Fastio
Tempestade
A leveza de seu semblante desapareceu da mesma maneira como chegou: em uma fração de segundo.
Seu olhar, plúmbeo como as nuvens tempestuosas que se formaram acima de nós, me deixou em estado de alerta.
— Hao? - chamo baixinho.
Ele não me responde, os olhos perdidos em catáfora. Inquieta e impaciente depois de alguns minutos, minha mão estala em seu rosto com um tapa tão sonoro que o faz cair da cadeira.
A lendária esquerda.
Eu esperava que ele risse. Eu esperava que ele ralhasse comigo.
Mas ele permaneceu taciturno quando seu olhar sombrio ergueu-se para mim.
— O que houve?
Meu coração batia dolorosamente contra o peito, como se no fundo de minh’alma eu soubesse a verdadeira razão de seu silêncio. Como uma anáfora prenunciada que se colocava entre nós.
Hao parecia mais fantasma do que homem. Mais assombração do que ser humano. E seu silêncio degradava minha sanidade.
— Apenas diga. - Praticamente supliquei a ele.
Nunca o vi tão sombrio quanto naquele momento. Como se algo tivesse sido arrancado dele. Talvez seu próprio coração.
— Ele está morto, Anna. - Como um trovão arrebentando os céus e me partindo em dois. - Meu otouto está morto.
Como uma maldição.
Fale com o autor