Face do Passado

Capítulo 14 - Alguém me espiando.


Quando chegamos, ela não saia do carro então ficamos calados os dois e eu fiquei aguardando o que ela tinha pra dizer. Dessa vez chovia muito do lado de fora do carro. Pensei na hipótese dela estar me esperando pra levá-la até a porta, mas chovia muito e eu não sairia daquele carro pra me molhar e pegar uma gripe.

- por que não tentou nada? – disse ela quebrando o silêncio.

- tentou o que? – e me virei pra ela.

- comigo. Você não gostou de mim é isso?

- não, não é isso.

- não precisa explicar, mas eu gosto tanto de você. Ainda mais que sou uma fã sua. Sempre sonhei com esse dia. – disse ela de cabeça baixa.

- me desculpa.

- é só isso que tem pra me dizer? – fiquei calado e depois de um longo silêncio fui sincero com ela.

- é. – ela ficou calada e imóvel alguns segundos e depois abriu a porta do carro.

- ta bom. Boa noite. – Saiu do carro na chuva e correu pra casa. Eu continuei ali com o carro parado mesmo depois que ela entrou na casa dela. Fiquei pensando se devia voltar lá e ficar com a garota ou se ia embora. A vontade era de ir embora, porém fiquei com pena, pois não tinha dado muito atenção à ela a noite inteira. Decidi dar uma chance à ela. Toquei a campainha e alguns segundos depois Lindsay apareceu abrindo a porta. Pude ver que ela tinha chorado.

- Gerard? O que houve? Esqueci alguma coisa no carro?

- esqueceu.

- o que?

- isso. – e eu a agarrei beijando-a. Fui empurrando ela sem que parássemos de nos beijar e fechei a porta com o pé. Fui deslizando a mão pelo corpo dela tentando satisfazê-la. Ela me empurrou com cuidado e com a respiração ofegante.

- aqui não. Vamos pro meu quarto. – disse ela. E fomos os dois correndo escada acima.

Quando chegamos no quarto dela comecei a me despir assim como ela e ficamos apenas de roupa íntima. Agora eu estava cheio de vontade de fazer aquilo. Ela era bonita, eu já estava meses sem fazer nada e outra eu sou homem, certo? Fui beijando-a e colocando ela na cama que tinha a cabeceira toda de espelho. Enquanto a beijava ia deslizando a minha mão pelo corpo dela. Eu estava desesperado e fui logo tirando a calcinha dela. Então a penetrei, eu penetrava com força e bem rápido enquanto ela gemia no meu ouvido. Eu estava em total êxtase, foi quando um raio iluminou todo o cômodo e eu vi do espelho a Emily na porta do quarto. Eu saí de cima da garota na mesma hora e me sentei na cama olhando pra porta do quarto.

- o que houve? Por que parou? – perguntou ela com dificuldade e a respiração ofegante.

- não dá. – respondi nervoso.

- o que?

- me desculpa. Me desculpa. – disse descontrolado. – me desculpa.

- calma. Você está bem?

- não. – e olhei pra ela. – me desculpa mais uma vez. Me desculpa mesmo. Eu sinto muito por ter feito isso com você.

- o que aconteceu?

- eu não posso continuar.

- você quer um viagra? – e olhei pra ela sem acreditar que ela pensara isso de mim.

- não é isso... – respondi pensando na Emily. Ela viu tudo.

- não sou atraente? – olhei com pena da garota ao meu lado. Tinha me metido num rolo muito grande. Eu tinha que ser sincero com ela.

- não é você. Sou eu. Eu amo outra pessoa.

- quem? – e os olhos dela encheram-se de lágrimas.

- alguém que nem existe.

- o que? – ela me olhou me achando louco.

- me desculpa. Eu preciso ir embora.

Recolhi minhas roupas depressa e corri pro carro de cueca mesmo. Quando cheguei em frente a minha casa, vesti minha calça no carro e depois corri até a porta. A chuva gelada batia nas minhas costas me dando arrepios. Subi pro meu quarto desesperado atrás dela.

- Emily! – chamei, mas ela não apareceu. – Emily, por favor. Aparece! – olhei de um lado a outro a procura dela, mas não a vi. – me perdoe. Eu não queria que visse aquilo. – me joguei na cama e coloquei a cabeça no meio das minhas pernas nervoso. – cadê você? – disse baixinho e depois gritei o que meu coração falava. – eu te amo, Emily! Mesmo a nossa relação sendo impossível, Eu te amo.

Mas mesmo assim ela não apareceu. Eu a amava, aquela menina que eu conheci na infância e que foi meu primeiro amor, novamente despertava algo em mim. Mas era um amor impossível. Eu não podia tocá-la, não podia beijá-la, não podia amá-la. Apesar dela não estar ali, eu sabia que podia me ouvir então disse tudo que sentia.

Depois desse dia ela nunca mais apareceu pra mim. Eu fiquei feito um louco, não queria mais fazer nada. Só ficava trancado em casa e escrevendo novas músicas. Passaram-se dias e eu ficava cada vez pior por não vê-la. Queria dizer que a amava. Eu sabia que ela me ouvia, mas eu queria dizer tudo olhando nos olhos dela.