Exile 3: O Renascer

Capítulo 7: Lost Silver...


Eu sabia o que estava acontecendo, mas me recusava olhar para trás. Lembro-me daquela noite em que acidentalmente li a creepypasta Lost Silver que Jake me enviou. Uma época antes de irmos entrar nessa história de guerras e morte na qual estou lutando agora, antes de irmos para cá. Lost Silver conta a história de um garoto que era fã de Pokémon e comprou um cartucho do jogo em uma loja não-oficial da empresa fabricante. Ele, ao chegar em casa começou a jogar, porém, percebeu que o jogo estava bem diferente do normal... Após diversas coisas que dão medo de falar, o garoto desligou o seu videogame em busca de tentar não se lembrar da macabra lembrança que ele acabou de ter. Logo depois ele acordou na madrugada ouvindo um barulho estranho, um barulho baixo que vinha da gaveta de sua mesinha de canto, onde ele guardou o aparelho... Ao abrir a gaveta com suas mãos tremendo de medo e sua mente paranoica vendo vultos em seu quarto, ele viu que o videogame estava ligado na tela inicial do jogo, só que ele lembrou que tirou as pilhas logo após jogar...

Essa foi a creepypasta que Jake me enviou, ele sempre pesquisava o máximo que podia de uma creepypasta para saber tudo que envolve essa história, ele era um fanático por histórias de terror e um dos mais que entendem desse assunto...

Estava me lembrando disso, lembrando de uma das noites que não dormi por ler o que Jake me enviou e até hoje eu sou traumatizado com isso. Congelado pelo medo eu só sentia a respiração ofegante em minha nuca, sabia que se virar eu ia ver algo que não queria ver e com esse medo eu não conseguiria correr, mas tinha que me virar e com isso gritar o Jeff para ele tentar me ajudar. Respirei fundo e apenas no primeiro momento de lucidez eu me virei e vi o que me encarava... Nada. Olhei em volta e os arredores era a sala normal, sem nenhum indício do Lost Silver ou outra coisa... Fui até Jeff e ele estava adormecido, como ele não tem pupila nos olhos ele fica de olho aberto o tempo todo e isso me causava arrepios. — Acorda! — Gritei no ouvido dele. Ele levantou assustado e olhou para mim com uma cara raivosa – mesmo já tendo uma -

O que houve? — Perguntou ele sério, mas com aquele sorriso assustador em sua boca. — Lost Silver... — Apenas falei isso e ele se apavorou olhando para a sala em busca de alguma aparição da creepypasta. — Lost Silver é problema, escute o que estou dizendo. Ele é um dos que não ficou em um lado na guerra, ele apenas pensa em matar e matar. Acho que ele nem pensa no que está fazendo, apenas vai por instinto... — Jeff acordou Smile.dog e o avisou o que estava por vir, o cão ficou na espera como nós e sempre alerta. Um vento frio veio pela janela substituindo o ar da sala, ainda com o videogame em minha mão eu percebi que a tela mudou e agora o personagem principal do jogo estava esquartejado exatamente como na história que li. Na tela uma representação da sala apareceu e todos nós estávamos nela, em gráficos de Game Boy. — Ele chegou... — Exclamei. Da parte mais escura da sala surgiram os Unowns, os Pokémons que eram parecidos com letras. Agora eles estavam formando a palavra “Eu estou morto”, indicando ao protagonista do jogo que morreu na creepypasta e foi possuído por essas criaturas do mal. Os monstros eram parecidos com os Pokémons do jogo, mas agora tinham um traço mais realista, seus olhos pareciam estar secos e veias atravessavam seu globo ocular, além do som bizarro que eles faziam. — Não olhe para eles! Eles controlam sua mente! — Gritou Jeff instantaneamente ao perceber a chegada dos Unowns. Abaixei a cabeça e mesmo com a agonia de olhar para eles eu me contive e fiquei quieto. Logo depois disso, eles soltaram um tipo de grito e em nossa frente surgiu uma fumaça negra do chão, algo naquela fumaça estava surgindo e eu acho que já sei o que é... Depois de sumir, algo estava no lugar de onde apareceu a fumaça, era o Lost Silver. Ele não tinha cores, sua coloração era preto e branco, ele trajava um moletom e uma calça, ambos totalmente ensanguentados, além de um boné. Seus braços e suas pernas foram arrancados de seu corpo brutalmente a ponto de ver para fora seus ossos, uma visão não muito agradável. Outra coisa que foi arrancada foi seus olhos, lá havia apenas um enorme buraco e sangue escorrendo em sua face.

Ao vê-lo eu me desesperei, nunca imaginei encará-lo em minha vida, era um medo incessante que sentia. — Como derrotamos isso? — Perguntei ao Jeff. Ele olhou para mim com uma face meio assustada e respondeu: — Não sei, mas agora é só correr! — Cada um para um lado, corremos sem olhar para trás. Lost Silver teve que escolher alguém para perseguir e ele escolheu ir atrás de Jeff, não sei qual a razão dele ter feito isso, geralmente nos filmes o monstro persegue o protagonista, mas não estamos em um filme. Enquanto eles corriam eu tinha que pensar em um jeito de matar aquela coisa, caso o contrário, iríamos morrer muito brevemente. — Pensa! Pensa! Uma fraqueza... Qualquer coisa! — Estava muito nervoso para pensar, estava tremendo e Jeff poderia ser pego. Eu parei de correr e vi que estava em um corredor, tentei abrir as portas do escritório, só que tudo estava preso em escombros. Ouvi barulho vindo do final do corredor e senti que algo vinha em minha direção, com toda minha força e aproveitando a adrenalina eu chutei a porta do escritório, ela abriu e eu pude entrar e me esconder antes que Lost Silver me visse. Escorado na porta para ele não entrar e pensando em alguma coisa para ajudar Jeff, do nada o assassino me grita do outro lado do prédio: — Ele parou de me seguir! — Quando ele falou isso senti aquele aperto no coração, se o monstro parou de seguir Jeff aonde ele viria? Exatamente... Olhei para trás e ele estava surgindo atrás de mim. Eu paralisei de medo, Lost Silver olhou em meus olhos e estava pronto para me atacar quando Smile.dog pulou em cima dele para ataca-lo, não sei se foi para me defender ou para atacar mesmo. O cão pulou em cima dele e o mordeu, nada foi efetivo, mas durante a mordida eu vi que a pata dele acertou um dos unowns e o Lost Silver teve um tipo de espasmo, uma reação a aquilo. Foi quando eu reparei que os unowns nunca abandonaram o Lost Silver, eles sempre o seguiam para controlá-lo, ele está sendo controlado por essas coisa, logo, a fraqueza dele são os unowns. — Não! — Quando parei de refletir sobre sua fraqueza eu vi que Smile.dog estava brigando severamente com o inimigo. Ele pegou o cão e começou a levitá-lo com seu poder cerebral, enquanto dos gemidos do cachorro eram ouvidos, os unowns arremessaram Smile em direção a uma parede e assim debilitando ele por causa do grave ferimento.

Estava sem opções, estava sem ideias de como matar os unowns. Peguei o revólver que consegui na SCP Foundation e poderia acertar um tiro em cada, mas só tinha três balas sobrando. Um desespero tomou conta de mim, um medo de errar o tiro e acabar resultando em ser o culpado de nossa morte. É horrível o destino de seus amigos e o destino do mundo estar em suas mãos, você teme tudo e sempre pensa o pior, mesmo com todos esses problemas eu ainda tenho que sorrir para fingir que está tudo bem, pois eles confiam que eu salve todos. Eu não queria ser o herói, eu só queria ter uma vida normal... Eu... Eu tenho que fazer isso...

Recarreguei o revólver e fiquei sério, o medo me dominava, porém, tinha que tentar, preciso ao menos tentar derrotá-lo para tudo não ser em vão. O monstro começou a se aproximar de mim lentamente e em minha mente eu tive uma ideia péssima, mas que poderia salvar a todos. Os poderes que herdei do Ancestral poderia me ajudar a derrotá-lo como me ajudou contra a máscara possessiva. Eu sinto que a cada vez que uso essa maldição eu me aproximo mais ainda dele, sinto que toda vez que uso estou fadado a ficar mal que nem ele. Isto não é um dom, é uma maldição. — Por meus amigos... — Quando Lost Silver estava quase em minha frente, eu recuei dando um passo para trás e comecei a rodeá-lo em busca de conseguir em um tiro matar todos os unowns sem precisar usar o poder do Ancestral. Em um determinado momento todos se alinharam e no primeiro momento eu atirei, mas os monstros conseguiram com sua mente parar a bala e despedaçá-la ainda no ar. Minha chance de vencê-lo se foi, tinha que fazer isso... Eu estava com tanto medo de me tornar como ele que não conseguia pensar em outra maneira. Smile tentando se levantar para atacar, mas estava muito ferido, Jeff não apareceu, então algo de ruim aconteceu. Estas coisas que passavam na minha cabeça foram o que despertou a Fúria do Ancestral em meu coração.

— Por eles... — As olheiras e as veias pretas surgiram em meus olhos e eu me cedi aos sentimentos de fúria e de dor que estava acumulado em minha alma. Lost Silver parou de se aproximar e agora eu que estou andando em sua direção. Um passo de cada vez, eu fui indo calmamente até ele com meu olhar de raiva e de morte, ele não demonstrava medo, apenas ficou parado sem ação. O cão sorridente latia para mim ferozmente, ele não me reconhecia mais, acho que ele sentiu o mal que exala de mim quando estou nessa forma demoníaca.

Com as duas mãos eu pressionei o rosto dele e Lost Silver começou a gritar muito alto. Olhando para os unowns que estavam sem ação, eu ergui uma mão para eles e eles começaram a morrer lentamente, seu corpo começou a apodrecer até o ponto deles virarem a fumaça preta que invocou Lost Silver. Com seus possessores destruídos ele começou tremer e começou a virar a mesma fumaça. — Obrigado... — Falou ele agradecendo por eu finalmente ter dado o descanso para aquela pobre alma que foi possuída por aqueles monstros. Depois de sumir meus olhos começaram a doer e a transformação estava sendo desfeita. Caí escorado na parede de cansaço e meio desnorteado vi Jeff chegar na sala e indo socorrer o Smile que parou de latir para mim. — O que você fez para matá-lo? — Perguntou o assassino. Estava sem ação, aquilo tirou todas as minhas forças que sobraram, além de ter feito meu coração quase explodir em adrenalina. — Eu preciso seguir meu caminho... — Por quê? Por que ir? — Ele olhou com uma face de raiva para mim e respondeu: — Eu não consigo mais confiar em você, você invoca poderes que são do Doppelgänger e sinto que alguma hora ele irá dominá-lo. — Ele pegou Smile no colo e saiu andando sem olhar para trás, sem remorso como ele sempre foi e sempre será...

Dói não é? — Olhei rapidamente para o lado e lá estava ele... O culpado de tudo... Absolen. Sentado em uma cadeira simples de madeira com sua espada montante ao lado ele segurava algo que me assustou muito... Ele segurava em sua mão esquerda o corpo de Herobrine que estava completamente ferido da cabeça aos pés. — Não... Não! Por quê? Por que tanta matança? — Ele riu com aqueles dentes afiados e olhos mortíferos. Olhando para o corpo de Herobrine eu não parava de pensar que eu poderia ter o salvado, Ele me escolheu por um propósito, para salvar todos e eu não consigo nem salvar meus amigos. — Eu também fui abandonado, sabia? Pelo meu pai que me largou e disse que eu era fraco e sentia vergonha de ter um filho assim... Ele agora deve se sentir orgulho de mim, eu serei o que dominou a Terra! O libertador de nossa raça que está tanto tempo naquele mundo infernal! — Queria atacá-lo, mas estava muito fraco para isso.

Está na hora de você ir comigo, eu preciso de seu poder para me tornar mais poderoso que já sou! Para derrotar de uma vez por todas as criaturas bizarras desse mundo e dominar o seu... — Ele largou o corpo de Herobrine deixando-o cair no chão e me segurou pela gola da camisa me levantando até seu rosto. — Boa viagem senhor Alan... Hahaha... — Ele começou a brilhar e enquanto eu desaparecia com ele lamuriei: — Eu falhei... Falhei contigo Herobrine, me perdoe... — Depois de sumir com ele, já fora do prédio, Jeff repara no estrondo e na luz que saiu da janela do prédio onde estávamos.

Não... Absolen... Não! Seu desgraçado!