Exile 3: O Renascer

Capítulo 26: O Fundo...


O que está acontecendo comigo?... Eu... não entendo — Era o que pensava enquanto caminhava em direção à localidade que Guardião falou que era o último vestígio de presença do nosso líder. Eles estavam andando até onde provavelmente o ser de olhos brancos estava e a cada passo mais de sua presença era detectada pelo protetor do Exile que nos avisava fervorosamente em intuito a nos manter esperançosos.

— Meus olhos... — Ao olhar aquele reflexo na água eu percebi algo novo, percebi que o mal que devo enfrentar. Doppelgänger e Absolen, são menos preocupantes que esse desafio que surgira em minha vida tão corriqueira. Estava tudo tão estranho agora que tomei a verdade em mim, parecia que a vida perdeu o sentido e a cor da esperança se esmaeceu e se perdeu em um mar de insegurança, fraqueza e, tradicionalmente, de dor.

Alan está tudo bem? — SCP-011, o soldado, se aproxima calmamente até mim – que estava observando ainda meu reflexo na água e pensando em tantas coisas estranhas e horríveis ao mesmo tempo. Se não o conhecesse não poderia dizer que seus passos calmos não era dele estar tranquilo, seus passos não estavam calmos, eles estavam precavidos e preparados para caso de qualquer ameaça surgir, no caso, eu...

— Sim, estou — Falo não tirando os olhos do inverso Alan. Sua palidez era como a luz mais pura do luar mais cintilante, os olhos enegrecidos como o mais macabro breu de uma noite assustadora e sua face era séria e morta, sem expressão e assustadora.

Vamos?... — O encaro seriamente e respondo que irei logo atrás dele.

A madrugada violenta estava se aproximando de nós, mas mesmo que eu cisme em dizer que era a noite, sabia que era outra coisa que se aproximava de nós com uma sede violenta de sangue e uma fome insaciável de morte. E eu sabia o que era...

O Guardião para por instante erguendo seu braço para o lado impedindo de Fritz continuar prosseguindo pelo caminho escuro e mortal. Ele continuava quieto e parado no mesmo local, aposto que ele estava sentindo outra presença na imensidão daquela floresta devastadora de coragem e fé.

Sinto a presença de Herobrine... — Ao falar essas palavras que carregavam consigo preocupação um barulho atrás de todos nos assusta. Guardião puxou de sua bainha a espada demoníaca que pegara de um dos seres infernais, o soldado de granito mira sua espingarda confederada, o anjo segura firmemente sua espada angelical e Purple Man sua adaga afiada. — Alan venha para cá! — Grita o anjo me chamando para perto deles porque estava ainda bem atrás quando o espectro protetor sentiu a presença do ser de olhos brancos.

Alan!... O que ele está fazendo? — Eu continuava no mesmo lugar, parado e apenas movia meu olhar, não sabia o porquê de estar fazendo isso. Se estivesse sóbrio, no primeiro aviso eu teria corrido direto até eles, mas não estava completamente são.

Um barulho de galhos quebrando à minha frente demonstra-me que algo estava se aproximando de minha posição e mesmo sabendo o tamanho poder de determinada criatura que iríamos enfrentar, eu não recuei, nem mesmo pisquei ao presenciar o perigo cara-a-cara. Eu estava completamente cego por uma confiança que não sabia de onde surgiu...

Essa não... — O anjo fala, o jovem soldado recarrega sua arma e a mira em direção donde veio o barulho. Ao olhar novamente para frente, o ser misterioso que se surgia se revela para nós abrindo lentamente seus olhos e iluminando os arredores. Era Herobrine que rapidamente agarrou meu pescoço com suas mãos meio trêmulas, me ergueu até o alto e estava pronto para me arremessar longe ou perfurar meu coração com sua espada quando reparou que era eu e não uma ameaça, talvez, a creepypasta que o perseguia incessantemente.

Alan... eu... eu não sabia que era você, perdoe-me... — Ele me desce imediatamente ao perceber que não era a criatura maligna. — Parece que está sofrendo com o que conjurou, Herobrine, falhou em imaginar que tamanho monstro poderia ser controlado e usado como arma pelas suas mãos — Ele – que estava de cabeça baixa e extremamente ofegante – ergue sua cabeça e me encara estranhamente ao ouvir minhas palavras punidoras e concretas. Suas sobrancelhas estavam arcadas e combinavam com seu olhar fascinantemente incomum à minha pessoa.

Eu tomei essa decisão, mas foi para ajudar uma vida que ainda não estava na hora de ser levada ao seu paraíso. Eu falhei, mas admito meu erro como um verdadeiro guerreiro faz... — Os outros correram até nós para saudar o ser de olhos brancos e verificar se tudo estava bem com nós dois. — Você sabe o que fez? Além de me trazer à vida de maneira pagã, você ainda utilizou a fonte de poder uma criatura sobrenatural e anciã que visa perseguir aquele quem fez o pedido a ela até matá-lo — Exclama o anjo que se mostrava nervoso com o feito do líder. — Não é hora de brigarmos! Não aqui! — Guardião adverte.

— Ele está aqui... — Eu sentia sua presença incomodante. — Quem? — Pergunta o soldado de granito. Olho para eles e percebo uma pitada de medo em seus corações. Eu entendo, essa criatura nunca foi vista, apenas mencionada em contos e mitos... — O Homem que ri... — Ao falar essas palavras uma risada fina – e feminina- e rouca soou ao nosso redor indicando que o ser misterioso já havia chegado até nós e até já estava nos observando há muito tempo e não percebemos.

Agora estão todos aqui... — Em ordem do Guardião nos aglomeramos para ficarmos unidos, pois caso o ser maligno queira atacar um por um ele terá problemas para nos separar já que estávamos um do lado do outro.

Sinto cheiro de medo exalando de seus poros... — A voz da criatura continuava a nos cercar e derrubar todas as nossas grandes muralhas em nossos corações que protegiam a coragem, um tipo de medo estava sendo utilizado pelo monstro para nos enfraquecer lentamente e pelo visto estava funcionando muito bem em todos...

Apareça intimidador! Mostre sua face... — Grita Herobrine que mantinha seu olhar atento a qualquer movimentação suspeita atrás das árvores velhas e macabras. — Acalme-se Herobrine, você aguardou esse tempo até eles chegarem e agora terá que esperar mais um pouco. Sei que sua curiosidade em me conhecer pessoalmente é abundante, mas como o velho Ceifador dizia: paciência é crucial para que o tempo corra conforme seu ciclo o ordenaEngraçado você dizer isso, quando ele estava fazendo jus à frase: do pó viemos, do pó voltarás, ele afigurava-se estar bem impaciente e desesperado — Responde o líder ainda precavido em relação a um ataque repentino da criatura.

Você tem razão, por que fazer suspense? Aguardaram-me tantos séculos para me presenciar pessoalmente que não há motivos para mais drama... — Eis que à nossa frente, dentre as árvores, começa a surgir vagarosamente uma figura humanoide branca e meio transparente que era tão translúcida que o próprio ar levava consigo algumas de suas partículas acreditando se passar como parte sua. A figura continuava a surgir bem lentamente, porém, não demonstrava ter muito a mostrar já que nenhum sinal de roupas ou coisas para cobrir seu corpo relevava-se no vulto pálido. Apenas as curvas de um corpo despido era-se vistas, nada mais.

— Espere aí... — Seu rosto – antes invisível – estava agora surgindo revelando um olhar serenamente maligno que combinava com seus olhos cinza-escuros, um sorriso fraco de canto de boca e olhando mais atentamente ao formato da face pude constatar algo interessante em relação ao ser misterioso...

— O Homem que ri, na verdade, é uma mulher? — Tirei a conclusão ao ver que em seus lábios havia um batom preto bem fosco, ao reparar que seu corpo era mesmo de uma mulher – aparentemente com uns 30 anos.

Parece que vocês se espantaram mesmo. Entendo... Vocês acharam que eu era um homem só por que me chamam no gênero masculino? A verdade é que eu nunca fui vista e por essa razão ninguém podia comprovar meu gênero, mas não ligo para isso. Eles teriam mais medo de mim por acreditarem que sou homem do que mulher, esses seres tolos acreditam que só porque sou assim não quer dizer que sou fraca... — Herobrine não baixou sua guarda, ele sabia o quanto poder que essa criatura tinha consigo.

— Então, como chamamos você? — Pergunta o anjo andando para frente de Herobrine ainda com sua espada a frente de seus olhos confiantes em guarda. Ela ri e mesmo com sua voz feminina, ainda nos dava calafrios, pois a mesma ao chegar no final da fala se transformava em uma voz rouca e seca. — Podem me chamar do que quiser, não estarão vivos para passar a história de minha pessoa adiante mesmo — A criatura se aproxima dando passos calmos que deixavam um ar elegante a si. Sua aparência fantasmagórica era tão absolutamente fiel, que até mesmo uma nevoa branca e fina saia de seu corpo. Ela continua: — Por que acham que ninguém nunca falou de mim todos esses anos, esses séculos? Eu não tinha feito muitas vítimas ultimamente porque eu tive uns problemas com os demônios e, para completar, os guardiões do Exile estavam me caçando mais que caçaram Zalgo em todos esses longínquos anos. E os que conseguiram ter o azar de me encontrar nunca falaram nada porquê, bem... ninguém nunca sobreviveu às minhas armas de dor...

— Isso irá mudar agora... — Falo a encarando com um olhar sombrio.

Veremos... — O soldado de granito ergue sua velha e arranhada espingarda – que já estava carregada – até seu olho direito para ter uma mira bem perfeita na hora de acertar um tiro melhor do que o de Slender na face da criatura sobrenatural.

O Guardião recheado de uma fúria excessiva que aumentava mais ainda seu poder, mas o confundia em sentido de atenção, corre até o ser com a espada em sua mão direita e o cajado na esquerda na tentativa de acertá-la ou pelo menos feri-la só que o poder dela era tão exalto que antes mesmo de chegar perto dela o Guardião é evaporado e ressurge em cima de uma árvore empalado por um galho. — Não!!! — Herobrine grita ao ver o espectro protetor ser ferido de uma maneira bem cruel. Sua raiva era grande, até maior que seu medo, porém, ele sabia que o que derrotou o espectro era a ira que atiçou sua atenção, então, ele não iria repetir o mesmo erro... Herobrine ataca utilizando algo bem curioso porque nós nunca iríamos pensar naquilo como arma, seus olhos brilhantes. Até que faz bastante sentido, uma criatura que se esconde da luz ser enfraquecida pela própria luz. O minecraftiano dilata bem suas pupilas e com o poder que convivia em si, faz seus olhos brilharem mais e mais e caso for pouco, ele poderia misturar o seu poder com sua alma boa que é que os anjos fazem ao brilharem para afastar o mal. Como seu disso? Eis a questão... — Não erre esse tiro, certo? — Aviso o SCP-011 que estava bastante concentrado atrás de uma árvore esperando o momento perfeito para repetir a técnica que fez com o esguio.

Ao brilhar seus olhos percebia-se que a criatura estava mais confusa já que tapava os olhos com as mãos e tentava encontrar Herobrine, pois a luz era tão forte que se espalhava por toda a área aberta. Ao sentir que ela já estava confusa, pelo menos, um pouco, o anjo pula em sua direção com sua espada preparada para fincá-la, fazendo um ataque conjunto com Herobrine. Fritz também não fica de fora, ele pega a espada do Guardião – já que de adaga não ia surtir efeito – e como o anjo, vai em direção da criatura.

Vocês podem me cegar, mas não podem esconder suas almas... — Herobrine com toda a fúria gira a espada para poder ficá-la na coisa e assim o faz, a criatura solta um estrondoso grito e dor, logo, o anjo também finca sua espada celestial que a faz gritar mais ainda. O Purple Man se aproxima e como último golpe corta a cabeça da criatura sorridente fazendo-a girar e cair aos meus pés com um olhar morto.

Eu vou ajudar o Guardião! — Grita Herobrine que segue até a árvore em que o protetor estava empalado dolorosamente. O galho estava atravessando seu peito de modo que o peitoral de sua armadura não havia aguentado o tamanho da força que o jogou ali.

O salvador das dimensões... — Os olhos da besta se abrem e ela começa a falar como se não estivesse sentindo nada, como se aquele ataque não tivesse surtido efeito. — Sinto uma áurea mais sombria que a minha jorrando de seu corpo, humano... — Acho que você está confiante demais, querida, e isso pode lhe arruinar — Ao falar essas palavras calmas e ameaçadoras ela parece que se assustou com algo em mim, algo que posso dizer que era sombrio até mesmo para o Ancestral.

Vagarosamente ela começou a desvaecer à minha frente rindo para mim com aquele sorriso confiante e olhar destemido. Logo, seu corpo separado de sua cabeça também começa a dissipar-se e transforma-se em uma névoa, como a que predominava no ambiente.

Tolos... — Ela ressurge em pé totalmente intacta e agora recheada com a raiva pelo ataque recebido – mesmo que não tivesse nem feito um pingo de cócegas. Ela empurra com seu poder Herobrine, o anjo e Fritz para longe com apenas uma piscada, se gabando do que pode fazer.

Este é momento, não erre... — Balbucia o soldado de granito mirando sua arma de fogo na cabeça da criatura enquanto ela ainda estava empurrando os outros para longe. Tremendo por medo de errar o alvo e acabar e ser o culpado de nossa derrota, ou pior, morte, ele posiciona seu dedo no gatilho e o puxa com toda a força... A bala passou por mim e seguiu em direção à cabeça da monstruosidade até chegar perto de sua testa. Mas algo de errado ocorreu, ela previu a chegada do tiro e o pegou com a ponta de suas unhas afiadas...

Belo plano, funcionou com o Slender Man, mas eu não sou aquela aberração sem face. Nada pode me matar nesse plano material seus idiotas — Fala ela indignada.

Na mesma hora em que derrama essa fala ela olha para a bala feita de pedra – que estava bem rachada – e retorna seu olhar em minha direção, agora, com um sorriso quase demoníaco que era possível reparar seus dentes afiados. — Não estou nessa briga, mas acho que o Doppelgänger vai me dar um bom crédito por matar o salvador que, possivelmente, irá matá-lo como diz a profecia... — Com um simples soltar, o projétil voltou a sua velocidade normal só que desta vez em minha direção e muito mais rápido... Só senti uma forte dor no peito que me fazia perder o ar e quase desabar no chão. O tiro acertou certeiramente no lado direito de meu peito e mesmo que nunca levei um tiro posso dizer que era, pelo menos para mim, a pior dor do mundo. Lentamente eu senti meus joelhos perderem a força e com isso meu corpo perder a sustentação e cair no chão molhado da floresta densa e sombria.

“Que dor sinto...”. Herobrine sentiu em seu coração uma dor pior que a minha ao ver-me sendo baleado pela criatura cruel e repugnante. Em ódio ele grita e levanta-se brilhando seus olhos para confundi-la, porém, não surtira efeito porque ela já se acostumou com o ataque dele.

Olho para o céu e com a única força que tenho, coloco minha mão dentro do meu casaco marrom e sinto uma consistência pegajosa e rubra, o líquido escarlate estava saindo de meu ferimento... Uma sensação de morte me cercara e mesmo com todo esse caos acontecendo comigo posso dizer que o perecer não era meu, pois logo depois a dor começou a sair e minha mente voltou ao normal – já que estava meio confuso.

Fritz, o púrpura, se arrastou até mim esparramado no chão e mesmo todo ferido por arranhões que foram causados pelos galhos pontiagudos das árvores quando ele foi arremessado, ele ainda quis verificar e me proteger. — Aguente! — Ele grita, mas logo se cala ao ver que eu virei o meu rosto para ele e estava sério e sem gritar de agonia. Ele, rapidamente, abre meu casaco e sorri ao ver o que ocorrera, ele salvou minha vida. Onde o projétil acertou estava lá um presente de um amigo, o distintivo que Fritz me deu em nossa última aventura me salvou. O objeto interferiu a bala, mas mesmo assim conseguiu me ferir um pouco porque a velocidade que a criatura atirou era deveras rápida até mesmo para um simples distintivo feito de metal.

Parece que esse velho pedaço de metal enferrujado lhe salvou Alan, sabia que ia ser mais útil em você do que em meu terno roxo esfarrapado...

Ele me ajuda levantar e pede que eu fuja do local, mas eu sabia que a única maneira de todos saírem vivos era se eu o invocasse... Cada vez que eu se quer pensava nele eu era amaldiçoado mais e mais. O reflexo na água me mostrou isso. Temo que me torne pior que o Doppelgänger já foi e será...

— Fuja vocês... — Ao ver o que me tornei a criatura se espantou, pois parecia que mesmo dizendo que não participava dessa guerra ela temia o Ancestral e parte dele estava em mim naquele momento.

Não havia mais Alan Richard naquele corpo, restavam agora apenas os sentimentos ruins e metade da alma do demônio copiador. A minha humanidade desapareceu e a única coisa que reinava em minha mente era o desejo de destruir aquela coisa maligna.

Você tem coragem, humano... — E você não... — Ela esticou os braços e eles viraram tentáculos pálidos como sua pele, logo, foram até mim para me segurar e me arremessar em uma árvore e me empalar, contudo, eles não conseguiram chegar nem a dois palmos de minha posição graças ao meu campo de força, técnica que aprendi com o Ancestral no nosso último encontro.

Doppelgänger?... — Seu sorriso de quem gostava de ver dor se transformou em uma expressão de preocupação, mas mesmo assim ela não perdeu a confiança.

Ela contra-ataca com suas forças sobrenaturais e eu também e juntos brigamos forças para ver quem era o mais poderoso. Ela se cansava mais e mais, enquanto eu permanecia normal, uma hora ela ia ceder e a força sobre-humana que tinha iria despedaçá-la — Isso é impossível! — Ela enfraquece e é arremessada pela minha força que atuou sobre si. Inércia. Incrivelmente, ela cai ao lado de Herobrine que posicionou a espada sobre seu pescoço e pediu sua rendição. — Já chega Alan, chega, pare — Fala o ser de olhos brancos temendo que eu faça algo de ruim.

— A foto... — Falo tentando controlar essa vontade de matá-la. Guardião mancou até seu lado, pegou da mão de Herobrine a foto que era fonte do poder dela e depois segurou o livro das creepypastas mostrando à criatura o que ele iria realizar. — Eu não vou lutar mais contra vocês mesmo tendo poder suficiente. Acredito que deixei algo mais punidor em vocês do que a morte de um de seu grupo. Deixei a semente do mal plantada na alma do humano... Hahaha — Guardião amassou a foto e conjurou as palavras sugando a mulher para o inferno das creepypastas e dando o fim para esta batalha, por enquanto...