Fate / Chain Reaction

Fundação de Nuevos Santos


Hospital St. Lazarus , 2 dias e 13h para o prazo final.

Allan olhava atônito para meu servo, sua aparência era de um rapaz de no máximo 17 anos. Este o observava como se o analisasse, pois seus olhos azuis pareciam varrer o fundo de sua alma, incomodava de certo modo. Embora houvesse tanto pra se saber, Allan não sabia como começar o diálogo.

— Vejo que vocês já se recuperaram — disse Rider para o jovem e seu tio, este parecia muito admirado, talvez até mais empolgado do que o próprio Mestre.

— Sim já me recuperei, obrigado por sua ajuda, veio em boa hora — respondeu Allan.

— Deus o enviou em boa hora meu filho, muito obrigado por sua ajuda — disse Clauss se levantando para apertar a mão do servo, depois se sentando novamente.

— Disponham, é uma das razões para eu estar aqui não? — Se virando para o rapaz, o capacete desapareceu em uma névoa prateada — mas antes de qualquer coisa, vamos prosseguir com as formalidades inacabadas na noite anterior: Presumo que você seja o meu Mestre, não?

— Sim, meu nome é Allan Deborah, eu sou seu Mestre. — Parecia redundante, mas era necessário selar o contrato formalmente.

— Ótimo, eu o servo da classe Rider, prometo ajudá-lo a vencer este jogo, ou como gostam de chamar,guerra, desde que você colabore comigo.

— Concordo, mas estou em desvantagem aqui já que não invoquei você voluntariamente, na verdade não sei qual foi o seu catalisador ou se quer se existiu algum. Por isso eu também pergunto: Qual é a sua identidade?

Rider pensou durante alguns segundos e depois respondeu — Mesmo que eu o dissesse, não adiantaria, já que vim do futuro.

— Futuro?? Mas isso é impossível! — Disse um pouco perplexo.

— Por que?

— O Trono dos Heróis não costuma aceitar heróis modernos devido a falta de glória para as armas e feitos modernos... — Respondeu coçando a cabeça, na verdade tinha suas dúvidas a este respeito também.

— Estou ciente disto e de fato é verdade em grande parte, qualquer um pode manusear uma arma moderna e ser muito bom, perdendo muito de magia em suas histórias. Mas algumas coisas são imutáveis: A humanidade precisa de extraordinários no seu imaginário e mesmo na era moderna essa ideia persistiu através do tempo e do espaço, afinal as dificuldades também cresceram... Até mesmo desproporcionalmente.

Concluiu — Então você só precisa me chamar pela minha alcunha neste momento: Rider, o resto saberá com o tempo.

O rapaz refletiu um pouco sobre isso, não cabia a ele julgar se o servo era ou não merecedor de se tornar um Espírito Heroico, só bastava que ele fosse um bom combatente pelo menos no começo. Porém era mais do que desesperador lidar com um servo do qual não se soubesse nada, como traçaria uma estratégia nessas condições? Assentiu com a cabeça, mas teria que começar por algum ponto.

— Certo, certo, vou pelo menos checar seus parâmetros base e habilidades.

Usou então a habilidade básica como Mestre para checar os status do servo, ele não possuía Resistência Mágica que era característico da classe, Caster seria então um problema; Mas quando checou a habilidade básica de Riding tomou um susto.

— Riding rank "B"?? Mas eu pensei que "A" fosse o mínimo para ser considerado da classe Rider! — Disse um pouco admirado.

— Quem sabe passei no conselho final? Respondeu com um pequeno sorriso.

Todavia não era só isso — Espera, não é só isso... "B+"? Mas esse nível não existe!

— Bom, talvez a forma como eu uso os veículos modernos seja especial, até mesmo em relação a quem voa numa criatura fantástica, não? Agora que você terminou de me subestimar, tenho duas coisas para tratar com você — olhando no fundo dos olhos de Allan, que tinha as mãos levadas a cabeça, segurando então seus ombros e forçando-o a se sentar novamente.

— D-diga — exitou com a surpresa.

— Você confia em mim, certo? — Disse seriamente.

— Acho que confio, mas...

— Então esqueça por hora essas bobagens de habilidades, parâmetros base e vamos tratar de coisas mais importantes.

— Mas Rider, eu como seu Mestre tenho o dever de saber suas capacidades para planejar nossas ações!

— Nossas ações começarão com informações sobre nossos adversários, quanto as minhas habilidades, capacidades e Fantasmas Nobres, posso informá-los a caminho do campo de batalha, afinal temos apenas 2 dias para chegar lá.

Clauss que estava alheio ao pequeno debate, interveio.

— Allan, você deveria dar mais crédito ao seu servo, afinal ele subjugou dois Magus Killer facilmente.

— Eu sei tio, mas eu pretendia comandar o filho de Hipólita, como posso lidar com uma situação destas agora tão perto do conflito?

— Usando de audácia, da mesma forma que você se envolvia nos conflitos alheios, ou está com medo agora? — Provocou o tio.

Allan olhou com raiva para o tio, mas teve que concordar, um herói conhecido só tinha a oferecer um cartão de visitas, mas diversos fatores diferentes a um "personagem" pré-fabricado decidiriam a guerra, ele inclusive era um deles.

— Tudo bem Rider, não sei o que você tem a oferecer, mas eu darei o meu máximo para derrotar os outros 6 mestre e servos, nem que seja eu mesmo.

Rider deu um pequeno sorriso — Ótimo, agora podemos ir para o segundo ponto, vista sua roupa que vamos fazer uma visita a dois assuntos inacabados da noite passada.

— Vou pedir para a enfermeira chamar o médico para que você possa ser liberado Allan — disse Clauss.

— Onde vamos exatamente? — Indagou Allan.

— Visitar dois "Amigos" — respondeu Rider um pouco misterioso, voltando a forma de espírito. "Irei te guiar até eles em forma de espiritual".

O médico por sorte estava retornando do almoço e o liberou logo, Clauss precisaria realmente de mais tempo, apesar de toda a atividade ainda tinha que esperar mais por exames neurológicos devido à idade, mas apenas por rotina. Allan saiu do Hospital um pouco desorientado, era estranho conversar com alguém que não se vê.

— Pra onde exatamente?

— Para a Igreja, siga para o jardim dos fundos.

— Rider posso perguntar onde estava antes deu acordar?

"Apenas nadando em um lago aqui perto", respondeu sem muita empolgação, Allan preferiu não ir mais fundo.

Ao chegar a Igreja, o rapaz testemunhou os escombros da construção que devia ter desabado com o fogo, basicamente seria necessário construir outra no lugar pois o estrago era total. Pobre padre, ele se faz de forte, mas ainda não tinha visto isto, será um choque e tanto além do que ele já sofreu, Allan temia se isso poderia abalar mais ainda a saúde do tio que inspirava cuidados. Pelo menos o fogo não se alastrou para a vegetação, poderia ter afetado as abelhas.

"Para o pequeno depósito ao fundo".

O depósito era um barracão, mais ou menos do tamanho de uma sala, usado para armazenar o material de jardinagem, objetos antigos e quebrados da igreja. Já com vista do local, Rider se materializou.

— Pode me dizer o que viemos fazer aqui exatamente? — Perguntou o Mestre já impaciente com o mistério.

— Viemos interrogar os dois homens que te atacaram por último na noite passada.

— Como assim? Você os capturou?

— Os retirei do local antes das autoridades ou suas abelhas chegassem e os mantive amarrados aqui, são a chave para descobrir mais sobre qual outro Mestre ordenou que te atacassem.

— Mas eles são Magus Killer, como cordas poderiam mantê-los presos?

— A partir do momento que eu os fiz acreditar que se escapassem das cordas, não poderiam escapar de mim — respondeu Rider sombrio.

Nuevos Santos, 2 dias para o início do conflito

"Saber eu não acredito que você me convenceu a fazer isso", mentalizou Aleksia ao girar uma alavanca de uma máquina caça-níquel. Apesar de toda sua desconfiança, impressionantemente ele acertou três cerejas, fazendo chover algumas moedas como prêmio na bandeja de saída do aparelho.

— Vejo que a sorte lhe sorriu, meu senhor! — Saber ria e dava tapinhas nas costas do jovem.

Aleksia e Saber aproveitam o tempo livre para pôr em prática o básico de explorar a cidade e conhecer o território a fundo. O jovem mestre preferia os passeios matutinos e noturnos, quando o calor era menos desconfortante para o dinamarquês, mas ele já estava muito mais habituado do que no começo. Com esse pequeno fato, Aleksia pode notar que Saber valorava cada um dos seus passos, por menores que fossem, como por exemplo evidenciar que ele estava com alguns resquícios de bronzeado na pele e não mais tão vermelho quanto no início. Ao certo ele não sabia se isso era um excesso de senso de dever como servo, segundo o código pessoal dele, ou se fazia parte de sua personalidade manter o Mestre motivado. Independente de qual fosse a razão, Aleksia gostava.

Nas missões de reconhecimento, feitas desde o segundo dia de chegada, os dois se aproveitavam das caravanas de visitações turísticas promovidas pelo hotel, para transitar pela cidade em meio aos também estrangeiros. O motivo era justificar o destacamento de ambos em meio ao povo latino, mas mais que um véu de aparência, o grupo de pessoas tornava os amuletos rúnicos mais eficazes por praticamente ocultar resquícios de mana de ambos, dificultando mais ainda o reconhecimento imediato até mesmo por proximidade de poucos metros.

Entretanto por influência de Saber, o que era para ser algo estritamente sério, se tornou também algo descontraído, pois ele fazia questão de tirar fotos e aproveitar o que cada espaço oferecia.

— Nem pensar Saber, eu não vou colocar isso na boca! — Referia-se Aleksia a um salgado extremamente apimentado que era prato típico da região.

— O senhor não vai saber se não provar — respondeu o cavaleiro que já quase devorava toda a bandeja.

Pobre rapaz, quase terminou a guerra derrotado por simples salgados apimentados, enquanto estava trancado no banheiro, o cavaleiro incessantemente suplicava por perdão do lado de fora. Após Aleksia conseguir finalmente se estabilizar, ambos continuaram seguindo o grupo de turistas.

A cidade era dividida em nove distritos, geograficamente o oitavo e o nono eram centro, o primeiro e o segundo o norte, o terceiro e quarto eram o sul, o sexto era o leste e finalmente o sétimo era o oeste. Apesar de moderna, Nuevos Santos era muito diversificada em suas regiões: o centro e o norte similares a Nova York lotados de sedes administrativas e comerciais, sem falar dos grandes cassinos e casas de show que o faziam a cidade ser comparada a Las Vegas. O leste era mais residencial destinado a classe média e nobre, enquanto o oeste era a zona mais pobre. O sul por sua vez era muito usado por fábricas e depósitos, como um grande auxiliar das regiões econômico-administrativas, uma das principais era a fábrica "Fauna", um refrigerante a base de cola muito popular na região.

Aleksia e Saber aproveitaram bastante os passeios, embora o Mestre sempre estivesse destacado tirando suas próprias fotos e fazendo anotações, isso intrigava o cavaleiro que não sabia ao certo o que ele estava fazendo. Toda a noite ele montava um pequeno laboratório onde analisava por horas o que havia coletado em total silêncio, muitas vezes caindo no sono e sendo aparado pelo servo, este não compreendia as anotações por estarem em uma linguagem alquímica própria. Mas ao regressarem para o hotel desta vez, pouco antes da véspera do início do conflito, ele questionou:

— Quais estudos estava conduzindo meu senhor?

— Apenas pequenas análises prévias do ambiente com esta câmera adaptada, sua lente é tratada alquimicamente para captar leituras de espectro pertencentes ao mágico. Aqui no quarto eu terminava de tratar as imagens com pedras de revelação para revelar cada detalhe que não poderíamos perceber normalmente, pois esta cidade é confusa em questão de sinais convencionais de magia.

— E quais suas conclusões?

— Descobri que em todos os distritos que visitamos, conforme estas fotos, há a emissão de um sinal singular de mana quando estimulado, portanto estão latentes, porém a presença deles aumenta exponencialmente conforme os dias foram passando nas fotos. Não sei se tem relação com a barreira que percebemos ou se é algo a mais infelizmente... — Soltando um suspiro de descontamento — Também testei a água e as bebidas, em especial esta Fauna, mas estão normais. No começo achei que encontraria algo de diferente na bebida, mas não tem nada, absolutamente nada...

Saber tocou o ombro do jovem, tentando consolá-lo — Aguarde Mestre, amanhã faremos a última visitação na zona leste, aproveite os fogos do Festival de Fundação da Cidade.

— Nós não vamos a zona leste.

— Não? — Pareceu surpreso, pois a aglomeração de pessoas era sempre o ideal.

— Iremos ao oeste, foi o local que ainda não visitamos e quero fazer algumas observações para ter uma visão geral da cidade — concluiu o Mestre antes de se preparar para dormir. Mas não era só isso, ele sentia que deveria se afastar de aglomerações no dia que viria.

Barracão ao fundo da igreja, 2 dias e 11h.

Os dois homens estavam amarrados no tronco, nas pernas e amordaçados, logo começaram a ficar agitados assim que viram os recém chegados. Allan realmente não esperava ver esses rostos tão cedo novamente, mas precisava focar em descobrir como eles sabiam que ele era um Mestre. Ambos os mercenários o olhavam com raiva, mas, ao mesmo tempo, pareciam angustiados em presença do servo, como se temessem o que ele pudesse fazer. Os dois estavam vestido com uniformes pretos, muito parecidos com uniformes militares de operações especiais. O primeiro da esquerda era mais velho, parecia ter seus quase trinta anos, rosto duro e quadrado cheio de cicatrizes. Já o segundo parecia ter no máximo vinte e cinco anos e era ruivo, olhava com mais frequência para Rider. Este que usava o capacete novamente, conjurou sua estranha arma, similar a uma pistola prateada e retirou a amordaça de ambos.

— Ora se não é o sortudo? — Provocou o mais velho — você foi muito cagado em conseguir invocar seu servo antes de nós acabarmos com você, com toda certeza.

— Quem mandou vocês aqui? Como sabiam que eu era um Mestre?— Disse Allan ignorando com total impassividade, embora a raiva estivesse a espreita devido a todo o desespero que eles proporcionaram na noite passada.

Nenhum dos dois respondeu, apenas sorriam.

— Perguntei: Quem mandou vocês aqui? — Aumentou o tom de voz.

— Você acha que vamos responder moleque? — Riu-se o primeiro mercenário acompanhado depois pelo segundo.

— Não vejo razão para que não respondam...

Os dois riram mais alto.

— ... afinal a vida de vocês só faz sentido por causa das informações que puderem fornecer. Mas se preferirem, podemos fazer o interrogatório a moda antiga... — Allan invocou o Ferrão do Drone e apontou para o mais novo, que engoliu em seco e parou de sorrir, mas o mais velho não se abalou. No fundo isto incomodava Allan, não era habituado a ameaçar as pessoas — eu já eliminei todos os seus outros comparsas, então nada impede de nos livrarmos de vocês e dar um jeito depois no campo de batalha.

— Suas ameaças são inúteis moleque, nós dois e você já estamos mortos, não há como você ganhar esta guerra — disse o mais velho sorrindo.

— N-Nossa organização está com um dos competidores, perto dele você está como boi esperando o abate — disse o mais novo gaguejando um pouco sob a mira do Ferrão.

— Disso cuido eu — respondeu Allan.

— Parece que vocês não compreenderam a situação. — Disse Rider se manifestando e tomando a atenção dos dois — Vocês são reféns aqui e ao que parece, ninguém virá resgatá-los com o resto da equipe morta.

— Nós somos muitos... — Começou o mais velho, mas foi cortado.

— E como muitos, são descartáveis, não importa o que acontecer com vocês aqui ninguém dará a mínima, principalmente por terem falhado em obter os Selos de Comando — concluiu Rider se aproximando do mais novo, tomando a posição de Allan. Ele apontou a arma prateada para o peito do ruivo que começou a tremer e se dirigiu ao mais velho — você parece duro na queda, quem sabe se eu parar a respiração do seu amigo aqui não amoleça o seu coração, não é mesmo? Afinal corporativismo não é tudo.

Iniciou então uma contagem: 3, 2... 1.

Em completo pânico, o mais novo começou a falar descontroladamente — F-FOI O M-MESTRE DO ASSASSIN!

— PARE SEU IDIOTA! — gritou o mais velho.

Mas ele não deu ouvidos e continuou — Ele espionou o sistema de transmissão da igreja e te localizou assim!!

Rider afastou um pouco a arma — Continue.

— Ele está com a nossa chefe... — Mas nesse momento ele engasgou e começou a tremer, caindo no chão tremendo e babando, como se tivesse convulsões. Allan tentou ajudar mas o mercenário sufocou rapidamente e desmaiou em poucos segundos, em seu pescoço havia um desenho de um escorpião, possivelmente uma maldição para evitar traições em interrogatórios.

Allan checou a pulsação, mas não havia nada que pudesse ser feito — está morto — balbuciou chocado.

— Imbecil, ele era inexperiente demais pra se esquecer da Maldição de Lealdade... — Disse o mais velho com raiva s dirigindo a Allan — Entendeu agora garotão? Não vou falar nada pois morrerei de qualquer modo, então faça o que quiser comigo.

O jovem mestre estremeceu, não havia como conseguir informações deste modo com a maldição.

— Não me pareceu que vocês não pudessem falar nada. — Interveio Rider, que pareceu não se abalar — Me diga, o mestre do Assassin é companheiro de vocês?

— Obviamente que ele é — respondeu com raiva

— Não é tanto assim, afinal você não está espumando pela boca igual ao seu amigo que apenas citou o título da sua chefe, provavelmente é alguém de fora. Ele é tão importante assim que vale proteger apenas por lealdade espontânea? — Disse o servo em tom enigmático e provocativo.

Todos ficaram em silêncio, Allan estava muito nervoso ainda abaixado sob o cadáver, embora tentasse se controlar ao máximo. O homem ficou calado e olhou também para o corpo do companheiro que estava com os olhos fora de órbita.

— É alguém importante... — Ele parecia medir as palavras com cuidado — mas não passa de um playboy, talvez até pior do que você bad boy — se virando para Allan — quem sabe se vocês me derem garantias eu possa falar algo de interessante.

Rider demorou um pouco para responder e ergueu a mira para o mercenário, que se assustou.

— Escute o que vou dizer, você vai seguir exatamente o que eu disser: Nós iremos te soltar e você vai desaparecer desta cidade, quando estiver bem longe e achar que está seguro, vai reportar aos seus superiores tudo o que julgar interessante, estamos entendidos?

O homem pareceu extremamente confuso, mas assentiu. Allan também não compreendeu e iria protestar, mas o servo fez um gesto com a mão para que ele esperasse.

— Agora diga o que tem a oferecer.

— O Mestre do Assassin é da família Archibald e controla Ferro, ele gosta de achar que está no comando, mas o Selo de Lealdade não cobre informações sobre ele, mas mais do que isso não posso revelar. Agora cumpram a parte de vocês e me desamarrem!

O servo assentiu com a cabeça para a Allan que relutantemente cortou as cordas com o Ferrão. O homem se ergueu e começou a se dirigir até a saída, mas uma luz branca disparada da arma de Rider o deteve surpreendendo até mesmo Allan. Igualmente a noite anterior, o mercenário ficou completamente congelado, mas sem sinais de danos visíveis.

— O que você vai fazer com ele? — Percebendo o que havia sido feito.

— Vou garantir que ele não tente nada enquanto estivermos aqui, vou liberá-lo a alguns quilômetros da cidade, até ele chegar a alguma civilização já estaremos longe — respondeu com convicção — agora vá, você precisa se aprontar para o campo de batalha pois partiremos ainda esta noite, vou cuidar destes dois e depois te encontro. Dispensado por enquanto — desmaterializando.

Allan saiu então do barracão deixando a estátua viva e o cadáver, sem dar uma última olhada, seguia para o apartamento onde reuniria suas coisas e onde foi deixada sua moto. No meio do caminho ele refletia sobre as últimas palavras de Rider: "Dispensado por enquanto", ele achava que era o quê? Alguma espécie de oficial? Também indagava sobre o porquê dele cumprir as orientações do servo sem pestanejar... Respectivamente talvez isso fosse respondido pelo "Táticas Militares" rank A++ e "Carisma" rank A, por enquanto únicas pistas que ele tinha.

Nuevos Santos, 15 horas para o início do conflito.

Aleksia e Saber caminharam quase o dia todo pelo oeste da cidade, realmente parecia muito deserto em relação as outras regiões que eles visitaram durante o tempo de estadia, possivelmente a maioria dos moradores estava nas comemorações no centro/norte e leste. Apesar de ser o lado mais pobre, as casas eram muito bem cuidadas com jardins modestos e floridos em boa parte, com pequenos edifícios de no máximo quatro andares e comércio convencional para atender os moradores.

O jovem sempre tirava suas fotos conforme passavam pelos lugares, aproveitando a liberdade do ambiente vazio até com algumas pedras rúnicas que ele adaptou para as assinaturas irregulares. A um certo ponto eles chegaram a um pequeno parque arborizado, coisa relativamente rara na cidade que era prioritariamente urbana. Saber não escondeu seu contentamento, talvez por suas lembranças de infância conforme sua história.

— Veja mestre, uma Águia-Real! — Apontou para a ave que estava em um galho de uma grande árvore.

— Muito bonita... — Respondeu Allan focando a lente nela.

— O senhor quer que eu a traga aqui? — Perguntou Saber.

— Como assim? Você não pretende se exibir escalando essa árvore só pra capturar o pobre pássaro, não é?

— Por que faria isso? Vou apenas pedir para que ela desça.

Aleksia não entendeu o que o cavaleiro quis dizer com isso, mas Saber soltou um som estranho e em pouco tempo a ave planava circulando suas cabeças e pousando no braço do servo. Normalmente seria necessário equipamento adequado para não se machucar com as garras, mas era dispensável se tratando do Espírito Heroico da Espada.

— Não sabia que você podia fazer isso! — Disse o jovem admirado.

— Fui criado na floresta, sei como lidar com os animais. Se quiser pode tocar nela — Oferecendo o pássaro para ser acariciado. O rapaz tocou com muito cuidado, por fim a ave abriu asas e voou para longe, no céu que já estava ficando alaranjado com o entardecer.

Os dois resolveram ficar no parque até o por-do-sol, que foi devidamente registrado embora não tivesse serventia técnica. Depois disso foram até uma das poucas lanchonetes abertas para reabastecer as energias, pois esta noite eles não pretendiam retornar ao hotel de imediato como de costume.

Faltando vinte minutos para a meia-noite os dois foram a uma pracinha, que também estava completamente vazia, com alguns bancos e brinquedos destinados as crianças. Aleksia sentou em um balanço e pediu para Sir. Percival sentar-se em outro. Exatamente a meia-noite ocorreria a queima de fogos que iniciaria a comemoração do aniversário de fundação da cidade, certamente estaria muito alegre, mas para a Aleksia também não havia motivos de comemoração. Seu estômago revirava e ele disfarçava calafrios que ele sentia devido a expectativa do que começaria em poucos minutos.

— Ansioso meu senhor? Perguntou Sir Percival.

— Um pouco, Saber... Confesso que embora esteja mais do que pronto, não deixo de pensar no que podemos encontrar nesta Guerra.

— Fique tranquilo, pois não importa o que acontecer, eu estarei aqui para lutar ao seu lado.

Os fogos enfim começaram, apesar da distância até o centro, era possível ver que eles estavam muito bonitos e lustrosos, dignos de uma Time Square ou Tivoli Gardens, marcando o evento que mudaria pra sempre a vida dos sete pretendentes ao Cálice. Lembranças voltaram a mente de Aleksia, sobre o porquê dele estar ali.

— Irmão não sei onde você está, mas prometo dar o meu máximo nessa Guerra, ninguém vai afastar o Cálice Sagrado de mim e me impedir de fazer justiça! — Erguendo-se do balanço, Saber sorriu discretamente pois ao que parece a coragem retornou a voz de seu Mestre.

Os dois se ergueram e caminharam em direção a saída, mas neste momento uma das pedras começou a vibrar no bolso de Aleksia que parou. Saber também se pôs em posição de combate, revelando sua espada de metal alaranjado e adornada com gravuras suaves em forma de V.

— Revele-se, seja lá quem fores! — Bradou o cavaleiro.

Caminhando a passos lentos e suaves estava uma figura loira trajando um uniforme azul, Aleksia ficou apreensivo, mas calmo a aproximação do desconhecido.

— Boa noite cavalheiros, sou Haimirich Archibald, o enviado da Torre do Relógio — fazendo uma breve reverencia.