Exile 3: O Renascer

Capítulo 8: O Livro e o Espírito da Loucura...


Jeff, após ver o clarão que foi invocado por Absolen na hora de sua saída se espantou. Ele sabia que o demônio me queria por eu ser muito poderoso e com os poderes do Doppelgänger ele seria praticamente invencível. Ele me deixou sozinho não por medo de eu o feri-lo, pois eu nunca iria fazer isso, ele me abandonou porque sabia que lutar ao meu lado iria ter que aceitar as dores de ser um herói, pois um herói sempre é o mais ferido em uma longa batalha. A covardia dominou seu coração então ele fugiu dando a desculpa de não mais me reconhecer, eu invoquei o poder do Ancestral para defendê-los de Lost Silver, fiz isso por eles e mesmo assim eles ainda não confiaram em mim. Agora me sinto traído, se fosse realmente medo de mim, eu entenderia, mas covardia é algo que não posso aceitar. Mesmo capturado e sendo confinado na terra sombria de Absolen, eu ainda não abandonei o meu destino, não abandonei minha missão...

...

Jeff correu até a entrada do grande edifício e antes de entrar murmurou sua lamúria de não ter ficado e protegido seu amigo Alan. Ele agora sente em seu coração gélido o sentimento de culpa que não sentia desde que ele era um humano. Sua face havia mudado para uma expressão de puro ódio e uma raiva sanguinária por Absolen ter sido tão cauteloso na espera de Jeff abandonar Alan e depois capturá-lo. Ele entrou no prédio e os primeiros raios escuros do sol doente tocaram as janelas quebradas e vidros espatifados do local. O amanhecer daquele mundo estava chegando e indicando que mais um dia de sobrevivência havia sido vencido e mais um dia de sobrevivência estava chegando... Com clareza agora Jeff havia percebido que o prédio que eles passaram a noite era um escritório de uma empresa de jornalismo. Os computadores estavam ainda em cima das mesas, os jornais sendo impressos no porão, as canetas sobre os papéis, e isso mostrava que o local fora abandonado ainda com seus funcionários trabalhando, como se eles desapareceram cuidando dos seus afazeres mundanos. E esse cenário representava muito bem a velha história de Croatoan que sempre foi contada nas aulas de história das crianças. Por conta do Tratado de Tordesilhas onde Portugal e Espanha dividiam o mundo para eles, outros países como a Inglaterra teve que também lutar por terras. Então eles fundaram uma colônia para seus usos e frutos. A cidade Roanoke que foi colonizada pelos ingleses no século XIV, sua localidade sempre foi um mistério, mas os historiadores teorizam que era aproximadamente na costa da América do Norte. Um bom tempo depois, seus fundadores – que haviam voltado à metrópole – retornaram à colônia. Quando voltaram descobriram que o local estava completamente vazio, os aldeões haviam sumido misteriosamente. Não havia pegadas, rastros, nada. Os objetos como panelas, armas, e diversos estavam completamente em seus devidos lugares. A louça estava sobre as mesas das casas, as cadeiras pareciam que não foram mexidas. As velas ainda estavam acesas, mas estas agora eram apenas o final. Era como se todos da vila tivessem parado seu dia e ido embora. De longe se ouviu um grito, um dos soldados encontrou algo em uma árvore um pouco longe da cidade. A árvore estava com suas folhas caídas e seus galhos secos, estava morrendo. O que estava na árvore era uma pequena escrita estranha dizendo "Croatoan".

Jeff pegou do chão um velho e corroído jornal e de primeira olhou sua data e ficou surpreso, o jornal empoeirado e rasgado datava o ano de 1587 e em suas manchetes não mostrava nenhuma notícia, apenas um monte de riscos indescritíveis. Algo estranho já que o primeiro jornal datado foi em 1605.

Jeff dobrou e dobrou o jornal até ficar bem pequeno e o guardou no bolso de seu casaco, logo, pensou em como chegar onde Alan estava antes de supostamente desaparecer. Ele caminhou até o elevador e o mesmo estava estragado. Ele imaginava que o elevador poderia facilitar seu progresso até o andar onde estava Alan. Sem sucesso com seu plano, ele seguiu até a escada como fez antes, mas parecia que algo danificou mais ainda os degraus da velha escada de um tipo de pedra polida parecida com um mármore bege.

Não dá para subir a escada, ela está obstruída — Um estrondo no andar de cima chamou sua atenção, era um barulho ecoado de um trovão e vários raios tocando o chão. Como pode trovejar dentro de um prédio? Perguntava a si mesmo Jeff confuso e inquieto de não poder ver o que aconteceu. Depois de alguns segundos o barulho desapareceu do nada, nem parecia que aquilo estava lá. Jeff estava curioso com o que aconteceu, o que será que foi aquilo? Ele não parava de se perguntar. Será que foi uma creepypasta que se teletransportou ou algo assim? Tantas questões passavam pela cabeça dele naquela hora do alvorecer de um novo dia. — Mas o quê? — No centro da sala onde Jeff estava surgiu uma pequena fenda flutuando e dela surgia vários raios e estrondos como o barulho suspeito que foi ouvido um tempo atrás. A pequena fenda se alastrou virando um enorme buraco roxo que além de soltar os raios, soltava pequenas partículas de um tipo de cinza. De lá surgiu ele, usava sua tradicional blusa social azul-turquesa, calça azul e botas de ferro combinando com partes de sua armadura de ferro que ainda restava em seu corpo. O ser de olhos brancos caiu do portal diretamente no chão causando espanto a Jeff que olhava tudo completamente surpreso. Ele correu até Herobrine que estava completamente ferido e o ajudou, ele o virou de barriga para cima e o ser ainda estava vivo mesmo com todos aqueles machucados. — O que aconteceu com você, amigo? — Perguntou preocupado Jeff que mantinha sua preocupação com seu amigo que desapareceu um bom tempo atrás. Herobrine abriu os olhos e seu brilho estava sumindo, ele estava morrendo lentamente como queria seu torturador, Absolen.

Eu o vi, Jeff... Ele estava lá... Ele estava atrás de Slender... — Jeff se desesperou, ele não queria que Herobrine morresse, pois ele era a esperança dos sobreviventes, ele era o líder deles. — Acalme-se, eu vou buscar ajuda... — Quando Jeff estava se levantando para buscar ajuda em algum lugar, Herobrine o segurou pelo braço e gaguejando balbuciou lentamente: — Não adianta mais... Estou morrendo. Absolen capturou Alan e... e... o levou para seu mundo infernal, para salvá-lo você precisa... do livro... O livro do bem e do mal, aquele que tanto lutei para me teletransportar para minha casa — As mãos de Herobrine começaram a rachar e a virar pó, ele estava morrendo. As rachaduras subiram até seu rosto e o brilho de seus olhos já havia sumido, este era o fim para o minecraftiano. — Com o livro você poderá se teletransportar para a casa de Absolen e salvar ele... Ele foi escolhido para salvar o mundo, só ele pode fazer isso e só você pode salvá-lo...

Onde ele está? Onde está o livro? — A coloração de Herobrine começou a sumir, ele agora estava ficando branco e suas cinzas estavam sendo levadas pelo vento.

Para achar o livro você precisa achar o cajado do Guardião... Com o cajado você...ach... achará o livro. — O que seria impossível, já que o Guardião foi capturado e com ele seu cajado foi junto. Smile.dog começou a latir mostrando que alguém estava chegando, e estava. Em estática surgiu Slender Man que também estava bastante ferido. O rival de Jeff pegou Herobrine em seus braços longos e esguios e falou ecoando sua voz na mente de Jeff. Pela primeira vez a voz de Slender foi ouvida... — O Guardião escondeu o cajado verdadeiro na árvore perdida, o centro de Croatoan. Ache o cetro e ele o levará até o livro, mas o local é a morada de um dos mais antigos monstros desse mundo... Odeio dizer isso para você, mas tome cuidado... — Slender desapareceu com Herobrine e agora Jeff tinha que buscar o cajado, mas ele tinha que passar pelo ser mais poderoso do Exile, o que foi trancafiado no monte Vater Unser, o que mexe com a mente das pessoas em um só olhar, o pai da maldade, o criador das chamadas creepypastas...

Como iremos derrotá-lo, Smile? Eu sou uma creepypasta muito baixa em relação a ele. Como teremos chance? O Guardião tinha que esconder o cajado logo na área de aparição dele? Não tinha outro lugar? Ah... não duvido nada se falarem que ele está do lado de Absolen, eu sinceramente tenho medo dele — Smile.dog a ouvir o falar de seu nome abaixou as orelhas pontiagudas e escondeu seu rabo entre as patas. O ser que tanto foi mencionado por Jeff era temido por todos, até a mais conhecida e forte creepypasta o temia, ao olhar para ele todos enlouqueciam, pois seu poder era a loucura. Os seus "filhos" o chamavam de Fear, palavra inglesa para medo porque seu nome não poderia ser mencionado. Quando falado, ele surgia e todos presentes se transformavam em criaturas bizarras e viravam seus seguidores, por isso que ele foi trancafiado na prisão mais forte do Exile, seu passado é um mistério, mas se sabe que Fear existe desde a época negra, a era medieval. Jeff tremia ao saber que teria que enfrentá-lo, mais pálido que já era ele não ficava, mas sua face maníaca fora substituída por uma face nervosa, uma face de puro medo. Coisa que nunca havia se visto antes nele, ele já sentiu medo antes, mas isto era diferente...

Quando finalmente o sol surgiu indicando a manhã, Jeff e Smile.dog mesmo completamente medrosos e preocupados com seu líder Herobrine, seguiram para fora do prédio onde estavam e seu objetivo atualmente era capturar o cetro do Guardião que estava sendo protegido por Fear, achar livro que poderia estar em qualquer parte do mundo e tentar milagrosamente salvar Alan dos domínios do Absolen.

Para chegar ao centro da cidade onde ficava a árvore de Croatoan eles teriam que chegar à avenida principal da cidade e seguir até o centro, mas no pensamento de Jeff, a estrada estaria obstruída por razão de um viaduto que existe logo mais a frente. Já que a cidade estava completamente arruinada a ponte também estaria e eles iriam perder um dia de viagem indo até lá e se decepcionando com o que veriam. O tempo de sobra deles é uma virtude que foi vos dada. — O que fazer?... Tem que ter alguma rua que leva ao centro sem ser a avenida principal... — Jeff não se lembrava de nenhuma rua, beco estreito, estrada, que poderia levar ao seu destino, pois ele ficava mais escondido nas florestas do que na cidade que na época era domínio de Herobrine, aquela época onde ele era conhecido como um ditador, quando Alan o enfrentou e veio para esse mundo infame pela primeira vez. A única chance de chegar à árvore de Croatoan era a mais difícil, a que Jeff queria evitar... Perto dali existe uma rua bem estreita entre uns prédios que leva ao centro, mas o problema é o que surge ali. Ele não era um dos pioneiros no Exile nem um dos mais recentes, ele tinha chegado lá um bom tempo atrás. Ele - igual a Lost Silver- foi um dos que não escolheram um lado na grande batalha, ele sempre se mostrava neutro em crises como essas. Os que teimavam em atormentá-lo eram amaldiçoados com a loucura e logo depois... o suicídio. Ninguém sobrevivia a ele, apenas mudava o tempo de quando o indivíduo iria morrer... Um dos maiores e mais conhecidos símbolos da Terra não era tão bom assim como era mostrado, ele era cruel e sarcástico quando fazia suas travessuras. Da mesma linhagem dos Suicide surgia ele, que era respeitado por seus irmãos, que era o líder deles, que se mostrava impiedoso...

Jeff não queria arrumar briga com ele, ele queria tentar conversar com esse sujeito, mas ele temia o ser não aceitar e atacar eles. O ser se movia por instinto de matar e matar, mas ao contrário do Lost Silver, ele não estava tão preso a esse instinto de morte e poderia ouvir o que Jeff iria propor a ele. — Vamos Smile, temos que tentar esse plano estúpido de tentar falar com ele — Smile.dog também estava nervoso em apenas se aproximar dele, o medo real estava guardado para Fear lá na árvore morta de Croatoan. Passando pelos prédios destruídos e arruinados, andando pelas calçadas rachadas e sujas, o primeiro sinal de eles estarem mais perto da árvore surgia na frente deles... Ervas daninhas cresciam como trepadeiras nos prédios, plantas cresciam entre as lajotas da calçada e nos buracos do asfalto velho da estrada, esse era o sinal deles estarem bem perto da árvore e do lugar onde surge ele... Por que plantas invadirem a cidade destruída é algo anormal? É algo supernormal a natureza invadir as ruínas de algo, mas deve se lembrar que eles estão no Exile e lá não existe sinal de natureza, apenas a seca floresta de pinheiros de Slender e isso na cidade por causa da magia da árvore de Croatoan.

É aqui... — Falou Jeff olhando para o beco que levava até seu destino. Pelo beco de longe dava para se ver a tão mencionada árvore, ela era colossal e muito estranha, mas para Jeff e Smile estranho é normal naquele mundo. Atrás dele, seu pensamento mostrou-se real. O viaduto principal que ele imaginava estar destruído realmente estava. Se ele fosse pela avenida principal iria gastar um dia de viagem para ir e para voltar de seu erro. — Fique aqui, Smile, não quero que você se machuque — O cão obedeceu seu amigo, a amizade entre os dois era muito forte e muito unida. Atento Jeff observou o beco na espera do ser aparecer, mas como aconteceu com Lost Silver, ele não apareceu. Um passo de cada vez... Jeff estava andando lentamente para o outro lado do beco e quando já estava na metade ele sentiu a presença do indivíduo... Ao olhar para suas mãos trêmulas e nervosas ele percebeu que agora tinha que encarar o ser que estava surgindo. Suas mãos estavam perdendo a coloração, se tornado preto e branco. Tudo dentro daquele beco estava perdendo a cor. Do começo surgiu ele andando de cabeça baixa, depressivo enquanto uma música macabra tocava de fundo. Uma combinação de bater de teclas de piano sem um sentido tornava aquilo mais medonho que já era. O ser parou de andar bem na frente de Jeff e o olhou com uma face assustadora, dizendo: — O verdadeiro sofrimento não é conhecido... Mas você irá conhecer o seu...