Exile 3: O Renascer

Capítulo 6: Mistérios em Croatoan Parte 2


Depois de passar vários andares finalmente cheguei no terraço. A porta abriu sozinha e eu saí. Do alto eu via a cidade em ruínas do seu fim até seu começo. Cheguei até a beirada para ver a rua e quando me virei encontrei com o dono da voz... Ele era um homem alto, usava roupas simples e brancas, uma calça e uma blusa social com as mangas dobradas até depois do pulso. Seu cabelo castanho claro estava penteado e combinava com a barba curta e bem feita, sua postura era bem firme. Ele deu um sorriso de leve e em um piscar de olhos desapareceu... Não entendi o porquê de ele me chamar lá e desaparecer, mas logo depois eu me encontrei com outra pessoa, era ele que queria falar comigo...

— Olá velho amigo... — Fiquei de queixo caído ao reencontrá-lo, pensei que ele estaria no descanso eterno depois de seu último feito.

— Olá detetive... — Fiquei feliz em vê-lo, faz muitos anos desde nossa aventura... Onde ele se sacrificou para nos salvar. Sem nenhum ferimento, nenhuma marca da batalha, ele estava perfeitamente bem, trajando o seu sobretudo cinza e seu chapéu de mesma cor, ele se aproximou de mim e pôs suas mãos em meu ombro e dizendo logo em seguida: — Estou aqui para aconselhá-lo meu amigo, dias difíceis virão e você terá que ser forte... Dias que não deveriam acontecer... — Olhando em seus olhos eu percebi que realmente algo muito ruim iria acontecer e que ele queria me contar, mas não poderia me alertar do perigo que estava a vir. Naquele momento de reencontro eu só pensava em uma única coisa... Onde estava o meu velho amigo roxo, o que aconteceu com ele neste apocalipse? Será que ele iria nos ajudar? Eram as perguntas que desejava fazer a ele, mas sentia que ele não iria respondê-las. — Eu sei o que você quer me perguntar Alan, não precisa ficar se remoendo por dentro... — Ele virou-se de costas a mim e começou a observar a cidade, continuando: — Ninguém sabe o paradeiro do homem púrpura, nem os seres celestiais, nem os seres de lugar nenhum... — Palavras que acabaram com meu dia, como ele pode ter desaparecido assim de repente? O pior de tudo era ninguém nunca mais ter o visto desde então. — Mas para te alegrar eu posso sentir uma presença familiar nessa cidade... — Ele se virou novamente e me encarou sério. —... Seu amigo Jake está algum lugar nessa cidade! — Quando ele falou isso eu tive a certeza que minha fé dele estar vivo era real, ele estava aqui, mas em milhares de quilômetros quadrados nessa cidade gigantesca.

— Só me responda mais uma pergunta por favor... — Quando ele já estava se preparando para sumir, ele respondeu um sim e deu atenção a mim...

— O Doppelgänger está mesmo aprisionado naquele lugar? — Senti que ele disfarçou e respirou fundo, colocou as mãos para trás para eu não vê-lo tremer e respondeu com toda sua sinceridade: — Sim, ele está queimando naquele lugar, eu fui lá ver com meus próprios olhos e realmente ele estava lá... — Logo depois de ter falado isso, ele olhou em meus olhos e eu tive uma visão... Eu estava vendo por seus olhos o que aconteceu:

...

— É este o lugar? Pensei que haveria fogo, lava e tortura eterna aqui... — Chegamos a um lugar muito escuro, tão escuro que nos dava calafrios. Utilizando seu cajado, o Guardião conjurou uma magia que invocou uma luz na ponta de seu velho cajado de madeira e deu uma iluminada nos arredores.

Isso é o que todos pensam, mas esse lugar é relativo, as almas veem o que eles temem nessa terra horrenda. Eles veem o que querem ver... — A terra amaldiçoada era um enorme vale com montanhas de rochas pontudas e sem nenhum sinal de vida, tanto humana quanto plantas e outras coisas... O chão era preenchido com uma estranha areia cinza e fina, os céus eram cheios de nuvens negras que lampejavam toda hora por conta dos extremos trovões e raios que tocavam a terra. — Eu me sinto mal por estar aqui, sabe? Automaticamente quando vim parar aqui eu comecei-me sentir estranho... Como um mal estar forte.

Por isso apenas os anjos celestiais veem nesse lugar para vigiar, pois seres inferiores a eles se sentem assim nessa terra amaldiçoada. — Começamos a caminhar em uma direção e eu apenas estava seguindo o Guardião porque só ele sabia onde era o túmulo de dor do Doppelgänger. Enquanto andávamos pelos vales esquecidos, começamos a ver os primeiros sinais que indicavam que realmente estávamos no lugar certo, pedaços de ossos como crânios e costelas estavam enterrados na areia e de longe um enorme monumento surgia no horizonte, a mega-construção eram várias estátuas gigantescas que formavam um círculo e bem no centro um enorme portão de ferro igual a um alçapão. — Que estátuas são essas? — Perguntei olhando para cada uma delas, no total, quatro estátuas de homens completamente diferentes. As estátuas eram feitas de um tipo de rocha e estavam bem danificadas pelo tempo. Um estava segurando um arco e flecha e usava uma armadura típica romana e uma coroa de louros, o outro usava uma armadura medieval completa e abrangia uma enorme espada afiada, o outro era a figura de um homem magro e usava um manto rasgado e segurava em uma das mãos uma libra, o último era o que mais reconheci, ele era uma figura esquelética vestida em um manto longo que cobria completamente seu corpo, expondo apenas sua face de caveira e um pouco de suas costelas, ele segurava uma foice afiada.

Já os reconheceu? — Graças ao último eu reconheci e lembrei de que eles eram uma das forças mais poderosas já criadas...

— Os Cavaleiros do Apocalipse?... — Perguntei. Ele fez o gesto de sim com a cabeça e de costas à mim ele ficou olhando a estátua do Anjo da Morte.

Eles estão aprisionados dentro dessas estátuas e nunca devem sair, pois se isso acontecer o mundo de vocês irá sofrer o Apocalipse, o Ragnarok, o Fim do mundo... — Ele não parava de olhar para a estátua do Morte, era como se ele tivesse se lembrando de algo...

Ele é um dos meus maiores inimigos... É uma história muito antiga e não temos tempo para isso! Vamos! — O Guardião se aproximou da grade e bateu seu cajado no chão, o alçapão se abriu e dele subiu um tipo de elevador feito de ferro, o ferro de aparência bem velha e corroída combinava com a aparência mórbida do local. Entramos no elevador e ele começou a descer e enquanto isso, os gritos de agonia eram ouvidos por nós, as almas estavam sendo torturadas naquele lugar... Parecia que não parávamos de descer. Parecia que o fim nunca chegava e estávamos presos naquele cubículo no meio da terra de ninguém... Depois de muito tempo descendo em uma velocidade muito rápida, paramos em um andar e no indicador do elevador, o andar era o 616. Quando a porta abriu as luzes piscaram e à nossa frente estava um corredor... O corredor parecia um corredor simples de um apartamento de luxo, com portas em vários lados e o local muito bem decorado, parecia que eu estava em um prédio de Nova Iorque e não... Naquele lugar. — Venha! — Exclamou o Guardião. Nós saímos do elevador e percebi que tinha gente no corredor, eram homens que trajavam um roupão preto parecido com um terno e sua aparência era muito sombria. Sua pele era muito pálida de modo que suas veias apareciam completamente em sua face, seus olhos eram pretos e eles eram muito sérios. Eles formaram um corredor deixando nós passar, mas mesmo assim eles continuavam sérios e com uma expressão de raiva.

— Quem são eles? — Perguntei ao Guardião enquanto andávamos pelo corredor. — Eles são demônios da patente do Absolen, um tipo de guarda. Eles vigiam esse lugar impedindo os Cavaleiros do Apocalipse de escapar e agora, Doppelgänger também. Não encoste neles, pois eles podem te atacar... — Quando chegamos no final do corredor encontramos uma porta de madeira bem lisa e de aparência antiga, a porta era guardada por dois daqueles seres. Os seres se afastaram e Guardião entrou arreganhando a porta dupla e entrando, logo, eu entrei também e a porta se fechou atrás de nós. Mais uma vez o lugar mudou, agora estávamos em um tipo de arena vazia, igual ao Coliseu em Roma, mas com uma aparência medieval e com a arquitetura gótica. No centro do local, estava ele... Sendo segurado por correntes e com um desenho estranho no chão estava Doppelgänger, mas sua aparência estava muito diferente...

Hahahah... — O ser estava trancado e muito bem preso pelo que vi, mas ainda podia falar. — Olha quem está aqui... O Detetive veio visitar seu velho amigo, me sinto honrado com isso, e junto a ele veio o Guardião, este eu não me sinto honrado... — As correntes presas em todo seu corpo o impedia de se locomover, as correntes pareciam que eram presas à sua carne e sua ferida fora queimada para cicatrizar com as correntes no interior de seu corpo. Ele estava vestido com o mesmo roupão vermelho e adornado com desenhos dourados que usava na batalha final, mas o pano estava muito rasgado e envelhecido. Ele também não estava com suas longas asas de dragão, parece que elas foram arrancadas de suas costas...

— Não vim visitá-lo, vim ver se você realmente escapou como todos estavam falando e pelo visto, não. — Falei olhando com ódio em seus olhos vermelhos e profundos. — Eu não consigo me mexer, minhas asas foram arrancadas de mim na dor e eu fui humilhado por meus irmãos... Meu poder foi sugado por meu hospedeiro final e você ainda acha que estou por trás dos ataques? Mas eu queria tanto ser o que os atacou para poder torturá-los antes de matar e isso prova que o atacante foi tão burro em deixar vocês vivos, eu não deixaria... — A resposta que procurávamos foi respondida, ele estava preso e não era quem estávamos procurando, mas no fundo eu sentia uma sensação estranha a minha decisão...

...

Depois de me soltar, eu comecei a ficar ofegante e muito cansado. Foi uma experiência muito acima de mim. James olhou para trás assustado e logo depois ele soltou um “droga” e foi puxado a força para os céus, como se tivesse sido chamado às pressas. Depois de sumir assim eu acordei na sala onde estávamos eu, Jeff e Smile, repousando. — Eu vi, ele estava trancado naquela fortaleza, mas eu sinto algo em meu coração como um aviso... Ainda não acredito que ele foi derrotado. Ele foi derrotado tão fácil na batalha anterior que ainda duvido que finalmente acabou. — Pensei enquanto observava pela janela, estava amanhecendo e aquela criatura estranha que antes de adormecer havia desaparecido...

— Jake, meu amigo, estou a caminho e irei te ajudar onde estiver... — Enquanto caminhava até Jeff para acordá-lo um som dentro da sala começou a tocar. O som era uma música bem baixa e vinha debaixo da pilha de entulhos que havia dentro do cômodo. Com cautela eu me aproximei e a música começou a aumentar a cada passo que eu dava, com minhas mãos eu agarrei as cadeiras, mesas quebradas e pedaços de paredes do monte de escombro e vi o que emitia o som... Era um aparelho pequeno com botões e uma telinha, um Game Boy Color transparente e com uma tonalidade lilás, era igual a que tive quando era criança... Peguei o videogame e parecia que a música parou... — Como isso veio parar aqui? — Perguntei-me, liguei ele e na tela surgiu um Pokémon estranho, ele era um tipo de símbolo com apenas um olho e do nada surgiram mais e eles pareciam formar uma palavra... — Ele está morto... — Ao ler isso eu me lembrei de algo, lembrei-me de uma creepypasta que mais me aterrorizou. — O que é isso? — Senti meu cabelo se mexer com vento, mas as janelas estão fechadas... Agora percebo que é uma respiração... Acho que tem alguém atrás de mim...