Capítulo 20: Rumo à Terra...

No alvorecer saímos sendo liderados pelo o homem misterioso que surgiu anteriormente – o SCP-001. Ele prometeu nos ajudar e nos guiar até localidade do portal para a Terra e nos levar até o que ele chama de resistência. Ele também falou que um velho amigo nosso estaria nos esperando e nos recebendo quando chegarmos lá, mas eu sabia que o jeito calmo que ele falou não iria ser bem assim... Com certeza iríamos ter muitos problemas até chegar lá, sempre tem uma complicação.

— Eu o conheço de algum lugar... — Penso remotamente por uns instantes. — O tempo que fiquei naquele lugar preso destruiu algumas memórias minhas, porém, eu sei que já o vi e o jeito que ele me olha também mostra que ele me conhece... — Continuo andando e pensando. — Eu quero tanto me lembrar... A única coisa que eu lembro é estar na presença do Detetive James também e isso aconteceu um bom tempo atrás...

— Está melhor? — Pergunta o Guardião interrompendo meu momento taciturno que andava apoiado um pouco em seu cetro. Eu ainda não estava totalmente bom. Ainda sentia algumas dores e um cansaço devastador, mas como eu não queria preocupar ninguém respondi um sim. — Quer conversar? Eu acredito que nada pode ser melhor que uma boa conversa para relaxar e tirar essa preocupação de nossa mente. Eu falo muito, gosto de ter motivos para conversar, isso me despreocupa de meus afazeres — Ele sentiu que eu estava pensativo e um pouco preocupado.

Estávamos andando novamente pelos campos e toda vez que olhava para trás a Árvore e o Templo ficavam cada vez mais distantes de nós. À frente estava o caminho até a Lavender Town, mas não estávamos indo para lá... Estávamos nos aproximando do grande monte do Exile, aquela formação rochosa e incrivelmente enorme agora estava com seu cume expelindo uma fumaça tão escura que doía ao observá-la.

— Também gosto de uma boa conversa, só que nada vai me fazer esquecer o que aconteceu naquele lugar... — O protetor me observa na espera de eu continuar a contar, ele realmente acreditava que uma boa conversa iria me ajudar a esquecer, pena que eu me recuso acreditar nisso. — Foi horrível... Despertar do desmaio com a face macabra e bizarra de Zalgo me observando. Sentir aquele cheiro pútrido e morto que exalava de seus olhos e sua boca. Mas o que considero pior foi quando a porta bateu e um ser começou a se aproximar de mim... Era ele, o Ancestral estava livre e se sentindo muito bem. — Começo a me emocionar por lembrar das coisas que passei e saber que todos estavam correndo para me salvar. — Ele não me machucou, não cortou meu braço ou furou meu olho, Ancestral falou para mim que não iria me machucar porque comparado ao que ele iria fazer comigo aquilo era cócegas e ele tinha razão. Ele me torturou de dentro para fora, mexeu com minha mente, minha sanidade e esfolou minha alma concentrando nela coisas horríveis. O pior é que ele estava fazendo aquilo porque ele queria, ele não tinha motivo como saber informações, ele queria e sentia prazer em me torturar emocionalmente... — Guardião estava perplexo. Ele não conseguia esboçar uma emoção ou falar alguma palavra, pois ele já sentiu isso que eu contei... com Morte.

— Vamos escalar o monte? Sério? — Pergunta Jeff abismado.

— Sim e não, o portal é lá em cima, mas vocês não precisarão escalar... — Como assim não iremos escalar nada e como iremos chegar ao topo se o topo é uma cratera enorme que expele fumaça e lava?— Pergunta Herobrine em seguida que estava carregando o SCP-011 em suas costas. — Pois bem, o portal não é no topo do monte, é perto. O lugar fica ao lado do cume vulcânico... — Ele para um instante e prossegue: — Outra coisa, eu consigo fazer vocês aparecerem lá em cima com meu poder, porém, eu só posso transportar no máximo três porque se eu levasse todos iria me enfraquecer muito e não conseguiria levá-los ao nosso destino... Mas para nossa sorte temos alguém aqui que além de deter o poder do desaparecimento e surgimento, ele está muito bem e poderoso... — Todos começam a se entreolhar, eles imaginavam ou o Herobrine ou o Guardião que tinha o poder suficiente para realizar o feito, mas estavam errados... — Sinto um poder bem grande emergindo de Slender e se posso arriscar em dizer, ele já tinha esse poder bem antes e nunca o usou durante esse tempo... — Eles olham estranhos para o homem esguio. Todos – inclusive eu- estavam olhando para ele esperando uma resposta mesmo ele não tendo uma boca para falar...

— Slender, pode me explicar isso? — Pergunta Herobrine que estava bem enfurecido como qualquer um naquele lugar. Jeff já estava puxando a sua adaga de ferro bem gasta de seu cinto na espera de Slender atacar porque ele sempre pensava e se preparava para o pior. E como o Slender era seu rival, Jeff não confiava nele.

— O que eu faço é para o bem maior, o meu bem... — Fala bruscamente o homem esguio erguendo seus tentáculos e usando-os para arremessar todos menos eu para longe. — Traidor... Eu confiava em você... — Ele me segura pelo pescoço e me ergue à sua altura me encarando com sangue nos olhos. — Eu sirvo a quem está ganhando e no momento o Doppelgänger está na frente... e sim, eu sempre soube que ele estava livre e vagando por aí porque ele veio até mim e me recrutou, solicitou minha ajuda e como sou neutro eu aceitei — Como ele estava muito poderoso os outros que não tinha um poder tão alto conseguiram ficar presos e submissos aos tentáculos sombrios do esguio. — Eu vou arrancar, esfolar você e levar sua alma como ele me pediu e é melhor se preparar para a dor porque eu não irei matá-lo, eu irei arrancar á força, humano — Ele enfia as garras lentamente em meu peito e sinto uma dor horrível apenas com a ponta dos dedos, imagine com o resto da mão. Era uma dor de levar uma facada lentamente e sentir a lâmina fina e firme rasgar sua pele e cortar sua carne até chegar ao seu coração. Depois de tudo que sofri nessa vida ainda teria que sofrer mais? Parece que ser um herói não é algo tão épico como é mostrado nos livros e filmes que assisti.

O meu grito ecoava no fundo da alma de Herobrine e o deixava cada vez mais pasmo. Ele não podia fazer nada porque estava preso e por causa disso ele ficava horrorizado ao ver eu ser torturado na sua frente por um "aliado" seu. — Não... Pare Slender! Pare! — Ele gritava implorando ao homem esguio parar de me fazer sofrer, mas o gosto pela dor dos outros era insaciável para ele e nada e ninguém desse mundo iria impedi-lo de realizar esse prazer descontrolável.

Enquanto quase desmaiava pela dor eu sentia minha alma desaparecer lentamente do meu corpo que agora era apenas uma casca vazia. Minha visão estava embaçada e turva e sentia a cada minuto que se passava que eu iria finalmente morrer, pois sentia a presença da morte perto de mim e ainda nesse estado catatônico foi quando eu vi algo atrás do SCP-001... Parecia um homem normal, mas ele exalava uma luz tão cegante e bela que posso dizer que não era um apenas um homem. Ele se aproximou do anjo protetor – que estava desacordado por causa do impacto de sua cabeça em uma pedra – e encostou em seu ombro e ele logo acordou assustado. — Esse é seu fim Alan... — Diz o esguio com toda a convicção, poderia concordar com ele, mas após a sua fala o ser iluminado olha para meus olhos e sussurra as seguintes palavras: — Não, filho, não será... — E antes de desaparecer eu consegui ver por um momento em que ele estava diminuindo sua luz sua aparêcia e posso dizer que ele era bem conhecido... — Fechem os olhos! — Grita o anjo para todos só que não fazia muito sentido para mim porque eu já estava quase os fechando. Um jato de luz saiu de seus olhos e boca e quando Slender virou para trás uma energia brilhante o consumiu inteiro. O que se podia ouvir era um grito agouro e estridente. Quando abaixou ele não estava mais lá... Morreu ou fugiu? Eis a questão...

Abro os olhos e os outros estavam me levantando do chão e tentando me reanimar. Quase morri e posso dizer que essa sensação é nada agradável, principalmente por causa da dor por qual senti durante todo o processo. Enquanto me levantavam eu não parava de sussurrar e balbuciar as palavras eu o vi e ele estava lá e falou comigo. Ninguém entendeu além do anjo que sabia de quem estava falando, mas preferiu ficar quieto em relação a isso.

A pessoa ou ser que eu vi era ele... O ser de bem que sempre esteve presente nas nossas vidas nos ajudando e aconselhando nossos caminhos. Sempre com seu terno branco reluzente, um olhar taciturno e um sorriso de leve no canto da boca. Seus cabelos grisalhos penteados para trás e sempre esbanjando conhecimento e bondade de sua alma pura.

Esperamos alguns minutos para me recompor e mesmo extremamente cansado e agora bem pior eu quis continuar e não queria ninguém me carregando. — Obrigado por nos avisar de Slender, eu pensei que ele finalmente escolheu um lado... — Fala Herobrine. — Ele escolheu um lado, não posso dizer que sua ação em relação a sua escolha foi errada porque ele combina muito mais com o lado de lá do que com o nosso lado. Não se culpe por não suspeitar antes, Herobrine, eu também não sabia antes e apenas pense que foi bom ele ter se revelado agora e que tudo foi friamente calculado pelo Criador... — Herobrine assente o conselho e pergunta como iremos agora chegar lá em cima, e é verdade, não iríamos conseguir escalar tudo e principalmente agora que eu piorei.

— Vou tentar levar vocês seis mesmo com as consequências, precisam chegar a Terra e salvar tudo desse apocalipse que está ocorrendo cada vez mais rápido. Só me prometa que se algo acontecer comigo você irá continuar e sempre focar em seu objetivo... — Essa era a hora do minecraftiano escolher entre prometer que irá abandoná-lo caso algo de ruim acontecer com ele ou mentir sobre isso, salvá-lo e nunca abandoná-lo em hipótese alguma. Obviamente ele iria escolher a segunda opção porque um herói nunca desiste de ninguém e esse herói era nada mais nada menos que Herobrine.

— Sim... — Uma simples palavra, mas com uma grande mentira por trás. Era como se a palavra fosse uma formiga e a mentira era a pedra colocada sobre o inseto de forma bipolar, benigna ou maligna, depende do qual lado você irá mentir. Se for para salvar alguém ele iria colocar a pedra com pensamentos benignos e sempre visando o próximo e a bondade. Mas mesmo sendo para um bem maior, uma mentira já é em si um grande mal.

— Deem as mãos e despejem todo o pensamento de suas mentes — O anjo creepypasta estava inquieto e um pouco preocupado. Sentia em seu coração o medo, uma preocupação tão imensa que ele se continha para não mostrar sua tremedeira, mas não era medo dele morrer e sim de falhar em nos levar até lá em cima. Todos deram as mãos e fecharam os olhos tentando desconcentrar a mente para que o teleporte funcionasse corretamente. Ele também fechou os olhos e sentindo seu coração desesperado eu tentei acalmá-lo: — Não se preocupe amigo, acredite — Ao ouvir essas palavras ele se lembrou... Lembrou de seus ensinamentos de nunca desacreditar mesmo quando tudo poderia estar perdido.

— Vamos... — Ele reproduziu o local em sua mente e em um piscar de olhos eu já estava sentindo os matos e plantas secas dos campos darem lugar a um chão irregular cercado de pedras e uma poeira arenosa. Ao abrir os olhos eu já estava sentindo o vento frio que sempre é tradicional no alto de grandes montanhas. Eu olhei e todos estava lá, encarando uns aos outros e felizes por tudo ter dado certo, até mesmo o anjo estava contente porque o que fora ensinado à ele foi o que o energizou com confiança.

— É aqui? Se sim onde está o portal? — Olhei em volta e era um pequeno penhasco cercado de pedras e nada mais. O que mudava um pouco a paisagem vulcânica era uma árvore morta e seca na beirada do grande abismo e, incrivelmente, uma flor que nascia em frente à árvore.

Herobrine se aproximou da árvore a tocou vendo que realmente havia um portal lá e estava aberto. — O portal muda sempre de lugar e acredito que esse local não foi aleatório, foi escolhido para nós por dois motivos, um é pela localidade onde poderíamos chegar mais rápido e o outro é por causa daquela florzinha que está nascendo ali — Eu olho para a planta e entendo a grande dificuldade de nascer logo em um lugar cercado pela morte. Um lugar onde uma árvore secou tristemente, onde uma flor nasceu alegremente.

— Histórias contam que o onde está renascendo essa planta foi onde o Criador desceu até esse lugar... — Ele já veio aqui? — Pergunta Jeff incrédulo. — Sim, ele veio, e foi aqui onde ele demonstrou sua compaixão aconselhando um homem desacreditado em sua missão, onde ele depois de uma longa conversa descobriu que nada pode estar perdido, onde ele sentiu o poder da fé que lhe foi concedida — Você já o viu? — Pergunta novamente Jeff. — Sim e muitos aqui também já o viu, mas não acreditam ou ainda não associaram e juntaram as pistas... Mas mesmo que a conversa esteja boa temos que prosseguir. A Terra e a salvação das dimensões nos espera...

...

— Então eles estão vindos para cá com Alan que tipo é um butim valioso cobiçado pelos demônios, mas claro que ele estará seguro aqui nessa base secreta, não é?

— Esse lugar é seguro o bastante porque Absolen é tão tolo que iria continuar procurando no Exile. Mesmo com a cidade tomada pelos demônios e as creepypastas malignas esse lugar ainda seria mais propício para Alan e seus amigos descansarem e se prepararem para a grande batalha, mas se alguma creepypasta inquieta resolver atacar alguns inimigos e chamar a atenção para esse prédio...

— Indireta para mim, não é?

— Sim, Jane, você é uma encrenqueira. Mesmo que não goste muito de mim e não aceite eu estar no comando pelo menos não faça nenhuma besteira enquanto Alan estiver a salvo aqui, é isso que lhe peço... A aurora de um novo amanhecer será vista por todos e quando o Dia Final chegar estaremos prontos para acabar de vez com o mal que assombra essas terras...