Sophia terminou seu café, e passou rapidamente no seu quarto para tomar um banho e se arrumar. Com os cabelos ainda meio molhados, e um roupão cobrindo a roupa chique que usava, ela saiu de seus aposentos, indo em direção ao quarto de escritório no final do corredor.

A ruiva procurou pelos fios do roteador da internet na casa, e o desligou com um único puxão. Depois voltou calmamente até os quartos dos adolescentes, ouvindo um barulho abafado na parede. Ela pensou por alguns minutos, talvez Elliot tivesse jogado seu celular na parede em um acesso de raiva. Faria sentido.

Em seguida a garota entrou pela porta do quarto de Amber, recebendo um olhar assassino da garota. Enquanto ela desligava o celular e olhava a ruiva de cima a baixo.

- O que você quer? – Amber perguntou, friamente.

- Eu só queria saber se vocês já tomaram café, eu perguntei a Megan. E ela disse que você era uma inútil e que não se importava com nada que você fizesse. Então vim ver se você já havia comido. – Sophia disse, docemente. Vendo o rosto da garota ficar vermelho de raiva.

Amber saltou do sofá embutido perto da janela e andou até a porta do quarto, dando um esbarrão em Sophia.

- Ah e ela disse pra você parar de melação no celular, porque sua voz já esta irritando ela. – Sophia disse.

Ela só precisou esperar alguns instantes, vendo Amber se afastar e mais tarde ouvindo o bater forte da porta, quando a garota entrou no quarto da morena. Os gritos abafados que se seguiram deixaram um sorriso se alastrando no rosto da ruiva.

Sophia tirou o roupão e o jogou dentro do quarto de Amber, fechando a porta em seguida. Ela andou tranquilamente nos corredores, achando que seus problemas já estavam resolvidos. A ruiva foi até o hall de entrada, pegando suas chaves e sua bolsa e se preparando para sair da casa.

Foi então que ela sentiu uma mão segurando seu pulso fortemente, e se virou encontrando Leah atrás de si.

- O que pensa que vai fazer? – a loira perguntou, erguendo uma sobrancelha.

- Olha aqui, sua loira burra, eu não lhe devo satisfações. Vou sair quando eu quiser, e não é você que vai me impedir. – Sophia disse, tentando passar um pouco do tom rude que os jovens da organização usavam.

Ela se libertou com um forte puxão do aperto de Leah, e continuou seu caminho em direção a porta.

A ruiva não soube explicar como havia acontecido, mas em questão de segundos Leah agarrara de novo seu braço, e o torcera em suas costas, empurrando a cara de Sophia para a porta, e a deixando imobilizada com facilidade.

- Eu acho que você não entendeu a importância de estarmos aqui. Então eu vou te explicar de novo com muita calma pra ver se entra nessa sua cabeça oca. – Leah disse, rudemente. – Seu pai esta em perigo, ele esta preso em cativeiro com uma das gangues mais perigosas que eu já conheci e a única coisa que ele fez foi pedir para que cuidássemos de você e de sua mãe. Ele se sacrificou pela segurança de sua família, e se você é tão mimada, riquinha e idiota a ponto de ignorar isso, então você pode sair e eu torço para que algum deles esteja do lado de fora esperando por um deslize nosso. E que claro você leve uma bala bem no meio da sua testa.

Nisso a loira soltou o aperto firme que mantinha no braço da ruiva, e virando de costas para Sophia, voltou para a sacada onde estava em seu posto.

Leah esperou alguns instantes, sabendo que Sophia era rebelde e pensava ser independente o bastante, para não deixar aquilo do jeito que estava. Foi então que a ruiva apareceu na sacada, com uma cara vermelha e extremamente zangada.

- Quem você pensa que é para falar de mim ou da minha família desse jeito? – Sophia perguntou, irritada.

- Da sua família, eu realmente não posso falar nada. Afinal não há nada de errado com eles. – Leah disse, se levantando para ficar de frente para a garota, percebendo enfim que era um pouco mais alta que ela. – Agora você Sophia, você é um assunto muito diferente. Você é hipócrita, é apenas uma garota mimada que quer crescer cedo demais.

- Olha aqui, eu já tenho 16 anos, não é nenhum crime eu querer mais liberdade! – a ruiva gritou, perdendo sua paciência.

- E eu já tenho 17, e sei muito bem o que é querer liberdade. Mas a liberdade que você quer é apenas para ficar em baladas e beber até altas horas! – a loira gritou, no mesmo tom de Sophia. Mas parecia que nada entrava na cabeça da ruiva.

- Como se você nunca tivesse feito isso!

- Eu já fiz! E acredite quando digo que faria qualquer coisa para não ter saído para uma festa em uma noite qualquer e colocado toda a minha família em risco! E perdido eles para sempre! – Leah gritou.

Sophia parou, escutando pela primeira vez a loira. O olhar da ruiva fraquejou, ficando mais tolerante as palavras da garota.

- Eu não sabia... – Sophia disse.

- Tem muitas coisas que você ainda não sabe Sophia. E ainda há tempo demais para você aproveitar sua vida... – Leah continuou. – Não me leve a mal, ter pedido eles foi difícil, mas se isso não tivesse acontecido eu jamais teria conhecido meus amigos, meu namorado e nunca estaria aqui fazendo uma coisa em que realmente sou boa. Não estou dizendo que isso tenha sido bom, e não te encorajo a seguir o mesmo caminho que eu. Só estou dizendo que... – ela respirou fundo antes de continuar. – Que você deveria aproveitar o tempo que ainda tem eles.

A ruiva ouviu cada palavra com atenção, pensando por alguns instantes sobre o que a loira havia dito. Aquilo pareceu ter mexido com ela.

Então elas ouviram o barulho dos portões sendo acionados, Leah se virou, se debruçando sobre a grade e vendo um carro e uma moto em alta velocidade cortando o caminho até a casa.

As portas dos quartos se abriram, com o barulho das rodas. Leah segurou mais uma vez o braço de Sophia com força, a puxando para dentro, e arrastando a pelos corredores. Obrigando ela a andar em sua velocidade.

- O que ouve? – perguntou Megan, ao ver o olhar furioso de Leah.

- Temos uma quebra na segurança. – a loira disse.

Todos pegaram suas armas, enquanto Leah ainda arrastava Sophia.

- O que esta acontecendo? Você esta me machucando! Por que não responde?! – Sophia gritava.

- Cala a boca! – Leah respondeu.

Ela empurrou a ruiva para dentro de seu quarto com tamanha força que a garota perdeu o equilíbrio e caiu no chão. A loira fechou as portas, trancando-as e prendendo a chave em um cordão no seu pescoço.

Amber, Elliot e Megan se juntaram a Leah quando a mesma seguiu pelos corredores, com a arma nas mãos. Eles atravessaram toda a casa, atravessando o hall e abrindo as portas para os recém chegados.

Todos congelaram, as portas do carro estavam abertas e um homem de cabelos castanhos e uma expressão cansada vinha apoiado em um garoto ruivo. O garoto na moto tirou o capacete, e Leah se perguntou como não havia reconhecido aqueles músculos antes.

- Sean, Ryan? O que fazem aqui? – Megan perguntou, mas mesmo assim cortou os jardins indo até o ruivo e ajudando ele com o homem.

Aquele era Dominic, e estava bastante machucado. A morena percebeu então que o braço de seu garoto também sangrava e que ele mancava um pouco.

Leah por sua vez, correu até Sean abraçando-o. O moreno gemeu um pouco com o impacto do choque do corpo dos dois. A loira rapidamente passou a mão pelo peito do garoto, o sentindo travar a mandíbula quando colocou a mão em suas costelas.

- O que vocês aprontaram dessa vez? – Leah perguntou com a voz séria, mesmo assim ficando aliviada de vê-los bem.

- Sabe minha querida, Leah. Nós não somos de fazer coisas responsáveis. – Ryan disse, subindo os degraus da varanda para entrar na casa.