Exile 3: O Renascer

Capítulo 18: O Resgate Parte 2...


De longe avistei a construção gigante que com certeza absoluta era a morada de Absolen... Um forte medieval e retangular com várias janelas de onde eram arremessadas projéteis contra nós. Mal chegamos e já estávamos cansados. Aquela terra miserável os favorecia e só estar naquele lugar já era uma grande batalha para nós por razão da energia negativa que jazia ali. A areia cinzenta voava em nossa direção batendo em nossos olhos e nos cegando por um momento pequeno, mas crucial. Eu estava à frente liderando o exército de mais de cinquenta homens trajando um imponente terno branco – enquanto eu estava com meu sobretudo desarrumado – e empunhando espadas afiadíssimas que poderiam cortar o próprio vento.

— Está na hora!— Todos gritaram unidos erguendo suas espadas ao céu. Minha adrenalina estava a mil e tudo parecia ter perdido sentido naquela hora, apenas o que restava era completar a missão. — Avante! — Seres infernais começaram a pular do forte e aterrissar em nossa frente para nos deter. Cães assustadoramente infernais sedentos por sangue e por carne. Dei o sinal e a batalha começa para valer, os seres celestiais pareciam dançar ao invés de lutar, uma sincronia perfeita era feita por todos. Eles atacavam e defendiam de uma maneira incrivelmente coreografada. Espadas contra as garras mortíferas dos seres infernais, eles foram jogados lá apenas para nos cansar, estratégia bem elaborada pelos demônios, mas pouco realizada. Eles nem nos fizeram suar.

Enquanto aquela batalha estava começando, no alto de uma torre do forte residia um vulto que apreciava a batalha com sangue nos olhos. Reparei o ser lá, porém, achei que era mais um monstro observando a batalha. Eu não sabia o que era...

Trucidamos a primeira horda deles, logo, os soldados começaram a surgir e se agruparem em estado de defesa. Os demônios estavam vestindo o mesmo terno dos seres benignos, mas estes eram completamente pretos como a noite mais agoura e sombria. Seus olhos negros e sem vida demonstrava que esses seres não estavam para brincar, eles foram treinados para matar sem piedade. Seguravam uma espada igual à nossa, só que era de uma aparência cinzenta e em seu cabo dava para se perceber escrituras em latim gravadas no metal que diziam: "Não arrepender-me-ei de minhas ações, sou a escuridão e diante de mim não haverá luz".

— Vocês irão perecer em nossa terra, não deveriam ter vindo... — Fala um dos guerreiros do grupo que aparentava ter uns sessenta homens. Os seres malignos estavam esperando nosso ataque e nós os deles e enquanto isso ocorria o ser misterioso na janela da torre principal do forte continuava a nos espreitar. Será que é Absolen? Essa era minha maior pergunta, no entanto sabia mesmo sendo orgulhoso ele não era burro demais para dar as caras em um ataque sendo que sua cabeça era o prêmio, além dele sempre querer ser visto como chefão. — É o que veremos... — Respondi dando um sorriso debochado em resposta ao demônio. Puxei minha espada da bainha presa ao meu cinto e a posicionei perto de meu rosto não desviando o olhar daquele que falou que nós íamos morrer. — Você vai ser o primeiro, é melhor se preparar monstro— Ele franziu mais ainda as sobrancelhas e soltou toda sua ira na hora exata que ambos os lados começaram a se aproximar para começar a batalha. Todos começaram a lutar... As espadas se chocando fazia trovões ecoarem nos céus daquele lugar, sangue era jorrado nos rostos de todos e corpos caíam levantando mais poeira que já estava poluindo o ar. Aquele miserável que eu prometi matar primeiro começou a se aproximar de mim com uma sede de morte absurdamente cruel. — Você está ferrado... — Eu ainda não sabia como usar uma espada tão bem como os outros e por causa disso acarretou em minha desgraça. Não tinha a força o suficiente para abranger uma espada tão pesada e carregá-la enquanto atacava, era um peso brutal e estava acostumado a usar armas de fogo.

Ele carrega sua espada tão facilmente e parece nem sentir o peso. Lentamente ele se aproxima, com apenas um golpe ele arremessa a minha espada longe e com sua força descomunal me arremessa na areia áspera e ardente. — Acabou para você... — Ele ameaça. Feliz com minha desgraça, ele segura a arma branca com as duas mãos e a ergue para o alto em busca de mais velocidade na hora de me decapitar. — Você perdeu sua arma e está indefeso, não deveria ter feito aquilo. Você não sabe com quem está lidando... — Na mesma hora que percebi que ele iria me matar eu fiz o que queria fazer a muito tempo, mas estava esperando o tempo certo para usar. Puxei de dentro de meu sobretudo minha velha amiga e parente distante, uma garrucha que pertenceu ao meu avô que também era detetive. Na hora que apontei para a testa do demônio ele gelou e se paralisou por uns instantes. — Eu não quero saber quem você é seu tolo — Puxei o gatilho e até parecia que podia ver a bala sair do cano e lentamente acertar bem no meio de sua cabeça fazendo seu sangue jorrar. Ele caiu desnorteado no chão. O revólver antigo estava quente e esfumaçando pronto para fazer uma das coisas que sempre vi nos filmes, assoprei a fumaça e coloquei o meu chapéu na cabeça de forma heroica. Sinceramente, não sei por que fiz isso, foi espontâneo...

Sabia que só se mata esses seres os decapitando, então, guardei a arma no coldre – que já estava bem fria - e fui até minha espada a empunhando logo em seguida. — Você... pagará...por isso humano — Se eu ganhasse um dólar a cada ameaça que já sofri poderia estar rico — Respondo —Não... acredita? Hahaha, tolo! — Ele gargalha e isso me deixa extremamente nervoso. — Vá com Deus, amigo... — Empunhei a espada e aproveitando o seu peso arranquei a cabeça dele fora. Ele começou a queimar em seu interior até sobrar seus ossos assustadores. Eles pareciam ossos de... de... parecia um morcego com forma humanoide e estranha.

Quando olhei para trás, dos mais de cinquenta homens que vieram só sobraram dez. – contando comigo- Dez homens que estavam acabados e tristes por verem os corpos de seus irmãos naquela terra infértil e sangrenta. — Não iremos conseguir, somos poucos... — Fala um deles. Eu me aproximo dele, ponho a mão em seu ombro e calmamente falo: — Pouca fé... — O mando olhar para cima, olhar para aquela fumaça negra que cobria aquela terra assombrada pelo medo e o mal. Quando ele quase desistiu de olhar soou um raio cruzando esse céu poluído, logo, mais seres celestiais chegaram para nos ajudar em nossa batalha. Ao todo cem seres chegaram para destruir o forte e resgatar Alan. — Irmãos, destruam todos os seres que nos impedir de chegar ao salvador das dimensões, temos que salvá-lo... — Em marcha todos começaram a seguir em direção ao forte. No alto da torre o ser continuava lá observando tudo acontecer, queria muito saber quem era essa criatura que admirava a guerra e pacientemente aguardava algo acontecer.

Parabéns James, sua luz e sua bondade me cega daqui, mas minha escuridão ainda se propaga nos arredores enfraquecendo seus amigos do céu, pois de cinquenta deles só sobraram dez... Eu estou mais poderoso que qualquer um que queira me impedir, não estou mais poderoso que seu criador, mas logo estarei...

Eu fui logo atrás deles junto com os mais feridos e cansados. Olhei a destruição que eles causaram, corpos dos seres malignos e muito sangue nos corredores era a nova decoração. Estava um caminho livre até a sala do trono, todos estavam mortos e nenhuma ameaça era eminente. Logo cheguei aonde eles pararam... A porta da sala do trono era enorme e estava entreaberta, os celestiais fizeram um corredor enorme até a porta para eu passar. — Acreditamos que o senhor queira ter uma luta só contra o Absolen — Fala um deles que se aproximou de mim. — Sim, eu quero acabar com ele, obrigado — Estamos aqui se precisar... — Com determinação e coragem eu prossegui até o imponente portão de madeira e o abri com as duas mãos. Entrei no enorme salão medieval e a porta atrás de mim se fechou me deixando um pouco nervoso com o que viria pela frente...

Você teve a coragem de vir me enfrentar? — Absolen estava sentado em um trono de madeira estilo medieval gótico, sua face parecia estar pensativa e ele estava com a cabeça um pouco baixa deixando a escuridão tapar boa parte de seu rosto. — Venha logo me enfrentar, maldito! — Ele continuava parado observando o chão. Meu palpite era que ele estava sem ação por causa do que aconteceu, atacamos, matamos seus guardas e destruímos sua morada tão rápido que ele só percebeu agora. A covardia dominou sua alma pútrida e agora ele está cercado de medo e loucura. — O que aconteceu com você? Está tão nervoso e medroso. Parece que eu me preocupei esse tempo todo com uma criança querendo brincar de ser Deus... — Ele continuava paralisado e sem demonstrar nenhuma expressão. — Pior que já deveria ter percebido isso antes, sempre que você se sentia ameaçado desaparecia, você fugia para não se ferir, você é fraco! — Nunca fale essa palavra humano... — Depois de o chamar de fraco ele olhou em meus olhos e senti uma grande raiva que era despejada para fora de seu corpo, ele se enfureceu ao ouvir essa simples palavra... — Eu me enganei com tudo, você é apenas mais um que deseja se sentir poderoso, mas no fundo é só um pobre coitado. Você nunca chegará aos pés de Doppelgänger, ele foi um vilão, você um fraco — Ele se levanta. Meu plano de irritá-lo funcionou. Eu queria matá-lo, porém, ele não queria lutar comigo e se eu o atacasse de qualquer jeito seria covardia. Ele pega sua enorme espada flamejante com as duas mãos e enfurecidamente vem em minha direção para me atacar. Eu esquivo e aproveitando o momento o acerto na barriga com minha espada. — Sua espada é pesada demais, Absolen, você se cansa rápido — Mas comparada com a sua que é pequena ela pode te cortar em dois em apenas um simples golpe — Ele corre até mim novamente e tenta mais uma vez me acertar, contudo, falha miseravelmente.

Sentia que Absolen estava bem fraco, ele errava os golpes e toda vez que o esfaqueava ele parava e se escorava em algo como se estivesse cansado. A pergunta dominante era o que o fez ficar fraco assim, pois ele mesmo mais fraco que o Ancestral ainda era bem poderoso.

— O que aconteceu com você?... — Falo olhando em seus olhos mortíferos.

Eu... não sei... — Aproveitando que ele estava fraco eu tinha que terminar o que me foi passado em minha missão. Estava na hora desse apocalipse terminar aqui...

— Está na hora de tudo acabar aqui. Toda a destruição que você causou será a arma que o matará e todos que morreram por conta de sua maldade será quem segurará essa arma — Ele começa a gargalhar loucamente. Absolen sorri e eu pergunto qual o motivo de sua risada debochada, ele responde: — Eu posso morrer aqui, mas você se esqueceu de um problema bem pequeno, porém, incrivelmente grandioso em destruição. Para derrotar Zalgo o que você necessita? — Eu paro e penso... O livro das creepypastas. — Eu ainda tenho um pouco de poder sobrando para chegar a sua árvore antes de seus amigos... Eles estão chegando nas ruínas da mansão do Herobrine agora e ainda tenho tempo de pegar o livro e desaparecer no mundo — Absolen tinha razão, eu não conseguiria pegá-lo porque eu não tenho o poder de aparecer em outro lugar — O que foi detetive? Parece que você não tem o poder de se transportar para outro lugar, não é? Hahaha... — Ele lentamente desaparece, mas antes de sumir eu ainda consigo acertar minha espada em seu peito acarretando em um segundo de grito agonizante.

Agora estava feito, Absolen com certeza iria morrer em breve por conta dos graves ferimentos. Ele também não tinha para onde se esconder e sobrou poucos de seus servos, já que a maioria dos demônios ainda servem seu mestre e criador. Os seres benignos conseguiram salvar Alan que estava preso em uma cela e ao reencontrá-lo eu percebi o quanto ele sofreu nas mãos desse monstro. Ele estava mais magro e muito ferido, seus olhos estavam cansados e cercados de uma olheira escura. Uma barba rala cresceu em sua face e ele mal conseguia ficar de pé. Mas mesmo desse jeito ele ainda não perdeu as esperanças e a coragem de conseguir salvar o mundo. — Leve-o para algum lugar seguro, os outros se espalhem e vasculhem esse local em busca de qualquer coisa, eu vou atrás de Zalgo e acabar com isso de uma vez por todas...

Voltei à sala do trono para dar uma olhada no local. O eco da sala parecia estourar meus ouvidos, pois um som de correntes arrastando estava muito ensurdecedor. — Mas o que é isso? — Sentia algo mais lá, um tipo de mal pressentimento, uma presença familiar e maligna na sala... Eu já senti essa presença antes, lá na prisão... Na prisão do Doppelganger!

Olá meu velho amigo, hahaha...