Fate / Chain Reaction

O Começo do Grande Festival - Parte 1


Porque você pediu para que ele contasse sobre nós como se tivesse escapado?

Para que pensem que estão na vantagem, mas aposto que ele vai omitir que contou algo. A propósito, você fez um ótimo interrogatório.

Foi difícil cumprir o que você me pediu, eu não estou habituado a torturar ou ameaçar ninguém.

Eu já sabia qual deles falaria, só não contava que ele estivesse amaldiçoado. Contudo, ele revelou que o Archibald não está sozinho, possivelmente está com um pequeno contingente de Magus Killer.

Espero poder lidar com todos eles, apesar de que hoje em dia qualquer um ostenta esse título sem merecer — disse Allan lacrando o selo da maleta com as abelhas.

Mansão Santiago, 00:20 do primeiro dia da Guerra.

O show de fogos da Zona Leste de Nuevos Santos era magnífico, assim como do Centro e Norte, em particular de lugares altos. Da sacada da mansão Santiago então a visão era privilegiada de todas as regiões, pois ficava mais elevada, talvez até melhor do que o grande aglomerado de pessoas de todos os cantos que lotavam as ruas da zona leste.

— Os fogos estão lindos, não filho? — Disse o Sr. Santiago para Antônio.

— Sim, estão pai... — Respondeu o rapaz se escorando nas grades — mamãe adoraria — o último comentário deixou o pai um pouco desconcertado.

— Sim, sim claro, ela adorava shows pirotécnicos — disse depressa um pouco desconfortável.

— Pena que estes também marcam o começo de algo tão contraditório, irônico não?

— Como assim contraditório?

— A guerra pai, ou você está contente por irmos em conflito mortal contra quatro pessoas que nunca vimos na vida?

— Nós já conversamos sobre isso Antônio, é tudo para um bem maior, só há um desejo e infelizmente cada um tem seus próprios interesses pelo Cálice Sagrado.

— Argumentar que é “para um bem maior”, não torna as coisas mais fáceis, não sou linha de frente pra esse tipo de altruísmo — disse Antônio irritado se virando para encarar o pai — além do quê, não sou hipócrita para não assumir que provocamos isto de propósito.

Henrique ficou levemente rubro — eu sei que você não é muito corajoso e até meio chorão Antônio, por isso consegui aliados para nossa causa, pois sei que se contasse só com você estaríamos ferrados.

— Correção, a sua causa! — Enfatizou as últimas palavras e se virou para a sacada novamente.

— Não vou discutir com você mais sobre isto, apenas fique na sua que cuidarei do resto como sempre — ele inspirou fundo, sua habilidade de se acalmar, pelo menos de esconder a raiva, era imensa, em alguns segundos ele estava como se nada tivesse ocorrido — por falar nisso, onde estão os outros e sua serva?

— Caster está cuidando de seus afazeres protegendo a casa, os outros dois saíram, a garota arrastou Ivair porta afora dizendo que iriam “ver o festival de perto”.

— Mas deixei expresso que ninguém sairia até Caster estabelecer visão sobre os outros servos!! Por que ninguém impediu??

— E eu tenho cara de babá? A segurança também nem olha na direção dela desde o “incidente” de chegada, então se ela quiser sair, que saia — disse com certo sorriso de deboche.

— Chame Caster! Sei muito bem o que eles pretendem e ainda está cedo demais!! — raiva e certo desespero vinham da voz de Henrique.

Zona Oeste em algum parque, 00:25.

A pequena pracinha continha alguns brinquedos básicos para a diversão das crianças locais, como cavalinhos de mola, gira-gira e trepa-trepa. Ao fundo depois de poucos metros, um modesto jardim arborizado era visível depois de um muro. Haimirich observava Aleksia com um sorriso cínico, ambos estavam no centro do parque em meio aos brinquedos, em contraste com as construções locais de baixo gabarito.

— Você deve ser o enviado de Estray, não?

O dinamarquês não respondeu, apenas mantinha o olhar duro em direção ao loiro.

— Que descortesia, por acaso não vai cumprimentar um colega de Associação?

Mais uma vez o silêncio.

— Por acaso você está envergonhado? Não precisa se acanhar, estou aqui apenas para saudá-lo.

Finalmente a voz de Aleksia pode ser ouvida.

— Deixe de hipocrisia “Torre”, ou melhor dizendo Archibald, não precisa fingir coleguismo pois nós dois sabemos que não estamos do mesmo lado nesta guerra — fazendo uma pausa — mas vou me apresentar, sou Aleksia Von Ejnar, o representante de Estray.

— Muito prazer — fazendo mais uma reverência — não penso da mesma forma, essa é a única oportunidade que nos foi dada de ter dois representantes da Associação numa mesma Guerra, não é por causa de uma pequena desavença que vamos deixar uma oportunidade dessas passar, não é mesmo?

Continuou — Em nenhum momento abandonei a ideia de me aliar a você, tendo em vista o cenário hostil de uma clara aliança velada entre três Mestres.

Ainda não fora o suficiente, apesar de ser um grande argumento, principalmente na atual situação de desvantagem. Era necessário mais para convencer o herdeiro dos Ejnar.

— Pelo visto você pertence a casa Ejnar? Ouvi falar dos feitos de Anders como chefe da Divisão de Praga, mas confesso que fico surpreso de Estray ter confiado a missão atual a alguém de lá... Você sabe, pelos pequenos “probleminhas” no passado — tentando parecer simpático.

O efeito foi o contrário do desejado, pois Aleksia não gostara de ter a família citada — Estou aqui para devolver a honra ao nome da família, também ouvi falar dos feitos de El-Melloi II pelos Archibald, após a Quarta Guerra vocês estavam enfrentando dificuldades, foi muita sorte alguém de fora estar tão disposto a ajudar — o sorriso de Haimirich diminuiu e o lado esquerdo do rosto tremulou um pouco, satisfazendo o dinamarquês.

— Certamente sou grato pelo que El-Melloi II está fazendo por nós — respondeu Archibald desconcertado — mas ouça, não estou aqui para discutir sobre nossas famílias, apesar de tudo ainda somos de alta casta... Vim até aqui apenas cumprimentá-lo e me colocar a disposição para uma aliança.

Aleksia acirrou levemente o olhar, nesta conversa toda faltava objetividade por parte de Haimirchi, que em momento algum mostrou algo em que se pudesse confiar — Por que vir a mim só agora que o conflito já começou?

— Só consegui localizá-lo a uma hora atrás, você está muito bem camuflado, também não queria que se sentisse inseguro por uma aliança formada em tão pouco tempo antes da Guerra — voltando-se para o servo de Aleksia que mantinha a postura de combate — vejo que conseguiu um Saber, não? Ele não precisa estar tão em alerta, vim até aqui em paz claramente vulnerável a um servo nesta distância.

— É mesmo? Então onde está o seu servo? — Indagou o Ejnar.

— Archer preferiu ficar a distância, infelizmente ele é desconfiado e queria garantir minha segurança caso recusassem — disse Haimirich de forma triste.

— Não sei porque, mas como ele eu não confio em nenhuma palavra que disse desde que vossa senhoria se apresentou — manifestou-se Saber que estava quieto desde então.

— Portanto — reiterou Aleksia antes que Haimirich pudesse dizer algo — se você não tem mais nada a oferecer de objetivo, considere sua oferta recusada.

Haimirich teve seu sorriso murcho e parecia decepcionado, baixando a cabeça e balançando em negação — É uma pena senhores... Não conseguem ver que tornaram tudo mais difícil para todos?

“É uma pena, não consegui te convencer antes de você morrer, nunca fui um bom ator mesmo”, pensou Haimirich escondendo um sorriso com a cabeça abaixada.

Um brilho prateado veio em direção as costas de Aleksia, ouviu-se então um som de metal se chocando e uma adaga recaiu fincando sobre a grama do lado oposto. Saber havia defletido o ataque traiçoeiro!

— Saia das sombras, covarde inglório! — bradou Saber.

Inúmeras pequenas setas e adagas saíram das folhagens das árvores próximas da pracinha, sendo todos rebatidos por Saber. Este não gostou da proximidade do combate junto a Aleksia.

— Vou levá-lo para longe Mestre, acha que pode cuidar da situação aqui? — disse Saber para Aleksia.

— Apenas vá e tome cuidado — respondeu seu Mestre sério. Saber então emitiu um som agudo enquanto ainda defletia os projéteis e em alguns instantes, foi correspondido por outro som animal dentro da pequena floresta.

Um vento se seguiu, provocado pelo vácuo que Saber deixou quando saltou em direção as folhagens das copas das árvores. Um forte barulho de espadas se cruzando se seguiu com Assassin, recoberto por um manto, sendo impelido vários metros para trás com a força do golpe e recuando em fuga após aterrizar no chão, perseguido então pelo espadachim.

— Um Archer atacando nessa proximidade? Vejo que foi mais uma das mentiras... É muita coragem entrar em combate direto usando um Assassin logo no início, realmente não quero crer que seu trunfo era apenas aquele ataque surpresa fajuto e a atuação péssima — disse Aleksia com desdém.

— Certamente que não, apenas queria que Saber se separasse de você para que eu possa te matar e pegar seus selos. Mas vou ser generoso, se você entregá-los sem resistir, talvez possa sair ileso — disse o loiro sorrindo.

A arrogância e presunção de Haimirich eram palpáveis no ar, fazendo o estômago de Aleksia revirar com a vontade repentina de socar o seu rosto e arrancar aquele sorriso.

— O que falar de alguém que eu mal conheço e já quero mandar calar a boca? — Disse Aleksia retirando várias pedras do bolso e fazendo-as levitar ao redor do corpo.

— Seja como quiser, meu caro — Haimirich retirando um saquinho cujo conteúdo despejou no chão.

Era uma poeira composta de minúsculos fragmentos negros, com um pequeno gesto do loiro as pequenas partículas se agitaram e flutuaram, se agrupando e aglutinando, formando milhares de agulhas. Claramente se tratava de ferrite pelo aspecto. Com um movimento de mãos essas foram disparadas contra Aleksia que conjurou uma simples barreira azulada a partir de uma das pedras, detendo todas as agulhas, que ricochetearam e caíram no chão da proximidade.

— É sério isso? — Provocou Aleksia mais uma vez, algumas de suas runas brilharam em tom azul-claro e dispararam pequenos feixes contra Archibald que bloqueou o ataque com sua própria barreira.

Agitando as mãos, o Archibald coordenou as agulhas no chão a migrarem rumo aos brinquedos. Ao chegarem ao destino as agulhas se decompuseram novamente e grudaram nas partes metálicas dos alvos, estes começaram a retorcer progressivamente ao longo da estrutura a partir das áreas afetas e começaram a se mover arrancando-se de suas bases no chão. O gira-gira foi o primeiro objeto a se interpor entre os disparos de Aleksia e Haimirich, enquanto o trepa-trepa se deformou e expandiu em uma gaiola, recaindo sobre Aleksia, retorcendo como se quisesse esmagá-lo em seu interior. O Ejnor reforçou a própria barreira, tentando conter a pressão feita sob a cúpula. Haimirich desmontou o balanço e usou as hastes de metal como lanças que batiam contra a barreira nas falhas do outro metal enrolado.

Logo mais objetos eram enviados para aumentar a pressão e a se chocar contra a cúpula junto com as lanças, alguns pesados como as bases maciças dos cavalinhos de mola que ficavam sob o chão, outros agrupavam-se ao gira-gira. Os disparos das runas de Aleksia eram capazes de romper o metal como uma solda, mas este se refazia rapidamente. Em pouco tempo Aleksia sucumbiria e seria esmagado no interior do emaranhado de metal. Não havia então outra escolha, apesar dele achar cedo demais para usar tal coisa.

Neomenia — murmurou Aleksia.

Haimirich vasculhava com o olhar o parque a procurava de outros objetos para atirar, quando ouviu sons estranhos vindos do emaranhado de metal. Alguns objetos mais superficiais começaram a cair e o metal parou gradualmente de exercer grande pressão sobre a cúpula de Aleksia. Até que tudo parou e começou a cair com grande estardalhaço no chão. O disparo das runas cortou o metal que parou de se refazer e o Ejnar afastou os pedaços e saiu tranquilamente da estrutura, acompanhado de suas runas que o circulavam. Algumas diferentes das de disparo agora eram evidentes, pois emitiam um campo progressivo que parecia distorcer o ar.

A Neomênia sugou o mana das estruturas de metal próximas, interrompendo o processo de manipulação do ferro — uma espécie de “Ferrocinese”? Muito interessante, principalmente num ambiente urbano, mas extremamente ineficaz em mim — uma das runas de disparo, que agora brilhavam mais intensamente do que antes, disparou um feixe maior do que o padrão que vinha apresentando até o momento. O Archibald tentou bloquear o ataque mas o gira-gira foi despedaçado assim como sua própria barreira foi desintegrada, atirando-o para trás.

— Se não tem mais nada a apresentar, acho que você perdeu, não? — Disse Aleksia preparando mais um disparo.

— Espera! A-A-c-ho que me precipitei, não podemos conversar mais uma vez sobre isso? — Erguendo as mãos como se estivesse se rendendo.

Não tão distante, em meio ao lado levemente mais arborizado, Saber travava uma batalha feroz com o misterioso Assassin, sem saber o que acontecia com o Mestre apesar dos sons altos que vinham do outro combate. Ele precisava acaber logo com o confronto, mas embora seu adversário fosse o fraco Assassin, a luta estava exigindo mais do que ele esperava. Hassan devia contar com o local propício para se esquivar, mas o ambiente verde um pouco fechado que proporcionava tamanha escuridão não prejudicava em nada Saber, que não pareceu afetado pelo breu e as sombras enganosas.

Os estilos de combate eram claramente diferentes, com Saber usando golpes de espada precisos com grande maestria, enquanto Assassin focava em desviar e bloquear como podia, buscando falhas na postura de Saber para contra-atacar, fora as pequenas corridas que ele realizava. Mas apesar de virtualmente haver uma desvantagem clara, Assassin esquivava milagrosamente de todos os golpes de finalização de Saber, reiniciando o ciclo de fuga.

— Tens muita energia para correr homem misterioso, mas tua perícia com projéteis é fraca demais para te considerar um arqueiro e ardilosa o suficiente... Portanto creio que sejas o inglório Assassin? — Disse Sir Percival ao encurralar pela décima vez o encapuzado em uma parede de um pequeno galpão.

— Demorou este tempo para perceber “homem-do-facão”? — Provocou Assassin atirando uma adaga em direção a perna direita de Saber e usando a parede para ter impulso para investir contra sua parte superior direto no pescoço, com um golpe pelo lado direito de Assassin, aproveitando-se do fato do espadachim ser destro.

Saber respondeu o ataque em uma fração de segundos, trocando a espada de mão e com um movimento dela em meia-lua de cima para baixo, da direita para a esquerda, defletindo a adaga e se chocando com a lâmina curva de Assassin, que foi atirado contra a parede que se despedaçou pela força do contra-ataque. Apesar do impacto, o encapuzado se recompôs e evadiu por dentro do galpão, se atirando pela janela que era oposta a parede despedaçada. Atirando mais projéteis contra Saber no caminho, apesar de se provar totalmente inútil com os reflexos de Percival que continuou seguindo-o.

“Isto está se prolongando demais, sinto que tem algo de errado acontecendo”, pensou Saber enquanto alcançava mais uma vez seu oponente. Mas desta vez as coisas não estavam bem para Assassin, pois chegaram em um ponto fora do parque que eram apenas algumas vielas e algumas casas espaçadas, não havia para onde correr exceto os telhados, coisa que ele tinha certeza que Saber poderia contornar e prever.

— Pare de correr e enfrente seu destino! — Interpondo-se entre o encapuzado e as casas — cansei deste joguinho, você terminará aqui e agora — a espada de Saber começou a se envolver com uma névoa dourada brilhante, que se condensou e se tornou maciça junto a lâmina. O espadachim então brandiu a espada em um corte axial que expeliu a energia condensada em igual forma, Assassin saltou no último momento e a luz em corte partiu um poste ao meio e explodiu o muro de uma casa. Não houve tempo para se recompor, pois ele foi pego em um novo golpe de Saber que investiu sobre ele no ar, cruzando mais uma vez suas lâminas e o espadachim chutou fortemente o Hassam-i-Sabbah na barriga sobre os escombros do muro.

O golpe da espada de Sir Percival parecia ser uma simples canalização do seu mana pela lâmina, embora o poder destrutivo não fosse muito, era perigoso e rápido o suficiente para não deixá-lo imobilizado e não consumia muito de suas reservas de energia. Por isso ele podia usá-lo diversas vezes durante o combate, alternando entre golpes simples e os “especiais”.

O cavaleiro preparava mais um golpe de energia, quando ouviu o som de um pássaro, mais precisamente um falcão, que tirou sua atenção. Assassin se recompunha do golpe com rapidez e já se colocava em posição de combate novamente, apesar de suas chances de manter Percival ocupado tivessem se deteriorado com a ativação do seu Fantasma Nobre. A parir de agora ou ele tinha êxito em usar Zabaniya ou seria eliminado, mas isto mataria o cavaleiro, desobedecendo as ordens de só mantê-lo distraído. Não houve tempo para concluir seu raciocínio, pois Saber saiu correndo em direção ao parque, mas não antes sem disparar mais um corte em direção a Assassin, para atrasá-lo.

Em uma das casas próximas, no alto do telhado, duas figuras com trajes táticos pretos se mantinham abaixadas, empunhando dois rifles com mira telescópica. Loren e seu subordinado acompanhavam de longe o embate entre Haimirich e o enviado de Estray, apenas aguardando o sinal para agirem, executando o alvo.

— Mas é um incompetente mesmo — murmurou Loren — se eu não estivesse aqui de salva-guarda tudo estaria perdido em meros vinte minutos.

O subordinado riu, sendo censurado com um soco em seu ombro, ao se recompor perguntou.

— Tudo pronto senhora?

— Espere até a barreira ficar um pouco mais fraca, vou mandar um disparo “carregado” daqui — disse sorrindo colocando a mão sobre o compartimento das balas, emitindo um brilho.

A especialidade de Loren, ou seu Código Místico, era utilizar balas especiais carregadas com altíssima carga elétrica. Aliado a um disparo certeiro, o alvo era incinerado e não teria as mínimas condições para se quer raciocinar uma magia de cura, isto quando não era morto antes do projétil liberar a carga. No caso a ideia era usar a alta carga para atravessar a barreira de Aleksia, desferindo um tiro letal na cabeça.

— Acho que temos o nosso sinal aqui — disse o subordinado, referindo-se ao gesto de mãos de Haimirich como se estivesse se rendendo.

Em meio ao parque, Aleksia assistia ao antes sorridente Haimirich, quase implorar pela vida agora. Ele não sabia se realmente valia a pena sujar as mãos, pelo menos pela primeira vez, com um ser tão ridículo quanto o então enviado da Torre.

— Francamente, fico agradecido por nem ter cogitado a ideia de me aliar a uma coisinha deprimente como você — disse Aleksia — como você tem coragem de envergonhar sua família deste jeito?

O canto esquerdo de Haimirich tremeu mais uma vez, realmente falar sobre família mexia demais com ele. Parece que ele não conseguiria manter a pose de arrependido por muito tempo.

— Não estou interessado em seu Assassin, descarte seu servo e seus selos e você pode voltar de onde veio em paz — ofertou Aleksia.

— Mas assim deste jeito? Você não vai nem cogitar ter a minha ajuda?

— Não te quero nem como aliado e muito menos como lacaio, agora faça o que mandei e suma.

O loiro pareceu espumar de raiva — Você vai se arrepender disto!

— Ou o que? Os seus dois comparsas as nove horas vão fazer alguma coisa? — Disse Aleksia surpreendendo o loiro que ficou surpreso.

Neste instante um brilho se chocou contra a barreira de Aleksia, despedaçando-a em instantes e seguindo sua trajetória mortal em direção a sua cabeça. Mas para a surpresa de Loren e Haimirich, a bala foi detida por uma barreira interior que até então estava invisível, que expandiu e expulsou o projétil. Mais disparos se seguiram, mas uma sucessão de barreiras se formou como camadas que expandiam de dentro para fora, detendo todos os ataques.

— Eu soube desde o início pelas minhas runas de detecção que haviam três intenções hostis nesta região, exceto Assassin que consegue driblar isto naturalmente — explicou Aleksia indicando uma runa que flutuava estática apontando para Haimirish e outras duas muito próximas a oeste. Então carregou uma runa ofensiva e disparou na direção de onde estavam vindo os tiros, houve uma pequena explosão no local cessando a alvejada— pelo visto você não veio aqui tão mal preparado assim, se eu não estivesse reforçado com toda certeza teria morrido, meus cumprimentos ao Sniper que deve ser um ótimo Magus Killer.

Saber apareceu nos fundos e se posicionou de costas para Aleksia, para recepcionar Assassin que chegou logo depois visivelmente ferido. Reassumindo-se assim as posições iniciais do conflito.

— Fui avisado de que havia mais perigo a espreita, mas vejo que você está bem meu senhor, como andam as coisas neste fronte? — Perguntou o cavaleiro preocupado.

— Tudo bem Saber, eu já estou finalizando com o nosso amigo Archibald aqui... — Respondeu Aleksia dirigindo-se a Haimirich, que olhava em outra direção — “Torre”, esta é a última vez que ofereço, você vai se entregar? Você está me ouvindo?

Assassin observava seu Mestre em silêncio, este não parecia com medo, mas com uma expressão de confusão e seu olhar não era para Aleksia e sim para o telhado. No fundo sabia que ele estava profundamente frustrado, o seu plano era ousado, mas, mesmo assim, teria grande êxito se não fosse a habilidade das runas de Aleksia de detectarem intenções hostis. A falta de sorte pela distância não muito grande dos dois atiradores talvez tenha ajudado, mas ninguém preveria tamanho contratempo. Entretanto algo o deixou intrigado, pois os lábios de Haimirich abriram e fecharam e ele podia jurar que ele disse “Loren”.

Aleksia parece que percebeu também de alguma forma.

— Podemos olhar se seus aliados estão bem depois, não acredito que um disparo desta magnitude poderia matar um Magus Killer, não o que destroçou uma barreira daquela maneira — disse coçando a cabeça.

Haimirich se voltou então para ele irritado, desperto do transe — CALA A BOCA !! EU NÃO PRECISO DA SUA COMPAIXÃO!

No momento que ele iria responder, ouve-se uma voz ao fundo.

— Ei vocês dois! Já começaram com a verdadeira festa sem nós?!

A dona da voz era uma garota loira que se aproximava portando uma maçã-do-amor, acompanhada de perto por um jovem de aparente descendência indígena, mas que não parecia a mesma nativa da cidade. A menina estava com um semblante irritado enquanto se dirigia aos dois e por sua vez o indígena se mantinha sério.

— Rodamos meia cidade, mas você estava certo Ivain, com certeza algum deles não resistiria a este lado vazio para um começo precoce! — Disse a garota dando um soco no ombro do companheiro, que a olhou de maneira feia surpreso com a atitude.

— Mas a culpa é sua por parar pra ir no banheiro, se não teríamos chegado a tempo pro começo!

— Minha culpa?! Mas foi você que estava distraída se esbaldando no festival até que eu te lembrasse do porque saiu de casa! — Respondeu o indígena esfregando o braço.

— Não importa, só estou feliz porque vou bater em alguns aprendizes de Mister-M... — disse dando uma última mordida na maçã. Enquanto isso, Aleksia notava que outras duas runas apontavam novo sinal de hostilidade.