Exile 3: O Renascer

Capítulo 13: O Anoitecer violento...


O anoitecer começava a se manifestar no céu amaldiçoado, o crepúsculo raiava entre as nuvens mostrando o sol mortífero adormecendo atrás do grande monte Vater Unser.

As sombras das árvores, dos arbustos e de várias ruínas presentes na floresta já estavam se dissipando porque a iluminação natural do sol estava sumindo. A lua estava nascendo no horizonte mostrando apenas uma pequena parte de si, a noite sombria e silenciosa estava para chegar e invadir o mundo de maneira feroz como um cão faminto ao ver sua carne. A penumbra já estava para acontecer...

Por entre a copa de folhas das gigantescas e grotescas árvores da floresta, os últimos raios do sol tocavam as únicas plantas vivas do Exile, além de Croatoan. Ninguém sabia ao certo como a floresta continuava viva enquanto o resto do mundo falecia em profunda escassez de água limpa e pura, apenas o que residiam eram teorias toscas e sem nenhuma resposta para essa pergunta medíocre de tão simples. Os que ainda tentavam acabar com essa dúvida cruel dizia que a floresta era abastecida de nutrientes por algum rio ou lago subterrâneo, uma nascente de baixo da terra, isso pode ter sim uma verdade, pois abaixo da floresta existe uma cadeia de túneis cavernosos que podem, talvez, ter um pouco de água pura que é sugada pelas raízes dos pinheiros. Mas isso tudo nunca foi comprovado, pois os que conseguem entrar nessas Câmaras de Pedra nunca voltam completamente sãos, sempre loucos e dizendo que " algo os perseguia nas sombras". Apenas um ser conseguiu entrar nessas câmaras e sair ileso, e ele era um humano...

Passos leves e cansados pisando na terra úmida por causa da chuva que antes teve era o que ecoava no imenso vão de silêncio e solidão... Ao adentrar na floresta tipicamente norte-americana, lar de vários seres não tão famosos como Slender Man, o que se ouvia era apenas o som taciturno e quieto da própria natureza. Nada além disso.

Herobrine olhando para aquelas árvores anciãs lembra-se de um velho aliado que também vivia nessa mesma floresta. O ser que tanto deu trabalho para Alan e também para James, o ser que no final mostrou-se o "basta" às crueldades contra as denominadas creepypastas realizadas pelo demônio Ancestral. Que morreu durante o ataque do monstro na fundação SCP e que despertou a fúria no coração do homem púrpura. O ser de olhos brancos passa sua mão direita arranhando a árvore com suas unhas afiadas e de cabeça baixa lembra dos rostos de todos os seres daquele mundo que foram mortos por Ancestral e Absolen. A raiva em seu coração era maior que se poderia imaginar, ele colocava em suas costas o peso do mundo e cada ser que morria naquele vasto e enigmático mundo, ele se culpava por não o ter salvado.

Rake, Ben Drowned, Ghost... Muitos rostos familiares passam em minha mente me lembrando de meu fracasso, lembrando de que eu nunca poderei salvar ninguém... — SCP-011 se aproxima do líder, ele repousa sua espingarda em uma árvore e vai ajudar o amigo que está triste. Ele põe a mão no ombro de Herobrine e o consola:

Pare de se culpar, é isso que o inimigo quer, quer que você enfraqueça e desista de lutar pela nossa causa. Lembre-se que você é quem você é, você não é onipresente e onipotente, não pode salvar todos, mas se realmente quer salvar os mundos pare de choramingar e parta liderando nosso exército contra Absolen e companhia.

O jovem soldado era experiente e sabido. Não adiantava chorar pelo que já ocorreu, o que deve-se fazer é evitar que aquilo ocorresse novamente. Herobrine ergueu sua autoestima e respirou fundo soltando junto com o oxigênio impuro as suas inseguranças:

Já vai anoitecer e Slender disse que falta pouco para o fim da floresta, temos que prosseguir o mais rápido possível para o Templo do Doppelgänger e pegar o livro antes de Absolen! — Ele olhou em volta e percebeu que todos estavam completamente cansados e quase desmaiando no chão. Smile já estava deitado com a língua para fora e sonhando com um belo cochilo na beira da praia como ele fazia antes de todo esse caos acontecer; Jeff estava sentado com as costas apoiadas em uma árvore, ele brincava rodando sua adaga expressando em sua face seu cansaço e se extremo grau de tédio; O soldado de granito estava cansado também, porém, mantinha em sua mente que deveria cumprir sua missão e depois descansar até todo o sono sair de seu corpo; Slender mesmo andando escorando as árvores aparentava estar mais ansioso para sair da floresta do que repousar.

Vamos descansar aqui, precisamos estar prontos para pegar o livro... — Herobrine interrompe a si mesmo pensando e olhando para o SCP ao seu lado, termina a frase cochichando para os outros não ouvirem: — Sinto que algo ruim irá acontecer lá, então é melhor estarmos descansados e preparados para o pior — O SPC assentiu balançando sua cabeça e todos começaram a desabar no chão. O raiar do sol estava acontecendo naquele momento e a penumbra sombria deixava todos um pouco assustados porque sabiam que a noite naquele lugar era muito perigosa.

Os ventos estavam diferentes essa noite, com a chuva que foi vos dada durante a batalha contra Zalgo a temperatura daquela parte do mundo se resfriou e o pior foi deixado para a noite, estava uma friagem de vinte graus Celsius. Mas nem é tão frio assim, para eles é sim, pois como lá não chove o sol fica o dia todo iluminando aquela parte e isso causa um aquecimento enorme no planeta. Só resfria um pouco o mundo na parte da noite porque o sol já está iluminando a outra parte do planeta.

Com sua espada de diamante já bem gasta, Herobrine corta alguns galhos das árvores para pegar lenha e fazer uma fogueira para se aquecerem na longa e fria noite. Em poucos golpes os galhos – que já estavam um pouco secos — caem no chão virando o combustível necessário para metade daquela madrugada. Ele corta ao todo vários galhos, mas como estes eram de árvores mortas-vivas eles queimariam mais rápido que o normal, então, ele prossegue pela floresta analisando as árvores em busca de uma que seria o suficiente para manter a fogueira acesa pelo menos a metade da madrugada.

Herobrine não havia percebido que ele já estava bem longe do acampamento improvisado que eles fizeram. Ele se lembrava do caminho de volta, o problema é que faltavam poucos minutos para a escuridão total e ele não teria como fazer uma tocha para voltar já que não tinha contigo fogo e sua magia estava esgotada.

É melhor eu voltar... — Exclamou ele que sentia que poderia se perder naquela imensidão de árvores e plantas extremamente parecidas. Ele pega os galhos do chão e os coloca embaixo do braço esquerdo, pois a espada ficava em sua mão direita. Ele era destro. Herobrine olha em volta e relembra a árvore em que marcou para indicar o caminho que ele deve percorrer... Mas algo estranho aconteceu... Ele estava olhando para a árvore que ele marcou com um H e ele não contradiz isso porque foi a única árvore que ele não cortou os galhos, só que a marca não estava lá...

Mas como? — Ele se desespera. As marcas das árvores haviam sumido e agora ele estava perdido no interior de um local onde surge vários monstros ao anoitecer...

O sal já se raiou e a iluminação estava sumindo...

Ele corre tentando na sorte encontrar algo que lembre onde estava, contudo parecia que a floresta havia mudado completamente enquanto ele estava distraído. As árvores não eram mais as mesmas que ele gravou, parecia que elas foram mudadas por alguma coisa ou alguém.

Ele para cansado e se escora em uma grande pedra para tentar respirar um pouco, Herobrine se sentia estranho naquele lugar, se sentia sendo observado e sentia que estava enlouquecendo.

Um barulho ecoa atrás da pedra e ele paralisa de medo...

Ele imaginava que a floresta estava o deixando com medo porque ele quase não sentia o extremo medo que sentia agora. Seus olhos estavam começando a serem vistos de longe já que acabara de anoitecer completamente. Ele tremia e suava frio, em sua mente o desespero, seus olhos olhavam para um lado e para o outro como se procurasse algo nos arbustos, ele estava paranoico.

O que está acontecendo comigo? — Novamente um barulho de galhos quebrando causados a um pisar de algo pesado surge atrás da pedra onde ele estava apoiado... Mesmo morrendo de medo ele vai virando o rosto devagar para ver o que residia ali. Em sua cabeça ele implorava para não haver nada lá e tudo acabar para ele conseguir voltar, mas quem o deixava assim não queria que aquilo terminasse ali, queria que ele enlouquecesse lá e sofresse muito. Seria Zalgo vindo buscar sua vingança? Aquele ser macabro ainda está por aí livre... Talvez... Seria Absolen ou algum inimigo de longas datas? Ele não sabia, porém, sabia que algo estava nas sombras na espera dele fraquejar e correr de medo. Ele se recusava a correr, ele sabia que no momento que ele iria estar correndo a criatura que estava o assustando iria alcançá-lo, pois ele sabia quem poderia ser essa criatura que o assombrava naquele momento...

Ao virar-se totalmente ele encara aquilo que tanto o deixou com medo... Nada. Não havia nada atrás dele e nem nas redondezas, foi apenas uma crise de pânico à toa. Pensava ele enquanto bufava de tanto nervosismo que estava concentrado em si. Herobrine relaxa, respira fundo por ver que nada o cercava e ele estava seguro novamente. Foi um susto e tanto, ele começou a rir de si mesmo por conta dele ter ficado muito assustado a ponto de quase fraquejar uma batalha, e ele nunca fraquejou em batalha nenhuma, seria esta a primeira vez.

Mas outro barulho o paralisa outra vez, agora na sua frente...

A criatura dá passos lentos e cambaleia por culpa de suas pernas finas e seu tronco mais pesado que elas. A saliva gosmenta escorre de sua boca extremamente grande e repleta de dentes afiados, seus olhos são pequenos como pontos e sua coloração é preto, cor da morte e da escuridão. Ele era extremamente magro, à ponto de verem seu esqueleto e sua pele era cinzenta e predominava completamente em seu corpo.

Herobrine antes de encarar a criatura repara em algo atrás de uma árvore... O vulto não se mostrou tanto, apenas podia-se ver um terno extremamente preto, com um lenço no lugar da gravata e ele segurava uma bengala de madeira com a mesma cor e na ponta uma caveira perfeitamente detalhada e feita, provavelmente, de prata. Ele estranhou a presença daquele ser misterioso no local, ele nunca viu ou ouviu falar de uma creepypasta assim...

Ao virar-se encarando o ser que estava à sua frente, Herobrine conseguiu empunhar sua espada para atacá-lo, mas não foi muito preciso.

Enquanto isso ocorria no centro da enorme floresta, Jeff e SCP-011 perguntavam-se sobre a demora de seu líder, eles estavam completamente preocupados e já imaginaram sobre um ataque de algum monstro ou algo do tipo. Eles se entreolhavam pensando em uma maneira de ajudar o ser de olhos brancos sem poderem sair de onde estavam, pois se saírem iriam se perder ou serem atacados por outra creepypasta.

Jeff estava quieto andado para lá e para cá pensando como nunca pensou na vida enquanto o soldado de granito estava sendo segurado por Slender para ele não sair adentro em busca de Herobrine. Foi aí que eles tiveram uma ideia que já poderiam ter usado há muito tempo atrás...

O líder estava pronto para atacar o ser que o ameaçara, ele segurava a espada firmemente para em caso do ser atacá-lo, ele golpeá-lo com mais força.

Venha me enfrentar moribundo sarnento, entre todas as creepypastas existentes, eu sempre achei que você era a mais insignificante de todas, até Rake era mais útil que você! — Mesmo sendo afetado por alguma magia que o deixava medroso, ele se mantinha confiante e tirava o pouco de nervosismo que residia em seu coração e a transformava em coragem para enfrentar essa criatura frente a frente como um verdadeiro guerreiro age.

A criatura, então, correu até ele com seus dentes afiados e podres na espera de mordê-lo e matá-lo em apenas um golpe, pois ele - estranhamente- não tinha braços. Quando a coragem de Herobrine emergiu das sombras de sua alma, ele estava pronto para dar seu golpe, mas o espectador sombrio mexeu sua bengala e o ser de olhos brancos ficou tonto e sua visão turva, ele não sabia o que estava acontecendo... Quando ele cambaleou, a criatura correu em sua direção, o golpeou fortemente no peito causando um enorme hematoma, com a força do impacto, ele foi jogado na mesma pedra de antes e bateu a cabeça...

O espectador sombrio ainda estava lá e aparentava estar gostando do que via. Não era possível ver seu rosto por causa do breu, porém, Herobrine sentia a felicidade do ser ao ver sua derrota.

Ele estava atordoado, ainda com sua visão embaçada e agora uma extrema dor em seu peito, ele estava quase desmaiando. Mas antes disso ele conseguiu ver a chegada de seu resgate... Slender surgiu na frente de seu atacante e com seus enormes e ameaçadores tentáculos, o jogou bem longe dali o arremessando para o alto. O ser voou até sumir da vista deles, provavelmente já estaria do outro lado da floreta naquele momento.

Maldita seja aquela criatura desprezível... — Slender o ajudou a se levantar e ajudou também a se manter em pé. O ser misterioso já havia desaparecido de onde estava e isso causou mais confusão na mente dele, quem seria aquele ser, ou melhor, o que seria aquela coisa? O que ele sabia era que provavelmente ele iria voltar e com ele, a creepypasta que o atacou.

Eles estavam prontos para voltarem ao acampamento quando Herobrine reparou algo no chão... No lugar onde estava a creepypasta tinha algo que chamou a atenção dos dois seres, havia lá um pequeno envelope. O embrulho estava amarelado e queimado nas bordas mostrando o enorme grau de velhice que este objeto continha, Herobrine não abriu o envelope, ele imaginava o que seria aquilo e sabia que deveria deixar lá, até Slender não queria mexer com aquela coisa que havia dentro do envelope. Mas o líder destemido não hesitou em deixar no lugar, ele pegou e guardou na bainha de sua espada para ninguém saber e para complementar, falou:

Não conte sobre isso a ninguém, certo? Eles não podem saber que estou com uma das coisas mais poderosas desse mundo, uma creepypasta que apresenta uma força imensa, mas um perigo também de mesmo tamanho. Só pode ser usado por aqueles que sabem manuseá-lo, como eu, eles poderiam causar uma catástrofe se pegarem isso. — Slender concordou não porque ele é seu líder, mas porque ele tem razão, poucas pessoas sabem manusear essa creepypasta, pois ela sabe muito bem jogar com aquele que o possui...

Slender e Herobrine desapareceram voltando para seu acampamento, só que não repararam que algo estava os espreitando nas sombras, o espectador estava lá e viu o que Herobrine pegou.

Ele sorri passando sua mão de leve na caveira de sua bengala.

Ele começa a sair das sombras mostrando um terno preto cheio de listras cinzas, seu lenço amarrado no pescoço era vermelho e tinha um broche com a forma de uma ampulheta com a areia quase acabando. Sua face era bem magra e esquelética, mas o que realçava mais era seus olhos, eles pareciam brasa fervente. Seu cabelo era bem preto e penteado para trás, ele havia uma calvície deixando uma enorme ponta em sua testa – igual ao Conde Drácula -.

— Cada vez mais o tempo que lhes resta é menor, Herobrine, cada erro que você comete como este agora reduz sua vida, espero que aproveite enquanto pode, pois quando eu tiver o que me foi roubado eu irei atrás de todos que não respeitam a lei e ordem...