silenciosamente, os outros três perdedores seguindo-a ela foi em direção á primeira porta á sua direita, mas o som de algo se estilhaçando fez com que ela levantasse a cabeça de uma vez, em busca do lugar de onde viera o barulho.

Merida então se esgueirou em direção ao ultimo quarto no final do corredor, colocou a mao na fechadura e abriu a porta, pronta para gritar um “ACHEI!” entusiasmado, mas as palavras se perderam a caminho de sua boca e ela simplesmente ficou paralisada, mão ainda na maçaneta, olhos arregalados.

:::::