Face do Passado

Capítulo 7 - O que é você?


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Gerard permaneceu sentado ali no sofá durante alguns minutos depois que seu irmão saiu da casa dele. Olhou de um lado a outro e resolveu fazer uma coisa que pensava em fazer desde o dia no hospital. Levantou-se com dificuldade já que estava bastante cansado depois da internação e gritou o nome dela.

- Emily! – gritava ele. E foi andando por todos os cômodos e chamando por aquela que um dia causou todo um alvoroço em sua vida. – eu sei que pode me ouvir. Apareça! – gritava. – Droga Emily! Vamos parar com esse joguinho e apareça logo. Estou só, você pode aparecer pro louco aqui.

Mas ninguém apareceu. Gerard se sentiu insano por um instante. Estava chamando um fantasma, ou sei lá que coisa deveria ser aquilo. Entrou no banheiro e lavou o rosto. Levantou o rosto e olhou-se no espelho. Estava abatido e sua olheiras estavam visíveis novamente.

- droga de olheiras!

Abriu o espelho pra pegar a escova de dente, mas acabou ficando de olhos fixo pro fundo que era falso. Pensava se fazia aquilo ou não. Por um momento uma vontade mais forte que ele veio à tona e ele sentiu necessidade de fazer aquilo. Quando ousou tirar a mão da pia pra abrir o tal fundo falso o espelho se fechou sozinho de forma violenta, e pelo espelho Gerard pôde ver a imagem dela refletida atrás de si. Gerard deu um pulo de susto e ficou frente a frente com ela.

- Emily! – disse um tanto surpreso.

- você não ousaria fazer isso. – disse ela olhando pro espelho.

- eu não...

- você tenta, mas nunca vai conseguir me enganar Gerard. Sabe por que? Eu sei tudo que está pensando. Eu consigo ler sua mente.

- o que é você, Emily? – ela apenas sorriu sem responder. – depois de todos esses anos, eu ainda me pegava perguntando que diabos era você. Era uma pergunta que me fazia todos os dias na clinica. – o sorriso em seu rosto desapareceu dando lugar à uma expressão de pena.

- você sofreu tanto naquele tempo, não foi? Eu vi o quanto sofreu, Gerard. Eu sinto muito ter deixado aquilo chegar aonde chegou.

- então você me observava? – e ela balançou a cabeça positivamente. – por que nunca apareceu pra mim? Eu precisava tanto te ver, queria fazer tantas perguntas e você me deixou lá sozinho...

- eu não podia. – seus olhos continham pena.

- por que? Emily, o que exatamente você é? Por que estragou minha vida?

- não fale assim, Gerard. Essa não foi minha intenção. Eu era muito novata pra pensar que aquilo tudo aconteceria à você. Já fui castigada por isso.

- castigada por quem?

- olha Gerard, eu nem devia estar conversando com você.

- por favor, não vá. Esclareça minhas dúvidas, por favor.

- eu não posso mais. Preciso ir agora. Estão precisando de mim.

- quem? Do que está falando?

- me desculpa Gerard. Se precisar de mim, é só me chamar.

- eu preciso de você agora!

- tchau. – disse ela sumindo. – fiquei olhando pro lugar em que ela estava alguns segundos atrás. Me senti meio louco depois de tudo.

- eu to piradão de vez, não é possível. – eu disse esfregando as mãos no rosto.

Quando foi mais tarde, Mikey chegou pra fazer companhia à mim. No começo pensei que fosse apenas uma visita até ver uma mala em suas mãos. Ele levou mesmo aquela promessa de me fazer companhia à sério.

- pra que essa mala? – perguntei fazendo cara feia olhando da mala pra ele, apesar de já saber a resposta.

- eu te disse que ficaria aqui por um tempo cuidando de você.

- não acredito. – respondi impaciente. – está me tratando feito uma criança, quando na verdade sou mais velho que você.

- mas não parece. Acho melhor começar a agir como um.

- você tem mulher, vai pra casa. Me deixa, cara.

- quando você estiver melhor, eu volto.

- eu já estou melhor.

- olha, vamos fazer o seguinte? Eu fico aqui até o final dessa semana e pronto, se eu ver que está apto a cuidar de si mesmo novamente eu volto pra minha casa.

- mas ainda é terça-feira. Eu vou ter mesmo que te aturar todo esse tempo?

- vai. – respondeu firme. – onde eu posso ficar?

- vamos subir. Você fica no quarto de hospede ou ta pensando em dormir comigo? – o provoquei com raiva, mas ele nem deu idéia pros meus sarcasmos.


Naquela noite tentei dormir em vão. Só consegui pegar no sono depois de horas matutando sobre o que tinha visto no banheiro ou achei que vi. Na verdade não sabia bem se vira e conversara realmente com aquela pessoa ou se foi tudo um sonho. Os dias foram se passando e eu sentia necessidade de chamar por Emily, mas não tinha como fazer isso por causa de Mikey que me perseguia dia e noite. Eu não contei mais nada pra ele a respeito dela, por que aí sim ele cumpriria o que disse: de eu fazer outro tratamento.