Charllote acordou com os raios de sol batendo em seu rosto. O Sol estava alto, possivelmente já eram nove. Ficou imaginando que tipo de coisa encontraria nessa floresta que enfrentaria para encontrar seu irmão e os outros. Charllote colocou suas botas brancas, que agora se encontravam marrons devido à lama que pisara para chegar à casa. Viu que tinha um espelho no cômodo também, coisa que ela não havia visto na noite anterior, quando havia entrado. Seus cabelos azuis estavam completamente bagunçados e suas roupas sujas. Por sorte ela encontrara um pente ao lado do espelho.

Charllote morria de fome, já que na noite anterior não havia comido nada, e correr uma maratona numa floresta escura não era também uma boa ideia que tivera. Deduziu que qualquer comida que estivesse lá provavelmente estava podre ou que acharia ratos. Por sorte ali perto da cabana havia uma árvore com maçãs, então pôs oito maçãs em sua bolsa juntamente do diário. Claro, ele era a coisa mais importante agora. Se mostrasse aquele diário não só pra Reed e os outros, como também para o Conselho, o mistério de onde estariam seus pais seria resolvido e juntamente conseguiria respeito de todos. Tem algo melhor do que isso?

Antes de sair, Charllote verificou a casa de cima a baixo, procurando mais alguma coisa que lhe fosse útil. Apenas achou um colar de pedra azul que lhe parecia bonito, porém, tinha uma energia mágica estranha. Ter uma coisa daquelas poderia resultar em prisão, mas não ligava. Com tudo guardado em segurança em sua bolsa, deixou a velha cabana em rumo à floresta.

Nashi estava profundamente irritada. Como sempre, aliás. Quando Nashi Dragneel não está irritada? Lembrando-se ainda com raiva da manhã daquele dia...

— Muito bem, não podemos deixar Charllote perdida aqui. Não sabemos que tipos de guildas, animais vivem nessa região e não posso arriscar minha irmã nisso. — Reed disse, com seu tom sério de sempre.

— Se não queria que ela sumisse, por que a fez chorar então? — Dean se manifestou pela primeira vez.

Reed nada disse sobre isso. os exceeds estavam inquietos, principalmente Darin, que não parava de andar de um lado para o outro.

— Vamos nos separar em duplas novamente, para não nos perdermos. E as chances de vencer caso entremos em uma luta aumentam. — Raven também se manifestou, com seu gatinho-panda lhe pedindo morangos. Pela primeira vez, Nashi tiveram certeza de que o nome dele era mesmo Kuro. Significava preto.

— Tudo bem, Nashi vem comigo! — Dean disse quase que gritando agarrando o braço de Nashi.

E foi assim que ela havia entrado naquela situação. Ficou se perguntando o porquê de Dean ter escolhido ir com ela ao invés de ir com Raven, já que eles devem ser próximos. Agora estavam sós, em uma floresta, longe de qualquer outro ser humano, sem comida, procurando por uma maga de cabelos azuis que eles nem sequer tinham certeza de ela estaria viva. Nashi preferiu não pensar nessa possibilidade. Dean cortava os galhos e troncos caídos, enquanto ela apenas caminhava. Não fazia a menor ideia de como começar uma conversa, e também, não queria conversar com ele.

Não haviam tempo para ver o quanto a floresta era bonita. As árvores grandes, de troncos resistentes e folhas verdes, a diversidade de flores e insetos e o céu limpo que dava a impressão de que estavam em um ótimo verão.

— Você bem que poderia ajudar, não é? — Dean quebrou o silêncio que pairava sobre eles. — Eu estou me matando enquanto a senhorita cor-de-rosa não faz nada além de andar!

— Se você quer saber, eu estou preocupada com Charllote e estou carregando nossas coisas. Eu não sou um burro de carga, sabia?

— Tudo bem, então ao menos fale alguma coisa!

— Por que se importa tanto com o que eu falo ou faço? E aliás, por que não veio com a Raven, se vocês não são da mesma guilda?

— Porque eu... — Dean começou à falhar — Gosto mais de você e porque você me irrita.

Nashi tentou esconder seu rosto agora vermelho. Ela nunca soube o porque do rosto das pessoas ficar vermelho. Ninguém havia lhe contado sobre isso e seus pais tentavam não tocar nesse assunto desde o dia em que ela lhe perguntou de onde vinham os bebês. Graças à isso ela nunca sequer soube o que era um beijo, namoro, ou coisa parecida. Era apenas abraço e só. E isso já era o bastante.

Rearrumando as mochilas nas costas, Nashi pensou em como seus pais deixaram coisas em branco na sua infância. Seu aniversário de sete anos, da qual ela consegui fazer fogos de artifício com sua própria magia, quando ela destruiu a doceria da qual Reed sempre comprava seu bolo de limão e ninguém a repreendeu, quando ela derrotou uma guilda de bandidos inteira que roubara sua lanchonete favorita e até mesmo quando ela encontrou o ovo de exceed na porta da guilda. Eram momentos que não voltariam, e que apenas ela lembraria e contar não seria tão emocionante quanto ao vivo. Por um momento, Nashi se viu deprimida e parou de pensar no assunto. Ela não iria chorar na frente de ninguém. Nem mesmo de seus pais. Mas outro pensamento lhe veio na cabeça. O dia em que começou à treinar magia de Dragon Slayer. A frase que seu pai lhe dissera.

"Você vai ter que ser forte, Nashi. Por nós."

Ela finalmente havia entendido a mensagem.