Exile 3: O Renascer

Capítulo 19: A Esperança Ressurge...


Parece... qu... que é o fim... — Fala o SCP-011 pressionando a enorme ferida em seu peito que liberava um raio de luz tão forte, tão belo e ao mesmo tempo tão triste. Todos estavam pasmos com a situação. Jeff estava tentando não expressar nada, mas a dor e a tristeza de ver seu amigo assim o deixava cada vez mais emocional, Slender estava fazendo de tudo para não olhar para eles, ele ficava na porta da árvore olhando para o lado de fora sem expressar nada, Smile – como Jeff – mantinha uma tristeza horrível em seu peito e uivava toda vez que olhava para o jovem soldado. Herobrine era o pior... Ele andava para lá e para cá inquieto e secado pelo medo de mais um morrer, e principalmente, um amigo bem próximo dele, quase irmãos. O Guardião estava pressionando e fazendo um curativo em SCP-011 que encontrava-se deitado no chão e encostado na parede sentindo uma dor angustiante. O protetor do Exile mantinha a esperança em seu coração como seu Senhor havia lhe ensinado, porém, ele já estava se preparando para o pior. Ele sabia que aquele ferimento não iria curar com o tempo porque era muito profundo, ele poderia sobreviver apenas com uma cura de um ser que além de celestial tenha um senso de amor ao próximo muito grande ou receber uma alma pura para reconstruir a sua que estava machucada...

Herobrine, posso falar contigo a sós? — Pergunta ele levantando-se e encarando o ser de olhos brancos. — Certo — Responde Herobrine. Ambos saíram da árvore e vislumbraram o céu que naquele dia estava ficando mais puro que o normal. E isso preocupava ainda mais o minecraftiano. — O que deseja? — Herobrine não parava de olhar para o jovem soldado agonizando lá, em seu coração aquela era a pior das torturas que ele poderia sofrer, ver alguém próximo a ele sofrer...

Só há duas maneiras de ele sobreviver com essas condições... Temos que pedir ajuda de um ser celestial com uma alma que deseje salvá-lo, sendo que nesses tempos todos os caras lá de cima estão muito ocupados.Mas se eles realmente têm um amor ao próximo eles não irão ajudar ele? — Herobrine interrompe. — Sim, mas levada as condições eles irão focar no trabalho deles de comandar as dimensões do que salvar alguém ferido, além do mais, existem tantas pessoas feridas na Terra e porque eles irão curar especificamente o SCP-011? Essa é a pergunta que irão fazer — O ser de olhos brancos se desespera. Faltava apenas um jeito de salvá-lo e era o pior. — E o outro? Você disse que tinha mais de um caminho — O Guardião olha para o céu e parecia estar o encarando algo ou alguém, ele responde meio tristonho: — Receber uma alma pura para curar a sua machucada, ou seja, sacrifício... — Nunca na vida Herobrine ficou tão pasmo, sua face estava paralisada ao saber que para salvar o soldado teria que ser necessário um sacrifício. Sem pensar em nada e sempre demonstrando sua bondade e heroísmo, ele diz: — Eu faço... — Admiro sua bondade, no entanto eu tenho que fazer isso. Veja bem... você é o líder e o herói deles, o ser que irá ajudar e guiar Alan até Absolen e ajudá-lo a destruí-lo. Eu sou apenas um peso em seu grupo, eu sobrevivi a tantos acontecimentos e sinto que minha hora é essa, sinto que este é minha missão...

Se eu não for ninguém será! Então teremos que arranjar outra maneira de salvar o soldado ou implorar para alguém daquele céu curar ele. Eu não quero perder mais ninguém... Eu... Eu não quero mais ver amigos meus morrerem e se essa for a única opção eu irei realizá-la, entende?

Entendo... Você sofreu muito e não o culpo por não querer ver mais amigos seus morrerem. Eu aprendi a nunca perder a minha esperança e mesmo que pareça impossível dele sobreviver, eu ainda olho para os olhos dele e imploro por alguma coisa que possa curá-lo. Eu não perdi e nunca perderei as esperanças — Ao término da fala do Guardião, Herobrine sente um arrepio e uma sensação estranha, mas ao mesmo tempo confortante, como se alguém o acalmasse por ele estar completamente preocupado. — Sentiu isso? — Pergunta o ser de olhos brancos. O Guardião imediatamente responde um sim e um barulho dentro da árvore ecoa junto com um chamado repentínuo: — Herobrine! — Jeff grita e logo ambos entram dando de cara com a presença de um outro ser dentro da sala. Ele trajava roupas simples, uma blusa social branca dobrada até depois do pulso e uma calça preta longa que cobria boa parte de seus mocassins brilhantes. Seu cabelo castanho claro penteado combinava com sua barba bem aparada e curta. Ele mantinha um olhar sério, mas sentia-se que exalava uma áurea cuidadosamente boa. — Quem é você? — Herobrine solta logo uma pergunta. O homem misterioso sorri levemente e responde pacientemente cada palavra: — Uma pergunta ponderadora de curiosidade e medo suponho. Você não me conhece, mas eu conheço todos muito bem... Eu sei cada passo desde suas origens, seus problemas até o que acontece agora. Podemos dizer que eu sou o ser mais íntimo de cada um de vocês, deveriam me conhecer, mas nãos os culpo por isso — Guardião estava puxando de sua memória algo que poderia revelar a identidade do ser misterioso. Ele se lembrava de já o ter visto pelas redondezas...

Responde! — Grita Herobrine impaciente.

— Apenas um ser presente nessa sala chutaria quem eu poderia ser, pois ele já me viu, não, ele já sentiu minha presença perto dele e de outros seres parecidos com ele. E é por ele que estou aqui agora... — Ele lentamente se aproxima do SCP-011, passos leves e uma postura firme o marcava muito, ele olha o jato de luz bem de perto e enquanto todos tapavam os olhos por conta da enorme claridade ele nem piscava. — Você sabe o que é isso brilhante, não sabe? — O jovem soldado que já aparentava estar desmaiando de dor ainda consegue responder um não para o homem misterioso e ele sorri: — Isso é sua alma. Quanto mais bondoso o ser é mais iluminada e cintilante sua alma é e você mostrou-se esses anos que pondera amor e compaixão em seu coração, sinta-se orgulhoso amigo, você tem dentro de você um imenso poder e uma imensa bondade — Ele tapa o ferimento com sua mão direita, olhando nos olhos do soldado quase adormecendo para sempre ele fecha os seus e balbucia palavras estranhas, mas que pelo visto, o Guardião entendeu. O ferimento começou a fechar lentamente e a dor angustiante sumiu do pobre ser.

Depois desse acontecimento o homem misterioso assoprou na face do soldado de granito e ele adormeceu para descontar todo esse cansaço que ele guardou junto com a dor. Herobrine – já mais tranquilo- aproxima-se calmamente até o ser que salvou a vida de seu amigo. Ele estava observando a lareira já apagada com os restos cinzentos do livro das creepypastas. — Pode me dizer quem você é? — O homem vira-se e encara Herobrine um pouco sério, mas responde sua pergunta...

— Eu possuo vários nomes, já me chamaram de Proposta do Dr. Clef, O Guardião dos Portais, Serafim Observador... Mas existe um nome que poderá clarear a mente de vocês em relação a minha pessoa... — Espere aí! Eu já o vi lá no Salão dos Portais — Guardião interrompe o homem. — Alguém me falou uma vez que você é um dos seres mais próximos de Deus, você mesmo falou serafim e o jeito que confessou saber as origens de nós mostra que você é alguém bem poderoso, mas não costuma aparecer muito, certo?... — Exatamente, eu sou um serafim, um anjo de seis asas que é um dos mais próximos ao Criador e eu já conheço vocês por já ter lido o Livro da Vida, sim, o tão famigerado livro que contém o passado, o presente e o futuro de todos os humanos e seres vivos criados por Deus. — Herobrine estranha o fato de um ser tão próximo ao Criador ir ajudá-los nesse hora terrível ao invés de estar ao lado dele.

Não importa... — Jeff interrompe ambos. — Estamos condenados. O nosso único jeito de derrotar Absolen e agora o maldito Doppelgänger se fora junto com nossas esperanças. Eu lutei por vocês, vi minha namorada morrer por vocês e agora tudo por que lutei, por que perdi são queimadas juntos com o livro que era nossa única arma. — Todos se calam, ele continua: — Se você é um dos mais próximos de Deus então me diga o porquê dele sempre estar ausente e nunca nos ajudar, por que ele sempre fica atrás observando e comandando e nunca luta pelo bem, sempre quieto... — Falácia!!! — Ao ouvir aquelas ofensas o homem se enche de raiva. Ele grita e todos se calam mais uma vez... — Vocês não vêm o que ele faz pelo mundo porque estão cercado de ceticismo e impaciência. Se parassem e olhassem para trás veriam o tanto que ele fez por vocês ao longo desse apocalipse, ele os ajudou, os aconselhou entre outras coisas... Se ele não se importasse com vocês ele não teria me mandado vir aqui e esconder isso... — Ele estala os dedos e em sua mão surge o livro que outrora foi queimado. — Ele me mandou vir aqui antes de Absolen e trocar os livros, o livro destruído não era nada além de páginas em branco. Eu só peço uma coisa para vocês, tenha mais fé e parem de preferir acreditar que ele não está lá, pois ele está! — Todos abaixaram a cabeça em respeito e em tristeza por terem realmente feito isso. Menos o Guardião porque ele sempre soube que o Criador nunca os abandonou.

Herobrine ergue seus braços e segura em suas mãos trêmulas o livro que tanto temia perder – e quase perdeu. Ele folheia as páginas em branco e sussurra o feitiço que faz as escrituras reaparecerem – uma medida de segurança para caso alguém pegar o livro e não poder usa-lo.

Obrigado... Tenho que agradecer muito a ele e a você também — O homem sorri levemente e acena com a cabeça como se estivesse falando “disponha”.

— Cuide desse livro com sua vida Herobrine, ele é um presente de Deus e será a arma que salvará todos nós se souber usá-la com sabedoria... — Ele olha para Jeff e continua falando, porém, agora para ele: — Jeff The Killer, não tema a dor da morte em seu peito, venho também aqui para lhe falar que ela está viva e segura — Jeff começa a tremer e encher seu coração de alegria e sua mente de ansiedade. — E esse é um dos motivos para vir até vocês, venho levar todos para longe desse lugar. Essa terra já proporcionou muitas batalhas, mortes e dor, mas agora a batalha será no palco da criação de Deus, a Terra. Vocês terão maior chance de se proteger e proteger o livro lá, pois aqui ainda é domínio do demônio Doppelgänger e também de Absolen. Eu os guiarei até o portal e irei atravessá-los para o outro lado. Quando chegarem lá encontrarão um velho amigo de vocês que está no comando da resistência e na missão de salvar os humanos... Alan também estará esperando-os lá e mesmo ainda fraco acredito que vê-los bem o deixará mais alegre.

Então... iremos para a Terra? Pensei que deveríamos ficar longe dos humanos e impedir da guerra chegar até lá. Claramente não é esse o propósito... — Diz o Guardião que estava observando o SCP-011 adormecido. — Sim, esse era a missão, mas como Absolen já atacou algumas cidades terrenas a missão agora é derrotar Zalgo e ele está lá na Terra junto ao seu mestre, Doppelgänger. Além que seria algo bom, pois o demônio acharia que vocês ainda estariam aqui.

Todos agora sabiam a nova missão que lhes foi dada. A Terra os esperava...

Eles passaram a noite sombria e fria dentro da grande árvore. Jeff não parava de pensar em Jane e como ela estaria, será que ela estaria bem? Será que está sofrendo? Preocupações e enquanto ele lamuriava a dor do passado deitado olhando para o teto, Herobrine se perguntava quem era o velho amigo que estaria formando a resistência na Terra. Mesmo com uma suspeita bem óbvia de quem seria esse ser ele ainda queria muito uma resposta concreta. — Onde está o misterioso homem? — Pergunta Herobrine ao Guardião que logo responde apontando para o templo em ruínas. O ser de olhos brancos pôs sua espada de diamante na bainha e saiu da árvore afora até a entrada do imenso templo profano. A porta estava arrombada, então, ele entrou na escuridão do local. As únicas fontes de iluminação era as janelas descomunalmente grandes e alguns buracos no teto por onde entrava a luz da lua.

Eu lembro como se fosse ontem... — O gigantesco salão pouco destruído estava do mesmo jeito que antes, o profundo buraco no chão por onde Ancestral foi levado para sua jaula ainda estava lá, o sangue espalhado pelas paredes e a parede chamuscada onde a bola de fogo do demônio copiador acertou o Detetive James e seu filho...

— Dói não é? Relembrar o passado... — O homem estava no centro do salão observando o candelabro reluzente caído. — Você também é uma creepypasta? Como nós somos? — Ele ri levemente. — Acho que sou o único anjo e creepypasta que compartilha as duas categorias, veja bem, eu sou um ser celestial, mas o que me torna uma creepypasta é que eu já fui capturado pela tão famigerada SCP Foundation.

Você foi capturado pela fundação? Nossa... Que número você era?

— Um. Eu sou o SCP-001, a primeira criatura a ir para a quarentena dos cientistas loucos da fundação — Espera... eu já vi uma pasta falando do SCP-001 e pela imagem não aparentava ser você... Era um ser brilhante com seis asas e carregava uma espada, ou uma coisa bizarra e psicodélica que me deixa com dor de cabeça — Dessa vez ele dá uma gargalhada forte e demonstra que entendeu as imagens que ficavam no arquivo dele.

— Vou responder, nós seres celestiais necessitamos de um corpo humano para vagar pela Terra porque nosso brilho é muito intenso. Esse corpo que estou agora é a minha personificação humana, ou seja, sou como eu me vejo humanizado. E as imagens psicodélicas são o poder que contenho, sabe... eu sou o contrário de Zalgo, mas meu poder é bem parecido com o dele. Eu sou capaz de quebrar a barreira da realidade e criar ilusões que confundem um determinado individuo, porém, como eu disse, sou o contrário de Zalgo e enquanto eu crio ilusões ele quebra a barreira da realidade e utiliza o poder dela para criar as suas coisas bizarras.

Fascinante! Mas tem outra coisa que eu queria perguntar... No arquivo também dizia que você era um SCP Keter/Euclid, como explica isso?

— Eu fui capturado e trancafiado por muitos séculos dentro de uma cela, sofria experimentos maldosos e cruéis e era torturado diretamente pelo maldito e desgraçado Dr. Clef. Acha mesmo que eu não iria fazer nada? Eu tentei fugir milhares de vezes e até machuquei pessoas para chegar pelo menos no lado de fora da cela, claro que me classificaram como Keter. — Ele se emocionou ao relembrar as tristezas que ele sofreu naquele lugar.

Como escapou? — Herobrine continuava curioso, não é culpa dele, um homem misterioso chega inesperadamente, salva seu amigo e diz ser seu aliado, mesmo que confiança deveria ser usada mais vezes ele queria saber quem era esse ser.

— Deus mandou meus irmãos me resgatarem e depois de minha extrema tortura ele me consolou depois de estar quase insano e totalmente esfolado de dor. Ele me devolveu o cargo, não, a missão de ser o Guardião do Portão Celestial que é a porta de que liga a nossa realidade com o passado e futuro — Enquanto ainda conversavam Jeff e seu fiel amigo Smile chegaram lá avisando que algo aconteceu: — Os caras lá de cima chegaram e querem falar com você Herobrine. Eles estão com Alan, acredito que está na hora de vocês conversarem...

Ambos, Herobrine e o SCP-001, saíram daquele lugar pútrido de memórias ruins e seguiram até a árvore novamente, dentro estava o Guardião ainda observando o soldado de granito adormecido e os seres celestiais que apoiavam Alan em seus braços. — Ele está muito fraco e precisa de um bom descanso — Fala um dos seres benignos.

— Olá... Herobrine... — Cumprimenta Alan.

Olá velho amigo, não fique triste, vamos para casa...