Fastio

O que eu quiser


A lembrança de Yoh ainda me assombra quando paro ao lado de fora da mansão dos Tao.

Respiro fundo, tremendo com aquela sensação de frio interno que me faz abraçar meu próprio corpo. Aprecio a natureza, a cabeça embaralhada me fazendo sentir aqueles pensamentos ruins que levei anos para conseguir controlar.

É quando sinto seu calor me tocar, seus braços enlaçando minha cintura de modo protetor e seu queixo encostando em meu ombro. Seu hálito também é quente e causa um arrepio gostoso na nuca.

Em outra época, eu teria feito você voar longe com um tapa, Hao. Mas agora apenas aceito o silêncio que você tem a me oferecer e que ninguém mais pode.

Não sei por quanto tempo ficamos assim até que sua calmaria leve embora de mim todas aquelas sensações ruins.

— E agora?

— Agora, o que você quiser. – Hao é rotundo em sua resposta.

— O que eu quiser. – digo, apreciando o sabor daquelas palavras. Nunca foi assim. Nunca tive o que quisesse.

Me viro na direção dele, meus olhos escuros encarando o mar de chamas que são os seus. Me perco em seu olhar, na profundidade dele e em suas nuances. E, sem mais delongas, o beijo.