Fate / Chain Reaction

Tríplice Aliança


Cidade adjacente a Nuevos Santos, 6 dias e dezessete horas para o início do conflito

Dois jovens, um rapaz da nítida descendência indígena e uma moça baixa loira estão na frente do Aeroporto da cidade.

— Nós deveríamos esperar vir nos buscarem — disse o rapaz.

— Não precisa, minhas pernas estão dormentes de tanto ficar sentada desde que saímos da Europa, não vou esperar — respondeu a moça se espreguiçando.

— Ninguém adivinharia que o voo sairia uma hora adiantado.

— Se quiser ficar esperando, fique, eu vou aproveitar pra conhecer um pouco do lugar — disse a garota se distanciando.

"Há, Melany! o que eu não faço por você? Vou me esforçar pra não estrangular essa garota só pra te ter de volta..." Pensou o jovem rapaz.

Ela vai até a central de táxi, seguida de perto pelo jovem.

— Resolveu vir? Achei que você fosse um bom mascote e esperaria seus novos donos — Perguntou com desdém.

— Eu só sirvo a uma pessoa, agora entra logo nesse táxi — disse calmamente.

Nuevos Santos

Antônio Santiago estava na sala admirando a vista da varanda da mansão de sua família em Nuevos Santos. Uma elegante e moderna construção branca elevada em um morro que ficava afastada do centro urbano, mas ainda sim dentro dos limites da cidade. É repleta de vidros escuros, para melhorar o condicionamento térmico do ambiente, devido a temperatura tipicamente alta do local, também era cercada de uma vegetação de floresta tropical, mas improvável pra região. Ele teve de esperar meses para poder adentrar os próprios terrenos, ao mesmo tempo que sua vida também estava parada aguardando o conflito.

Ele tem a pele parda e cabelos mediamente lisos curtos e penteados para o lado formalmente, usava óculos quadrado de aro fino que lhe dava um ar sério. Os traços de seu rosto informavam alguma descendência de nativos da América Central, como os olhos e o rosto mais arredondado. Era um estudante de economia da universidade de Harvard no auge dos seus 26 anos e estava muito feliz com sua vida quase normal, apenas cursando a faculdade até poder arrumar o próprio emprego e ser independente do pai, que controlava quase todos os passos do filho desde que ele nascera. Quando estava próximo de concluir o curso, seu pai aparece de surpresa, trazendo um assunto que ele não se lembrava desde os seus 8 anos, quando sua mãe ainda era viva.

Pai esquece, eu não vou largar tudo para entrar neste jogo! — Falava Antônio enfurecido.

Filho é o seu dever como Santiago, vai nos abandonar numa hora desta?? — Falou o estarrecido Henrique.

Se o senhor dá tanto valor a isto, porque não vai o senhor mesmo?

Porque eu não sou um mago tão bem qualificado, por outro lado sua mãe te deixou a herança dos grandes Sacerdotes Maias, tem que ser você!

Não fale da minha mãe! Você se aproveitou do conhecimento dela e depois a jogou for... — Foi calado por um tapa.

Nunca mais repita isto!! Eu e sua mãe sempre fomos parceiros, eu a encontrei naquele vilarejo no meio do nada e com o meu apoio nós fizemos fortuna, educamos você e chegamos até aqui: Na 1ª Guerra do Novo Graal!

Antônio não tinha como argumentar contra isso, embora detestasse o seu pai, era fato que sua mãe amava o marido e fez tudo em plena consciência. Mas ele a humilhou tanto a traindo com outras mulheres quaisquer, ao ponto dela morrer de desgosto quando ele tinha 12 anos. Nada lhe tira da cabeça que seu pai apenas queria usar a pobre Nicte para gerar um filho capacitado, usar seus conhecimentos ancestrais sobre Xibalba para manipular e implementar o novo Graal e depois descartá-la como um carro usado.

Você me deve isso rapaz, eu é que venho bancando sua vida como estudante dedicado e posso num piscar de olhos fazer tudo isto desaparecer... — Ameaçou Henrique.

Após muito relutar, Antônio aceitou, pois aprendeu desde cedo que seu pai era sórdido para chegar aos seus objetivos. Uma das razões era o fato de tê-lo despachado logo após a morte da mãe para o exterior junto de seu avô, pai de Nicta, com a desculpa de que ele aprenderia mais sobre magia longe do ceio familiar e teria uma melhor educação para conduzir os negócios nas grandes escolas estrangeiras. Ele sabia que não era nada disso, mas apenas uma razão para que ele pudesse viver uma vida de milionário sem preocupações com o filho.

Seu avô morreu a dois anos, devido à idade avançada, mas conseguiu passar muito a Antônio, embora ele não se interessasse em praticar a magia. Durante sua estadia ele arrumou uma namorada e tinha quase tudo acertado para pedi-la em noivado, mas tudo acabou quando a realidade do “projeto” bateu a porta.

Henrique entra no escritório onde estava o filho, o vendo contemplar a janela.

O pai de Antônio era um latino americano, um pouco semelhante ao filho só que mais velho. Sempre usava conjuntos claros, de preferencia ternos brancos ou cinza claros. Sempre extravagante e imprevisível, não fugia a holofotes, a exemplo de quando entrou para o ramo de gado que passou um tempo usando um chapéu ridículo de caubói, como se fosse um milionário do petróleo do Texas. Mas ao menos ele parou com essa mania.

— Fez boa viajem?

— Sim, mas foi duro terminar com a Sam — nome da moça que conheceu no exterior.

— Foi para o bem dela, mas assim que vencermos você poderá voltar, para ela e sua vida.

— Se ela ainda me quiser é claro...

— Paciência, não é a última mulher do mundo — o pai tocou o ombro do filho que desvencilhou.

— Não pra mim...

O clima ficou frio entre os dois, até que Antônio resolveu perguntar sobre como estavam os preparativos.

— Seu catalisador está nesta pequena arca, mas você só vai evocar seu servo depois dos enviados de nossos sócios chegarem, precisamos primeiro tomar uma providência para garantir nossa segurança.

— E o que será?

— Daqui a pouco você saberá — falou misterioso o velho.

Não tinha tanta curiosidade quanto ao servo, apenas queria que tudo aquilo acabasse rápido para quem sabe voltar para Sam, desde que não corresse perigo estava tudo certo — e quem são os enviados para lutar ao nosso lado?

— A família Ó Riagáin enviou uma parente relativamente distante, uma jovem japonesa. Enquanto os Holstein providenciaram um convidado, um Magus Killer — ele pegou um charuto numa caixa e acendeu, era outro habito terrível que ele adquiriu.

— Como assim? Mas esses dois não estão muito abaixo do esperado, quer dizer... Um parente distante e um estranho?

— De fato isso não interfere em nossos planos.

— Pai, importa sim as outras famílias estarem tão desparelhadas! Não entendo toda esta sua calma — o jovem começou a ficar um pouco nervoso.

— Filho, a grande verdade é que as famílias Ó Riagáin e Holstein estão falidas, tive de eu mesmo financiar as buscas pelos catalisadores — dando uma tragada e prosseguindo — na verdade é que quanto mais medianos forem os magos que enviarem, melhor será. Desde que possam manter os outros quatro mestres entretidos, eu não ficarei preocupado e você também não deveria ficar.

— Mas e quanto a Estray e a Torre?

— A semente da discórdia foi plantada entre eles, isto é um ponto a favor, os outros dois magos aleatórios provavelmente caíram de paraquedas neste conflito. Mas como eu disse, apenas devemos ganhar tempo, devemos nos concentrar no seu servo que é a peça-chave.

— Ainda sim me preocupo com os magos Europeus...

— Você está no mesmo nível deles, eu garanto. O pessoal do primeiro mundo subestima nossa ancestralidade mágica, tida como rudimentar, mas veja sua mãe: Demonstrou seu domínio sobre a 1ª Magia capaz de remontar todo o sistema do Graal apenas com fragmentos purificados, proezas que nem os Erinzbern imaginariam — exaltou meu pai.

— Nisso você está certo... Pelo menos pode dizer qual será a classe do servo? Saber, Lancer, Berserker?

— Caster.

— Não seria melhor ter tentado Saber? Quase sempre é uma boa escolha.

— Não para o que precisamos, digamos que... Nós construímos esta cidade, apenas precisamos de um “prefeito” para administrá-la.

Um empregado com uma bandeja com um bule e xícara entrou no quarto.

1h mais tarde

Henrique falava urgente ao telefone e esbravejava, quando desligou parecia nervoso.

— Qual o problema?

— O voo dos dois chegou adiantado, o incompetente responsável por buscá-los acredita que eles tenham saído do aeroporto, será que estão vindo para cá?

— Precisamos avisar a segurança, ou eles vão executar os dois antes de perguntar! — falou o rapaz ao pai.

Neste momento se ouve um som alto vindo do pátio que levava a entrada principal, além do alarme ter disparado. O chefe da segurança aparece e orienta os dois a irem para o “quarto do pânico” enquanto os invasores eram contidos. Chegando a sala os dois podem acompanhar a movimentação pelos monitores

— Será um servo ou um mestre? Se for estamos perdidos — Perguntei.

— Não, não arriscariam assim uma eliminação — respondeu o velho.

A maioria das câmeras registrava apenas um pequeno rastro de destruição com os equipamentos de defesa destruídos, assim como muitos seguranças caídos. Quando o monitor que mostrava o pátio exibiu duas pessoas, um homem de estatura média e uma garota baixa. Ela manuseava algo nas mãos que se parecia com uma espada e trazia uma bolsa de viajem no ombro, enquanto o rapaz trazia uma mochila de camping e aparentemente não portava nenhuma arma.

A voz da garota foi ouvida pelo microfone da câmera:

"Que tipo de anfitrião não avisa os empregados sobre visitas? Somos os enviados dos seus sócios, quer colocar essa cara pra fora e nos receber, ou terei de ir ai te ensinar boas maneiras?"

Esses eram os enviados das duas famílias? Sejam quem forem, toda a minha concepção sobre eles foi mudada. Meu pai cuidou de avisar a segurança para não combaterem os dois, mas era mais para parar de perder homens e evitar mais prejuízos. Fomos recepcionar os dois que estavam na porta, meu pai com seu sorriso e toda a empolgação de quem receberia dois diplomatas.

— Senhores bem-vindos a minha residência! Sou Henrique Santiago e peço mil perdões pelo mal entendido, acreditem em minhas mais sinceras desculpas pelos transtornos! Mas vocês deveriam ter esperado o contato no aeroporto.

A garota guardava a agora reconhecível katana — eu deveria é considerar isto como um ato de traição, mas vou relevar, porque você terá de contratar uma nova equipe de segurança, que alias estava precisando porque essa última é bem ruinzinha.

— Eram Magus Killer profissionais — respondeu meu pai.

— Pois é, hoje qualquer um coloca uma bala na cabeça de um Mister-M e já se diz Magus Killer...

— A senhorita deve ser a enviada dos Ó Riagáin — apertando sua mão.

— Sou Arya Toshiro, vim do Japão a pedido de meu bisavô para esta “brincadeira” aqui.

A garota era baixa como o monitor havia mostrado, mas seus cabelos são loiros de tonalidade bem escura, pele branca e pequenas sardas no rosto, seus olhos tinham um detalhe raro de heterocromatina, sendo um azul e outro acinzentado. Trajava um vestido leve marfim, que lhe caia sobre os joelhos.

— Você deve ser o enviado dos Holstein, não é? — Apertando a mão do rapaz que até então estava esquecido.

Olhando mais de perto ele tinha fortes traços indígenas da América do Sul, com pele avermelhada e cabelos negros lisos com um corte em forma de cuia. Sua estatura era mediana e os músculos eram destacados. Parecia um pouco entediado, mas ainda sim neutro. Trajava um colete com alguns bolsos sobre uma camiseta verde, a calça era azul-escura. Um dos braços era envolto de um cordão com um dente, que eu imagino ser um amuleto indígena.

— Sou Ivair Cairu Blackwood, vim a pedido de minha noiva, Melany Holstein, para representar a família na Guerra.

— Então o senhor não é um simples contratado, que ótimo! — Disse meu pai sorrindo — a propósito, o que o senhor acha que precisa melhorar na minha guarda?

— Organizar melhor antes de atacar, teriam polpado muito contingente, armadilhas mágicas fáceis de bloquear e esquivar... Mas não costumo dar consultorias, se me permite dizer.

— Pois é, ele desativou a maioria daqueles projetos de armadilha de urso enquanto eu me aquecia nos peões — interpelou a garota com uma comparação esdruxula sobre uma complexa rede de armadilhas invisíveis a olho nu.

— Certo, certo, vamos entrar? Temos algumas coisas a acertar antes de podermos evocar nossos servos — meu pai parou de repente ao topar comigo — ha, ia me esquecendo! Este é meu filho Antônio, ele é quem vai ser o Mestre representando nossa família — ótimo ele ter lembrado que eu existo.

Eles começaram a se deslocar e passaram por mim, que me detive um pouco.

— Logo percebe-se a importância que ele dá pra você, não é? — Disse a garota apenas para mim ao passar.

Não gostei dela, mas duramente era obrigado a concordar.

Ele conduziu os dois até a sala, fui o último a entrar e me sentei numa poltrona em frente a Ivain. Meu pai fez perguntas sobre as famílias, mais ou menos como se isto fosse um encontro de amigos, as vezes me impressionava com os métodos dele de causar a impressão desejada. Ele ofereceu bebidas e outras coisas, mas nenhum dos dois aceitou.

— Ivain, é bom ter outro latino como aliado na Guerra, está pronto para casar só com dezoito anos?

— Acredito que Melany é a pessoa ideal e que estaremos sempre prontos, sem muito a acrescentar — logo se via que ele era reservado — fui chamado pois a família viu meu potencial e me concedeu os selos — exibindo um quadrado dentro de outro com um quadrado menor preenchido no centro.

Henrique se voltou para Arya — Mas me impressiona mais você, minha Jovem, como tão nova você consegue ser tão habilidosa? — Ela tinha dezesseis.

— Não há o que esconder, sou um quarto japonesa e meu pai me passou todo seu conhecimento de kendo, enquanto minha mãe alguns conhecimentos mágicos. Especializei-me desde cedo na conciliação das duas artes e aqui estou, ostentando esta estigma — exibindo seus selos de comando que eram dois semicírculos um sobre o outro voltado para cima e com um círculo no centro.

— Ótimo, vocês devem estar loucos para começar e testar vossas habilidades, quer dizer, contra a dita elite da magia — disse meu pai de certo modo esperando atiçar os convidados, eu revirei os olhos discretamente.

— Não me entenda mal vovô, não estou aqui para testar minhas habilidades, sei muito bem do que sou capaz, posso parecer displicente e que não estou nem aí, mas só estou aqui para garantir que você cumpra a razão de ter procurado os Ó Riagáin vinte anos atrás: Salvar o mundo.

— Meu objetivo nunca mudou de lá para cá, minha jovem, como pode ver eu tenho tudo que desejo, mas por qual outro motivo eu colocaria tanto empenho, inclusive arriscando meu filho, para trazer esta guerra para cá?

— O mesmo de sempre dos milionários: capricho, mas... Apenas estou advertindo os três, vocês dois e o índio caladão aí, de que se eu apenas desconfiar que pisarem um centímetro fora dos limites, eu os matarei sem nenhuma piedade.

Senti uma vontade imensa de rir, mas não me atrevi pois não conhecia a fundo a garota que derrubou toda a segurança do perímetro e resolvi não arriscar. O jovem índio que até então estava quieto, se manifestou.

— Devo endossar o que a baixinha disse, os Holstein foram bem claros em minhas ordens de garantir que o objetivo seja cumprido, custe o que custar.

— Quem você chamou de baixinha? — Arya se levantou.

— Senhores, senhores, não vamos brigar por algo que ainda não começou não é? Nossas três famílias testemunharam cada qual a mesma predição, de que o mundo sofreria um impacto gigantesco, é esta razão que nos move a mantê-lo seguro.

Mediante o silêncio de todos, ele prosseguiu — Porque não vamos lá fora para que eu demonstre minhas considerações a vocês nos rituais de evocação? Que a propósito eu não perguntei — erguendo um dedo — vocês trouxeram seus catalisadores?

— Sim, trouxe o catalisador do Berserker — disse a moça. Não me lembrava que ela seria a mestre do Berserker, eu a olhei com certo espanto.

— O que foi, está duvidando quatro-olhos? Apenas quem se garante pode arriscar o insano, ou ele te esmaga como um inseto, ou esmagará em seu nome. Sou mais do que capacitada pra comandá-lo — se gabou.

— Se você diz — finalmente minha voz foi ouvida nesta reunião, mas no fundo adoraria ver um gigante esmagando essa pirralha.

— Oh... Ele fala... — gracejou, mas foi interrompida por meu pai.

— E você Ivair?

— Meu servo ficará entre a classe Rider ou Lancer, vejamos qual será depois da evocação.

Nós nos dirigimos até os jardins, a jovem pegou de dentro da bolsa um objeto um pouco grande envolto em seda, enquanto o jovem um tecido grosso estranho. O Jardim já contava com um círculo branco e um altar, preparado previamente preparado pelos empregados com um altar.

— Porque não começam? É necessário fazer uns pequenos ajustes antes de evocar o servo do Antônio.

Antônio ainda não acreditava que Arya convocaria um Berserker, ela não inspirava força suficiente para controlar um insano. Quem se adiantou foi Ivair, sob o olhar atento dos outros três. Ele começou a entonar um canto baixo, em palavras que não podia compreender, possivelmente era de sua herança indígena, um canto de guerra.

O ritual começou mesmo assim, com o círculo correspondendo em um tom vermelho. Logo se finalizou com uma luz forte e podia-se ver um homem negro montado em um cavalo, segurando uma grande lança. Vestia uma calça estranha bufante e um grosso poncho, uma faixa vermelha estava amarrada em sua cabeça e estava descalço. Henrique sorriu satisfeito e comentou:

— O Graal reconhece mesmo todas as culturas! Um Rider, hã?

— Sinhozim se enganou, somos um servo da classe Lancer — respondeu o cavalariço — qual de vosmicês é meu mestre?

Antônio pensou não ter entendido direito, mas o Lancer se referiu a ele no plural?

— Eu, Ivair Cairu Blackwood — ambos, mestre e servo, trocaram olhares.

— Sinhozim tem minha lealdade, trarei a Taça Santa pro vosso deleito.

— Está tudo muito bem, tudo muito ótimo, mas abram espaço vocês dois, eu não tenho o dia inteiro — falou Arya praticamente empurrando Lancer com as próprias mãos do círculo — não quero acabar com um Cavaleiro ou Assassin qualquer.

Ela retirou os tecidos e revelou uma taça, mas não era qualquer uma, ao analisar mais atentamente Antônio notou que possivelmente... Era um crânio, uma taça cujo cálice era encrustado em meio a um crânio. Muito mórbido, mas combina de certo modo com a classe.

Arya por sua vez se pois em frente ao círculo, mas foi de certo modo pouco ortodoxa.

O chão do círculo se iluminou roxo.

“Na tua jaula de loucura estas, mas eu não sou a benevolente que te deixaras sair.

Proves ser o imparável por nenhum exército e rompa por ti mesmo tua prisão.

Convido o que se diz matador a um novo banho de sangue.

Venha e mostre a mim, tua nova senhora, o quanto podes fazer sofrer os que se dizem guerreiros...”

— Quer saber? Chega de conversa, isso é coisa pra frutinhas, venha Berserker!

O herdeiro dos Santiago questionava qual a formação como maga teria a garota, mas pra sua surpresa logo o chão tremeu. Um machado enorme partiu o piso e uma figura enorme estava no centro do círculo, pelo menos uns dois metros e vinte de altura. Sobre ele estavam vestes de couro e peles cinzas e um pesado elmo com estilo viking lhe cobria o rosto.

— Sabia que você não gostava de muita conversa, sou Arya Toushiro, sua mestra — e estendeu a mão para o servo. Ela só poderia ser louca esperando um cumprimento formal de um Berserker, ou que por não temer que ele pudesse matar a todos ali. Mas pra surpresa ao menos do quase economista, o gigante tocou a mão de Arya com um dos dedos vagarosamente.

— Um viking? — Perguntei, mas não deveria absolutamente.

O monstro virou sua atenção para mim e soltou um grunhido, erguendo lentamente o seu machado em minha direção. Eu percebendo o que estava acontecendo, cai para trás com o susto me arrastando para fugir, Lancer e Ivair fizeram menção de tomar alguma providência, mas se ouviu a voz firme de Arya.

— Berserker, pare! — o monstro imobilizou e se virou lentamente para ela — não vai querer sujar seu machado com o sangue de um nerd não é? Volte a forma espiritual e aguarde até que eu chame.

O monstro obedeceu e desapareceu, Arya se voltou para mim.

— Nunca mais, nenhum de vocês, deve mencionar a palavra que começa com V novamente, ou não vou garantir que terão pelo menos um velório decente.

Ivair me ajudou a levantar e meu pai bateu palmas.

— Impressionante e sem nenhum selo de comando! — Falou de maneira energética — obrigado por salvar Antônio.

— Seria um problema, afinal seu filho idiota ainda é um mestre, eu teria sido eliminada no ato — referindo-se a regra de que nenhum servo ou mestre pode atacar outros competidores antes do prazo, ou o Juiz da Guerra aplicaria a penalidade máxima.

— Pois muito bem, vamos ao Caster, mas antes vou dar minha prova de que estou sendo sincero em minhas intenções — ele pegou o pequeno baú, enquanto isso um empregado desenhava outro círculo e reposicionava o altar, pois o anterior fora detonado pelo machado do Berserker.

De dentro do baú Henrique retirou uma planta com aparência muito ressecada, como se estivesse conservada em um livro. Um dos empregados veio com uma jarra, que parecia ter água quente, e retirou alguns pedaços da planta e depositou dentro. Esperou um minuto e logo em seguida serviu três canecas com o líquido resultante e entregou a cada um de nós inclusive ao velho.

— Senhores, o servo Caster que meu filho evocara atende pela identidade de Circe, a feiticeira. O que nós tomaremos nesta infusão é o seu catalisador, mas, ao mesmo tempo, é a garantia de que não seremos afetados por sua magia, usado milênios atrás pessoalmente pelo herói Ulisses — entornando a caneca, seguido por mim e logo depois os outros dois. Levou alguns segundos pra acostumar com aquele gosto estranho na boca — pode prosseguir Antônio — entregando-me os restos da planta.

Eu não tinha certeza, Circe era tida como traiçoeira e tinha o vício de transformar homens em animais, mas confiaria na contra medida que salvou o herói grego séculos atrás. Posicionei a planta no altar, relaxei e me concentrei. Meu coração receava mesmo assim, tinha muitas dúvidas, mas comecei mesmo assim.

“Em nome do meu grande ancestral, sacerdote de Kinich Ahau e Ixchel...”

O círculo brilhou em cor branca, mas não houve muito tempo para mais palavras no ritual de evocação, imediatamente houve uma luz branca cegante e quando Antônio pode abrir os olhos, se deparou com um anjo.

No centro estava uma moça trajando uma longa túnica branca como a neve, presa por um broche dourado no ombro e que lhe caia até os pés, sobrando um pouco atrás. Um único tecido também branco, fino como seda, estava enrolado delicadamente em seus braços e preso por pulseiras douradas, passando pelas suas costas. Seus cabelos eram castanhos cacheados, com uma tiara fina sobre os cabelos, seus olhos eram azuis, contrastando com seu rosto delicado e sua pele que era como pêssego. Ela exibia um olhar e uma postura assustada.

— Q-qual de vocês... É o meu mestre? — Perguntou receosa.

Arya soltou uma gargalhada.

— Esta dai é a Circe? Já vi que eu e o pajé teremos que fazer todo o trabalho sozinhos — debochou.

— Não seja grossa garota — censurei — eu, Antônio Santiago, sou o seu mestre Caster.

— Prazer mestre — acenou com uma das mãos.

Virei-me para o meu pai que olhava com um olhar difícil de decifrar para a Caster, finalmente falou algo — Eu não esperava isto da Rainha da Noite, ou será que esperava? Bem... Não importa, apenas farei algumas recomendações a todos.

Concluiu — Para os três novos chegados, sou Henrique Santiago, o mentor da pequena aliança que puderam perceber aqui de seus Mestres. Para os mestres, mantenham seus servos em forma de espírito o tempo todo, não poderão haver combates, mas, ao mesmo tempo, nada impede que a espionagem aconteça. O mestre do Assassin com certeza enviará seu servo e ele poderá passar por todas as defesas desta propriedade com facilidade, mas não poderá fazer nenhuma mal. Portanto agiremos como uma grande família até o início da guerra, para que ele não possa ter nada que não teria vendo um simples Reality Show de confinamento qualquer. Depois a Caster poderá iniciar suas atividades e colocar as devidas proteções ao nível que até o Assassin terá problemas, certo?

A dama de branco acenou positivamente com a cabeça compreendendo o seu papel posterior, seguida dos outros e do lanceiro.

— Muito bem, imagino que estejam com fome, não? — Referindo-se aos Mestres.

Caster se virou para mim — Mestre devo me recolher a forma espiritual a partir de agora?

— Eu acho que sim Caster, é mais seguro, você vai ficar bem?

— Sim, não preciso comer pois você prove mana mais que suficiente, bem então — disse se encolhendo — até logo.

— Até — respondi com ela desmaterializando.

Queria poder estar com ela, pela primeira vez fiquei ansioso para que o conflito tivesse inicio.