- Então, como você quer fazer isso? – perguntou Sean.

- Cara, do jeito que você fala, parece que vamos fazer mais do que apenas invadir o covil deles, e resgatar Dominic. – Ryan falou.

- Covil? Ryan, você ta assistindo muito filme de super heróis não é? – o moreno perguntou, rindo. – Ah, você descobriu meu maior segredo, quero te levar pra cama, querido.

- Não se mete com meus filmes de heróis ta bem... Eles são bastante inspiradores. – o ruivo disse, o moreno gargalhou alto. – Ta bem, nós vamos pra cama assim que acabarmos com isso.

- Vou fingir que não ouvi isso. – o moreno disse, ainda rindo.

- Faça como você quiser, mas hoje à noite, vai ser só eu e você, lindo. – o ruivo disse.

- Ok, mas quem vai explicar isso pra minha namorada vai ser você.

- Não se preocupe com ela, eu cuido da Leah depois. – Ryan disse.

- Você não vai cuidar da Leah coisa nenhuma. – Sean disse, usando um tom ameaçador.

O ruivo riu, erguendo as mãos no alto em sinal de desistência.

Os dois andavam juntos por prédios escuros, sujos e parcialmente destruídos, em alguma parte da cidade de Denver, no Colorado. Era ali que se escondia o prédio principal da gangue de Raavi.

O plano dos amigos era simples, entrar, atirar em todos os que parecessem uma ameaça, tentar deixar o preso vivo, pegar Dominic, e fugir dali antes que eles chamassem por reforços. Não parecia ter grandes falhas.

Foi então que apareceu, dentre os prédios, um casal de amigos. Uma garota de cabelos pretos e mechas vermelho sangue, e um garoto de cabelo loiro queimado.

- Emma, Ethan, é bom ver vocês. – Sean disse para os dois jovens fortemente armados.

- Digo o mesmo a vocês, garotos. – disse Emma em um tom cordial.

- É, Sean, parece que a Sede de Phoenix não confia mesmo em nosso trabalho. Mandaram reforços, para Leah e Megan, e agora querem nos ajudar também... – Ryan disse.

- Essa missão é importante demais para deixarmos vocês cuidando de tudo sozinhos, e levarem todo o crédito. – Ethan disse, simplesmente.

- É claro, por que isso não me surpreende? – Ryan sussurrou para que apenas o moreno ouvisse.

Sean apenas concordou, dando aquela parte da conversa por encerrada.

- Então, qual o plano? – Emma perguntou, enquanto procurava pelo numero dos prédios.

- Bom, antes era só entrar e atirar em tudo até achar Dominic, mas como as coisas mudaram... – o ruivo disse, cortando a frase pelo meio.

- Pensamos em colocar Ethan na ação conosco, e deixar você como retaguarda no telhado, Emma. – disse o moreno, olhando para a garota.

Ela deu de ombros.

- Claro, eu tenho uma mira melhor que ele mesmo. – a garota disse, e entre o escuro Ethan revirou os olhos.

Os jovens andaram mais um pouco pelos becos, até achar o prédio que procuravam. Os garotos preparam suas armas, enquanto Emma subia pelas escadas laterais até o telhado.

A garota andou com cuidado pelos pequenos espaços livres de cimento, evitando a parte de vidro do telhado para não ser descoberta. Ela se deitou sobre uma parte em que ficasse fora da visão deles, e engatou a arma, abrindo um pouco uma das vidraças para ter o caminho da bala livre.

Ela deu um sinal aos garotos na porta do prédio e eles fizeram uma pequena contagem antes de chutarem a porta principal e entrar atirando em tudo.

Era realmente um plano absurdo, mas com Emma no telhado dando cobertura e frequentemente passando despercebida, eles conseguiram com certa agilidade matar vários homens de Raavi.

- Isso até que foi fácil. – Ryan disse.

- O resto dos homens deve ter ido ao mercado negro para vender alguma mercadoria, Raavi não esta por aqui. – Ethan disse.

Os garotos entraram pelo prédio, indo pelos corredores internos e passando por diversas salas, até achar a que os levava para o subsolo.

Eles desceram pelas escadas de ferro que iam até o porão, e acharam Dominic machucado e sangrando, preso a uma cadeira desconfortável no escuro. Ryan procurou por algum sinal de luz, e mesmo com os gemidos enlouquecedores de Dominic, apertou o botão e uma lâmpada no teto do lugar se acendeu.

Um barulho irritante de apito começou a tocar, e os garotos viram que preso a uma das paredes uma bomba caseira fora acionada. Ela não era tão grande, mas poderia facilmente destruir o porão e talvez até a sala acima.

- Que ótimo Ryan. – Sean disse irônico.

O ruivo mostrou-lhe a língua, já correndo até Dominic para solta-lo o quanto antes. Ryan cortou as cordas e Ethan segurou o braço do homem, obrigando-o a andar para sair dali.

Ryan foi logo atrás, mas Sean se deteve por alguns minutos, vendo alguns envelopes de compras e vendas de armas sobre uma das mesinhas ali no porão.

O barulho ecoava sobre seus ouvidos, mas sua mente não estava ali. Ela se concentrava especialmente em um único envelope preto, com letras brancas e uma caligrafia conhecida jogado e esquecido. Seu conteúdo já tinha sido aberto, e seu nome resplandecia sobre o preto.

- Sean, vamos logo! – Ryan gritou, correndo de volta ao lugar para pegar o braço do amigo.

O ruivo o puxou com força, e Sean acabou aceitando correr ao seu lado. Mas não antes é claro, de esconder o envelope em seu casaco.

Os dois subiram as escadas o mais rápido que podiam, saindo da sala e correndo pelo corredor. No entanto, não foi rápido o bastante, já que a bomba explodiu, arremessando os amigos pelo resto do percurso com a força da explosão.

Os cacos de vidro caíram como flocos de neve, perigosos e brilhantes, cobrindo os jovens e cortando-lhes a pele exposta, trazendo também Emma consigo para o chão, já que a garota não sabia da bomba.

O silêncio inundou o lugar. Ethan foi o primeiro a se levantar, checando para se certificar de que Dominic estava bem. Vendo que o homem estava inteiro, ele correu para Emma, que gemeu ao ouvir seu nome ser chamado.

A garota se levantou com dificuldade, reclamando de dores no braço e percebendo que tinha fraturado algum osso.

Ryan se levantou logo depois, o braço sangrava e o tornozelo tinha sido torcido. O ruivo foi até o amigo, que tinha um sangramento feio na cintura. O moreno se levantou, ajudando o ruivo a fazer o mesmo.

Eles saíram rápido do prédio, entrando no galpão que pertencia à gangue, e roubando dois carros e uma moto dali.

Todos se dirigiram para a casa onde as garotas estavam mantendo Sophia protegida. Mas na correria, Emma e Ethan acabaram ficando para trás, chegando alguns minutos depois dos dois amigos na casa.

- E foi assim que o trouxemos para cá. – Ryan disse, finalizando uma narrativa resumida do seu plano genial e gemendo logo que sentiu a morena passar um remédio em seu machucado.

- Vocês estavam loucos? – Amber perguntou. – Atraíram eles para cá.

- Era o lugar mais seguro que conhecíamos querida. – Ethan disse, passando um braço pelos ombros da namorada.

- Não me venha com querida, o plano de vocês foi estupidez e vir para cá foi pior ainda. – a garota continuou ainda zangada.

- É melhor nos prepararmos, daqui a pouco eles estarão aqui. – disse Emma, recebendo os cuidados de Elliot.

Todos começaram a bolar um plano, para o momento que a gangue aparecesse, mas a conversa acabou virando uma discussão e nenhum deles chegou a um acordo.

Sean aproveitou a briga dos amigos, para sair dali e dar uma volta pela casa. Leah percebeu sua fuga e o seguiu pelos corredores, até a sacada onde estava há algumas horas atrás.

- O que aconteceu? – ela perguntou, quando já estavam na sacada, e não podiam mais ser ouvidos.

- Não estou com paciência para gritaria. – o moreno disse.

- Não me referi a isso. – a loira disse.

Leah encarou os olhos negros dele, e o moreno suspirou, entendendo o que ela queria dizer. Mesmo assim, o garoto permaneceu em silêncio.

A loira só concordou, empurrou-o para uma das cadeiras ali presentes.

- Vou cuidar do seu machucado, antes que piore. – ela comunicou.

A garota saiu por alguns instantes, indo até seu quarto e voltando com uma caixa de primeiros socorros. Ela ajudou o moreno a tirar seu colete à prova de balas e pediu para que ele se encostasse para que pudesse cuidar dos ferimentos.

Havia vários machucados em seu braço e em sua cintura, onde o colete não tinha conseguido proteger. Leah limpou os ferimentos, e preparou um remédio para passar.

- Fiquei para trás porque havia um envelope na mesa de Raavi com meu nome. – Sean disse.

Leah parou o que estava fazendo e o encarou com uma preocupação estampada em seus olhos.

- O que havia no envelope? – a garota perguntou.

- Ordens de morte a minha mãe e a varias pessoas que poderiam ter nos ajudado se ainda estivessem vivas. – o moreno disse.

- Raavi matou sua mãe? – a loira perguntou.

- Não, os homens dele mataram. – o garoto disse.

Sean dispensou os cuidados da namorada, e se levantou. Se encostando na grade e olhando para a vista que tinha dos portões da casa.

- Raavi não conhecia minha mãe, Leah. Eles nunca tiveram contato com minha família. – o moreno disse. – Alguém, mandou aqueles arquivos para ele, alguém deu ordens para que eles a matassem. E pagaram muito bem para isso.

- Você suspeita de alguém? – a garota perguntou.

- Talvez... – o moreno disse. – Minha vó me deu algumas pistas do que eu acho que esta acontecendo. – ele respirou fundo, olhando nos olhos de Leah antes de continuar. – Ela acha que a morte da minha mãe não foi a única a ser comprada.