A expressão de Hao parece a cena congelada de um filme. Ele sabe de algo que eu não sei. Finalmente, começa a falar:

— Não somos indestrutíveis. Os deuses. – ele diz. – Existem maneiras de nos destruírem. Fraquezas.

Ele está falando isso na frente de Marco. Seu pior inimigo.

— Ele descobriu isso. E já sabia qual era a sua maior fraqueza.

Na mente de Marco, a imagem de Yoh pisca como luzes natalinas. Claro. Como não pude deduzir isso antes?

— O que faremos, Hao? – questiono, ao que ele me olha.

— Eu irei atrás dele.

Marco sorri de canto e espana alguns rebotalhos invisíveis de suas vestes.

— Ele disse que te esperaria onde tudo começou.

— Eu vou com você. – digo, antes que Hao possa dizer qualquer coisa. Travamos uma batalha invisível com nossos olhares. Ele sabe que não pode me impedir. Eu sei que ele não quer me levar.

— Você pode ser usada contra mim.

Dou uma risada seca, do tipo de quem já esperava isso.

— Eu sei me cuidar, Hao. – As contas do meu rosário retinem. Ele sabe que eu sei. Melhor do que ninguém.

Hao suspira pesadamente, vencido pelo cansaço. Vencido por algo mais que não sei explicar. E sarpamos.