CAPÍTULO XII. O FIM

Dois anos se passaram desde o dia em que Elizabeth decidiu trocar a própria felicidade pela vida dos seus filhos e do seu amado. E, naquele ano, muita coisa ocorreu.

Lúcio Malfoy e os outros comensais fugiram de Azkaban pouco depois da sua volta. Surgiu um boato entre a comunidade bruxa de que, entre os guardas de Azkaban, existia um comensal que não carregava a marca negra. Rumores, sim, pois agora o Lorde das Trevas escondia informações dos seus seguidores. Desconfiava, com razão, que havia um traidor entre eles. De qualquer forma, o boato dizia que esse guarda facilitou a fuga. Depois desse episódio o Ministério trocou todos os funcionários da prisão.

E por falar em Ministério da Magia, este estava um caos. Os cada vez mais freqüentes ataques estavam enlouquecendo-os. Cornelius Fudge não agüentou a pressão. Aquele velho imbecil preferiu estourar os miolos a admitir que era um fracasso como ministro... Ai, ai... Explodir o cérebro... Como se ele tivesse um! Voltando ao assunto, Arthur Weasley assumiu o cargo. É lógico que tinha um dedo de Dumbledore nisso! Weasley era tão influente no Ministério quanto um trouxa entre os comensais... Mas ele foi uma surpresa. Já tinha conseguido, em três meses de administração, prender mais comensais do que Fudge conseguira em todo o seu mandato! Voldemort tinha que admitir: O poder das trevas estava ruindo.

Weasley estava agora meio que com a guarda de Harry Potter. Por mais que as forças das trevas tentassem, ninguém conseguia achar o menino durante as férias. E Hogwarts agora era uma fortaleza! Potter estava sendo vigiado vinte e quatro horas por dia. Pelo menos era o que diziam. Isso estava ocorrendo porque, no ano passado, os comensais quase tinham conseguido matá-lo, numa chacina que acabou por eliminar toda a família Dursley. Ela mesma havia executado a mulher, a tia de Potter. E tinha também dado um jeitinho de atrasar os comensais, dando tempo suficiente para que Dumbledore chegasse. Péssimo momento que essa família escolheu para tirar férias... Coitados... Se estivessem na Rua dos Alfeneiros, provavelmente não seriam mortos...

Elizabeth tinha também conquistado amizades. E inimizades. Bem mais inimizades, na verdade. Os comensais, em geral, a odiavam. Amizade sincera tinha apenas a de Lúcio Malfoy – ele era, para a sua surpresa, uma pessoa maravilhosa. Não merecia a mulher hipócrita, nojenta, puta e imbecil que tinha –, Bellatrix Lestrange – Bella ainda era a pessoa que mais a conhecia... Era a única que sabia ela que não era feliz ali – e Crabbe – ela ainda não entendia como um homem tão inteligente tinha um filho tão idiota.

Se não fosse por essas pessoas, Elizabeth provavelmente teria enlouquecido. Ela não sabia mais o que fazer. Não agüentava mais carregar tantas mortes na consciência. Não queria mais matar! Queria ver os filhos! Queria que Severo parasse de olhá-la com aquele ar de desprezo! Queria contar tudo para ele! A verdade! Os motivos!...

E lá estava ela. No meio de uma clareira, no coração de uma floresta. As reuniões ocorriam ali agora. Quando Fudge morreu, deixou escapar a verdadeira identidade do Lorde das Trevas. Com a informação, que era pra ser secreta, os aurores descobriram o local usual dos encontros. Foi uma batalha, no mínimo, sangrenta. Vários mortos, ambos os lados. Mas a perda foi maior no lado das trevas: Quando a informação vazou, comensais se rebelaram – “Um sangue ruim nos liderando? Isso é um ultraje!” – e ocorreu uma nova batalha: Trevas X Trevas. Mais mortos. Então o Lorde mudou o local das reuniões.

Ah, e para maior desespero do lado das trevas, parece que Dumbledore encontrou uma antiga magia que pode matar Voldemort. O Lorde tentou de todas as maneiras descobrir do que se tratava, mais não teve sucesso algum. Sabia apenas que tinha algo a ver com as Sacerdotisas de Avalon, o que Elizabeth achava muito difícil, já que essas tinham se mantido ausentes durante a guerra inteira. Elas não concordavam com a guerra, é claro. Mas diziam que não era por causa dela que iriam colocar Avalon em risco.

Bom, voltando à floresta: Na reunião estava sendo discutindo um plano para invadir Hogwarts e, é claro, matar Harry Potter. Não seria fácil! Como já citado aquele lugar parecia uma fortaleza: estava abarrotado de feitiços protetores e de aurores. Mas até que o plano parecia bem possível.

O Lorde das Trevas estava furioso. Um comensal não estava presente. Severo. E ele tinha avisado que esse era o dia que a guerra acabaria. Ele tinha avisado que invadiriam Hogwarts...

De repente, os comensais ouviram vários estalos atrás deles. Não esperavam. Assustaram-se. Agora, formando um círculo em volta da roda de comensais, estavam vários aurores, Dumbledore, Harry Potter e, para a surpresa de todos, menos a de Elizabeth, Severo Snape. Dumbledore se adiantou.

- Essa guerra, Tom, acabará hoje.

Mais aurores e membros de alto escalão do Mistério, incluindo o próprio ministro, começaram a aparatar na clareira. A luz tinha mais aliados do que as trevas. E todos estavam dispostos a morrer pela causa.

Os comensais se entreolharam, lívidos. Então, olhavam para Snape. Sibilavam algo como “traidor”. Lúcio parecia não querer acreditar.

- Severo? Por que?

- VERME! – Rodolphus Lestrange gritou. – Você merece MORRE! AVAD...

O ministério agiu mais rápido. Um auror matou Rodolphus. Por essa ninguém esperava: O Ministério não estava disposto apenas a morrer... Matariam também! A partir de então a batalha começou. Uma confusão de pessoas e feitiços se fez. Todos tinham se misturado. Jatos de luz verde atingiam várias pessoas. Bruxos poderosos morriam. E ela não sabia o que fazer. Estava simplesmente parada no meio do campo de batalha.

Queria lutar ao lado do Ministério, mas tinha medo. Estava dividida: Se lutasse ao lado das trevas e este vencesse, Severo morreria... E ela também, se a lenda fosse verdadeira. Se perdesse, morreria ou passaria o resto da vida em Azkaban sem o perdão de Severo. Se lutasse pelo ministério e ele perdesse, ela morreria, Severo morreria e seus filhos, se houvesse alguma investigação, também morreriam... Porém, se a luz ganhasse... Ela sorriu. O melhor a fazer era lutar pela Luz. Mas não queria decepcionar os amigos.

Os pensamentos dela foram interrompidos bruscamente por uma voz, que mais parecia um rosnado, nas costas dela.

- Vire-se, vadia, pois não sou homem de matar alguém pelas costas! Não sou covarde como vocês, comensais!

Elizabeth se virou devagar. Reconheceu imediatamente as feições bizarras de Alastor Moody. Estremeceu. Não faria nada. Não revidaria.

- Quem diria... A Lady das Trevas, toda frágil, bem na minha frente... Você não sabe o quanto eu sonhei com esse momento!

- Alastor, por favor, não faça nada.

Ela tentou manter-se calma. Ele riu alto.

- Você já sentiu alguma vez a maldição do Cruciatus? Aposto que não... Deixe-me fazer uma demonstração. CRUCIO!

Ela entendeu. Ele tinha razão. Na primeira guerra, ela tinha executado a esposa e a filhinha de Moody. E as tinha torturado antes. Moody tinha enlouquecido depois disso. Procurava deter qualquer vestígio de Artes das Trevas que visse. Tornou-se obsessivo.

A dor paralisou os seus pensamentos. Vários comensais a viram cair no chão, se contorcendo... Mas a odiavam demais para ajudá-la. A dor parou. Ela se levantou rapidamente, tentando manter a dignidade.

- REAJA, MULHER!

- Eu não vou reagir, Alastor. Eu não vou lutar!

- Então seria melhor te matar de uma vez, não? Olha que romântico: Você e o seu marido vão para o inferno, juntinhos... AVADA KED...

Então um jato de luz verde atingiu Moody nas costas. Ele caiu pesadamente no chão. Ela viu Lucio Malfoy, com a varinha na mão. Ele correu em direção a ela.

- O que aconteceu, Milady? Por que não matou o velho? Você teve a chance!

- Eu... – Ela estava atordoada. – Eu sinceramente não sei. Lucio, eu não estou me sentindo bem...

- Você... – Ele se jogou em cima dela, a derrubando. Um raio de luz verde cruzou o exato lugar onde ela deveria estar, se ainda estivesse de pés. Ele diferiu vários feitiços mortais, que atingiram quatro aurores em cheio. – ...consegue lutar?

- Não sei... Acho que não.

- Então se esconda, Milady. Esconda-se! Eles querem a sua cabeça!

Isso era realmente o melhor a ser feito. Permaneceria neutra, assim. Correu até a floresta.

Porém, antes que pudesse chegar ao seu destino, viu uma cena que a fez paralisar: Severo estava duelando com Crabbe e Mulciber, quando Bellatrix chegou por trás dele. Ela ia diferir a maldição mortal. Nem o ministério e nem o próprio Snape perceberam o que estava para acontecer. Ele iria morrer.

Elizabeth pensou e agiu rápido. Não podia deixar Snape morrer. Mas também não podia lutar com três comensais. Decidiu que o melhor era azarar o próprio Snape. E o fez. Lançou nele uma maldição que o fez voar longe. O raio de luz verde atingiu Crabbe em cheio. O comensal e amigo caiu, morto.

Elizabeth gritou. Correu até o corpo do amigo caído. A culpa fora dela! Bellatrix se aproximou, furiosa.

- O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? Snape estava para morrer! Aquele traidor ia ter o que merece! – Bella olhou para o outro lado. Viu Snape. – Ah, ele está ali! Agora, vê se não se mete quando eu estiver o matando, OK?

Elizabeth sabia que Bella falava assim com ela porque eram amigas... Mas jamais desacataria uma ordem direta.

- Não! – Bella se virou, intrigada. Elizabeth tinha que inventar um desculpa. – Deixe o traidor comigo!

Bellatrix sorriu e se virou para voltar a duelar. Caminhou uns três passos. Virou-se e gritou.

- Seja cruel!

Elizabeth fingiu um sorriso. Procurou ver onde Snape estava. Viu que ele estava desacordado. Batera a cabeça numa árvore, antes de cair. Preocupou-se. Correu para onde ele estava, procurando se livrar dos feitiços que nela eram lançados.

Chegou e se debruçou sobre ele. Colocou uma das mãos na sua nuca. Sentiu-a úmida. Sangue. Ela penetrou na floresta com ele. Deitou-o num canto escondido. Curou seu ferimento. Olhou-o por um tempo. De repente, ele acordou, desorientado e aflito.

- O que houve?... Elizabeth?... Eu... Tenho que voltar à luta!

- Severo. – Ela tentou mantê-lo pelo menos sentado. – Você não pode sair daqui!

Ele não a escutou. Empurrou-a e se levantou rapidamente. Sentiu-se tonto e caiu, desmaiado. Ela executou nele o Feitiço da Desilusão e, antes de sair, depositou um leve beijo nos seus lábios.

Assim que chegou na clareira, viu a cena que marcaria o fim da guerra: Dumbledore duelava com Voldemort, quando este percebeu a presença de Harry Potter. Numa tentativa desesperada de fazer a profecia se cumprir e vencer a guerra, o Lorde das Trevas soltou um Avada contra Harry. Por impulso, Dumbledore jogou a mesma maldição em Voldemort. Potter também. Ao ver que o garoto seria morto, Dumbledore se pôs na frente dele, recebendo o jato de luz verde bem no coração. Voldemort foi atingido pelos dois feitiços.

Os dois maiores bruxos de todos os tempos caíram no chão. Uma sombra pairou sobre a luz e sobre as trevas.

A clareira inteira se calou. A batalha parou para ver a queda dos bruxos. Harry gritou, caindo próximo ao corpo de Dumbledore. Elizabeth se aproximou aos poucos. Voldemort não tinha morrido. Estava agonizando. Olhou para o rosto da mulher. Sentiu-se triste ao ver que este não exprimia reação alguma.

- Lis?

A voz era fraca. Não era fria. Ou sarcástica. Ela viu nos olhos dele Tom Riddle. Ela viu nos olhos dele o Tom Riddle. Aquele que ela tinha conhecido em Hogwarts e se apaixonado. Aquele era o seu marido. Seria bom vê-lo uma última vez. Agachou-se e acariciou o rosto do homem.

- Tom?

- Eu estou morrendo, Lis... Mas... me perdoe.

- Eu...

- Me perdoasse por acabar... conosco.

- Tom, eu...

- Você está apaixonada... Por quem?

- Tom, por favor...

- Por quem?

- Severo.

- Eu... – Ele tentou sorrir. – acho que... já sabia.

- Eu sinto muito!

- Não sinta! Será que você ainda... sentiria algo... se eu não tivesse causado essa guerra?

- Provavelmente.

- Provavelmente. – Ele sorriu. Em seguida, gemeu. – Lis, por favor... acabe com isso... Me dê o beijo.

Elizabeth se concentrou e respirou fundo. Fez tudo ficar frio. Tom Riddle percebeu que ela concordara com ele... e sorriu, ao ver que a sua alma ficaria guardada, pronta para uma volta.

Ela aproximou seus lábios dos dele. Uma voz furiosa interrompeu o ritual.

- Ah, mas não vai mesmo!

Harry Potter capturou a espada de Godric Gryffindor, que estava nas mãos do cadáver de Dumbledore. A rodou em seu punho e encravou-a no peito de Tom, que deu um leve suspiro e... morreu.

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